Empresários defendem a integração de trens, portos e rodovias

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Empresários defendem a integração de trens, portos e rodovias

Tubarão, 13.2.06 – Entre o asfalto e o trilho, ganha o primeiro. Perde o País, que vê caminhos importantes para mercado descarrilarem. “O Brasil gasta US$ 1 bilhão a mais a cada ano por falta de transporte adequado de cargas, principalmente de produtos da mineração, siderurgia e agronegócios” afirma Rodrigo Vilaça, diretor executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF). Segundo a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), o Estado poderia estar no mínimo entre as quatro maiores potências industriais do País caso as ferrovias fossem melhor aproveitadas. O prejuízo é grande também para o governo, que gasta mais com manutenção de rodovias, tratamentos e seguros de saúde para acidentados nas estradas. Isso, e muito mais.
Números da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) mostram o engatinhar das ferrovias. No Brasil, só 24% das cargas são transportadas por meio dos trilhos – pelas estradas vão outros 62%. Santa Catarina tem desempenho pífio: 4% das cargas sobre os trilhos e cerca de 75% sobre os eixos de rodas. Números distantes de países desenvolvidos como a França e a Alemanha, onde a taxa de transporte de cargas por trem é de 40%. Outro comparativo: os Estados Unidos têm quase 300 mil quilômetros de ferrovias, contra cerca de 30 mil verde e amarelos. Em Santa Catarina, são menos de 1,5 mil.
Governo, economistas e empresários da roda e do trilho concordam que o problema não é apenas o baixo aproveitamento das ferrovias. “Precisamos equilibrar com urgência o sistema modal”, diz o presidente da Fiesc, Alcantaro Corrêa. Essa balança desigual faz o Brasil gastar 27% do Produto Interno Bruto (PIB) com logística. Descompasso que inclui também os portos, que trabalham no limite. Em países desenvolvidos e com grandes dimensões, como o Canadá, menos da metade disso, 12,7% do PIB, é necessário para melhorar o escoamento da produção.
Estudo de um dos principais centros de Logística do País, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) diz que o preço por mil toneladas por quilômetro transportado é bem menor sobre os trilhos. São US$ 11 por quilômetro (hoje, cerca de R$ 25,00), contra US$ 19 por ferrovias (ou R$ 44,00 aproximadamente). Diferença assustadora de 72 por cento.

Logística

O economista Crisanto Soares Ribeiro cita ainda a redução do desperdício de cargas, especialmente agrícolas, nas estradas. “Em algum grau, mesmo que as rodovias estejam em bom estado, há desperdício. Com vagões, elimina-se também esse problema, especialmente quando falamos de produtos agrícolas, como milho e soja”. Para Crisanto, também professor na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), haveria vantagem também para quem circula sobre rodas. “Por causa da grande oferta, o preço da carga via rodovias é predatório. Os caminhoneiros trabalham com margem de lucro reduzidas, senão perdem o serviço para o colega” avalia.
Pedro Lopes, presidente da Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Cargas de Santa Catarina), também vê algumas vantagens. “O transporte multimodal beneficiaria nossa logística e nossa economia, certamente. A carga é sempre fundamental, não interessa por que modal ela venha ou vá. Temos que enxergar o processo integrado, não como segregação”, acredita. Segundo Lopes, os caminhões têm sua importância, de um jeito ou de outro. Assim, o desenvolvimento dos trens ajudaria a resolver a ociosidade dos caminhões, que rodam 45% do percurso vazios. “Por pura falta de logística, não temos resultado econômico. O País perde”, afirma. Contudo, segundo a Fetransesc, o investimento deveria ser paralelo. “Investir apenas em ferrovias seria suicídio. Perderíamos o que conquistamos nos últimos 50 anos”, ressalta. Sobre os eixos dos caminhões catarinenses, circula 70% do PIB catarinense.
Ainda que quisessem, os ferroviários não tomariam o mercado dos caminhoneiros. Em Santa Catarina, uma projeção otimista para os próximos 30 anos colocaria sobre os trilhos cerca de 35% das cargas. É o que diz um estudo que apontou viabilidade econômica da integração do estado em duas grandes ferrovias: a litorânea e a Leste-oeste, também conhecida como Ferrovia do Frango.

Fonte: A Notícia

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