Florianópolis, 15.10.07 – Estudo realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro fornece números assustadores sobre tragédia permanente das rodovias brasileiras. Poucos dias depois de o paÃs ter-se consternado e chocado com o acidente registrado na BR-282 no Oeste de Santa Catarina, que somou 27 mortos e 101 feridos, o estudo – intitulado Custos e causas dos acidentes rodoviários: o Brasil e o mundo – revela três conjuntos de dados que não podem deixar de ser levados em conta pela população e pelas autoridades. O primeiro é que mais de um terço (36%) dos acidentes envolve veÃculos de carga. O segundo é que, desse total, 66% são decorrentes de falha humana. E o terceiro, que 41% dos motoristas envolvidos nos acidentes estavam alcoolizados, 44% sob efeito de cansaço e 57% dirigiam com velocidade incompatÃvel.
Esse conjunto de informações consolida a idéia de que, diante da imprudência, da imperÃcia ou da negligência dos motoristas, os demais fatores de risco no trânsito se apequenam. A engenharia das estradas, a idade da frota de caminhões, os defeitos mecânicos, a insuficiência de fiscalização e as condições climáticas são fatores que participam, em graus variados, da construção dessas estatÃsticas, mas não são predominantes.
O coordenador do estudo, engenheiro Paulo Fleury, afirma também que “o caminhão mata muito mais do que o avião, apesar de os acidentes aéreos terem mais repercussão”.
Na condição de produtos de falhas humanas, as tragédias das estradas podem e devem ser enfrentadas pela sociedade. A educação para o trânsito e a conscientização de cada motorista em relação às responsabilidades que assume quando se põe ao volante são providências cuja simplicidade é apenas aparente.
Há claramente no trânsito brasileiro problemas culturais para cuja mudança se requer persistência do poder público, colaboração das famÃlias e fiscalização severa. A paz nas estradas exige tudo isso.
Fonte: Editorial Diário Catarinense
Caminhões estão em 1/3 dos acidentes
Nas estradas brasileiras, a imprudência anda de caminhão. A tragédia de terça-feira, em Santa Catarina, foi mais uma a entrar para a triste estatÃstica: do total de acidentes nas estradas, mais de um terço (36%) envolvem veÃculos de carga. A falha humana é causa de 66% dos desastres. E mais: nos acidentes com vÃtimas, 41% dos motoristas disseram estar alcoolizados. O resultado está na pesquisa Custos e Causas dos Acidentes Rodoviários: o Brasil e o Mundo, organizada pala Coppead-UFRJ, com dados de 2005.
O tipo de acidente mais comum, segundo a pesquisa, é o tombamento (47%), em seguida aparece o abalroamento (27%). Do total de tombamentos, 28% acontecem em curvas fechadas. No acidente duplo de terça-feira, 27 pessoas morreram em conseqüência da imprudência. O motorista do segundo caminhão envolvido na tragédia foi preso em flagrante e indiciado por homicÃdio doloso. Segundo testemunhas, ele estava a mais de 100 km/h.
?O caminhão mata muito mais do que o avião, apesar de os acidentes aéreos terem maior repercussão?, afirma o engenheiro Paulo Fleury, coordenador do estudo na Coppead.
Depois da falha humana, as causas mais apontadas para os acidentes envolvendo transporte de carga são as caracterÃsticas da via (47%) e o defeito mecânico (11%). A imprudência (43%) é a principal causa dos erros humanos ao volante. Entre os motoristas envolvidos em acidentes, 57% disseram estar em velocidade incompatÃvel.
A situação de Roseni Ferrari, motorista do caminhão que invadiu a área onde era feito o socorro do primeiro acidente, em Santa Catarina, é comum entre os caminhoneiros. Assim como no caso dele, da frota de 923 mil caminhões, 722 mil pertencem a autônomos, segundo a Federação Interestadual dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens (Fenacam).
Fleury, que, para fazer a pesquisa, reuniu dados dos ministérios dos Transportes e da Saúde e de uma seguradora de transportes de carga, estima que 11% dos acidentes com caminhões resultem em morte. Para ele, as estradas bem pavimentadas, mas mal sinalizadas e com erros de curvatura, acabam contribuindo para agravar os acidentes.
Entre os que resultaram em mortes, 21% foram causados por velocidade incompatÃvel. Já nos que não houve vÃtimas, 10% estavam em alta velocidade.
O presidente da Fenacam, Diumar Bueno, sustenta que a exploração do trabalho dos motoristas os submete a um risco ainda maior de cometer imprudências. A carga horária de um caminhoneiro varia entre 16 e 18 horas diárias. O ideal, para Bueno, é 12 horas.
Fonte: Jornal do Comércio