Florianópolis, 30.1.08 – Dos 27 estados do paÃs, Santa Catarina é o segundo que mais registra acidentes com caminhões e carretas, segundo o Registro Nacional de Acidentes e EstatÃsticas de Trânsito (Renaest). O primeiro é Minas Gerais.
Para se ter idéia do problema, só nas rodovias federais de Santa Catarina aconteceram quatro acidentes com esses veÃculos, que chegam a pesar 45 toneladas quando carregados, nos últimos três dias.
Em São José, uma carreta de Bento Gonçalves (RS) carregada com polietileno capotou às 3h de ontem no Km 206 da BR-101. O tráfego no sentido Sul/Norte operou pela marginal da rodovia por cinco horas. Houve filas de quatro quilômetros.
O motorista do caminhão, Osvaldo Menezes Batista, 52 anos, disse a policiais rodoviários que “estava com sono” antes de perder o controle. Ele sofreu ferimentos leves.
O trecho em que aconteceu a capotagem é crÃtico. Nos últimos 40 dias, cinco caminhões e similares capotaram no local, atrapalhando o tráfego.
Em São João do Sul, no Sul, um caminhão carregado de soda cáustica e parafina tombou no inÃcio da madrugada de ontem no Km 457 da 101, o que também interferiu no tráfego.
No sábado pela manhã, dois caminhões se envolveram em um acidente na BR-101, em Palhoça, na Grande Florianópolis. Sete carros de passeio também se acidentaram. Um homem que desceu do carro ao ver a fila parar foi atropelado e morreu no local. Seis pessoas ficaram feridas.
Nas rodovias federais de SC, segundo dados da PRF, a cada cinco acidentes registrados, um envolve caminhão ou carreta.
Os números – Estradas gerais – Nas estradas de SC, a cada quatro acidentes, um envolve caminhão. Nas estradas de MG, a cada três acidentes, um envolve caminhão.
Rodovias – 100.750 mil é o total de veÃculos que se envolveram em acidentes nas rodovias federais de SC de janeiro de 2003 a agosto de 2007. Desse total, 19.647 eram caminhões ou similares.
Negligência na BR-101 Sul
Um caminhão Mercedes-Benz, com 10 toneladas de carga tóxica, tombou no Km 457,8 da BR-101 Sul e quase provocou um desastre ambiental. O veÃculo saiu da pista e caiu em um buraco aberto para obras de drenagem, próximo a um córrego que deságua na Lagoa do Sombrio. O motorista não estava habilitado para transportar cargas perigosas, e o veÃculo não possuÃa sinalização adequada.
O acidente foi no inÃcio da madrugada de ontem. O caminhão com placas de ImaruÃ, saiu de Imbituba com destino a Porto Alegre (RS). O motorista Márcio José Martins, 28 anos, tinha pouca experiência, segundo o pai e dono do caminhão, Alino dos Santos Martins, 57 anos.
– Era a terceira carga que ele puxava. Ele não sabia que tinha soda cáustica – contou Alino, diante da falta de habilitação do filho para a condução do veÃculo.
Para o sargento da PolÃcia Ambiental, Rogério Cardoso de Sá, a versão de Alino é contraditória, pois as cinco toneladas de soda cáustica estão descritas na nota fiscal. Além da carga corrosiva, a carroceria tinha duas toneladas de triplofosfato, uma de parafina e outras duas de barrilha (carbonato de sódio).
Com o tombamento, a carga foi arremessada para frente e amassou a cabine, onde estavam o motorista e a mulher, Ana Martins, 24 anos. Márcio teve fraturas nos ombros. Ana teve ferimentos leves.
Empresa tem prazo até esta quinta para fazer a defesa – A PolÃcia Militar de Proteção Ambiental e a Fatma isolaram o local até a chegada de funcionários da empresa. Não houve contaminação do córrego. O transbordo da carga para outro caminhão teve inÃcio ao meio-dia.
De acordo com o técnico da Fatma, Jairo Vianna, a empresa será multada e responderá a processo administrativo. O proprietário do caminhão, o motorista e a empresa recebedora da carga também podem ser envolvidos no processo. A Transalvo tem prazo até amanhã para apresentar a defesa.
Contraponto – Diretor disse que foi falha de dois funcionários novos. O diretor da Transalvo Transportes, Claudio Horácio, acompanhou o transbordo e apresentou documentação da carga. Horácio explicou que a empresa trabalha com esse tipo de produto há 12 anos, com autorização da PolÃcia Federal e Exército e licenciamento ambiental da Fatma. Horácio justificou o transporte irregular através de uma falha de dois funcionários do setor de despacho de cargas que estão empregados há três dias e não realizaram o treinamento para cargas perigosas.
Fonte: Diário Catarinense