BrasÃlia, 13.6.07 – As liminares judiciais que permitem importação de carcaças de pneus para remodelagem no paÃs fazem com que a proibição de pneus usados no Brasil seja inconsistente com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), segundo decidiu o comitê de arbitragem (panel) do órgão, em decisão divulgada ontem.
Em decisão de forte significado polÃtico, a OMC reconheceu como necessária a proibição de importação de pneus usados e remodelados por razões proteção ao meio ambiente e saúde pública, mas condenou as exceções criadas pela Justiça brasileira.
“Se o Brasil pretende efetivamente a proibição (de pneus usados), tem de fechar essa porta”, comentou o subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Tecnologia, Roberto Azevedo. “Ou fechamos a importação de carcaças, ou temos de abrir o mercado de reformados.”
O relatório da OMC vai ser usado pelo Brasil como peça de defesa judicial contra os pedidos de liberação de importação de pneus usados ou remodelados. Os árbitros da OMC acataram acusações feitas pelo governo e outras instituições, que apontam os pneus usados como uma séria ameaça ao meio ambiente e à saúde, por riscos como poluição incêndios e proliferação de mosquitos transmissores de malária e dengue.
Ao comemorar a decisão, Roberto Azevedo informou que não irá recorrer dos resultados das conclusões finais do comitê de arbitragem da OMC , embora elas digam que a proibição deve ser removida por ser inconsistente com as normas do comércio internacional. Como já havia argumentado, o governo conta com a aprovação, em questão de dias, pelo Supremo Tribunal Federal, de uma ação capaz de derrubar as liminares ainda existentes para importação de carcaças de pneus a a serem usadas na indústria de remodelagem no paÃs.
“O Brasil recebeu (o relatório) com grande satisfação, sobretudo porque a OMC deu aval à s teses de defesa ambiental e de saúde pública que o Brasil defendeu”, comentou Azevedo, em teleconferência, de Paris.
Segundo Azevedo e o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, caso não haja decisão favorável do Supremo, o governo modificará a legislação atual, por projeto de lei ou medida provisória, para impedir definitivamente a entrada de carcaças ou pneus usados remodelados no paÃs.
O comitê de arbitragem reforça a jurisprudência na OMC ao afirmar que “podem haver circunstâncias em que uma medida altamente restritiva (ao comércio) é necessária, se não está disponÃvel nenhuma alternativa menos restritiva para que um paÃs-membro alcance seus objetivos”.
Após exame das alternativas sugeridas pela União Européia, o panel sugere não existir, na verdade, “medida alternativa razoavelmente disponÃvel capaz de evitar os riscos especÃficos gerados pela importação de pneus remodelados”.
As alternativas existentes, diz o comitê, “levantam preocupações próprias, ou porque criam o tipo de riscos que o Brasil procura evitar … ou porque não alcançam o nÃvel de proteção buscado pelo Brasil”. Mesmo métodos mais seguros de reciclagem são insuficientes para absorver a quantidade de lixo produzido com pneus gastos, aponta o relatório.
O Brasil perdeu o panel, porém, por não ter conseguido, devido à s liminares judiciais, comprovar que sua proibição a importações é aplicada de forma não discriminatória e previsÃvel. “A decisão do panel confirma nossa visão de que a importação de importações, pelo Brasil é incompatÃvel com as normas da Organização Mundial do Comércio “, declarou o porta-voz da Comunidade Européia, Stephen Adams, que enfatizou os argumentos europeus, mas não disse se a Europa recorrerá ou não da decisão.
“A União Européia é fortemente a favor da proteção do meio ambiente e da saúde, mas as medidas do Brasil não servem a esses objetivos e são, na realidade, protecionistas e discriminatórias”, disse Adams. “Não vamos recorrer, se a União Européia se acha a grande vencedora, vamos comemorar juntos”, ironizou Azevedo.
Valor Econômico
Compartilhe este post