Mulher lidera vinícola em Lages e Urupema

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Mulher lidera vinícola em Lages e Urupema

Lages, 28.4.08 – A onda de produção de vinhos finos de altitude na Serra Catarinense acaba de ganhar mais um projeto de grupo empresarial forte: a Binotto SA, de Lages, uma das seis maiores transportadoras do Brasil, está lançando o primeiro vinho da sua vinícola, a Santo Emílio, baseada em Lages e Urupema. Quem está à frente da iniciativa é a empresária Elizabeth Binotto Bazzo, diretora administrativa e financeira da Binotto SA e filha do fundador da companhia, Emílio Binotto, que foi homenageado com o nome da vinícola.
Elizabeth conta que tudo começou como hobby, mas o resultado foi tão positivo que o grupo decidiu investir na vitivinicultura como um novo negócio. A Binotto atua também com reflorestamento, madeireira, pecuária e agricultura.

NOVOS VINHOS

O primeiro vinho da Santo Emílio é o Leopoldo, elaborado com uvas cabernet sauvignon e merlot, que será lançado nacionalmente segunda-feira, na Expovinis Brasil 2008, a maior feira de vinhos do país, que acontece até quarta-feira, no Transamérica Expocenter, em São Paulo.
Além disso, o Leopoldo terá mais dois lançamentos: na Mostra Casa Nova de decoração, que abre dia 7 de maio e vai até dia 15 de junho, no Majestic Palace Hotel, em Florianópolis, e na Festa do Pinhão, em Lages, de 15 a 25 de maio. Em dezembro, a Santo Emílio vai lançar mais dois produtos, um vinho rosé e um espumante.
Conforme a empresária, o plantio iniciou em 2004, com duas variedades, e os resultados logo surpreenderam, o que motivou o projeto. O vinho da primeira colheita, em 2006, foi para degustação. No ano passado, a segunda produção permitiu a elaboração de 20 mil litros, que estão sendo lançados agora, e a terceira safra, deste ano, deverá garantir produção estimada em 30 mil litros.

QUINTA DOS MONTES

A vinícola conta com dois hectares de parreirais em Lages, mas a produção maior está concentrada em Urupema, município vizinho de Lages, com altitude de 1,4 mil metros. A empresa tem 11 hectares produzindo e mais cinco em fase de plantação e produção, informa Elizabeth Binotto.
– Não sei ainda quanto vamos investir nesse projeto, mas estamos buscando tecnologia de última geração e nossos vinhedos estão sendo plantados com toda a infra-estrutura para termos vinhos de primeira qualidade. O plano inclui a construção de vinícola em Urupema, na Fazenda Quinta dos Montes, visando ao enoturismo. A Santo Emílio está buscando consultoria da Epagri e da Associação Catarinense de Produtores de Vinhos Finos de Altitude (Acavitis), entidade que está levando as vinícolas de SC para a Expovinis, com apoio do Sebrae/SC.

CONFIANÇA NO MERCADO

O setor de vinhos é um dos que enfrentam maiores dificuldades, atualmente. Isto porque, com o dólar baixo, o produto importado entra no país com preço mais baixo do que o nacional, penalizado, principalmente, com alta carga tributária.

Mas Elizabeth Binotto está otimista. Ela acredita que os produtos brasileiros de qualidade terão aceitação crescente no mercado porque o consumidor brasileiro buscará mais o produto nacional.

Prevê que haverá espaço para todo mundo, apesar do grande destaque de consumo do Brasil ser, ainda, de cerveja.

Atualmente, o consumo nacional de vinho é de 1,8 litro por pessoa/ano, e a expectativa, segundo a empresária, é que em breve chegue a três litros por pessoa, a exemplo da Europa. As vendas podem crescer em função da preferência dos consumidores pela bebida, por ser mais sofisticada, e também pelos benefícios que ela traz à saúde se consumida moderadamente, conforme apontam pesquisas.

PLANOS DA BINOTTO

O crescimento da economia brasileira aquece, principalmente, o setor de logística de transporte. Por isso, a transportadora Binotto SA registrou, ano passado, crescimento de 18% do faturamento frente ao ano anterior. Para 2008, a projeção é de crescimento de 25%, prevê Elizabeth. A empresária, que prefere não revelar cifras, admite que, nesta fase de reorganização do setor de transporte rodoviário de carga, com fusões e aquisições, a Binotto poderá adquirir outras companhias para crescer.
– Estamos olhando o mercado na condição de espectadores para ver o que será sinalizado para o futuro. Provavelmente, vamos partir para algumas aquisições – afirma.
Atualmente, a empresa conta com uma frota de 2,7 mil caminhões, e, em função da necessidade de renovação e novos contratos de transportes, já adquiriu 200 novos veículos para este ano. Como o tempo de espera é longo, as entregas vão até outubro. Cada unidade custa cerca de R$ 350 mil e o investimento deverá atingir em torno de R$ 70 milhões. Atualmente, o grupo emprega diretamente no setor de transportes 2.455 pessoas.

GESTÃO

Desde que iniciou as atividades da vinícola, Elizabeth Binotto divide a agenda de trabalho entre a diretoria da transportadora, que compartilha com o irmão Edilson, e a presidência da empresa de vinhos. Casada e mãe de dois filhos, ela conta que seu lazer não se restringe à região serrana porque gosta muito de viajar e de praia. Outro irmão, Edimilson, administra os negócios de reflorestamento, a madeireira e as culturas de soja, arroz e pecuária.
O fundador da empresa, Emílio Binotto, 75 anos, é o presidente de honra e se dedica mais à fazenda que possui em Tocantins. Ele começou a transportadora há 43 anos, como motorista de caminhão. Elizabeth não economiza elogios ao pai e o define como carismático, empreendedor e de espírito jovem, e isso se transporta para os vinhos. A inclusão da denominação Santo à vinícola, segundo ela, também combina com uma característica do pai, que é acessível e bom para as pessoas.
Fonte: Estele Benetti – Informe Econômico/Diário Catarinense

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