Clipping Imprensa – Alemanha ensina a qualificar

Clipping Imprensa – Alemanha ensina a qualificar

Florianópolis, 21.9.15 – O número de horas destinadas à formação técnica na Alemanha é 3,5 vezes maior do que no Brasil. Esta é uma das razões pela qual os produtos do país europeu se destacam em qualidade no mercado internacional, explica o empresário Reinhold Festge, representante da Alemanha no Fórum das Micros, Pequenas e Médias Empresas (MPEs), realizado ontem, no Hotel Bourbon, em Joinville.
Os palestrantes destacaram que o sistema de ensino profissionalizante alemão alia teoria e prática. São 4.580 horas dedicadas a esse quesito na Alemanha, contra 960 horas no Brasil. Além disso, desde o primeiro dia o estudante fica dentro da fábrica, algo que não é permitido aqui.
Em Santa Catarina, existem quase 1,2 mil empresas exportadoras e as MPEs representam 73% do total, mas apenas 8,4% em valor exportado. Ainda assim, o percentual está acima da média nacional, que não chega a 5%, disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de SC (Fiesc), Glauco Côrte.

Iniciativas servem como exemplo – Algumas iniciativas apresentadas durante o fórum podem ajudar o Brasil a qualificar a formação dos profissionais. Uma delas é a parceria firmada, em abril deste ano, entre o Senai e empresários alemães. O objetivo é entender como funciona o ensino dual (que alia teoria e prática) adotado no país europeu e adaptá-lo à metodologia do Senai.
No setor automotivo, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), de São Paulo, está implementando um programa de qualificação de fornecedores em parceria com a Bosch, empresa que fatura R$ 5 bilhões na América Latina e tem 50% dos itens comprados, o que coloca o desenvolvimento da cadeia de fornecimento como ponto estratégico.
Outra iniciativa vem do IPK, um dos braços do renomado instituto alemão Fraunhofer, especializado em inovação e pesquisa. Em parceria com entidades nacionais, como a Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais (Abinfer), o instituto vai identificar as necessidades das indústrias de moldes do Brasil e desenvolver um projeto de cinco anos para elevar o processo brasileiro ao nível de excelência alemão.
Fóruns debatem política, oportunidades e negócios
A 33ª edição do Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA) abre oficialmente hoje, às 9h, na Expoville, em Joinville. Com o tema Cooperação para superar desafios, o evento soma 1,2 mil inscritos. Após a cerimônia de abertura, serão realizados um painel sobre políticas econômica e comercial e oportunidades de negócios entre Brasil e Alemanha, além de fóruns sobre inovação, bioeconomia e biotecnologia, digitalização da economia e os desafios enfrentados pelas cidades. Também será lançado pela Fiesc o livro Qualidade inovação: o valor do novo.
Amanhã, a programação inicia às 8h30, com a realização de encontros de negócios multissetoriais. Haverá também fóruns sobre mobilidade e conectividade, saúde, energia e infraestrutura, além de workshop sobre segurança no trabalho e as consequências da Norma Regulamentadora 12. Ao meio-dia, ocorre a cerimônia de encerramento do encontro e a divulgação da edição de 2016, que será realizada no Estado de Turíngia, na Alemanha.
Organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e sua congênere alemã Bundesverband der Deutchen Industrie (BDI), o encontro é realizado anualmente desde 1982 de forma alternada, sendo um ano no Brasil e outro na Alemanha. Ao promover debates sobre questões de interesse recíproco, o EEBA é considerado o evento mais importante da agenda bilateral. Santa Catarina sediou os encontros em 1994 (Florianópolis) e em 2007 (Blumenau). Pela primeira vez em encontros Brasil – Alemanha serão realizadas rodadas de negócios, que já contam com 147 inscritos. O forte interesse levou a organização a dobrar o número de mesas dedicadas às empresas-âncoras da Alemanha. (Fonte: Diário Catarinense – Claudine Nunes – 21.9.15).

SC terá 5 mil demissões com corte no Sistema S

Lideranças catarinenses iniciaram ontem mobilização contra o plano do governo federal de tirar 30% das verbas do Sistema S para cobrir déficit da Previdência. Somente as duas maiores federações do Estado, a da indústria (Fiesc) e a do Comércio (Fecomércio SC) estimam 4,9 mil demissões que, somadas às das outras entidades, poderão superar o fechamento de 5 mil empregos no Estado. Paralelamente à agenda do Encontro Brasil-Alemanha, em Joinville, o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, informou que, se o confisco for feito, a indústria terá que fechar 3,3 mil empregos diretos no Sesi e Senai, suspender 40 mil vagas em cursos profissionalizantes e fechar 50 escolas. Côrte gravou depoimento para campanha em defesa do setor, que começa a ser veiculada hoje, pela qual convida toda a sociedade a se manifestar contra o plano do governo federal.
O presidente da Federação do Comércio SC (Fecomércio), Bruno Breithaupt, informou na noite de sexta-feira que, se o confisco for executado, a entidade terá que demitir 1,6 mil trabalhadores no Estado que atuam no Sesc e Senac e fechar 20 mil vagas de cursos, além de suspender uma série de serviços de saúde, educação e cultura. Hoje, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) vai fazer uma reunião para avaliar o impacto. A Federação da Agricultura (Faesc), que terceiriza todo o seu programa de educação desenvolvido pelo Senar, informou que, se tiver o corte de 30% das verbas, terá que fazer redução proporcional na oferta de cursos. A Federação das Empresas de Logística e Transporte (Fetrancesc) oferece serviços e formação via Sest e Senat, que também terão que ser reduzidos se o dinheiro encolher. O sistema S do Brasil tem receita anual da ordem de R$ 20 bilhões, e a União quer ficar com R$ 8 bilhões.

Campeão mundial no ensino técnico – Nos corredores do Hotel Bourbon, onde ocorreram ontem os eventos sobre pequenas empresas e inovação do Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), era grande a preocupação com o futuro do Sistema S, caso a União decida pôr a mão em parte dos recursos. Um empresário de Minas Gerais lembrou o fato de o sistema do Brasil, este ano, especialmente o Senai, ter vencido a competição mundial de ensino técnico. É um modelo que deveria ser disseminado no país, e não encolhido.

No país, 30 mil vagas podem ser fechadas – Cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que, se o governo federal reduzir as verbas para a Lei do Bem, a soma de cortes ao S da indústria chegará a 52% e mais de 30 mil trabalhadores serão demitidos. Em todo o país terão que ser fechadas mais de 300 escolas do Senai e 450 do Sesi, que terá que suspender 735 mil matrículas.
– Apelamos a todos que manifestem contra mais essa arbitrariedade do governo federal e que encaminhem seu protesto à Presidência da República – afirma Glauco Côrte no vídeo. (Fonte: Diário Catarinense – Estela Benetti – 21.9.15)

Estado é atraente para a indústria alemã de máquinas

Entre as entidades alemãs que participam do Encontro Econômico Brasil-Alemanha amanhã e terça, em Joinville, está a VDMA, que reúne a poderosa indústria de máquinas do país, a mais forte da Europa. Em entrevista para a coluna, o diretor-executivo da entidade no Brasil, Thomas Ulbrich, diz que a crise preocupa, mas o foco é o longo prazo. Segundo ele, SC é atrativa para investimentos.

Qual é a abrangência da VDMA e quais são as expectativas da entidade para o Encontro Econômico Brasil Alemanha em Joinville?

A VDMA é a maior associação industrial da Alemanha, congrega mais de 3 mil empresas fabricantes de máquinas e instalações. Tem escritórios nos mais importantes mercados de exportação de máquinas como China, Índia e Rússia. No Brasil está desde 2013 e reúne cerca de 200 empresas. Promove a troca de informações e a defensa de interesses dos associados, especialmente de empresas de pequeno e médio porte. O Encontro Econômico é um evento bilateral muito importante, a principal plataforma para troca de informações e networking.

O senhor vai moderar um workshop terça-feira sobre a NR 12, norma de segurança exigida para máquinas e equipamentos. Por que essa norma gera tanta preocupação?

A norma NR 12 exige adequações técnicas nas máquinas importadas e exportadas, bem como nas máquinas existentes já em operação. Estas adequações, apesar de serem tecnicamente variáveis, encarecem o produto, podendo tirar a competitividade. Nas máquinas em operação, há riscos de interdições pelos fiscais, em muitos casos não preparados para sua tarefa. A norma carece de compatibilidade com normas de segurança já existentes no mundo. Falta um manual da norma oficialmente reconhecido, usado por todos os envolvidos. Este assunto vai causar muita dor de cabeça no futuro, mesmo não sendo, neste momento, o item número um na agenda de prioridades. Os fabricantes sentem isso, e assim os eventos temáticos da VDMA sobre a norma NR 12 atraem cada vez mais público. O objetivo é unificar as normas técnicas europeias e brasileiras para que não existam barreiras de mercado, nem na importação nem na exportação.

De que forma a crise está afetando as empresas alemãs que atuam no Brasil?

As empresas alemãs, em particular as de máquinas, estão no Brasil há muitas décadas e vieram para ficar. Conhecem os altos e baixos do mercado brasileiro e sabem que toda crise que tem seu final. Quando e retomada acontece, é preciso estar preparado. Caso contrário, o concorrente toma seu lugar. Na atual fase do Brasil elas enfrentam dificuldades. Fazem ajustes e adequações, inclusive algumas demissões. Felizmente, no setor de máquinas, não podemos falar de uma onda de demissões. Enquanto a investimentos novos, sempre há reinvestimentos na capacidade instalada, sem os quais as empresas perderiam a competitividade. Estas estão ocorrendo, muitas já foram decididos antes da crise. Inclusive grandes investimentos, vejam as fábricas da BMW em Joinville (Araquari), da Mercedes em São Paulo e da Audi, em Curitiba. Quanto a futuros investimentos, o Brasil sempre será um país atraente, com segmentos crescendo. Um exemplo são produtos para energias renováveis, máquinas para embalagens e outras. Assim, as empresas não vão virar as costas ao país. Evidentemente, a atual crise não está favorecendo decisões de curto prazo.

Como avalia o potencial catarinense para atrair investimentos da Alemanha?

Há grandes empresas alemãs no Estado: BMW, Netzsch, Bosch e Siemens (com tecnologia médica). Com certeza, o parque de fornecedores que eles criaram também favoreceu empresas catarinenses. Santa Catarina é atraente para os associados da VDMA porque oferece condições favoráveis a investimentos. Isto inclui o alto nível de educação da população e forte influência europeia local, que se traduz em uma cultura de negócios mais parecida com a da Alemanha. (Fonte: Diário Catarinense – Estela Benetti – 20.9.15)

Confiança alemã

Perguntado se os planos de investir no Brasil não estavam suspensos em função da crise econômica do país, Thomas Wittur, gerente de Projetos do banco de fomento alemão KfW, deu uma lição de confiança ao fazer uma visita de inspeção técnica ao Estado no fim de semana: Seguimos negociando como se nada estivesse acontecendo. Lidamos há 40 anos com o Brasil e temos certeza de que essa crise vai passar.
O KfW deve aplicar cerca de 100 milhões de euros em saneamento básico nos pequenos municípios catarinenses. (Fonte: Diário Catarinense – Cacau Menezes – 21.9.15)

SC na vitrine do mercado alemão

Maior economia europeia e terceira maior do planeta, a Alemanha é o principal parceiro comercial do Brasil na Europa e o quarto no mercado mundial – fica atrás apenas da China, dos Estados Unidos e da Argentina. Atualmente, cerca de 1,3 mil empresas alemãs estão instaladas no Brasil. Elas respondem por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial brasileiro e constituem o maior parque industrial alemão fora da Alemanha. Nos últimos cinco anos, as exportações brasileiras para a Alemanha cresceram 6,1%, enquanto as importações aumentaram 53,8%.
Para reforçar as relações com a Alemanha e amenizar as dificuldades no intercâmbio comercial com o país, de domingo a terça-feira Joinville sediará a 33ª edição do Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), um evento que possibilita acordos para o crescimento das relações comerciais, dos investimentos e da cooperação tecnológica entre os dois países.
Na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), as principais dificuldades para o aumento do intercâmbio comercial entre os dois países estão centradas do lado brasileiro. Segundo a CNI, os dois países devem retomar o mais rapidamente as negociações de um acordo para evitar a dupla tributação, que deixou de ter validade.

Encontro reunirá 800 participantes – São aguardados cerca de 800 participantes, entre autoridades governamentais e empresários do Brasil e da Alemanha. O evento é realizado desde 1982 e é considerado o mais importante da agenda bilateral das duas nações. Promovido pela CNI e pela Federação das Indústrias Alemãs (BDI), neste ano, o EEBA te
á como tema central “Cooperação para superar desafios”.
A abertura do encontro ocorrerá amanhã, no Teatro Harmonia-Lyra, com a realização de um jantar e a entrega do Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha 2015. Neste ano, os agraciados são o alemão Heinz Hermann Thiele, presidente do Conselho do Grupo Knorr-Bremse, empresa líder na produção de sistemas de freios para veículos ferroviários e comerciais, e o brasileiro Weber Porto, presidente regional para a América do Sul e América Central da Evonik, uma das maiores empresas de especialidades químicas do mundo.

Possível livre comércio entre Mercosul e UE – Segundo Carlos Adauto Virmond Vieira, secretário de Estado de Assuntos Internacionais, é necessário incentivar a parceria com a Alemanha para diminuir esse desequilíbrio na balança comercial, através, principalmente, da cooperação das pequenas e médias empresas de Santa Catarina.
– O nosso Estado vem se destacando e tem capacidade para isso. Temos aqui mão de obra qualificada, a melhor estrutura portuária do Brasil, equilíbrio social, pequenas e microempresas trabalhando com uma grande diversidade de produtos e uma ampla rede de ensino – aponta.
Para Vieira, o Encontro Brasil-Alemanha servirá para comprovar aos alemães tudo que foi dito durante as visitas feitas por autoridades, neste ano, a algumas cidades europeias como Berlin, Hannover e Munich.
– No contexto nacional atual, mostraremos que é muito mais interessante e seguro investir em Santa Catarina, já que temos uma realidade socioeconômica próxima da realidade dos países europeus – diz o secretário.
Também não está descartada a possibilidade de os dois países discutirem um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, da mesma forma como ocorreu no ano passado em Hamburgo.
Para o prefeito de Joinville, Udo Döhler, o Encontro Brasil-Alemanha vai movimentar a economia local e poderá atrair investimentos para a região a curto e longo prazo. Segundo Udo, a Alemanha é um país futurista e olha além da crise econômica e política que deve ainda permanecer de um a dois anos no Brasil.
– O evento pode abrir canais de negociação com empresários alemães e, dessa forma, estimular transações comerciais e de serviços entre os dois países, num momento em que a economia brasileira passa por uma recessão – destaca. (Fonte: Diário Catarinense – 19.9.15)

Papo rápido – Udo Dohler – Prefeito de Joinville

Tudo pronto para o encontro Brasil-Alemanha?

Tudo pronto, e Joinville está preparada para receber evento tão importante. Nos preparamos durante um ano. Desde que fomos apresentar a cidade no Encontro Brasil-Alemanha em 2014, em Hamburgo, estamos pensando no encontro, que, pelo número de empresários alemães que estarão em Joinville, já é sinônimo de sucesso. Serão mais de 200 estrangeiros e mil inscritos. Um evento que entrará para a história.

E o que esperar de resultado?

O resultado será visto a médio e longo prazo. A cooperação entre Brasil e Alemanha é uma realidade e a nossa reunião tem o DNA da colonização alemã, seja na indústria, seja no associativismo, seja no voluntariado. Estamos otimistas com os novos negócios, já catapultados pela vinda da Siemens e da BMW. Um evento deste porte traz resultados positivos para Santa Catarina. (Fonte: Diário Catarinense – Visor/Rafael Martini – 20.9.15)

Para romper todas as fronteiras

A Alemanha é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, embora este venha perdendo terreno no contexto das trocas mundiais. O encontro econômico que começou ontem em Joinville tem a missão de reforçar o intercâmbio, que em Santa Catarina sempre foi facilitado pelas similaridades culturais, e também oferecer oportunidades num momento de crise para quem produz e gera riquezas no país. O
quadro interno inspira cuidados e temores, mas nosso empresariado não pode ser acusado de pecar por omissão.
Aliás, quem construiu um parque industrial como o que existe no Estado é tudo, menos omisso. Se há a desindustrialização, se a competitividade brasileira já não é a mesma do passado, se temos tributos demais e juros escorchantes que inibem os negócios, não são os empresários os que devem ser questionados. Eles sempre superaram os percalços criados por governos excessivamente burocráticos e por uma máquina pública que engessa em vez de estimular os bons projetos.
O evento que tem Joinville como sede assume o papel de abrir portas não propriamente para quem já atua no mercado internacional, mas para os empreendedores que têm competência e precisam de boas oportunidades. Hoje em dia, com as facilidades criadas pela tecnologia, a velha indústria se recicla e busca alternativas, mas são os novos, aqueles que pensam com as ferramentas modernas, que pedem passagem. Na Alemanha, as pequenas empresas respondem por metade do PIB, e por aqui não é muito diferente. É para este segmento que as atenções devem se voltar. (Fonte: Notícias do Dia – Editorial – 21.9.15)

Nos trilhos do descaso

Seria cômico se não fosse trágico. Durante audiência pública na Assembleia Legislativa para retomar o debate e agilizar o projeto da Ferrovia Litorânea, o deputado Vicente Caropreso (PSDB) lembrou que a obra começou a ser planejada em 2001 e, até agora, 14 anos depois, ainda se aguarda um posicionamento oficial da Funai sobre o trecho que passa pelo Morro dos Cavalos. Só em projetos executivos já foram investidos R$ 16 milhões.

Aliás – A obra ligará a Ferrovia Tereza Cristina, em Imbituba, até Araquari, próximo ao Porto de São Francisco do Sul, numa extensão de 245 quilômetros. O custo estimado é r$ 4 bilhões e deve beneficiar 126 mil empresas. (Fonte: Diário Catarinense – Visor/Rafael Martini – 21.9.15)

Tartaruga nacional

Ainda não sabemos se a American Bridge, sucessora da Byington & Sundstrom, construtora da ponte Hercílio Luz, aceitará ou não a missão de restaurá-la. Tarefa de uma complexidade exaurida pelo decurso do tempo. O governo parece já saber a resposta, mas ainda aguarda a oportunidade de anunciar mais esta frustração.
Se do ponto de vista da engenharia de pontes já não é mais factível a sua restauração, benzamo-nos a Deus. A ponte continuará assim, bela e inútil, “per secula seculorum”.
Talvez a solução esteja em retroagir aos anos 1920, época em que a ponte foi construída em pouco mais de dois anos. De janeiro de 1924 a maio de 1926. Isso em plena Belle Époque, quando o Brasil industrial ainda não existia e sequer fabricava um parafuso.
Tudo começou em 1922. Mas os dois primeiros anos do sonho do governador Hercílio Luz foram gastos num litígio jurídico. O Estado contraíra um empréstimo de cinco milhões de dólares junto a um banco americano, a casa Imbrie & Co. Para o supremo azar dos catarinenses, o banco estava “alavancado” e, depois de emitir títulos com o aval do Estado catarinense, faliu estrepitosamente. Os picaretas americanos foram em cana. Mas o contribuinte pagou a conta, obrigando-se a honrar a garantia e remunerando os portadores dos papéis.
Depois de um segundo empréstimo, em outro banco, a obra saiu do papel. Pagou-se há pouco mais de 40 anos, no início dos anos 1970. Quem pagou a última promissória foi o já falecido governador Ivo Silveira.
No Brasil, em se tratando de obras e contratos, tudo é um imbróglio. Leis exóticas, como a de licitações (8.666) – que trata da mesma forma obras diferentes, seja a construção de uma ponte ou o fornecimento de um jantar – conduzem a adiamentos e postergações. Qualquer obra – um túnel, um viaduto, uma ponte – significa a extensão indefinida dos prazos de entrega, num clima de incerteza jurídica e administrativa.
Uma obra que deveria durar três ou quatro anos se arrasta por 10, 15 – a vida de uma geração. Há obstáculos de todos os tipos, desculpas para tudo e para nada. Ora é uma nova “aldeia indígena”, ora o abalado “sossego de uma caverna de morcegos”, ora um rio aflito pelo susto que as obras infligirão às suas piavinhas…
É o Brasil bacharelesco – e imóvel. Só o que se move é a ambição dos governos de cobrarem mais impostos dos seus mal servidos súditos. (Fonte: Diário Catarinense – Sérgio da Costa Ramos – 19.9.15)

Transtorno

Problemas de sincronização nos semáforos do entorno do Terminal Central de Florianópolis (Ticen), somados a um acidente na ponte Colombo Salles, atrasaram praticamente todas as partidas dos ônibus do principal terminal de Florianópolis, às 17h e às 20h da última quinta-feira. Em alguns casos, os ônibus ficaram presos por tanto tempo que algumas viagens sequer puderam ser realizadas. Indignados com a situação, alguns passageiros obrigaram motoristas a abrir as portas para o desembarque antes mesmo de chegarem ao terminal, causando centenas de invasões ao local.

Aliás – O caso dos semáforos na região central de Florianópolis é um escândalo. Toda a semana tem problema. (Fonte: Diário Catarinense – Visor/Rafael Martini – 19.9.15)

Não sabe

O Dnit atrasou já quatro meses o pagamento das empreiteiras contratadas para as obras da BR-470 no Vale do Itajaí. Se não houver crédito até fim de setembro, as obras param e as empresas vão embora. Indagado nesta semana, o ministro dos Transportes, Antonio Rodrigues (PR), disse que não sabe quando ocorrerão os pagamentos. Não há dinheiro.

Agravamento – Os números da economia catarinense nos sete primeiros meses do ano são desanimadores. Queda na produção industrial de 6,7%, redução nas vendas de 8,5%, exportações despencando 13,7% e importações outros 13,2%. Mais grave: no ano passado foram criados 60.827 empregos em todos os setores entre janeiro e julho. Neste ano, ao contrário, perda de 1.533 postos de trabalho. Dados oficiais da federação das indústrias. (Fonte: Diário Catarinense – Moacir Pereira)

Amado senado

No tempo em que os bichos falavam e os homens públicos eram muito honestos, os políticos compareciam aos bate-papos de esquina sem qualquer receio de uma vaia, de um tomate podre ou de um encontro com o boneco Pixuleco. O povo os recebia bem, cada um tinha a sua torcida e o direito a falar de um púlpito popular, sem ser apupado. Naqueles tempos ingênuos não era uma aberração falar-se bem de um Senado. Desde que fosse o Senadinho da Felipe Schmidt, é claro.
Fonte genuína da irreverência ilhoa, o Café do Ponto Chic era um Senado de respeito, os mandatos exercidos das 11 da manhã até a uma hora da tarde, com sessões contínuas ao longo do dia – a mais extensa depois do Ângelus, entre seis e oito e meia da noite.
Os tipos folclóricos e os malucos também frequentavam o seu democrático balcão – Adolfo, vendendo os seus imaginários automóveis. Marrequinha, dirigindo o trânsito na esquina com a Trajano. E o folclórico Curvina, “inticado”, atirando palavrões contra os moleques debochados.
De terno de linho branco, impecável, o “senador” Alcides Ferreira dava expediente no intervalo de outros compromissos, como o papo debaixo da figueira e o pôquer no Clube Doze. Da rua mesmo, ordenava uma “rubiácea escaldante e liquefeita”, com a sua marca registrada: dois goles na xícara e outros tantos no pires. É que o líquido “insistia” em mudar-se para o seu suporte, de sorte que, depois de algum tempo – tantos eram os gestos e os solfejos de mão – havia mais café no pires do que na xícara.
Senatus vem de sênior, senil, velho, respeitável. Mereceria esta honra aquela desvairada casa de políticos que, em Brasília, abriga-se sob a cúpula de uma tigela invertida?
O Senado gozou historicamente seu momento de apogeu na Roma republicana, quando exercia poderes de administrar o aerarium – sim, o “erário”, funcionando como um tribunal do gasto público. Depois, já na Roma imperial, aviltou-se, trocando a dignidade pela sobrevivência. Para agradar Calígula, chegou a votar a nomeação do cavalo Incitatus para o posto de cônsul de Roma.
Sua última serventia foi fornecer a escadaria para que nela escorresse o sangue de Júlio César, assassinado por Brutus.
Tão “brutos” andam os tempos – e tão lamentavelmente infame nos parece o “moderno” Senado – que, Júlio César, hoje, somos todos nós, o povo apunhalado. (Fonte: Diário Catarinense – Sérgio da Costa Ramos – 20.9.15)

Armadilha no sul

O Dnit instalou um radar eletrônico na BR-101 Sul, em Morro Grande, que representa uma armadilha e já provocou graves acidentes. Fica no vértice de uma curva acentuada com viaduto na frente de uma olaria. Os usuários não têm dúvidas: o radar foi instalado só para arrecadar ou para causar acidentes. Poderia ser sido colocado bem antes do viaduto. (Fonte: Diário Catarinense – Moacir Pereira – 20.9.15)

SC contra a CPMF

Se depender da bancada catarinense no Congresso, a CPMF não passa. Dos 19 parlamentares, 17 são contra o imposto. E mesmo quem é a favor, acredita que a arrecadação deveria ir para a saúde. Aliado do governo, o deputado Pedro Uczai (PT) defende ainda que a arrecadação seja dividida entre União, Estados e municípios. O assunto não é consenso nem entre governadores ligados a presidente Dilma Rousseff. A promessa de levarem uma fatia da arrecadação, se a alíquota passar de 0,20% p
ra 0,38%, seduz boa parte dos Estados, mas há resistências. Conhecido pela proximidade com a presidente Dilma Rousseff, o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), é contra o aumento da carga tributária. Colombo argumentou que a CPMF chega desacreditada:
– O que vai resolver o problema da Previdência não é o aumento da arrecadação. O que vai resolver é uma reforma profunda – argumentou Colombo. (Fonte: Diário Catarinense – Carolina Bahia – 20.9.15)

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