Florianópolis, 9.5.05 – Enfrentar a BR-282 exige atenção redobrada do motorista. Uma das rodovias mais perigosas do Estado, esconde um risco de acidente a cada curva. No trecho que vai de Ãguas Mornas a Alfredo Wagner, a falta de acostamento e de sinalização cria “armadilhas” que causam em média um acidente grave por dia.
O posto da PolÃcia Rodoviária Federal (PRF) de Rancho Queimado, que abrange o trecho entre o km 22 e o 115, registrou um aumento de 20 para 30 acidentes por mês neste ano em relação a 2004. Todos os dias são feitas mais de 30 notificações contra os infratores.
– Temos apenas um radar e notificamos os motoristas sem abordagem – admite o chefe do posto da PRF, Andrei Luiz da Cunha.
Os problemas da BR-282 são antigos e solucionados de forma paliativa. Os constantes remendos deixaram a pista irregular em muitos locais. Falta sinalização refletiva e acostamento é luxo.
Acessos clandestinos são fechados
O advogado Jairo Brincas utiliza a BR-282 duas vezes por semana e já presenciou diversos acidentes. Ele tem uma propriedade em Rancho Queimado e aponta a falta de sinalização na pista como o maior perigo da rodovia.
Em Ãguas Mornas, “trilhos” provocados pelos caminhões com excesso de peso viram corredeiras de água. Nesses locais, uma freada brusca pode lançar condutor e veÃculo para fora da rodovia. No primeiro final de semana de março, mãe e filha que viajavam num Fiat Uno morreram após o veÃculo sair da pista numa curva.
Outro ponto de perigo fica no km 82,7, em Alfredo Wagner, onde há um desvio improvisado para corrigir o traçado da pista, que cedeu há mais de cinco anos.
– O desvio é perigoso e a sinalização precária – afirmou Cunha.
Os acessos clandestinos abertos por moradores ao longo da BR-282 também representam um perigo constante aos usuários da rodovia. Há duas semanas, os policiais solicitaram o trabalho de uma escavadeira para fechar uma estrada aberta por um comerciante de Ãguas Mornas, no km 29.
– Esses acessos irregulares e a invasão da faixa de domÃnio por barracas que comercializam produtos coloniais são problemas graves – lembrou Cunha.
Há falta de acostamento
O motorista de ônibus de turismo Luiz Sérgio Stahelin disse que a falta de acostamento é o principal problema da BR-282. Com 30 anos de experiência, Stahelin utiliza freqüentemente a rodovia e também aponta a imprudência dos motoristas como uma das causas dos acidentes no trecho.
– A rodovia é bastante perigosa e em alguns pontos há muitos buracos, o que piora as coisas – afirmou Stahelin.
Projeto do DNIT recupera 20 km
O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) tem um projeto para recuperar um trecho de apenas 20 quilômetros da BR-282, entre Rancho Queimado e Alfredo Wagner. É justamente neste local onde a rodovia apresenta maior risco para os usuários, devido à irregularidade da pista e à falta de sinalização.
O engenheiro do DNIT, João José da Silveira Vieira, responsável por esse trecho da BR, afirmou que o projeto está previsto no Programa de Revitalização das rodovias federais e prevê recuperação da pista, com obras de drenagem e recapeamento.
Ele disse que o projeto está em fase final de elaboração. O engenheiro, porém, não soube informar o custo da obra nem uma previsão de inÃcio dos trabalhos.
Vieira destacou que equipes estão realizando serviços de conservação rotineira, mas reconheceu a necessidade de uma restauração completa no pior trecho da rodovia.
– Alguns pontos estão merecendo uma atenção maior – comentou o engenheiro.
Em relação ao desvio localizado no km 82, onde houve uma queda de pista, Vieira salientou que o Programa de Revitalização também deve contemplar essa obra. No entanto, ele ainda não sabe qual a solução de engenharia que os técnicos estão projetando para o local.
Engenheiro diz que velocidade é maior problema
Viera disse ainda que a BR-282, no aspecto da manutenção, pode ser considerada uma rodovia de boas condições de trafegabilidade. O engenheiro ressaltou, entretanto, que o traçado numa região montanhosa e o excesso de velocidade acabam tornando a estrada perigosa para os motoristas.
– A geometria da rodovia exige atenção. O problema maior é a velocidade dos veÃculos – argumentou o engenheiro.
Cargas são danificadas
A pista irregular causada pelos constantes remendos nas operações de tapa-buraco danifica as cargas de verdura do caminhoneiro Edson Luiz de Souza. Segundo ele, a trepidação “machuca” os vegetais que ele transporta de Urubici para o Nordeste do Brasil. Souza evita enfrentar a rodovia nos dias chuvosos à noite.
– A estrada é ruim, mas também falta atenção dos motoristas – ressaltou o caminhoneiro. Fonte: Diário Catarinense