Florianópolis, 14.2.05 – que você faz para evitar a violência nas estradas de Santa Catarina, que em 2006 estão com a triste média de 2,5 mortes por dia? A geógrafa Lilian Diesel, 32 anos, resolveu colaborar para um trânsito mais seguro quando definiu seu tema de mestrado. Em 2003, enquanto atuava na equipe da Epagri para previsão de clima alertando portadores de doenças respiratórias, ela optou por pesquisar e apontar quais os trechos das BRs são mais perigosos com chuva.
Além de servir como aviso aos motoristas, ela explica que pesquisas como estas podem colaborar com investimentos do setor público:
?Com dados de locais com alto Ãndice de acidentes graves, por exemplo, pode-se buscar recursos para a construção de centros hospitalares em uma determinada região?.
Outro alerta que ela faz é que, apesar do risco de acidente ser maior em chuvas fortes e tempestades, a grande maioria dos casos de violência com pista molhada ocorre quando está garoando ou com uma precipitação fraca.
Apesar do maior número de acidentes na BR-101, Lilian notou que, ao fazer uma análise com o fluxo de veÃculos, todas as rodovias federais se mostraram perigosas. Algumas, inclusive, superam a BR-101.
Dados da PolÃcia Rodoviária Federal corroboram que, com chuva, os acidentes crescem na BR-280, enquanto na BR-101 há uma diminuição de ocorrências.
?Enquanto analisava os dados, notei que nos dias de chuva todas as rodovias são perigosas, não apenas a BR-101?, diz Lilian Diesel.
Pesquisadora quer ampliar o assunto para douturado – Os trechos com maior Ãndice de acidentes com fluxos de veÃculos encontrados na pesquisa de Lilian mostram lugares distantes da BR-101. Com chuva fraca, a BR-116, no municÃpio de Capão Alto, na Serra Catarinense, foi a campeã de mortes. Com garoa e chuva, o maior perigo ficou na BR-153, em Ãgua Doce, no Oeste Catarinense. Também no Oeste, na BR-153, Concórdia mostrou-se o lugar de trânsito mais violento com chuva forte.
Como analisou os perigos com tempo chuvoso, Lilian Diesel também fez uma avaliação criteriosa dos trechos mais perigosos com pista seca.
?Com tempo bom, os maiores perigos ficaram na BR-282 em Florianópolis (a Via-Expressa), na BR-282 em Lages e na BR-470 em Blumenau?, advertiu.
Para sua tese de doutorado, Lilian Diesel quer ampliar o universo de seu estudo. Além de abranger as rodovias estaduais de Santa Catarina, a pesquisadora também quer avaliar os riscos de acidentes segundo a pressão atmosférica, a ocorrência de ventos fortes e também de desastres naturais.
Contraponto
O que diz a assessoria de imprensa do DNIT:
Para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) de Santa Catarina, as oito rodovias federais do Estado não apresentam problemas de aqüaplanagem por defeitos na pista. A maior parte dos acidentes seriam, segundo o órgão, causados por imprudência dos próprios motoristas. Nos trechos em que chove muito, como na BR-101 em Garuva, no Norte do Estado, a assessoria do DNIT disse que a sinalização alerta para cuidados. E para tapar buracos a assessoria informou que há contratos fixos de manutenção com empresas. A orientação repassada aos motoristas foi de que, com chuva, reduzam a velocidade máxima permitida em 20%, previsto no Código de Trânsito Brasileiro.
Fonte: Diário Catarinense