Florianópolis, 27.9.07 – Pelo menos um jovem morre por dia nas ruas e estradas catarinenses. A taxa, uma das maiores do Brasil, é atribuÃda ao consumo de bebidas alcoólicas e ao uso de drogas. Além disso, a auto-afirmação, o Ãmpeto de exceder os limites, os rachas, assim como o não uso de capacetes ou cinto de segurança, aliados a problemas de infra-estrutura em rodovias e vias públicas, completam a lista de causas que tem feito da juventude a principal vÃtima do trânsito.
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, somente neste ano, 251 pessoas entre 20 e 29 anos morreram em acidentes de trânsito em Santa Catarina. Em abril, um levantamento do Ministério da Saúde já apontava o Estado como o primeiro colocado no ranking de mortes no trânsito do paÃs. Somente em 2005, a cada 100 mil catarinenses, morreram 32,9 jovens e adolescentes.
– Para cada morto em acidente, 19 sobrevivem, 30% deles com algum tipo de incapacitação fÃsica – alerta o sociólogo Eduardo Biavati, que esteve em Florianópolis na semana passada para proferir palestra sobre O Jovem e o Trânsito.
No primeiro semestre deste ano, cerca de 47% das internações registradas por acidente de trânsito nos hospitais públicos do Estado foram de jovens entre 15 e 29 anos. Os municÃpios de Florianópolis, São José e Tubarão lideram a lista de internações nessa faixa etária, com um total de 880 registros.
A situação nas rodovias do Estado é ainda mais alarmante. EstatÃsticas das polÃcias Rodoviária Federal (PRF) e Militar (PMRv) mostram que 40% de todas as mortes e feridos nas estradas catarinenses são de jovens de até 24 anos.
Cresce a presença de menores de 18 na direção
A ansiedade de dirigir um veÃculo, aliada à negligência de alguns pais, tem gerado outro problema para o trânsito das cidades.
Nas ruas, são cada vez mais numerosos os menores de 18 anos que se arriscam atrás de um volante e colocam em risco a vida de outras pessoas. De acordo com a coordenadora de Imposição de Penalidades do Departamento de Trânsito (Detran/SC), Elizangela Souza, grande parte das 4.593 autuações efetuadas nas rodovias estaduais e na Grande Florianópolis, somente este ano, diz respeito a motoristas menores de 18 anos.
O promotor de Justiça Alceu Rocha, que atua na área da Infância e Juventude, do Ministério Público de Santa Catarina, explica o tipo de punição aplicada nestes casos.
– Os menores estão sujeitos à aplicação das medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. Eles devem responder perante o Juizado da Infância e da Juventude pela prática de ato infracional com previsão de aplicação de medidas socioeducativas que vão da advertência à internação – explica o promotor Alceu Rocha.
Uma ressaca de oito anos
Aécio Seemann, 21 anos, residente em Lages, na Serra Catarinense, está preso desde outubro de 2006, quando foi condenado a oito anos e nove meses de reclusão em regime fechado por ter atropelado e matado quatro jovens na tarde de domingo, 27 de novembro de 2005. O acidente aconteceu na BR-282, em Lages, próximo ao trevo com a BR-116. Na ocasião, Andressa de Oliveira Vieira, 20 anos; Lifer Leão Lisboa, 20; PatrÃcia de Fátima Borges Rodrigues, 22; e Tatiane dos Santos Poltronieri, 26; todas de Vacaria (RS), voltavam a pé de um festival de música realizado nas proximidades.
Aécio perdeu o controle do carro em uma curva e atropelou as quatro amigas no acostamento. Todas morreram na hora. Ele tentou fugir, mas acabou sendo capturado e autuado em flagrante. O bafômetro confirmou a suspeita: alto teor de álcool no sangue.
Aécio foi conduzido ao PresÃdio Regional de Lages, onde aguardou o júri popular que o condenou. O réu permaneceu recluso em regime fechado até junho deste ano, quando progrediu para o regime semi-aberto, pelo qual, permanece trancado, mas com o benefÃcio de optar por até cinco saÃdas de sete dias por ano. Até ontem, ele havia conquistado três saÃdas temporárias.
Daqui a aproximadamente um ano, quando tiver cumprido um sexto do restante da pena, a contar da progressão para o semi-aberto, Aécio poderá solicitar transferência para o regime aberto. Para isso, terá de comprovar emprego em local idôneo, podendo sair para trabalhar todos os dias, à s 7h, e com o dever de voltar para o presÃdio até as 19h.
Após o cumprimento de mais um sexto do que ainda restar da pena total, a contar da progressão para o regime aberto, Aécio terá direito à liberdade condicional. Ou seja, só poderá sair da cadeia daqui a cerca de dois anos.
Fonte: Diário Catarinense