São Paulo, 29.9.06 – As empresas de logÃstica têm cada vez mais aberto os cofres para otimizar suas gestões de risco. Os gastos anuais para evitar perdas causadas pelas más condições nas estradas e o roubo de cargas geram gastos que já chegam a 10% do faturamento das empresas em muitos casos.
A área ganhou importância nos últimos cinco anos e se tornou assunto estratégico das decisões corporativas de empresas desse segmento. A principal função do gerenciamento de risco, como acontece na Columbia, uma das maiores empresas do setor, é observar e acompanhar os processos logÃsticos para reduzir, ao máximo, a probabilidade de perdas e prejuÃzos, para o cliente e para a organização.
Na companhia, a polÃtica de gestão de riscos ganhou tanta importância que se tornou departamento diretamente ligado à superintendência de suporte e controle da empresa. Essa modalidade de gestão receberá investimento da ordem de R$ 8 milhões este ano, total do qual R$ 1,5 milhão será aplicado em novos equipamentos de comunicação e melhorias de processos.
?Numa empresa de logÃstica, a atenção é voltada para quatro áreas distintas: efetivo (pessoal), tecnologia, procedimentos e treinamentos. Todas são consideradas bases para o gerenciamento dos riscos na logÃstica?, diz o gerente Dailson Lopes, de gerenciamento de riscos e seguros.
Em 2004, ano em que foi acelerada a implantação de novas tecnologias na área, a empresa gastou cerca de R$ 10 milhões. Desse total, R$ 2 milhões foram em melhorias. Ainda assim, o investimento em manutenção gera um custo significativo. As estratégias de gestão de riscos são definidas através de um comitê de gerenciamento de riscos, que conta com a participação de pessoas de diversas áreas da companhia e de fornecedores ligados ao tema.
No gerenciamento de risco da Columbia são empregadas diversas tecnologias, de acordo com as necessidades especÃficas. A empresa utiliza circuito fechado de televisão com monitoramento externo; sistema de rastreamento de veÃculos; sensores e detectores de invasão, fumaça e incêndio; controle de acesso e barreiras fÃsicas, entre outros.
Ambiente seguro – Segundo Lopes, o que mais motiva a empresa a investir em gestão de risco é a possibilidade de oferecer aos clientes, funcionários e parceiros um ambiente mais seguro e de maior confiabilidade. ?Além disso, segundo as empresas do setor, pelo lado do aspecto financeiro já foi comprovado que é possÃvel conseguir reduções significativas de custos, em comparação aos gastos que a organização poderá ter com indenizações, perdas e danos causados em mercadorias e bens de terceiros? diz o executivo da Columbia.
A Expresso Araçatuba, que tem um plano anual de gestão, no próximo mês começará a redefinir para o próximo ano as estratégias de administração dos bens de terceiros. A proposta será aprovada em dezembro e entrará em exercÃcio logo no inÃcio de 2007. A empresa, que fatura aproximadamente R$ 15 milhões ao mês, investia 2% do seu faturamento anual na área. Este ano, a verba para o gerenciamento de riscos chegará a 3%. ?Os investimentos são focados em manutenção, adequação, novos instrumentos de rastreamento via satélite e atualização de softwares.
A verba da área aumenta todos os anos porque a empresa está expandindo sua área de atuação?, explica Carlos Roberto Faria Salaorni, gerente de risco da empresa. Assim como as outras empresas do segmento, a Expresso Araçatuba realiza as suas operações com sistemas de rastreamento de carga via satélite e telefonia móvel.
Junto a esses aparatos, a companhia mantém um outro arsenal de segurança, como videovigilância de circuito fechado, vigilância e escolta armada.
Os colaboradores são diretamente envolvidos no processo. A organização tem uma gerência de recursos humanos que aplica os treinamentos para que os funcionários entendam a importância de manter as informações da empresa em sigilo. ?Informações como o tipo de carga que está sendo transportada, a rodovia e a hora em que o veÃculo irá trafegar são dados sigilosos para uma organização?, conta o gerente de riscos da Expresso Araçatuba.
Inteligência – A rota a ser percorrida pelo motorista é outro fator inerente na gestão de risco. E as transportadoras, através de uma central de inteligência, avaliam qual a melhor estrada ou rodovia para fazer o frete. As centrais de informação das empresas do setor definem quais os caminhos que podem oferecer menos riscos de acidente, ou quais pontos são mais seguros para os que os motoristas possam fazer as suas paradas para alimentação e descanso. ?Uma avaliação prévia da viagem pode antecipar imprevistos, como a interdição de uma pista, roubos ou furtos de cargas?, diz.
Para Paulo Monteiro, diretor financeiro para a América Latina da Penske Logistics, a gestão de risco é fundamental para a continuidade das operações de qualquer empresa de logÃstica. ?Investimos nessa área porque os nossos clientes estão dispostos a pagar por um serviço que dê segurança e garantia. O gerenciamento agrega valor à logÃstica?, afirma Monteiro.
Os investimentos da Penske Logistics em inteligência e gestão, na sua unidade instalada no Brasil, chegam a consumir de 7% a 10% do faturamento. ?No Brasil os nossos gastos chegam a esse patamar porque a infra-estrutura e as estradas são precárias. O risco é maior?, frisa. A empresa investe basicamente em duas áreas: na patrimonial e na de gestão de risco embarcada. Ambas recebem manutenção e renovação. Outra parte dos gastos da Penske vai para treinamento de funcionários.
Brazil Logistics investe no seguro internacional – Um acontecimento recente ilustra bem a importância de um plano de gerenciamento de risco em uma empresa de logÃstica. A Brazil Wind Logistics exportou para o Canadá uma máquina especializada para separação, coleta e lavagem de ovos. O equipamento, que iria para aquele paÃs via Nova York, ficou retido na inspeção local. Durante a inspeção, a máquina, avaliada em cerca de U$S 160 mil, teve a sua parte eletrônica danificada.
O seguro (terceirizado) oferecido pela Brazil Wind Logistics é que cobrirá toda a despesa dos danos causados ao cliente importador. Inclusive as passagens áreas dos técnicos que irão consertar a máquina. ?No nosso caso, temos um seguro internacional de erros e omissões para cobrir riscos inerentes à s falhas humanas?, afirma o presidente da empresa de logÃstica, Klaus Steinhoff. Fonte: DCI