O risco do apagão logístico

Rio de Janeiro, 17.7.06 – Estudo do Centro de Estudos em Logística (Cel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostrou que as empresas brasileiras gastam 56% a mais que as norte-americanas para fazer com que a produção alcance o destino final. No Brasil, por esta pesquisa, o custo logístico equivale a 12,8% do PIB. Nos EUA, obedecidos os mesmos padrões, este custo é de 8,1% do PIB.
Apesar dessa diferença, o mais grave, como mostrou o analista Raul Veloso, é que os gargalos da infra-estrutura ainda não revelaram todo o seu potencial de prejuízo, porque a taxa de crescimento do PIB no Brasil está bem abaixo da média dos outros países emergentes. Aliás, vale lembrar que, sem a redução desses gargalos, sequer as metas de expansão previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias serão alcançadas.
Transporte e logística são os principais gargalos da infra-estrutura. Neles, os investimentos são especialmente urgentes. O setor elétrico é o segundo no ranking dos obstáculos para o desenvolvimento. É fato que este setor, depois do apagão de 2001, recebeu investimentos, estatais e privados, e até para “situações emergenciais” foram previstos recursos. Porém, após alguns anos, do apagão sobrou a memória do susto e não são poucos os especialistas que alertam para o ano-limite de 2009, quando será atingido o equilíbrio entre capacidade de geração e consumo previsto.
A urgência nos cuidados logísticos está, obviamente, no setor de transporte. A Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga (Anut) estima que 80% dos cerca de 130 mil quilômetros de rodovias pavimentadas no Brasil estão em mau estado de conservação. O frete em estrada ruim custa 40% a mais, repassando-se, claro, o custo para o consumidor final. Se a estrada está em “péssimo estado”, o extra vai a 70 por cento.

Portos, estradas e ferrovias são os maiores problemas

Sondagem empresarial aponta que precariedade é principal entrave aos investimentos. A área de infra-estrutura na Bahia demanda investimentos e é um dos principais problemas do estado. Nas sondagens empresariais realizadas pelas consultorias PricewaterhouseCoopers e Delloite, a precariedade de rodovias, ferrovias e portos aparecem sempre como principais dificuldades aos investimentos. De acordo com o Programa de Estadual de Logística de Transportes (Pelt), elaborado pelo governo baiano, até 2020, são necessários R$ 7,8 bilhões para execução de 208 projetos que permitirão à Bahia novo nível de articulação física e de organização das suas cadeias logísticas.
Para o consultor da Delloite, Antonio Maranhão Jr., o Pelt é um projeto interessante que, se executado, facilitará bastante o escoamento da produção baiana. Já o consultor da PricewaterhouseCoopers, Felipe Ayoub, o programa é mais um esforço do governo baiano para melhorar as condições de atratividade.
Dentro do plano prioritário do Pelt estão previstas intervenções nos moldais rodoviário, ferroviário, marítimo e fluvial, que permitirão melhor integração estadual, interestadual e internacional. O superintendente de transportes da Secretaria Estadual de Infra-Estrutura (Seinfra), Oswaldo Magalhães, destaca a necessidade da construção do contorno ferroviário do Rio Paraguassu. A ferrovia faz a travessia sobre ponte do século XVIII entre as cidades de Cachoeira e São Félix, no Recôncavo Baiano, prejudicando bastante a operação.

Fonte: Gazeta Mercantil

Compartilhe este post