BrasÃlia, 3.1.07 – A adição de 2% de biodiesel a todo o diesel comercializado no Brasil, conforme determinação da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e BiocombustÃveis) que começou a vigorar ontem, deve ter impacto no preço dos fretes em fevereiro.
De acordo com o presidente do Setcarce (Sindicato das Empresas Transportadoras de Carga e de LogÃstica do Ceará), Clóvis Bezerra, o desempenho do setor em janeiro será de acomodação do mercado à nova realidade de custos.
Cálculos feitos pelo Sindicom (Sindicato Nacional das Distribuidoras de CombustÃveis e Lubrificantes) apontam uma elevação de até R$ 0,02 no preço do litro do diesel na bomba. A alta advém do preço maior do combustÃvel fabricado a partir de sementes oleaginosas.
No mais recente leilão da ANP, em novembro, o biodiesel foi vendido do produtor às distribuidoras por R$ 1,86. Já o litro do diesel sai a R$ 1,15.
Apesar do incremento no preço do combustÃvel ser tÃmido, a importância que o insumo tem na composição de custos do serviço de frete faz com que seus efeitos sejam consideráveis. De cada R$ 100 faturados mensalmente por uma transportadora, cerca de R$ 57 remuneram apenas os gastos com o abastecimento da frota. Desgaste de pneus, salários e manutenção dos veÃculos completam a lista dos itens de precificação do frete.
Clóvis Bezerra acredita que a elevação no custo deve ser repassada ao usuário na forma de redução dos descontos concedidos. ´ A prática mais comum no mercado hoje é oferta de abatimentos no preço do serviço, variáveis em função do porte e da freqüência das operações´, afirma. Segundo ele, os descontos chegam a 30%.
Livre de qualquer tipo de tabelamento, o preço dos fretes no Ceará oscila livremente. Conforme Clóvis Bezerra, o custo por quilômetro rodado varia entre R$ 0,95 e R$ 1,50 em função dos contratos. ´Remessas corriqueiras são mais baratas do que as emergenciais porque a transportadora tem de encontrar alguma forma de encaixe´, argumenta. Para este mês, ele aponta que o setor de transportes acompanha a tendência que for lançada pelos demais setores da economia. ´Se as empresas quiserem iniciar de imediato a reposição de seus estoques, vamos sentir a continuidade do bom desempenho que começou em setembro´, projeta.
Frota renovada – A explosão do crédito para aquisição do carro zero também está sendo sentida pelo setor de veÃculos pesados. Clóvis Bezerra conta que a frota de caminhões cearense vem sendo renovada ao longo dos últimos anos, evidenciando o aquecimento do mercado.
Assim como ocorre com quem deseja adquirir um carro particular, a fila de espera por uma carreta ou caminhão chega a durar até 120 dias. Como cerca de 50% dos veÃculos usados para o transporte terrestre de cargas no Ceará são de propriedade de caminhoneiros autônomos, a redução dos juros e a flexibilização da burocracia democratizaram o acesso a este tipo de financiamento.
Diesel e GNV – Gestão de estoques determina alta ao consumidor. Consumidores cearenses que utilizam veÃculos movidos a diesel ou a gás natural veicular (GNV) devem se preparar para alta nos preços dos combustÃveis ainda esta semana. Para os primeiros, o motivo da elevação é o inÃcio da obrigatoriedade do acréscimo de biodiesel, cujo preço de mercado ainda é superior ao óleo fóssil. Já os últimos começam a arcar com o reajuste já divulgado pela Cegás (Companhia de Gás do Ceará) de 9,8% no preço do GNV ( Gás Natural Veicular).
O presidente do Sindipostos (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Ceará), José Carlos Rodrigues, acredita que o metro cúbico do gás passará a custar, em média, R$ 1,70. ´A velocidade dos aumentos vai depender da gestão dos estoques do combustÃvel que os postos ainda possuam´, explica.
´Os postos terão de repassar todo o reajuste porque as margens já estão apertadas e o mercado é muito competitivo´, defende. Conforme Rodrigues, na composição do item cerca de 14% correspondem aos lucros auferidos. Existem hoje pouco mais de 60 postos ofertando GNV, dos quais 51 estão na Grande Fortaleza. No total, são 850 postos no Ceará.
Diesel sobe até 3% – Pelos cálculos do Sindipostos, a adição do biodiesel implicará aumento de até 3% no valor final do diesel, hoje oscilante ao redor dos R$ 1,80 nos postos fortalezenses. Neste caso, a revisão da tabela deve ser imediata e generalizada, pois as distribuidoras já começaram a cobrar pelo novo preço, já com o biodiesel. Os pontos de venda situados em rodovias têm até 80% de suas vendas concentradas no diesel.
Fonte: Diário do Nordeste – CE