Buenos Aires, 16.7.04 – O governo argentino revogou a medida que obriga a todos os caminhões brasileiros de carga que circulam entre Brasil e Chile a utilizar o trecho entre Paso de Jama, na fronteira argentina com o Chile, e DionÃsio Cerqueira, no Estado de Santa Catarina. No entanto, a revogação da medida não significa que o assunto será esquecido. Pelo contrário, uma fonte da secretaria de Transportes revelou ontem que o presidente Néstor Kirchner mandou suspender a medida para que o tema seja “objeto de negociação com o Brasil e com o Chile”. Segundo a fonte, Kirchner “quer que o Brasil dê aos caminhoneiros argentinos o mesmo tratamento que a Argentina dá aos caminhoneiros brasileiros”.
No Brasil, os caminhoneiros provenientes da Argentina só podem circular por rodovias pré-determinadas, enquanto que na Argentina eles têm livre circulação por qualquer rodovia, conforme explicou a fonte. Por isso, o secretário de Transportes
Ricardo Jaime, baixou a resolução na quarta-feira passada, um dia antes da cúpula do Mercosul, em Puerto Iguazú, para aproveitar o clima de conflito que já havia sido instalado por conta das barreiras contra eletrodomésticos e das ameaças do presidente Néstor Kirchner de ampliar essas restrições.
Segundo informações da PolÃcia Rodoviária Federal em Santa Catarina, não há restrições para que os caminhões argentinos circulem nas vias brasileiras, como alega o governo do PaÃs vizinho. A única excessão seria para veÃculos com cargas excedentes, ou larguras e comprimentos acima do convencional.
“Até há tolerância a algumas exigências a que estão sujeitos os caminhoneiros brasileiros”, diz Pedro Lopes, da Federação das Empresas de Transporte de Cargas de Santa Catarina (Fetrancesc). Ele considera que caso a medida seja mesmo colocada em prática, é fácil o Brasil impor a mesma restrição aos transportadores argentinos. “O crescimento das trocas comerciais entre Brasil e Chile estão crescendo e, por conseqüência, a quantidade de caminhões também”, diz.
Aberração
O presidente da comissão de integração internacional da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Osvaldo Douat, disse que as ameaças de restringir o tráfego de caminhões brasileiros pela Argentina é “uma aberração quando se fala em um processo de integração entre os dois paÃses”. “Se isso vier a ocorrer o Brasil vai ter que tomar posições duras, embora guerra de retaliações seja o pior dos mundos”, disse. Para Douat, a posição do PaÃs vizinho é parte de uma estratégia para ter “mais algo para negociar no contencioso entre os dois paÃses”. Fonte: AN