Florianópolis, 19..9.07 – Em estudo divulgado ontem, a entidade mostrou que, com base na média entre os anos de 2003 e 2006, os acidentes provocam por ano 34 mil mortes – uma a cada 15,45 minutos – deixam 400 mil feridos e causam deficiências temporárias ou permanentes em 100 mil pessoas.
Os dados fazem parte do livro Trânsito no Brasil – Avanços e Desafios, um balanço que marca os 10 anos de promulgação do Código de Trânsito Brasileiro.
Os gastos dizem respeito a custos com cuidados em saúde, perda de produção em razão da morte de pessoas, interrupção das atividades das vÃtimas, gastos associados aos veÃculos e custos indiretos, como desestruturação familiar e pessoal.
O estudo também mostra que o Brasil tem 40 milhões de veÃculos registrados, sendo que 27 milhões se encontram em circulação. Destes, 9 milhões são revendidos anualmente. Outros 3 milhões (1 milhão só de motocicletas) entram no mercado a cada ano. Estima-se que o setor movimente R$ 100 bilhões.
O cadastro de condutores registra aproximadamente 40 milhões de motoristas, número que aumenta em 1,7 milhão a cada ano.
Multas representam alta evasão para os estados
Em relação à s multas, a Associação calcula que 30% das infrações ocorrem fora do Estado onde o veÃculo é registrado, por isso o condutor não é punido e a multa não é cobrada – o que representa uma evasão anual de receitas de R$ 1 bilhão.
O levantamento demonstra também que o transporte rodoviário representa 63,7% entre as modalidades de transporte de cargas, seguida do ferroviário, com 20,7%, e do hidroviário, com 11,5%.
A maioria dos produtos perigosos, como lÃquidos inflamáveis, explosivos, gases e materiais radioativos, é transportada pelas rodovias brasileiras.
O livro Trânsito no Brasil, Avanços e Desafios também faz uma análise sobre o que mudou com o Código de Trânsito Brasileiro, e uma reflexão sobre a polÃtica nacional do setor.
Para o superintendente da ANTP, Marcos Pimentel Bicalho, apesar dos avanços para as vias e rodovias do paÃs, como o maior controle de velocidade, a municipalização do trânsito e a queda no número de mortes em algumas capitais, há ações diversas pelo paÃs tentando mudar ou burlar o espÃrito do CTB.
– A gente vê por aà pressões diversas para abrandar o valor das multas de trânsito, ou para se flexibilizar alguns artigos. O próprio governo, tempos atrás, reduziu o valor da multa por velocidade, que foi um erro. O desafio é manter os avanços do código – definiu Bicalho.
Em sua opinião, o balanço de uma década do CTB é vitorioso, mas ainda é cedo para que a sociedade brasileira ganhe consciência sobre a educação no trânsito.
– Estamos falando em mudanças de comportamento, e dez anos é pouco tempo para que seja atingido um bom patamar. As crianças já têm uma postura bastante diferente. Elas cobram dos pais comportamentos do tipo: obedecer o sinal, respeitar o limite de velocidade, o uso do cinto de segurança etc. Essas mudanças já deram frutos e vão dar mais, a longo prazo – destacou o superintendente da ANTP.
Os números do trânsito no paÃs
Os acidentes
34 mil pessoas morrem por ano
1 pessoa morre a cada 15,45 minutos
400 mil pessoas são feridas
100 mil pessoas ficam com deficiência temporária ou permanente
O custo
R$ 28 bilhões por ano é o custo com acidentes de trânsito
Os motoristas
40 milhões em todo o paÃs
1,7 milhão são habilitados a cada ano
A frota
40 milhões de veÃculos (27 milhões em circulação)
2 milhões de carros e 1 milhão de motos entram no mercado todo ano
R$ 100 bilhões é o movimento do setor
Santa Catarina se mantém na liderança
Se no paÃs os Ãndices de mortes no trânsito já são trágicos, em Santa Catarina eles assumem uma dimensão ainda maior.
É o que aponta um levantamento do Ministério da Saúde divulgado em abril deste ano, no qual o Estado aparece na primeira colocação no ranking de mortes no trânsito no paÃs.
As estatÃsticas, referentes a 2005, mostram que as estradas e ruas catarinenses matam, em média, 32,2 pessoas a cada 100 mil habitantes. Além disso, o Estado possui 11 municÃpios colocados entre os 50 municÃpios com os maiores Ãndices de mortalidade, que leva em consideração cidades entre 20 mil e 100 mil habitantes (levantamento resultado da média dos acidentes ocorridos entre 2002 e 2004).
Em um terceiro estudo, feito em municÃpios com mais de 100 mil habitantes, aparecem ItajaÃ, Jaraguá do Sul, Palhoça, Criciúma, Chapecó e São José. Ocupando a 4ª colocação no paÃs, Itajaà registrou 115,2 óbitos para cada 100 mil habitantes.
Outro dado alarmante da pesquisa é o alto número de mortes entre jovens. Somente em 2005, a cada 100 mil catarinenses morreram 32,9 jovens com idade entre 10 e 19 anos.
A taxa, uma das maiores do Brasil, é atribuÃda ao consumo de bebidas alcoólicas e ao uso de drogas. A alta velocidade, assim como o não uso de capacete ou de cinto de segurança, aliados a problemas de infra-estrutura em rodovias e vias públicas, completam a lista de causas das estatÃsticas.
Em Santa Catarina, as polÃcias rodoviárias Federal (PRF) e Militar (PMRv) já registraram 616 mortes nas estradas, boa parte de jovens.
A imprudência, que resulta no alto número de mortes, tem reflexo nos gastos do Estado. Somente este ano, foram gastos quase R$3 milhões nos hospitais de SC com acidentes de trânsito. Também é registrada pelos números de multas aplicadas a motoristas de outros estados que transitam pelo território catarinense.
Os números em SC *
– 414 mortes nas rodovias federais
– 202 mortes nas rodovias estaduais
– 150 pessoas detidas por dirigir embriagadas em rodovias estaduais entre janeiro e julho
– 279 pessoas detidas por dirigir embriagadas em rodovias federais no primeiro semestre
– Destes, a média de idade era de 37 anos
45 mil multas impostas a veÃculos de outros estados que transitam pelo Estado (a partir de novembro de 2006)
Fonte: PRF, PMRv, Detran/SC
Campanha de 2007 é voltada para os jovens
“Jovem: Paz e Amor no Trânsito”. A Semana Nacional do Trânsito deste ano será voltada ao público que lidera as ocorrências em rodovias e vias urbanas. Ontem, a campanha foi aberta oficialmente na Grande Florianópolis, onde será promovida até o dia 25.
As polÃcias rodoviárias Federal (PRF) e Militar Rodoviária (PMRv), o Detran, as guardas municipais da Capital e São José e o Sest/Senat realizam a campanha, que terá como atividades distribuição de materiais educativos para motoristas e a realização de palestras e conversas com os alunos em universidades e escolas.
– Entendemos que foi uma decisão feliz do tema. Dados das nossas rodovias mostram que 40% de todas as mortes são de jovens de até 24 anos. E 40% dos feridos também – destacou o tenente coronel da PMRv, Paulo Moukarzel.
Ãmpeto de exceder limites, um comportamento de risco
Ele apontou a necessidade de auto-afirmação dos jovens e o Ãmpeto de exceder limites e não cumprir regras como responsável, em parte, por estes dados. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, somente neste ano, 251 pessoas entre 20 e 29 anos morreram em acidentes de trânsito em Santa Catarina. Na faixa entre 30 e 39 anos, foram 154 pessoas.
O superintendente da PolÃcia Rodoviária Federal no Estado, Luiz Ademar Paes, afirmou que é preciso cobrar das autoridades um investimento maior em campanhas educativas, que deveriam ser feitas o ano todo, e não somente durante a semana do trânsito.
A necessidade da educação para o trânsito também foi destacada pelo psicólogo do Detran, Jacinto Pereira.
– Temos que começar a ensinar desde pequeno que é preciso ter cuidados especiais no trânsito. É preciso que haja em cada órgão um investimento para educação.
Um dos destaques da programação será a Blitz da Balada, realizada pela Guarda Municipal na noite de sexta-feira, nos bares de São José, para conscientizar os jovens a não dirigir após consumir álcool. Serão realizados teste de bafômetro e colocados adesivo indicando se a pessoa pode dirigir ou não.
Durante a Semana do Trânsito, cada região do Estado terá eventos próprios, todos voltados aos jovens.
Aula de direção grátis nas ruas
Os motoristas de Criciúma iniciaram a Semana Nacional do Trânsito com lições de direção segura e novidades nas ruas.
Na tarde ontem, técnicos e agentes da CriciúmaTrans (órgão administrador do trânsito) e prefeitura promoveram uma blitz educativa com o tema A Vida em Primeiro Lugar, no Centro da cidade. Hoje, será anunciada a conclusão da instalação de lombadas eletrônicas para fiscalizar o tráfego próximo a escolas.
Nos próximos 30 dias os motoristas devem se adaptar a seis lombadas eletrônicas instaladas em locais estratégicos, a maioria próxima de escolas. Hoje os equipamentos serão ligados e já estarão em funcionamento.
– As lombadas serão ligadas, os infratores fotografados e fiscalizados, mas não multados – explicou o engenheiro de trânsito Roberto Cabral.
Durante esse perÃodo o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), deverá realizar uma vistoria. Até o fim do ano, 20 lombadas eletrônicas e seis furões (controladores discretos de velocidade, avanço de sinal e parada sobre a faixa de pedestres) estarão em funcionamento.
No Centro da cidade, panfletagem Na tarde de ontem, os carros que costumam trafegar na Rua Santo Antônio, na praça do Congresso, deram lugar para o lazer e a conscientização no trânsito. Houve atividades recreativas para crianças e distribuição de mudas de árvores, além de apresentação do grupo teatral. Nas proximidades, os motoristas receberam panfletos com orientações de direção segura.
Fique por dentro
Onde estão as lombadas eletrônicas*
Rodovia Jorge Lacerda
No acesso ao Bairro Verdinho – velocidade máxima 50 km/h
Em frente à escola do Bairro Capão Bonito – velocidade máxima 40 km/h
Avenida Universitária
Praça do Bairro Santa Luzia – velocidade máxima 50 km/h
Próximo ao Cedup (Bairro Universitário) – velocidade máxima 50 km/h
Avenida dos Imigrantes
Próximo à escola Miguel Giacca (Bairro Rio Maina) – velocidade máxima 50 km/h
Rodovia Luiz Rosso
Em frente à escola João Dagostim (Bairro Quarta Linha) – velocidade máxima 40 km/h
* Punição é prevista no artigo 218 do Código de Trânsito Brasileiro
Especialista culpa alta velocidade
A principal causa de acidentes nas rodovias brasileiras é a alta velocidade com que muitos motoristas trafegam pelas estradas do paÃs.
A afirmação foi feita ontem pela engenheira Cristina Baddini, integrante da Comissão de Trânsito da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), durante o lançamento do livro Trânsito no Brasil – Avanços e Desafios.
Segundo ela, nos últimos 10 anos, a situação se agravou, com o aumento do número de mortos em acidentes nas rodovias.
Ela chamou a atenção também para o estado das rodovias brasileiras, com buracos, elevações, falta de acostamento, asfalto ruim.
Estado das rodovias também prejudica
– O estado das rodovias também prejudica bastante – disse ela, que, no livro, escreveu sobre o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) e a situação nas rodovias federais, estaduais e municipais brasileiras.
De acordo com a engenheira, os acidentes nas rodovias são mais graves, devido à velocidade, principalmente quando ocorrem nas rodovias. Em contrapartida, acrescentou, nas cidades acontecem mais acidentes, mas menos graves e com menos mortos. Cristina destacou também algumas inadequações nas estradas: Às vezes [a rodovia] não tem acostamento e o limite de velocidade é 110, 120 quilômetros por hora.
Fonte: Diário Catarinense.