Trânsito: SC debate o problema

Florianópolis, 12.11.08 – Santa Catarina, que detém recordes brasileiros de mortes no trânsito, estuda hoje estratégias de prevenção para conter o problema. As pesquisas apresentadas pelo Fórum Catarinense pela Preservação da Vida devem servir de embasamento para possíveis soluções na queda dos números de mortes no trânsito no Estado, que chegaram a 1.923 em 2006. A plenária, que acontece a partir das 9h na Capital, serve para lembrar o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trânsito.
Desde o início deste ano, Santa Catarina registrou 881 mortes em acidentes de trânsito nas rodovias e demais estradas do Estado.

As vítimas mais atingidas foram homens com idades entre 18 e 29 anos.

A empregada doméstica Arinice Gonçalves, 54 anos, de Florianópolis, por muito pouco não entrou para essa estatística.
Desde o dia 27 de agosto deste ano, está internada no Hospital Celso Ramos, na Capital, onde permanece a maior parte do tempo deitada, tentando manter-se imóvel para ajudar na sua recuperação.
Ela precisa de sangue para passar pela quinta cirurgia em três meses, e quando lembra do acidente, em rua movimentada do Centro de Florianópolis, chora.
Arinice fraturou o quadril. As pernas também foram atingidas. A doméstica foi atropelada por um ônibus às 8h daquele dia, quando atravessava a faixa de segurança. Ela ia a pé para o trabalho, como fazia diariamente havia 13 anos.
Na época, o motorista alegou que, no momento do atropelamento, conferia pelo retrovisor o movimento de pedestres e veículos. Ele só parou o coletivo após ser alertado por testemunhas do acidente.
Além da falta de mobilidade e da impossibilidade momentânea de sair do hospital, Arinice aguarda com urgência e expectativa a doação de sangue do tipo O positivo, para a realização de mais uma cirurgia, que está marcada para a próxima terça-feira.
Apesar do acidente, a empregada doméstica pode contar com o apoio da família. Todos os dias, sua mãe, Jeanice Teixeira Gonçalves, 77, caminha até o hospital para visitá-la.
Sua cunhada Eliane de Moraes tem sido seu braço direito. A carioca que já planejava morar em Florianópolis, a partir de janeiro do ano que vem, teve que antecipar sua mudança para poder ajudar Arinice na sua recuperação.
Os pontos de maior risco de acidentes das rodovias catarinenses estão sendo levantados pela pesquisadora da Federação das Empresas de Transportes de Cargas no Estado de Santa Catarina (Fetransesc) e membro do fórum, Lilian Diesel.
Segundo ela, com o gerenciamento dos riscos de acidentes por quilômetro será possível propor intervenções concretas nos pontos críticos.

Banco de dados deverá detalhar gasto com acidente

Também será feito um banco de dados sobre os custos dos acidentes. O professor de saúde pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro do fórum, Lúcio Botelho, estuda uma forma de avaliação das perdas financeiras, com danos nas rodovias, perdas nos veículos, tempo do veículo parado, morte, invalidez e perda de trabalho da vítima como algumas das variáveis.
Conforme o professor, as informações são importantes para que os investimentos sejam direcionados. Ele cita o exemplo da Bélgica, que conseguiu diminuir os acidentes com uma melhoria importante nas rodovias.
Em todas as rodovias do país foram instaladas lâmpadas especiais que facilitam a visibilidade na neblina, problema freqüente na Bélgica.
– O lucro do não-acidente é suficiente para pagar a contra da energia elétrica, que lá é caríssima.

Fique por dentro

> O país registra em média 35 mil mortes no trânsito a cada ano
> Em SC, 1.923 pessoas morreram em acidentes de trânsito em 2006 (dado mais recente do Ministério da Saúde para óbitos no local do acidente e no ambiente hospitalar; a soma leva em conta as mortes em trechos urbanos e em rodovias)
> Neste ano, de 1º de janeiro a 1º de novembro, foram 881 mortes no Estado (em todo tipo de trecho)
> Na média nacional, os acidentes de trânsito estão em segundo lugar entre as mortes de causas externas. Ficam atrás apenas dos homicídios
> Homens com idade entre 20 e 59 anos são as maiores vítimas
> Entre os motociclistas, a faixa etária mais atingida vai dos 20 aos 29 anos
> Nos atropelamentos, o risco de morte é maior entre os idosos
Fonte: Ministério da Saúde, Polícia Rodoviária Federal e Arquivo Diário Catarinense
Fonte: Diário Catarinense

Compartilhe este post