Brasília, 3.3.15 – A presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei dos Caminhoneiros ontem sem vetos. O governo havia prometido a sanção assim que as rodovias fossem liberadas, após dias seguidos de greve da categoria. Apesar da continuidade de bloqueios em várias rodovias, segundo o Ministério da Justiça, o movimento dos caminhoneiros começou a esfriar e ontem havia manifestações em 20 pontos nos Estados de Santa Catarina, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, onde houve confronto entre manifestantes e polícia.
A Lei dos Caminhoneiros, que estará publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União, assegura vantagens para a categoria, como isenção de pagamento de pedágio para eixo suspenso de caminhões vazios, perdão das multas por excesso de peso expedidas nos últimos dois anos, ampliação de pontos de parada para descanso e repouso.
A partir de agora, o governo vai negociar com o Congresso Nacional os termos para permitir a prorrogação por 12 meses das parcelas de financiamentos de caminhões adquiridos pelos programas Procaminhoneiro e Finame, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Comitiva de SC viaja para fazer pressão
Mesmo com a sanção da lei, os protestos dos caminhoneiros ganharam impulso de políticos e deputados de diferentes siglas reforçaram a defesa da redução do preço do diesel, principal reivindicação do movimento.
O Planalto monitora a ação de siglas da própria base nas paralisações. Ainda não se confirmou a atuação de bancadas inteiras, apenas auxílios de grupos de deputados e vereadores. É o caso do PP. O catarinense Ivar Schmidt, líder do Comando Nacional do Transporte, desde a última semana recebe apoio para reuniões e telefonemas nos gabinetes dos deputados Covatti Filho (PP-RS) e Jerônimo Goergen (PP-RS).
Ontem, uma comitiva de caminhoneiros do Oeste de Santa Catarina foi recebida em Luziânia (GO), a cerca de 45 quilômetros de Brasília, pelos deputados do PMDB Valdir Colatto (SC) e Darcísio Perondi (RS). Os dois parlamentares ganharam o reforço de Osmar Terra (PMDB-RS).
O trio assegura que está empenhado em encerrar os bloqueios o mais rápido possível, desde que os caminhoneiros tenham melhores condições de trabalho. Eles insistem que a solução só virá com a redução do preço do diesel. O grupo catarinense de caminhoneiros foi para Brasília justamente para pressionar o governo federal sobre essa questão.
– É só a nossa presidente entrar em diálogo conosco, é o que nós pedimos – disse o caminhoneiro Sildo Enck, de Maravilha, que integra a comitiva.
Fonte: Diário Catarinense – Brasília
Colombo recebe manifestantes
Em uma reunião sem maiores efeitos práticos e em clima ameno, o governador Raimundo Colombo (PSD) recebeu ontem pela primeira vez representantes do movimento nacional dos caminhoneiros em Santa Catarina. O grupo participou de bloqueios na região de Concórdia e concordou em liberar os trechos no final de semana em troca do encontro, na Casa dAgronômica.
Colombo repetiu aos caminhoneiros o entendimento de que a pauta dos protestos é essencialmente federal, mas colocou-se à disposição para articular uma frente com os governadores do Rio Grande do Sul e do Paraná para participar das negociações entre os manifestantes e o Palácio do Planalto. A reunião chegou a ser interrompida para que os caminhoneiros se comunicassem com colegas em outras regiões do Estado sobre o andamento das conversas.
Nesse momento, Colombo conversou com o ministro Miguel Rossetto (PT), da Secretaria-Geral da Presidência, que coordena as negociações com a categoria. Após o encontro, Colombo também telefonou para os governadores José Ivo Sartori (PMDB), do Rio Grande do Sul, e Beto Richa (PSDB), do Paraná. Até ontem à noite não estava descartada uma viagem do governador catarinense à Brasília para audiência com Rossetto – desde o início dos protestos Colombo tem mantido contatos telefônicos com o ministro.
Diálogo teve avaliação positiva
– Esse é um processo difuso, porque temos diferentes lideranças em diferentes regiões. Hoje recebemos um grupo com maior representatividade em Concórdia e o diálogo avançou. Vamos continuar nos empenhando, já fizemos toda a interlocução com o governo federal e vamos continuar ajudando para construir um processo de entendimento – disse Colombo após o encontro.
Os caminhoneiros chegaram a sugerir que o Estado diminuísse o percentual do ICMS sobre o diesel, mas o governador ressaltou que não houve aumento no Estado e que a medida poderia comprometer a arrecadação. Além do governador e dos caminhoneiros, participaram da conversa o vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB), o secretário de Agricultura Moacir Sopelsa (PMDB), o deputado federal Celso Maldaner (PMDB), o deputado estadual Neodi Saretta (PT) e o prefeito de Concórdia João Girardi (PT).
– Saímos otimistas. Esse diálogo já permitiu uma trégua na região de Concórdia que pode se estender a outras – disse Saretta.
Fonte: Upiara Boschi – Diário Catarinense
Autônomos de Itajaí mantêm acessos a terminais bloqueados Bloqueios em Nova Erechim e Maravilha, na BR-282, dispersados pela polícia São Miguel do Oeste suspende aulas No Rio Grande do Sul, 20 pessoas são presas durante os conflitos Protestos longe do poder e desânimo Boa parte da população do Estado e do país está desanimada e indignada com a demora para a solução do movimento dos caminhoneiros. Uma das causas de os protestos estarem entrando quase na terceira semana é que faltou, por parte dos motoristas, organização para fazer pressão nos centros de poder, ou seja, em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. É que não adianta fazer barreiras nos centros de produção. Estes precisam estar livres para que a economia não sofra ainda mais e reduza as condições de ganho de todos, inclusive dos transportadores. Outra razão é a demora das autoridades, especialmente do governo federal, em fazer contrapropostas para que o movimento chegue ao fim. Por uma convergência nacional Nota Apelo às forças políticas Sancionada Lei dos Caminhoneiros sem veto Redução do diesel continua descartada Mudanças aumentam riscos de acidentes Buzinaço frustrado em Brasília Caminhoneiros de todo o país que se deslocaram até Brasília para um protesto na tarde de ontem não entraram na Capital Federal. Depois de programar um grande buzinaço na Praça dos Três Poderes, as dezenas de motoristas que seguiam em direção ao Plano Piloto pela BR-060 teriam sido impedidas de prosseguir com o protesto pacífico após a montagem de um forte esquema de segurança da Polícia Militar de Goiás e do Distrito Federal, da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e da Força Nacional. Os motoristas ficaram concentrados em um posto de combustíveis na BR-040, na altura de Gama. Prevenção Negociação em Itajaí e Navegantes |
Foto: Reunião com governador para tratar da paralisação dos caminhoneiros – Foto Divulgação Secom-SC