Setor de transportes precisa de R$ 172 bi para evitar apagão em infra-estrutura

  1. Início
  2. Notícias
  3. Setor de transportes precisa de R$ 172 bi para evitar apagão em infra-estrutura

Setor de transportes precisa de R$ 172 bi para evitar apagão em infra-estrutura

Brasília, 16.7.07 – O Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), elaborado pelo governo federal, está quase pronto: sairá oficialmente em setembro, com indicações estratégicas para o setor por uma década e meia, até 2023. A retomada do planejamento de longo prazo pelo Ministério dos Transportes chegou a duas conclusões importantes. A primeira é que serão necessários R$ 172,4 bilhões no período. A outra é mais urgente: os investimentos previstos entre 2008 e 2011 no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) serão insuficientes. Segundo reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal “O Globo” , empresários e especialistas concordam que não está afastado o risco de um apagão na infra-estrutura, com a repetição, em portos, estradas e ferrovias, do caos que os aeroportos estão vivendo há dez meses.
O PNLT indica que, entre 2008 e 2011, será necessário investir R$ 72,7 bilhões no setor de transporte em todo país, ou seja, pelo menos R$ 18,2 bilhões por ano. O PAC, entretanto, só prevê investimentos em logística de R$ 36 bilhões entre 2008 e 2010, ou seja, R$ 12 bilhões por ano. Todos os setores registram déficit.

Necessidades do país superam PAC

O plano foi elaborado com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe/USP), para que fosse levado em conta o comportamento da economia no país e suas conseqüentes necessidades. Segundo estudos da Fipe, a expansão deve ser de, em média, 4% anuais nos próximos 15 anos.
– O PAC avança, mas as necessidades do país são maiores ? admitiu o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Passos.
A iniciativa, retomada depois de 21 anos, foi elaborada para que o governo não fosse pego por ?surpresas?, como a recente explosão do agronegócio no Centro-Oeste brasileiro, que enfrenta dificuldades para escoar a produção ? principalmente de soja ? para consumidores nacionais e estrangeiros. O governo, contudo, afasta o risco de um novo apagão.
O PNLT é um indicativo das necessidades. O fato de o governo ter retomado esse planejamento é muito importante, e temos de lembrar que o PAC foi muito pragmático, levando em conta os projetos que estavam prontos, na gaveta.
Agora que temos esse novo plano, vai ficar mais fácil incluir novas obras, inclusive atraindo a iniciativa privada ? afirmou o secretário-executivo do ministério.
Não é o que pensam os especialistas, que afirmam que não há incentivos para aportes privados no setor.
– Até agora o governo não deu qualquer segurança aos investidores. Muito pelo contrário. No PAC, estava prevista para 16 de julho a publicação do edital para a licitação que concederá à iniciativa privada sete rodovias federais. Ela não vai ocorrer e já se arrastará há cinco anos. Isso afasta os empresários ? afirmou Bruno Rocha, especialista em Transportes da Consultoria de Tendências.
Newton Gibson, vice-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), mostra-se alarmista. Para ele, além de o orçamento do PAC estar aquém das necessidades, o setor sofre com as promessas governamentais, que, sempre renovadas, repetidamente não são cumpridas.
– Nós realizamos estudos próprios, que indicam um déficit de R$ 30 bilhões em investimentos, além do anunciado pelo governo para os próximos anos. Tudo isso levando em conta que todos os recursos anunciados chegarão às obras. Mas, pelo que estamos acompanhando, as promessas do PAC não estão saindo do papel – afirmou o vice-presidente da CNT.
Apesar desses problemas, especialistas e empresários acreditam que a elaboração do PNLT é um importante avanço. O estudo indica, por exemplo, que o país desperdiça ao menos R$ 2,5 bilhões com a ineficiência logística. O plano também aponta que, se os investimentos não forem realizados, o país pode voltar a ter sua economia concentrada no sudeste e no Sul, além de comprometer a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país).

Plano de expansão de hidrovias

Os investimentos necessários para o período entre 2008 e 2023 estariam divididos da seguinte forma: R$ 74,2 bilhões em rodovias, R$ 50,6 bilhões em ferrovias (que alcançariam a dianteira dos investimentos no período 2015-2023), R$ 12,8 bilhões em hidrovias, R$ 25,2 bilhões em portos e R$ 9,6 bilhões em aeroportos.
O plano também pretende fazer uma revolução na matriz energética brasileira. Hoje, as rodovias representam 58% do transporte de carga e, para 2025, a meta é chegar a 33%. Já o setor ferroviário, atualmente com 25%, deve chegar a 32%. O maior crescimento é esperado para o setor aquaviário ? incluindo hidrovias, portos e cabotagem ? passando dos atuais 13% para 29%. O duto-viário (para escoamento de óleo e gás) deve passar de 3,6% dos transportes de cargas do país para 5% e o aéreo, de 0,4% para 1% do total da carga brasileira.

Rio precisa de investimentos de R$ 13 bilhões

Obras do PNLT incluem novo porto em Campos e duplicação da descida da Serra das Araras, mas trem-bala não está previsto

Brasília. O Rio de Janeiro ? apontado por muitos especialistas como o futuro grande pólo de logística do país ? teria de receber investimentos de até R$ 13 bilhões em transporte nos próximos 15 anos, segundo o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), elaborado pelo governo federal para repensar o setor até 2023.
Entre as obras previstas, estão um novo porto na região de Campos e um terminal na Ilha de Pombeba (formada pela areia deslocada pelo Porto do Rio, na Baía de Guanabara). Nas rodovias, os destaques do projeto são as duplicações da descida da Serra das Araras, na Via Dutra, e do trecho da Rio-Santos entre a Avenida Brasil e Itacuruçá.
O governo também pretende investir R$ 8,276 bilhões em ferrovias. Apesar disso, não está previsto no plano o trem de alta velocidade entre Rio e São Paulo. O projeto está sendo gestado e prevê investimentos de US$ 8 bilhões para ligar as cidades por trilhos em 86 minutos.
– Esse projeto não está incluído no PNLT pois não está totalmente concluído, mas é importante e o governo, certamente, dará prioridade a ele – informou o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Passos.
Essa nova ferrovia é essencial para que um fenômeno que já está ocorrendo – o trânsito cada vez mais intenso entre pessoas de Rio e $ão Paulo – seja intensificado. O estudo elaborado pelo ministério em parceira com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da USP, indica que o movimento dos passageiros entre as mais importantes capitais do país nos transportes coletivos vai crescer 160% entre 2007 e 2023, passando dos atuais 6,5 milhões por ano para 17,4 milhões. Como na previsão não está sendo levado em conta o futuro trem-bala, isso poderá ser potencializado.
Há entretanto, outro problema no PNLT: não está prevista a construção de um novo aeroporto em São Paulo. As autoridades do setor indicam que é necessário oferecer, em até cinco anos, uma estrutura que comporte 35 milhões de passageiros por ano, o equivalente aos aeroportos de Guarulhos e Congonhas juntos. Com o novo terminal, a capacidade da infra-estrutura aeroportuária paulista seria igual à do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. O investimento estimado é de cerca de US$ 5 bilhões, incluindo as ligações expressas necessárias.
– Essa obra também não está incluída nos planos do governo, pois nem o estudo foi feito, nem a localização foi escolhida.
Como o PNLT terá revisões de cenário macroeconômico a cada quatro anos e de projetos, anualmente, isso será facilmente acrescentado ? afirmou o secretário.
Henrique Gomes Batista
Fonte: O Globo Online

Compartilhe este post