Florianópolis, 3.9.15 – Enfim, a Câmara dos Deputados aprovou ontem uma das pautas mais esperadas pelo setor produtivo nos últimos anos, o projeto do Supersimples (lei complementar 26/07) que eleva os limites para enquadramento no Simples nacional, inclui bebidas alcoólicas artesanais e mais categoria profissionais nesse regime de tributação especial. As mudanças passam a vigorar a partir de janeiro de 2016 e deverão agradar a maioria. Para microempresas, o limite sobe de R$ 360 mil para R$ 900 mil por ano. Para pequenas empresas, passará de R$ 3,6 milhões para R$ 7,2 milhões em 2017 e sobe para R$ 14,4 milhões em 2018.
Um dos que mais se empenharam para a aprovação, o deputado Jorginho Mello, presidente da Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa no Congresso, comemorou o resultado.
– Cumpri o compromisso. Aprovamos todo o Supersimples. Agora o projeto vai para o Senado para ser votado logo e, depois, vai para a sanção presidencial. É o melhor projeto do ano porque o resto é uma desgraça. A presidente Dilma vai sancionar. Ela foi procurada pelo ministro Guilherme Afif Domingos e incentivou a votação – disse Jorginho.
Conforme estudo do Sebrae, mais de 10 milhões de empresas do Brasil estão no Simples. Em SC são cerca de 600 mil incluindo microempreendedores individuais (MEI). No Brasil, o segmento gera cerca de 20 milhões de empregos. No primeiro semestre deste ano, geraram 116 mil postos de trabalhos enquanto as médias e grandes empresas fecharam 600 mil vagas. Fonte: Estela Benetti/Diário Catarinense.
Microempresa
O limite da receita bruta anual para enquadramento de microempresas sobe de R$ 360 mil para R$ 900 mil. Fonte: Estela Benetti/Diário Catarinense.
Pequena empresa
O teto sobe de R$ 3,6 milhões de receita bruta anual para R$ 7,2 milhões em 2017 (relativo a receita obtida em 2016) e para R$ 14,4 milhões em 2018 (receita de 2017). Fonte: Estela Benetti/Diário Catarinense.
Novas categorias
Emenda prevê a inclusão de micro e pequenas empresas de arquitetura e urbanismo, engenharia, medição, cartografia, geologia, geodésia, testes, suporte e análises técnicas e tecnológicas, pesquisas, design, desenho e agronomia.
MEI
Ao microempreendedor individual (MEI) o limite de receita anual aumenta de R$ 60 mil para R$ 72 mil. Fonte: Estela Beneti/DC
Faixas e tabelas
O número de tabelas diminui, de 6 para 4 (comércio, indústria e 2 de serviços), além da quantidade de faixas em cada uma delas (de 20 para 7). Fonte: Estela Benetti/Diário Catarinense.
Bebidas
A emenda inclui produtores de bebidas alcoólicas artesanais abrangendo cervejas, vinhos, licores e aguardentes. A definição de atividade será feita pelo Ministério da Agricultura, e Secretaria da Pequena Empresa. Fonte: Estela Benetti/Diário Catarinense.
Vinhos
Uma das palestras do 1º Seminário Internacional da Vitivinicultura Catarinense, hoje, em Videira, é sobre a uva barbera, variedade da Itália que ganha espaço na região do Vale do Rio do Peixe. O tema será abordado por um dos maiores estudiosos dessa uva na Itália, o enólogo Cláudio Fenocchio. Fonte: Estela Benetti/Diário Catarinense.
Da BMW
Gerald Degen, diretor da BMW Araquari, faz palestra no congresso da Intermach, hoje, na Expoville, em Joinville. Fala sobre automação em fábrica e indústria 4.0. Fonte: Estela Benetti/Diário Catarinense.
Governo dá sinais de que subirá impostos
Um dia após pedir ajuda ao Congresso na construção de saídas para o rombo fiscal, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o governo não vai “fugir às suas responsabilidades” e enviará ao Legislativo novas propostas para reduzir o déficit de R$ 30,5 bilhões nas contas públicas. Para isso, não descarta a criação de novos tributos.
O governo ensaiou recriar a CPMF, o chamado imposto do cheque, mas desistiu diante da repercussão negativa entre políticos e empresários. A presidente pontuou que “não gosta” do tributo, mas deixou claro que “não afasta” a necessidade de criar novas fontes de receita.
– Não gosto da CPMF. Mas não estou afastando a necessidade de fontes de receita, não estou afastando nenhuma fonte de receita – declarou após cerimônia no Palácio do Planalto.
Na terça-feira, Dilma pediu ajuda ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – este rompido formalmente com o governo –, para propor medidas que cubram o rombo fiscal. Depois do encontro, ambos disseram que “não cabe ao Congresso” resolver o problema do déficit.
Palavras em apoio ao ministro Levy – Em um recado aos peemedebistas, a presidente disse que “o governo vai mandar (um adendo à proposta orçamentária)”:
– Nós não fugiremos às nossas responsabilidades de propor a solução ao problema. O que queremos é construir essa alternativa, mas não transferindo a responsabilidade de ninguém porque ela sempre será nossa.
Dilma seguiu o mesmo discurso de sua equipe econômica e afirmou que o Planalto “está sendo transparente ao mostrar que tem um problema”. Na entrevista, a presidente defendeu o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e afirmou que ele “não está desgastado” nem “isolado” dentro do governo, informação ouvida na Esplanada dos Ministérios nos últimos dias.
– Ele participou conosco de todas as etapas da construção do orçamento. Ele tem o respeito de todos nós – completou.
Nos últimos meses, Levy tem travado diversos embates com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, nas tomadas de decisões para a condução da política econômica do governo e, na maioria das vezes, saiu derrotado. Levy não queria, por exemplo, ter apresentado a proposta de orçamento para 2016 com déficit inédito de R$ 30,5 bilhões. Mas foi voto vencido. Dilma, porém, minimizou as divergências e comparou as discussões entre os dois ministros com a dinâmica de uma família:
– Dentro de uma família só tem uma opinião? Não, nós todos sabemos aqui que dentro de uma família tem várias opiniões.
Fonte: Diário Catarinense.
O que resta é cortar na própria carne
A expressão usada pelo prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Junior (PSD), na terça-feira, ao anunciar a redução de 30% no próprio salário e outras medidas de contenção de gastos, resume a situação que a maioria dos municípios catarinenses tem vivido em 2015: é hora de cortar na própria carne. Com as quedas do PIB, da arrecadação de tributos, da produtividade industrial e dos repasses federais, prefeituras têm tomado medidas emergenciais para ter o orçamento em dia, como diminuir o número de funcionários comissionados ou cortar celulares corporativos, horas extras, diárias de viagem e veículos oficiais.
Municípios polos, assim como outras cidades de importância regional, adotam diversas ações para diminuir despesas (veja na página ao lado). Cortes no salário de prefeitos, vices e secretários são as iniciativas mais frequentes, embora muitas vezes tenham mais valor simbólico do que uma economia significativa, como afirmam especialistas ouvidos pela reportagem.Com um buraco crescente nas contas, as prefeituras têm duas opções: diminuir os gastos ou aumentar a arrecadação. O problema é que a crise na produtividade derruba recolhimentos como o Imposto Sobre Serviços (ISS) e o sobre a Propriedade Predial e Territorial (IPTU), ambos de competência municipal. Para não reduzir o orçamento de áreas básicas, a solução na maioria dos casos tem sido diminuir a estrutura pública em si.
– Cortes devem ser avaliados em cada caso, mas a administração pública deve aperfeiçoar os seus métodos. Isso inclui, principalmente, a qualificação permanente dos recursos humanos e a substituição do pessoal por novos agentes públicos, com cargos e funções mais técnicos do que políticos – afirma Darcí Reali, diretor do Instituto de Estudos Municipais LTDA.
Segundo o presidente da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam) e prefeito de Chapecó, José Caramori (PSD), o problema atinge a todos: enquanto cidades pequenas sofrem, principalmente, com a queda nos repasses federais, como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), as maiores enfrentam uma redução no recolhimento de impostos decorrentes da indústria e do comércio em queda acentuada.
Além disso, muitos municípios estão recebendo valores do FPM iguais aos de 2014, sendo afetados por aumentos nas contas de luz, de telefone e até de medicamentos – muitas vezes cotados em dólar, que está em alta em 2015.
Caramori ainda ressalta que as prefeituras são especialmente prejudicadas na repartição das receitas federais (só gerenciam 17% do total arrecadado), embora arquem com grande parte das responsabilidades ligadas à educação ou à saúde
– Cada prefeitura enfrenta uma situação diferente, algumas mais desesperadas e outras fazendo pequenos ajustes. Mas, invariavelmente, todas estão apertando o cinto.
Máquina pública em inchaço desde 2008 – Em julho, levantamento feito pela reportagem do Diário Catarinense mostrou como desde 2008 (ano em que estourou a crise financeira global) as despesas correntes – gastos com pessoal, bens de consumo, luz, água, telefone e combustível – têm crescido a índices maiores do que o dinheiro arrecadado pelos municípios. Isso significa um histórico inchaço da máquina pública em desequilíbrio com a entrada de recursos, o que compromete os investimentos reais do município.
Com a queda nas receitas, mais uma questão ganha destaque para os chefes de Executivo: a Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita os gastos com pessoal dos municípios em 60% das receitas correntes líquidas. Caso este valor seja ultrapassado, o poder público fica proibido de contratar ou nomear funcionários, conceder aumentos, vantagens ou pagar hora extra
– O Estado pode sim fazer mais com menos. Se estão fazendo os cortes agora, o que deve ser questionado é por que não fizeram antes, no primeiro ano de mandato? – analisa o professor do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (Esag) da Udesc e especialista em administração pública e reformas administrativas, Leonardo Secchi. Veja mais http://www.clicrbs.com.br/pdf/17609936.pdf
“A perspectiva dos próximos meses é ruim”
Entrevista | Jose Caramori, Presidente da Federação Catarinense dos Municípios.
O que levou à crise enfrentada pelas prefeituras?
São duas causas principais. A partilha do bolo tributário nacional não contempla as necessidades dos municípios, pois ficamos com apenas 17% do recolhido. O segundo problema é que o governo federal cria programas sociais para os municípios, mas passa somente parte dos recursos e acaba “sobrando” para os cofres da cidade. Isso já acontece há tempo, mas vem se agravando. Além de tudo, a crise nacional gera um movimento menor, o que derruba a arrecadação de impostos como o ISS e o IPTU.
Os cortes são um movimento de prevenção ou de reparo?
É um movimento de sobrevivência. Se o seu salário cai, você corta em um ponto. Se não foi suficiente, corta em outro. Em um nível macro, é isso que a prefeitura faz: não sabemos qual vai ser a receita do mês seguinte, então se faz a redução aos poucos. Por isso, tem cortado cargos comissionados. É um exercício diário de administração financeira.
A população será prejudicada?
Esse é exercício que cada gestor tem que fazer: apertar o que der para não permitir isso. Mas em algum lugar vai faltar.
Até quando vai essa situação?
Tomara que não dure muito, mas a perspectiva para os próximos meses é ruim.
“É a primeira vez que vemos esta onda”
Entrevista | Leonador Secchi, Professor especialista em administração pública.
Por que tantas prefeituras estão enxugando a estrutura?
Há uma demanda da população que criou um clima muito propício para a moralidade pública e para a contenção de gastos neste momento em que os municípios estão com a corda no pescoço. As prefeituras têm feito isso de forma antecipada para ter um ganho simbólico, pensando inclusive na eleição de 2016. Muitos políticos perceberam que é melhor adiantar a contenção para fazer um agrado público, ou uma demonstração de corte na própria carne
Se poderiam ter cortado há três anos, fazendo disso uma política estruturante do seu mandato, por que não o fizeram? Qual é o momento ideal para reduzir a estrutura pública?
Historicamente, as políticas de prudência fiscal são executadas no primeiro ano de mandato, quando se faz uma revisão dos contratos, dos cargos comissionados e tudo o mais. O que há de diferente em 2015 é que a baixíssima credibilidade da classe política tem influenciado diretamente nestas ações. Os próprios políticos têm percebido que se não derem respostas à população com ações, serão substituídos: a rejeição se paga depois, na urna.
Esse movimento de reduzir em épocas ruins e gastar mais nas boas é comum no país?
É a primeira vez que a gente vê uma onda de redução de gastos como essa. Isso também se explica por um movimento de mimetismo: o prefeito vê esta ou aquela cidade fazendo uma reestruturação e se sente pressionado para aplicar o mesmo. O político percebe que a população questiona o porquê da sua cidade não reduzir os gastos públicos. Gabriel Rosa/Diário Catarinense.
Copom segura juro após sete aumentos seguidos
O Banco Central (BC) interrompeu a sequência de sete altas seguidas e manteve ontem o juro básico (Selic) em 14,25% ao ano, conforme esperado pelo mercado financeiro. Com a decisão, a taxa permanece no maior nível desde julho de 2006.
Declarações de autoridades do próprio BC no mês passado já apontavam para essa decisão, confirmada ontem por unanimidade dos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom).
Em agosto, Luiz Awazu Pereira, diretor de Política Econômica do órgão, afirmou que o juro deveria ficar no patamar atual por período “suficientemente prolongado”, mesma expressão usada no comunicado divulgado ontem. A inflação, preocupação maior do BC, deve começar a ceder no terceiro trimestre do ano. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses até julho foi de 9,56%. Para 2016, a estimativa é de que o IPCA termine em 5,51%.
Tentativa de conter aumento dos preços – Selic deve encerrar 2015 em 14,25%, de acordo com o levantamento. Para o próximo ano, porém, a expectativa é que a taxa básica recue para 12%. No entanto, a recente disparada do dólar eleva as possibilidades de que o Banco Central possa aumentar a Selic nas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano, em outubro e novembro. Desde julho, a moeda americana acumulou valorização de mais de 20%.
Ao subir o juro, o BC tenta conter o aumento dos preços, pois torna os empréstimos mais caros. Com isso, inibe o consumo, o que contribuiria para o controle da inflação. No entanto, com a perspectiva de que os sucessivos aumentos da Selic – foram sete até agora desde a reeleição da presidente Dilma Rousseff – comecem finalmente a afetar o IPCA, o BC optaria por deixar a taxa em seu atual patamar.
Além disso, a desaceleração da economia preocupa. O país atualmente está em recessão, condição caracterizada por dois trimestres seguidos de queda do PIB. Na avaliação de Alberto Ramos, economista do banco americano Goldman Sachs, “embora a economia continue a enfraquecer e o mercado de trabalho esteja se deteriorando, a inflação projetada para o fim de 2016 não aumentou”. Mais: http://www.clicrbs.com.br/pdf/17610010.pdf. Fonte: Gabriel Rosa/Diário Catarinense.
Cooperação e agronegócio: a saída está aqui, por Mário Lanznaster*
É comum ouvir expressões do tipo: “as cooperativas não pagam impostos e, por isso, têm facilidade em crescer”. Nada mais falso: as cooperativas pagam os mesmos tributos das empresas comerciais (com exceção das operações internas), tanto que, em 2014, as 253 cooperativas catarinenses registradas na Ocesc recolheram R$ 1,5 bilhão em impostos.
Tenho dito com frequência que a saída é o cooperativismo, especialmente no setor primário da economia, que vem sustentado as demais cadeias produtivas há muitos anos. O cooperativismo mudou o cenário no campo, reduzindo as incertezas que cercam a atividade agropecuária.
Para se chegar a isso, seguiu-se um longo caminho, que passou pela profissionalização do produtor, a organização da produção, a eliminação de todos os níveis de intermediação e a busca mais agressiva dos mercados. Importante para a conquista da independência foi a decisão de industrializar a produção primária. Com isso, o cooperativismo deixou de ser fornecedor barato de matérias-primas para as indústrias não-cooperativistas e passou a controlar todo o ciclo de produção, agregando valor para melhor remunerar o cooperado.
O produtor rural deve se associar às cooperativas agropecuárias que tenham unidades próprias de processamento industrial ou estejam vinculadas a uma cooperativa central, como a Aurora. Há mais de 40 anos, os produtores do oeste catarinense eram meros fornecedores de matérias-primas. Com o surgimento da Aurora (uma cooperativa de segundo grau), ficou na mão do produtor a industrialização de todas as matérias-primas, como grãos, lácteos, carnes etc. A salvação está no associativismo de qualidade, ou seja, nas cooperativas eficientes. A economia do país passa por momentos de instabilidade. Apesar das dificuldades que marcarão o cenário econômico de 2015, o setor primário da economia terá um ano relativamente bom para as cadeias produtivas de suínos, aves e leite.
O governo, entretanto, precisa fazer sua parte porque o agronegócio padece do excesso de burocracia, da pesadíssima carga tributária, da incoerente legislação ambiental e das crônicas deficiências infraestruturais. Nossa prioridade e nosso desafio são de produzir com qualidade e competitividade para conquistar mercados mundiais, preservando a todo custo nosso status sanitário. Assim, o agronegócio continuará crescendo, embora a taxas menores. O setor primário, o cooperativismo e o agronegócio darão ao Brasil as condições para a superação dessa crise a médio prazo. *Artigo do Presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos.
Senado veta doação de empresas
O plenário do Senado aprovou ontem à proposta do pacote da reforma política que proíbe empresas a doarem a partidos. A Casa já havia recusado anteriormente a possibilidade de pessoas jurídicas fazerem contribuições diretamente para partidos políticos. A mudança, que passou com o apoio de 36 votos contra 31, ocorreu a partir da aprovação de uma sugestão apresentada pela senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM).
Os senadores mantiveram doações de pessoas físicas, que estão autorizadas a contribuir até o limite do total de rendimentos tributáveis do ano anterior ao repasse dos recursos. O resultado da votação foi apertado: 36 votos favoráveis e 31 contrários.
Perda de mandato se trocar de partido –Com 38 votos favoráveis e 34 contrários, os senadores decidiram acatar emenda apresentada pelo senador Roberto Rocha (PSB-MA) que disciplina a troca de partido político. De acordo com o texto, perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito.
Também foi aprovada regra que obriga, no segundo turno, os candidatos a governador e a presidente a participar de pelo menos três debates televisivos. .Em votação simbólica, o plenário do Senado já havia aprovado o texto-base da reforma política. Ao final da votação, o texto terá de voltar para a Câmara. Os deputados, anteriormente, haviam aprovado doações de empresas a partidos, com limitações.
Entre os propósitos da reforma estão fortalecer os partidos políticos, reduzir os custos das campanhas e disciplinar as doações e a distribuição do dinheiro do fundo partidário. Fonte: Diário Catarinense.
Recuperação judicial, por Rangel Effting*
Tem sido tema de reportagens nos principais jornais e em revistas de circulação nacional o expressivo aumento nos pedidos de recuperação judicial. O que mais chama a atenção não são os números divulgados pela Serasa Experian, de 492 pedidos de recuperação judicial no primeiro semestre deste ano – maior número desde a edição da lei 11.101 de 2005 –, mas sim o fato de os pedidos não estarem concentrados em um único setor da economia.
A crise é geral e tem afetado todos os setores da economia, em especial a construção civil, transportes, indústria, varejo, agronegócio e, é claro, o setor de óleo e gás (atingido pela Operação Lava-Jato). E nem poderia ser diferente, diante da atual crise econômica e financeira vivida no Brasil. O momento de recessão que vivemos impõe inúmeras dificuldades financeiras às empresas, que não conseguem gerar caixa suficiente para manter a atividade. A queda no faturamento e a escassez do crédito são as principais barreiras enfrentadas.
Em Santa Catarina, entre os principais setores atingidos pela crise financeira estão construção civil, transportes, moveleiro e tradings.
Apesar da crise que assola o país, certo é que os empresários não podem se deixar levar pelo pessimismo. Devem sempre buscar, cada vez mais cedo, alternativas administrativas e operacionais para equalizar a dificuldade, contando sempre com um especialista de confiança na reestruturação de empresas. Não sendo possível o reerguimento da empresa nesta fase ou aporte de novos recursos, então o caminho natural para evitar a falência é o pedido de recuperação judicial.
A recuperação judicial é um instituto jurídico regulado pela lei 11.101/2005, que visa a proteger as empresas em dificuldades financeiras, de modo que seja possível a preservação do equity e, consequentemente, a manutenção da fonte produtiva geradora de renda, mantenedora dos postos de trabalho, da fonte pagadora dos tributos e dos fornecedores.
Não deixa de ser um desafio, mas, ao contrário do que se imagina, a recuperação judicial bem estruturada é muito importante e saudável, vindo a possibilitar várias oportunidades de novos negócios, muitas vezes impossíveis de serem concretizados no estado de crise financeira em que se encontrava a empresa. Se bem estruturada, recuperação judicial possibilita várias oportunidades de novos negócios. *Artigo*Advogado
A confiança que falta
São corretas as avaliações da conjuntura nacional que levam em conta a falta de confiança na capacidade de reação e de articulação do governo. É o sentimento de empresários e economistas, para os quais o Executivo deveria ser o primeiro a transmitir segurança a quem empreende e corre o risco de tomar decisões. Merece registro, como voz respeitada no contexto nacional, a advertência nesse sentido feita pelo ex-ministro Delfim Netto, que reproduziu em artigo publicado na Folha de S.Paulo o sentimento médio de que o governo, ao invés de inspirar confiança, vem passando insegurança ao setor produtivo.
Há na reflexão uma referência direta ao impasse do ajuste nas contas públicas, ao qual o economista se refere como “tragédia fiscal”. A advertência reforça a sensação de que o governo continua titubeante, em relação ao ajuste, enquanto pede determinação de quem produz. É uma contradição a ser superada, sob pena de agravar ainda mais a situação do país. A presidente da República precisa buscar o convencimento da sociedade sobre as razões do ajuste fiscal, que considera indispensável, ainda que não suficiente, para – como diz Delfim – “criar as condições mínimas de credibilidade do governo”. Não há como fazer a correção drástica de rumos na economia, a começar pelo equilíbrio fiscal, sem que os condutores da política oficial transmitam clareza e determinação ao setor produtivo. Se o próprio governo é incapaz de dizer a empresas e trabalhadores que acredita no que propõe, fica difícil cobrar mobilização para que o país saia da recessão. A presidente deveria abandonar a soberba e ser mais receptiva a alertas como esse, para que as mensagens governistas sejam unificadas e haja um mínimo de coerência entre o discurso e as atitudes governamentais.
Em resumo – Editorial comenta a advertência de que o Planalto precisa inspirar confiança nos empresários, sob pena de fracassar no projeto do ajuste fiscal. Editorial Diário Catarinense.
Cena para colorir
Com a Ilha perdida em brumas e nuvens, paira no horizonte – além da falência do Brasil – uma atmosfera de El Niño, com a chuva substituindo a seca.
O moleque do tempo promete um indesejável “império da lestada” para a primavera que chega. Com essa chuva que vem do oceano não se brinca. O “bom senso” nunca se fez medida para essa chuva traiçoeira, que se desata da carranca das nuvens. Como se diz em “manezês” corrente:
– Quando a lestada “garra” a tirá água do “mari” e a despejá em cima dos “hômi”, o sino vai tocá pruquê gente vai morrê.
Sem esse cenário de horror, a Ilha viveu ultimamente bela semana no pleno esplendor de sua formosura.
O primeiro navegador a contemplar esse poema insular, feito de portos abrigados, enseadas, duas lagoas debruadas por dunas de ouro e 42 praias de areias prateadas, foi o veneziano Sebastiano Caboto, que registrou:
– São 10 léguas de comprimento por 3 de largura, uma ilha capilar e verde, cercada por praias de areia fina.
Sua ancoragem na Baía Sul, que deveria ser de poucos dias, prolongou-se por quatro meses – de outubro de 1526 até fevereiro de 1527. Por pouco não se torna hóspede perpétuo da ilha, que se chamava, então, “dos Patos”.
Caboto batizou-a com o nome da “patroa”, sua mulher, Catarina. Estava arrebatado pela beleza do lugar. Entre a cabeleira das montanhas e o espelho das duas baías, vislumbrou o retrato da mulher, tão distante, na imensidão do mapa-múndi.
Depois do veneziano, o seu “achado” se transformou numa espécie de escala obrigatória entre os navegadores europeus que desciam o Atlântico, rumo ao Pacífico, contornando o cabo Horn.
Um deles, o suíço-alemão Carl Gustav Seidler, aqui ancorou 24 vezes, a primeira delas em 1823. Chegou de madrugada, quando a “joia” estava oculta pelo breu da noite:
“A primeira luz”, escreveu, “me desenhou praias de areia fina, uma floresta ondulada pelas montanhas e algumas das paisagens que só poderiam ter sido concebidas pelo pincel do Criador”.
É fácil inebriar-se, como Caboto e Seidler.
Rebrilhando ao Sol, a Ilha recupera a sua carteira de identidade – e volta a ser reconhecida pela retina daquele que a concebeu. Coluna do Sérgio da Costa Ramos/Diário Catarinense.