SC gasta mais de R$ 1 bilhão por ano com os acidentes nas estradas

  1. Início
  2. Notícias
  3. SC gasta mais de R$ 1 bilhão por ano com os acidentes nas estradas

SC gasta mais de R$ 1 bilhão por ano com os acidentes nas estradas

Florianópolis, 15.12.06 – O Brasil gasta uma média de R$ 22 bilhões em acidentes de trânsito por ano – o equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Em Santa Catarina, o valor chega a R$ 1,214 bilhão, quantia que eleva o Estado à 6ª posição no ranking de custos totais por acidentes em rodovias.
São Paulo é o campeão de gastos, com R$ 4,2 bilhões, seguido de Minas Gerais (R$ 3 bi) e Paraná (R$ 1,7 bi). O superintendente da Agência Nacional de Transportes Públicos, Marcos Bicalho, informou que esses valores absolutos são mais altos nesses estados por causa da grande frota de veículos e malha viária.
Por outro lado, quando a análise é focada na média de custo por acidente, a lista fica invertida e Santa Catarina passa a ocupar a 22ª posição, gastando R$ 57 mil por ocorrência. Isso ocorre porque quanto mais rápido for o socorro, menor é a gravidade do acidente.
A qualidade do atendimento interfere no custo final. O Estado mais econômico é o Rio Grande do Sul (R$ 45 mil por ocorrência) e o que mais gasta é o Amapá (R$ 100 mil).
O montante foi calculado com base em dados de uma pesquisa elaborada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2004 e 2005 e divulgada ontem. O Ipea levou em consideração custos com saúde, remoção e traslado de feridos e mortos, danos e remoção de veículos, perda de cargas e atendimentos feitos pelas polícias rodoviárias, além de danos a propriedades públicas e particulares.
Quanto mais grave for o acidente, mais recursos são necessários. Em média, são gastos R$ 1.040 com cada pessoa que sai ilesa de um acidente, R$ 36.305 com cada ferido e R$ 270.165 com cada morto.
Conforme a pesquisa, os atropelamentos são uma das principais causas de morte em rodovias. Nas federais, por exemplo, uma pessoa morre a cada 3,4 atropelamentos, e há uma ocorrência a cada duas horas. Dos cerca de 4 mil atropelamentos que acontecem anualmente em vias federais, mais de 75% ocorrem em São Paulo, Minas, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná.
No Brasil, todos os anos, uma pessoa morre a cada 11 acidentes de trânsito e uma fica ferida a cada 1,3 ocorrência, ainda de acordo com o Ipea.
Entre 2004 e 2005, o número de acidentes caiu de 112.457 para 109.745, mas o número de mortes subiu de 10.186 para 10.416.
Santa Catarina segue essa tendência. Entre janeiro e outubro deste ano, houve redução de 1,8% no número de acidentes e 4,32% no de feridos nas rodovias federais em relação a 2005. Entretanto, o número de mortos aumentou 2,8% no mesmo período.

Saldo negativo

O Estado gasta
R$ 1 mil com cada pessoa que sai ilesa de acidente
R$ 36,3 mil com cada ferido
R$ 270,1 mil com cada morto
Custo nacional
R$ 22 bilhões por ano – ou 1,2% do PIB
Em Santa Catarina
R$ 1,214 bilhão – o 6º maior custo do país
Atropelamentos lideram ocorrências
1 pessoa morre a cada 3,4 atropelamentos
1 pessoa é atropelada a cada duas horas
4 mil atropelamentos acontecem por ano nas rodovias federais
75% do total de atropelamentos ocorrem em cinco estados do país: São Paulo, Minas, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná
Saiba mais
Mortes aumentaram 2,8% este ano no Estado

Presidente do Ipea diz que é “revoltante” gasto com acidentes

São Paulo, 15.12.06 -O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Luiz Henrique Soares, considerou “revoltante” o gasto anual de R$ 22 bilhões com ações provocadas por acidentes nas rodovias brasileiras.
?O montante gasto é revoltante, porque poderia ser evitado?, disse Soares, ressaltando que, além da perda de vidas, existem as seqüelas dos feridos e o custo do afastamento da atividade produtiva. Ele citou também o custo do dinheiro público, que ?poderia ajudar a resolver boa parte do desenvolvimento do país”, com a aplicação em obras de infra-estrutura.
Soares disse que a falta de planejamento de longo prazo para investimentos em obras nas rodovias contribui para o problema, mas salientou que a ?realização de campanhas educativas dramáticas, com forte apelo de conscientização, poderia reduzir sensivelmente esse quadro?. Ele aponta ainda como essenciais a melhoria da sinalização e do traçado das vias, a manutenção e a fiscalização.
De acordo com o estudo Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Rodovias Brasileiras, realizado pelo Ipea, num período de apenas 12 meses [de 1º de julho de 2004 a 30 de junho de 2005], foram gastos cerca de R$ 22 bilhões em ações por causa de acidentes nas estradas do país. Segundo o Ipea, o montante é equivalente à metade do déficit público previdenciário e inclui despesas como atendimento à ocorrência, primeiros socorros, internação hospitalar, pós-hospitalar, afastamento do trabalho, remoção da vítima ou de carga e danos materiais.
Cerca de R$ 6,5 bilhões referem-se aos acidentes ocorridos em rodovias federais; R$ 14,1 bilhões, aos registrados nas estaduais; e R$ 1,4 bilhão aos ocorridos nas municipais. Colaboraram na realização do estudo a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e a Polícia Rodoviária Federal.
Segundo o estudo, a Região Centro-Oeste lidera em gastos, seguida pelas regiões Norte e Nordeste, enquanto o Sul e o Sudeste registraram índices mais baixos. Nove estados (Amapá, Maranhão, Ceará, Tocantins, Amazonas, Acre, Mato Grosso do Sul, Piauí e Bahia) apresentaram custos médios acima de R$ 70 mil, enquanto oito estados (Alagoas, Roraima, Mato Grosso, Rondônia, Goiás, Pará, Paraíba e Minas Gerais), mais o Distrito Federal, ficaram na faixa entre R$ 70 mil e R$ 60 mil, considerada a média nacional. Abaixo desse teto foram identificados nove estados: Rio Grande do Norte, Sergipe, Paraná, Santa Catarina, Pernambuco, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
O estudo mostra que, só em 2004, morreram 6.119 pessoas vítimas de acidentes nas rodovias federais e 66.117 ficaram feridas. As colisões frontais foram as que mais provocaram perda de vidas, somando 1.508. Os atropelamentos de pedestres ocupam a segunda posição, com 1.170 de um total de 3.996 casos. Essas ocorrências prevalecem na travessia de áreas urbanas, com maior incidência no período noturno, e representam 3,6% do total de acidentes nas estradas federais (112.457). A maioria dos casos fatais ocorreu em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Paraná.
Luiz Henrique Soares enfatizou que o objetivo do estudo do Ipea é contribuir, não só para direcionar políticas públicas, mas para conscientizar os condutores a ter mais cautela no trânsito.
Agência Brasil

Compartilhe este post