ESTELA BENETTI
Por que é preciso regulamentar a terceirização
Desde que a Câmara dos Deputados começou a votar o projeto de lei 4.330 para regulamentar a terceirização no país cresceu o debate sobre o tema. Mas o fato é que a terceirização é uma realidade no Brasil há cerca de duas décadas e a falta de lei gera insegurança jurídica, o que inibe geração de empregos e maior desenvolvimento econômico. Confiantes de que a nova legislação vai melhorar o ambiente de negócios, as entidades empresariais catarinenses reforçam contatos com os parlamentares para que aprovem o projeto. Na avaliação do presidente da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Glauco José Côrte, a terceirização é boa para os trabalhadores, para o setor produtivo e também para o país. Vai permitir a formalização das relações de trabalho de cerca de 12 milhões de trabalhadores.
– Essa mudança representará um grande avanço e colocará o Brasil alinhado com o que as economias mais desenvolvidos estão fazendo hoje. A terceirização é importante porque estimula a especialidade. A empresa tem condições de focar o seu negócio, a sua atividade principal e pode contratar os serviços de empresas especializadas que complementam seu processo e a cadeia produtiva – explica Glauco José Côrte.
Insegurança
Entre as críticas que envolvem a matéria, uma é de que vai criar insegurança jurídica. Mas para o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, ocorrerá justamente o contrário. Sobre a decisão da Câmara de proibir a terceirização na atividade fim de empresas públicas e de economia mista, Côrte diz que isso vai aumentar ainda mais o quadro de pessoal do serviço público. Ele avalia que é um contrassenso. Isso não vai ajudar o setor público a ser mais ágil e eficiente.
Exemplo
Se o Brasil aprovar a terceirização, terá uma legislação trabalhista mais parecida com a do primeiro mundo e até poderá exportar menos emprego. Grandes empresas da Europa, por exemplo, terceirizam até 80% das suas atividades, são líderes de mercado e remuneram a maioria com altos valores. Já o alto custo do trabalho formal no Brasil gera mais de 1,8 milhão de empregos na China enquanto milhares atuam aqui sem carteira assinada ou outro amparo legal.
18 de abril de 2015 | Moacir Pereira
Entrevista Raimundo Colombo
“Nunca vivi ou vi uma crise tão grave”
O cenário nacional que se desenha preocupa o governador Raimundo Colombo. Em 30 anos de vida pública, afirma não ter vivido uma situação parecida com a atual. Para piorar, alega haver uma crise de credibilidade da classe política que dificulta os avanços. Como agravante, Colombo ainda enfrenta dificuldades para fazer uma reforma administrativa no governo. Os obstáculos, descreve, são de ordem política. Nesta entrevista exclusiva, o governador fala sobre a atual crise brasileira e o que pensa sobre o futuro do trabalho da presidente Dilma Rousseff, a quem apoiou nas últimas eleições. Leia abaixo:
Por que a reforma administrativa atrasou tanto?
As dificuldades são de ordem política. Há uma incompreensão da classe política em fazer os enfrentamentos. Percebi que não adianta jogar a bomba para dentro da Assembleia. Lá no Congresso Nacional estamos vendo: estão até voltando atrás em avanços que precisam ser feitos. Estamos assim, num caminho mais difícil e mais demorado, conversando com as pessoas envolvidas. Procuramos explicar que não se trata de reforma do governo e nem de ajuste das contas do governo que, graças a Deus, estão controladas. Queremos fazer uma reforma para salvar o Estado, para prevenir gerações. Vamos reunir servidores públicos e setores do governo para mostrar as medidas que precisam ser adotadas e pedir a colaboração. Aí mandar para a Assembleia as propostas mais ou menos harmonizadas e avançar. No caso dos professores houve equívoco, em nosso entender. Mandamos agora a compactação da Agesc e Agesan, reduzindo 47 cargos, sem prejudicar o processo operacional. Mesmo assim há resistências. O problema é sempre político. Decidimos fatiar e fazer depois que as coisas amadureçam.
O próximo projeto é extinguir 500 cargos, alterações nas Secretarias Regionais ou a previdência pública?
A previdência vai ser a mais demorada. Temos que conversar com todo mundo, explicar as necessidades e pedir a colaboração. Como disse, nada disso vai ter benefício nos três próximos anos. É questão de visão estratégica. A ideia é modernizar, simplificar e reduzir custos do governo.
A mobilização do PSD no Estado tem o seu aval? Dizem que a estratégia visa 2018.
O movimento, pelo que sei, tem o objetivo de levar as ações do governo. Estamos realizando hoje o maior volume de obras de que se tem notícia em Santa Catarina em muitos anos, mas não há a devida compreensão. Combinamos que os líderes vão levar as informações à população. Santa Catarina vive um bom momento, mas o ambiente negativo nacional não é bom. Queremos evitar diminuição na atividade econômica, na geração de empregos. Na minha visão não tem nada de político ou eleitoral. Isto fica para depois. Seria um erro antecipar qualquer processo eleitoral. O governo tem três meses apenas. Seria um desrespeito para com a sociedade.
O senhor já viveu uma crise como a atual?
Não, nunca vi na minha vida. É a mais grave que já vivi. Estou no processo político há mais de 30 anos e nunca vi uma crise tão grave. Pior, porque junto há uma crise de representatividade e credibilidade da classe política. As pessoas não confiam. Como não confiam, não ajudam. Você não consegue avançar. É tudo difícil.
O senhor vê saídas?
Estou muito temeroso. Há a necessidade de lideranças para fazer esta transição. Do contrário, vai haver uma ruptura e a situação vai se agravar.
Corremos risco de ruptura?
Acredito que sim. As mudanças são absolutamente urgentes e necessárias. Quando você tenta fazer não consegue executar. O ajuste fiscal se mantém só na boa vontade do governo. Não se consegue realizar nada. O Congresso Nacional hoje não colabora e isto é uma irresponsabilidade. É claro que o ajuste fiscal impõe sacrifícios a todo mundo, inclusive aos Estados e à arrecadação estadual. Mas não adianta Santa Catarina ir bem e o Brasil ir mal. O desafio é grande, e o momento, extremamente difícil. Há também coisas boas: o povo está nas ruas pedindo mudanças. Isto nunca teve.
O futuro da presidente Dilma: risco de impeachmenet, renúncia ou continuará sangrando?
Não acredito em impeachment. Tenho certeza que não há nenhum envolvimento pessoal dela. Certeza absolutamente disso. Também não acredito em renúncia. Não é característica dela e não há como admitir. Vai entregar pro Michel Temer? Isso não existe. Acredito que possa surgir em algum momento um envolvimento nacional de superação da crise que inclua todo mundo. Todo mundo percebe, contudo, que neste momento não tem saída. Todo mundo pode falar mal de tudo, mas nós gestores temos que mostrar resultados. Temos muitos desafios, mas a economia brasileira está caminhando.
Coluna Moacir Pereira
Simon: Parece filme de terror
Durante palestra na Fiesc, o ex-senador Pedro Simon(PMDB) deu continuidade à pregação política que vem fazendo em todo o Brasil, defendendo que todos os cidadãos se mobilizem, que o povo vá para as ruas e que haja um novo pacto pelas reformas inadiáveis.
Citou um recente fato histórico, protagonizado por Itamar Franco, que assumiu o governo na cassação de Fernando Collor, no meio de uma grave crise econômica, com inflação estratosférica. Na Presidência da República e no auge da crise, Itamar convocou os líderes de todos os partidos, escolheu os melhores nomes para o Ministério (“sem troca de cargos, sem oferecer ou pedir favores, sem negociatas”) e promoveu a maior transformação econômica da história: “Implantou o Plano Real, que garantiu estabilidade e está aí até hoje”.
Simon descartou qualquer hipótese de intervenção militar: “Não sei o que vai acontecer, mas não há perigo de golpe. Os militares fizeram muitas bobagens e hoje não tem nem clima, nem lideranças”.
Reconheceu, contudo, que o cenário de crise profunda é muito preocupante: “O ambiente hoje é de profunda angústia popular. O cenário parece um filme de terror”.
Ex-aliado do PT, Pedro Simon falou das frustrações nacionais: “O PT decepcionou todo mundo. Nos governos do PT a roubalheira foi organizada, oficializada. O troca-troca, a negociata com cargos, só existia nos ministérios. O PT começou a indicar cargos nas estatais, até na Petrobras. O Fundo de Pensão da Petrobras é da CUT. O que a CUT tem a ver com a Petrobras? A Petrobras tinha uma história bonita, alto nível, respeito mundial. Mas o PT acabou com a Petrobras.”
Fechou
A diretoria da Petrobras decidiu desativar a Unidade de Produção de Petróleo Sul do Brasil (UO-Sul), em Itajaí. Esta unidade opera dois campos com navios-plataforma: Baúna e Piracicaba. A produção é de 65 mil barris diários, o que equivale a US$ 3,7 milhões – produção superior à dos campos do Ceará, Rio Grande do Norte e Amazonas.
Mobilização
Ao tomar conhecimento da decisão, o deputado Vicente Caropreso acionou o senador Paulo Bauer para que mobilize o fórum parlamentar catarinense. A desativação vai desmobilizar frentes de trabalho em Itajaí, no terminal de são Francisco e no centro de informações ambientais, com repercussões no aeroporto de navegantes, na BR Distribuidora em Florianópolis e na demissão de 110 empregados.
Curto-circuito
Ex-secretário de governo das prefeituras de Chapecó e Florianópolis, Eron Giordani desistiu de assumir a assessoria especial do ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues.Ficou durante três semanas em Brasília para avaliar o quadro e decidir. Viu muito fio desencapado. Volta para Florianópolis para montar uma consultoria.
Curtas
A cidade de Joinville passa a contar com mais dois voos diários, ligando pela Azul o aeroporto municipal a Porto Alegre (RS) e Guarulhos (SP).
A Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque tem nova diretoria. Na presidência, o empresário Luiz Carlos Rosin, atual secretário de Desenvolvimento Econômico.
Mérito Industrial
A diretoria e conselho da Fiesc decidiram conferir este ano a Medalha do Mérito Industrial a cinco empresários de SC. Serão agraciados Alcantaro Corrêa (in memoriam), Édio José Del Castanhel, Genésio Ayres Marchetti, José Fernando Xavier Faraco e Osvaldo Douat. A outorga será no Dia da Indústria, 22 de maio. Moacir Pereira.
18 de abril de 2015- SÉRGIO DA COSTA RAMOS
Fim do mundo
Imaginemos que o fim do mundo está confirmado para amanhã, depois da missa. Nesta véspera do Apocalipse, todo vivente sabe que está no balcão do bar do Titanic, pronto para tomar a saideira.
Ainda não estamos mortos. Temos 24 horas pra festejar e ensaiar uma despedida deste mundo. Poderemos ordenar a última dose de um Dom Pérignon – o espumante do fradinho, pai de todos os champanhes – ou uma talagada do meu velho e fiel Johnnie Walker, ao som de canções românticas.
O último pôr do sol da Ilha seria embalado, talvez, pela voz aveludada de Nat King Cole, em “Love Letters” ou “Unchained Melody”.
Neste autêntico bar do Titanic – o mundo prestes a desaparecer pelo fogo ou pela água – alguém haverá de lembrar que nem só de destilados vive o homem.
Seria preciso dar uma chance às papilas gustativas, para que estas experimentassem o último sabor antes do Juízo Final. Que prato eleger para o último encontro entre as moléculas da língua e os provadores do céu da boca?
Talvez aquele cardápio escolhido por milionários excêntricos – os 500 mais ricos do planeta – reunidos num restaurante de hotel em Dubai. Nesta mesa de privilegiados foi servida, certa vez, a mais suntuosa refeição gastronômica do universo, ao preço de US$ 25 mil per capita. E o que comeram aqueles ricos estroinas?
Dez pratos. Entre eles, um tartar de boi bebê e um tipo raro de caviar beluga, servido com ostras belon e purê. Bebidas: o caríssimo Romanée Conti, safra 1985, um Château Mouton, safra 1959, e um Château dYquem, safra 1967.
Se pudesse escolher, recuaria no tempo e me hospedaria no Bar Universal, bem defronte ao antigo Querência Palace Hotel, cercanias do nosso Mercado Público. Então, bem no meio da madrugada ordenaria ao garçom, cognominado de Feio:
– Uma linguiça frita com pirão dágua e uma faixa-azul bem gelada!
Claro, as iguarias não se comparam. A não ser pela circunstância de que esta última refeição me foi servida quando eu tinha apenas 18 anos. Haveria melhor cardápio do que retornar àquela idade primaveril?
Em todo caso, que venha amanhã o fim do mundo – ou só em 2047, quando completarei meus gloriosos 100 anos.
19 de abril de 20150
Repercussão nas redes sociais contra aprovação da terceirização deixa empresários desconfortáveis
Aliás
Por sugestão do ex-deputado Odacir Zonta, a mobilização agora é para aglutinar forças com as demais federações empresariais e a CNI para pressionar aCâmara a não colocar o projeto de lei 4.330 na próxima quarta-feira. A leitura é que, em função do feriadão, não haverá tempo hábil para o trabalho de convencimento dos parlamentares sobre a importância do projeto.
Quando
Leitor enviou pedido formal de informações à Secretaria de Estado da Infraestrutura sobre alguma previsão para o recapeamento e para a nova pintura da sinalização horizontal da rodovia estadual mais movimentada de Santa Catarina, a SC-401. Recebeu por e-mail a resposta de que a necessidade apontada é verdadeira, mas que está no aguardo do contrato para a reforma.
Data que é bom não consta na mensagem. A via simplesmente l eva ao norte da Ilha de SC.
::: Leia mais notícias sobre terceirização. Fonte: Visor.
19 de abril de 2015 – SÉRGIO DA COSTA RAMOS
A marcha dos ladrões
Já são tantas as marchas que animam as ruas deste Brasilzão sem juízo, que não nos custa acolher mais uma: a marcha dos ladrões públicos e privados.
Para erradicar o descuidismo, primeiro será preciso legalizá-lo, para que um grande desentendimento entre os ladrões acabe restabelecendo um certo pudor nacional.
“A ocasião não faz o ladrão. Apenas o revela. Ladrão já nasce feito.”
A tese não é minha, mas de Machado de Assis. Se reencarnasse nos dias de hoje, o sábio do Cosme Velho haveria de reescrever sua frase, acrescentando a informação de que os ladrões nascem feitos – mas, no Brasil, nascem prontos e impunes.
Nas cidades de porte médio – como Floripa –, os ladrões se estabeleceram em empresas de roubar, cujas sedes são subsidiadas pelo poder público: as penitenciárias. As próprias autoridades admitem: está dentro das cadeias a administração do crime organizado.
Nas grandes e médias cidades os caixas eletrônicos estão sob ataque. Há cidades até que já decidiram retirar o caixa do saguão dos seus bancos ou das casinhas instaladas na rua. O equipamento está pedindo asilo em quartéis da PM ou delegacias de polícia, embora nada garanta que esses locais sejam seguros, haja vista a promiscuidade entre os objetivos de certas polícias e os dos barões do crime.
Há, sim, policiais sérios e polícias honestas, mas a vida para esses homens da lei está cada vez mais difícil, dadas as facilidades legais oferecidas ao submundo.
O Brasil deveria requerer carta patente de sua insólita atitude diante do roubo e do furto. Em vez de dificultar as ações dos ladrões, suprimem-se direitos dos roubados e dos furtados.
Tem ladrão demais nas ruas e cadeias de menos nas organizações do Estado? Soltem-se os ladrões presos, até por isonomia com os que estão na administração pública, nos parlamentos, nos partidos políticos.
–
Começou uma radical mudança no conceito de cadeia. Para se proteger, o cidadão honesto se viu na obrigação de construir muros e transformar sua casa em gaiola.
Se o cidadão deseja retirar dinheiro do banco, que o faça em horas civilizadas, num banco cercado de seguranças e portas giratórias detectoras de metais. Essa história de extrair dinheiro de uma barraquinha digital, alta madrugada, quando todos já estão dormindo, não podia mesmo dar certo – a não ser na Suíça.
18 de abril de 2015
Petrobras fecha unidade em Itajaí
A Petrobras confirmou ontem o fechamento da Unidade de Operações de Exploração e Produção Sul (UO-Sul), de Itajaí. A partir de 1o de maio a unidade passa a integrar as operações da Bacia de Santos, a UO-BS. Parte dos servidores devem ser transferidos de imediato.
A companhia informou oficialmente que será criado em Itajaí um Ativo de Produção – na prática, uma unidade avançada, subordinada a outro “braço” da estatal. O fechamento afeta as operações ligadas ao navio-plataforma FPSO Itajaí e não deve atingir outras frentes de trabalho que a empresa mantém na cidade, no Porto de Itajaí, no terminal Teporti e em um Centro de Defesa Ambiental.
Até ano passado, a UO-Sul correspondia a uma produção diária de 73 mil barris de petróleo e era a 5o unidade em volume de operação no país, à frente, por exemplo, de unidades no Amazonas e Rio Grande do Norte – Ceará. Um negócio de US$ 7,5 milhões por dia.
O valor alto, porém, não teria reflexo direto sobre a arrecadação em Itajaí. Segundo informações preliminares da Secretaria da Fazenda de Itajaí, o rendimento proveniente da exploração de petróleo era pequeno – até porque, devido à posição dos poços, a maioria dos royalties fica com outros Estados.
Ainda assim, a saída da Petrobras representa desprestígio para Itajaí, perda de empregos e de relevância. Os motivos do fechamento não foram divulgados pela companhia, que enfrenta crise desde que foi deflagrada a Operação Lava-Jato, no ano passado. Fonte: Dagmar Spautz -18.4.15
ECONOMIA | COMPETITIVIDADE
Potencial de crescimento do país é 2,5%, diz FMI
O Brasil tem potencial para crescer 2,5% ao ano, bem menos que outras economias latino-americanas, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O país precisa investir para ganhar competitividade, melhorar o ambiente de negócios e reformar os impostos, disse nesta sexta-feira o economista Krishna Srinvazan, vice-diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental.
Documentos do Fundo têm chamado a atenção para a necessidade de investimentos em vários setores, com destaque para infraestrutura e educação. Antes da nova revisão, realizada neste ano, o potencial estimado era 3%.
A partir de 2017, a economia brasileira crescerá pouco mais de 2% ao ano e atingirá o ritmo de 2,5% em 2020, segundo as novas projeções do FMI. Para 2015 e 2016, o resultado médio será praticamente nulo, com 1% negativo neste ano e 1% positivo no próximo.
ECONOMIA | CENÁRIO DESAFIADOR
Mais sólida após a crise
Três empresas catarinenses mostram como um período de retração também pode servir para ampliar o negócio, procurar novos mercados e adotar estratégias que vão assegurar o crescimento
A estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 – o governo anunciou que deve encolher 0,9% – revela que o ano não começou fácil, principalmente para empresários. Inflação e juro alto, somados ao câmbio disparando e investidores pessimistas, são alguns dos obstáculos para crescer em um ano que promete ser um dos mais fracos para o comércio e a indústria.
Apesar de ruins, essas turbulências econômicas trazem a necessidade de mudanças e obrigam empresas a rever conceitos e atitudes para continuar crescendo.
– Quem é bom, sempre sai melhor de uma crise. Quando a atividade econômica vai bem é fácil crescer. Qualquer surfista pega onda grande. A situação muda de figura quando o mar está revolto. Aí permanece quem tem a prancha adequada e sabe remar. Fica quem é bom, quem entrega o melhor produto, quem atende com mais atenção o consumidor – afirma Sérgio Honório de Freitas, sócio-diretor da Falconi Consultores de Resultados.
O DC traz exemplos de três companhias que enfrentaram as dificuldades da recessão de 2008, mas se reestruturaram, diversificaram seus negócios e apostaram em inovação. Aprenderam lições importantes que, agora, as permitem se manter firmes contra os impactos dessa nova onda que atinge a economia.
Nos dois cenários, em 2008 e agora, o ritmo da geração de vagas de emprego diminuiu, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No setor da indústria, por exemplo, houve aumento de 3,2% em 2014 e, neste ano, está em -0,1% no acumulado dos últimos 12 meses. No mesmo período de 2008, estava em alta de 5,5%, freada para 0,3% no ano seguinte.
A situação é semelhante com a agropecuária. Durante as duas crises, o setor teve queda na oferta de vagas. De 2008 para 2009 foi de 2,4% para -5,3%. De 2014 para 2015, foi de 1,4% para -2%.
Gestão mais preparada
Ao mesmo tempo que a crise representa uma oportunidade, é importante saber aproveitá-la. Período de redução nas vendas pode ser uma chance para se reposicionar no mercado. Mas é preciso saber em que posição se quer estar e em que velocidade se quer chegar lá. O que diferencia as empresas mais preparadas é que, em geral, elas se recusam a fazer parte da crise – ressalta Freitas.
A preocupação em fazer a lição de casa, melhorar os processos e aumentar a produtividade não é mais apenas das grandes companhias. Pequenas e médias também têm decidido se aprimorar. Jairo Martins, superintendente-geral da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), instituição sem fins lucrativos especializada em gestão, diz que nem sempre foi assim. No passado, existia uma preocupação unicamente com a qualidade do produto, mas agora as empresas passaram a focar e a investir em gestão:
– Não basta reduzir despesas, é preciso fazer as escolhas certas. Alguns gastos são desperdício. Outros não. Se não souber diferenciar, a empresa morre.
eficiência
Em 2009, a cooperativa Aurora, no oeste catarinense, teve um dos anos mais difíceis de sua trajetória. Fechou no prejuízo, em números que o presidente da empresa, Mario Lanznaster, prefere não lembrar. O faturamento foi de R$ 2,3 bilhões. Em 2014, porém, a companhia do setor de agronegócio teve o melhor ano desde a fundação. Faturou R$ 6,7 bilhões, com lucro líquido de R$ 417 millhões.
– Uma história que revertemos acrescentando tecnologia nos processos da empresa, com treinamentos e consultorias junto aos agricultores, com a busca por excelência na qualidade dos produtos – explica Lanznaster.
Mas a crise deste ano não vai deixar a empresa ilesa. A previsão é que o ritmo de crescimento do faturamento tenha uma queda. De um salto de 18% em 2014 em comparação com o ano anterior, em 2015 a expectativa é fechar com alta de 12% – um bom rendimento diante de um cenário de recessão.
No entanto, alguns investimentos que estão em andamento, cerca de R$ 350 milhões, serão mantidos. O restante, de obras planejadas ainda não iniciadas, perto de R$ 200 milhões, serão colocados em stand by.
– É um ano não digo de colocar o pé no freio, mas de também não afundar muito o pé no acelerador – resume Lanznaster.
Em 2008, a Aurora foi obrigada a suspender R$ 871 milhões de seu programa de expansão industrial. O maior deles, o projeto de um novo frigorífico de frangos em Canoinhas, no valor de R$ 420 milhões, foi retirado e não voltou mais para os planos da cooperativa.
“Uma história que revertemos acrescentando tecnologia nos processos da empresa, com treinamentos e consultorias junto aos agricultores, com a busca por excelência na qualidade dos produtos”.
Mario Lanznaster
Presidente da Aurora
Foco
A Artefama, empresa do setor de móveis de São Bento do Sul, no Planalto Norte, passou um período crítico entre 2009 e 2010. Teve que se reestruturar, diminuir de tamanho e se reposicionar no mercado. As estratégias funcionaram e hoje a companhia está saudável e com boa perspectiva de futuro.
Entre 1995 e 2008, praticamente toda a produção era exportada. Hoje, os negócios no país estão gerando 35% da receita do negócio, enquanto 65% vêm de exportações. Foi uma mudança necessária diante da desvalorização do dólar na época.
Atualmente, uma das apostas é a volta do aumento do dólar. Ainda no ano passado, a empresa abriu um escritório na Flórida mirando a retomada da economia dos Estados Unidos. A outra aposta é uma nova linha de produtos voltados para o mercado classe A.
Parece ter funcionado. A Artefama fechou 2014 com faturamento de R$ 76,8 milhões. E, no prognóstico de 2015, a meta é crescer 25%.
– Em Santa Catarina, nós absorvemos melhor esses momentos de crise. Há um apoio institucional e um conhecimento de gestão mais disseminado no Estado – diz o CEO José Antonio Franzoni sobre a retomada da empresa.
Hoje a Artefama está com 490 funcionários, um número que foi estabelecido em 2010. No auge do crescimento das exportações nacionais, em 2005, a empresa tinha mais de 1,6 mil colaboradores. Para evitar riscos no cenário econômico atual, os aumentos na fábrica estão focados apenas em produtividade e o número de colaboradores deve continuar no patamar atual.
“Em Santa Catarina, nós absorvemos melhor esses momentos de crise. Há um apoio institucional e um conhecimento de gestão mais disseminado no Estado”.
José Antonio Franzoni
CEO da Artefama
Inovação
Enquanto o consumidor evita novas despesas e para de comprar, o mercado esfria, as empresas diminuem a produção e, consequentemente, especula-se mais sobre a crise econômica. Essa é a percepção de Gilmar Rogério Sprung, diretor-presidente da Cativa Têxtil, de Pomerode, no Vale do Itajaí.
– É um efeito psicológico. Mesmo quem está empregado prefere aguardar um pouco porque tem medo que o problema chegue ao seu bolso – explica.
Se por um lado o consumidor passa a economizar, por outro as empresas precisam inovar e buscar novas oportunidades.
O cenário nacional fez a Cativa repensar o modo de se apresentar ao mercado para escapar da recessão. Desde 2008, quando as maiores economias globais começaram a declinar, a empresa cresceu em média 20% ao ano.
A estratégia da marca é sair do macro para se voltar ao micro, buscando diferenciação de produtos e se aproximando dos clientes para conquistar um mercado cativo. Com foco no varejo multimarcas para as classes B e C, a Cativa possui hoje 14 mil pontos de venda em todo o país, mantendo todos os 2,1 mil funcionários empregados.
– O importante é se relacionar bem. O cliente vai comprar menos? Então vamos alinhar as compras com ele e ajudar a fazer a escolha certa – acrescenta Sprung.
O executivo acredita que a crise atual é diferente e maior do que a de 2008, por ser interna, e se percebe um mercado mais competitivo em todos os setores. Porém, a ideia é continuar com a mesma estratégia: buscar novos públicos e ampliar os pontos de vendas.
“O importante é se relacionar bem. O cliente vai comprar menos? Então, vamos alinhar as compras com ele e ajudar a fazer a escolha certa”.
Gilmar Rogério Sprung
Diretor-presidente da Cativa Têxtil
Fonte: Cadu Caldas, Gabriel Rosa E Thiago Santaella/Diário Catarinense
Sujou. – Coluna Cacau Menezes 19.4.15
Auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Estado no programa A Casa é Sua, da Companhia de Habitação do Estado (Cohab), revelou uma série de irregularidades que podem atingir a cifra de R$ 2 milhões em prejuízo aos cofres públicos. No relatório, o presidente da Companhia, Ronério Heiderscheidt, é acusado de não ter cobrado taxa administrativa dos mutuários que aderiram ao programa, deixando de arrecadar R$ 989,5 mil. Além disso, o TCE pede explicações sobre a despesa de R$ 876 mil em publicidade, valor considerado excessivo e que “contraria os fins e interesses públicos, revelando que o administrador [Ronério] não agiu com o cuidado e a diligência que a função exige”.
Fiscalização
A exemplo do que fez na Páscoa, o Departamento de Transportes e Terminais (Deter) está intensificando a fiscalização de ônibus e vans neste feriadão de Tiradentes. Objetivo é conferir a situação dos veículos averiguando licenças, documentação e estado de conservação. Cerca de 30 fiscais percorrem as principais rodovias do Estado desde sexta e vão até terça-feira.
19 de abril de 2015 | N° 10623
ESTELA BENETTI
Palhocenses na era da inovação
Contribuintes de Palhoça que pagam Imposto sobre Serviços (ISS) serão sócios de empresas inovadoras. Esse é um dos principais projetos da gestão do prefeito Camilo Martins (PSD) e a aposta do secretário de Desenvolvimento Marcelo FEtt (foto) para mudar o perfil da economia do município.
Que mudanças vocês estão adotando para mudar o perfil da economia de Palhoça
Marcelo Fett – Estamos estruturando uma política de desenvolvimento econômico para o município pautada em três linhas de atuação principais: a geração de investimentos por meio do fomento ao empreendedorismo inovador, criação de plataforma de promoção e atração de investimentos e a modernização da gestão administrativa e da infraestrutura. A expectativa é que a atuação da administração municipal se dê, não apenas por meio da articulação dos empreendedores com governo, universidade e iniciativa privada, mas também oferecendo suporte a esses empreendedores e seus potenciais parceiros ou investidores.
Como o município está mudando a gestão?
Fett – Estamos estabelecendo metas e métricas para avaliar os avanços. O projeto inicial é com o pessoal da fiscalização. Eles estavam recebendo 100% de produtividade. Reduzimos para 50%, mas estabelecer metas que podem permitir ganhos de até 200%. Quem trabalha mais, vai ganhar mais. E a ideia é expandir isso para outros setores da prefeitura municipal.
Vocês lançaram a Nota Fiscal Palhocense para arrecadar mais ISS. Como vai funcionar?
Fett – Ela transforma cada contribuinte em fiscal de tributos. O projeto ainda deve ser aprovado pela Câmara. Hoje, a maioria das pessoas vai ao cabeleireiro e não pede nota fiscal, faz o mesmo no estacionamento e em outros estabelecimentos. Com a nota, as pessoas cadastram seus CPFs e de todo o ISS que arrecadam, ganham 30% de crédito. Desse montante, 18 pontos percentuais elas podem podem abater do IPTU. Depois, de um determinado período, poderão ter o dinheiro de volta. E sobram os 12 pontos percentuais.
A outra parte do dinheiro do ISS, os 12 pontos percentuais, vão para um fundo de inovação. Como será o fundo?
Fett – No primeiro ano ele deverá arrecadar R$ 2,8 milhões. Esses recursos vão para empresas inovadoras instaladas no município de Palhoça. No Sinapse da Inovação, por exemplo, o investidor apresenta o projeto e o governo do Estado dá R$ 60 mil. Com o nosso fundo de inovação a empresa apresenta o projeto, o conselho avalia se é inovador, dá R$ 60 mil, só que o investidor devolver parte da empresa para o fundo. Com isso, cada cidadão que pedir nota fiscal de Palhoça vai se tornar investidor, ou seja, sócio de uma empresa inovadora. O nosso sonho é que ao final de 365 dias ele receba uma cartinha dizendo que a cota do seu fundo de inovação vale R$ 150 e tem R$ 25 para receber. Nós atraimos a Welle Laser, que está saindo da incubadora Celta. Ela contará aportes do nosso fundo que devem chegar a R$ 100 mil.
Como esse projeto é visto?
Fett – Muitos municípios querem copiar e o BNDES ofereceu parceria. Diretores da instituição disseram que a BNDESPar também poderá ser sócia das empresas se participar da avaliação.
–
“Cada cidadão que pedir nota fiscal de Palhoça vai se tornar investidor, ou seja, sócio de uma empresa inovadora. O nosso sonho é que ao final de 365 dias ele receba uma cartinha dizendo que a cota do seu fundo de inovação vale R$ 150 e tem R$ 25 para receber.”
Marcelo Fett – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Palhoça
20 de abril de 2015 | N° 10624
ESTELA BENETTI
Empresas de SC na bolsa lucram mais
A economia brasileira não oferece céu de brigadeiro este ano, mas parte das companhias abertas de Santa Catarina conta com boas reservas para enfrentar turbulências. Os resultados abrangentes das 22 empresas do Estado listadas na BM&FBovespa apontam que em 2014 elas somaram saldo de lucro líquido de R$ 5,454 bilhões, montante 35,29% superior ao do ano anterior, 2013, quando alcançaram R$ 4,031 bilhões. Dá para concluir que este foi o maior resultado conjunto da história dessas companhias. Os setores que puxaram o lucro para cima foram agronegócio, energia, metalmecânico e cerâmico. No setor têxtil, algumas empresas tiveram prejuízos e outras tiveram lucro (veja o quadro nesta página). O saldo do ano passado resultou da diferença do lucro de R$ 5,823 bilhões frente a prejuízo de R$ 369,140 milhões. No ano anterior, o lucro das catarinenses somou R$ 4,274 bilhões e o prejuízo, R$ 243 milhões. Foram consideradas as companhias que estavam ativas no final de 2014 e tinham demonstrações financeiras publicadas. O grande salto foi o da gigante BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão. A empresa, comandada por Abilio Diniz e Claudio Galeazzi fechou 2014 com lucro líquido de R$ 2,224 bilhões, 109% superior ao de 2013. Colaboraram para esse resultado o bom cenário do setor, com preços favoráveis no mercado externo e baixo custo de insumos, mais os cortes de custos promovidos pela nova gestão e a consolidação da sinergia da unificação das atividades da Sadia e Perdigão. Em segundo lugar, veio a Tractebel, que lucrou R$ 1,383 bilhão, resultado um pouco inferior ao de 2013, quando obteve R$ 1,436 bilhão. A multinacional geradora de energia, apesar das dificuldades, mostrou estabilidade nas suas atividades e garantiu resultado positivo aos seus acionistas. Outra empresa que confirmou a força da sua atuação diversificada foi a WEG, produtora de tecnologias para o setor de energia. Fechou 2014 com lucro líquido de R$ 962,3 milhões, acima do obtido no ano anterior.
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As duas estatais catarinenses presentes na BMF&Bovespa, a Celesc e a Casan, conseguiram salto em seus resultados ano passado. A Celesc obteve lucro líquido de R$ 513,6 milhões, 158% superior ao de 2013, quando registrou R$ 198,9 milhões. Segundo a empresa, isso foi possível com ajustes por ativos/passivos regulatórios e efeitos não recorrentes. A Casan fechou 2014 com lucro líquido de R$ 74,734, 80% superior ao do ano anterior, que ficou em R$ 41,584 milhões.
A empresa reduziu custos e ampliou a oferta de água e esgoto, mas o salto no lucro veio principalmente pela reversão da provisão relativa a ação judicial da Fundação Casan (Fucas).
Negócio promissor
Tendências do mundo desenvolvido apontam que o mercado de bikes vai crescer de forma exponencial. Atenta a isso, a Soul Cycles, indústria de Itajaí, lançou produtos exclusivos e um selo para revendas autorizadas, o Soul Cycle Hub em loja de Florianópolis e que será difundido pelo país. Na foto, André Maior, presidente da Soul Cycles, e Erni Meira (D) referência no ciclismo catarinense.
Já investiu
O troca-troca na Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável causou um curioso equívoco na reunião de quarta do conselho deliberativo do Prodec. Os conselheiros teriam aprovado incentivo para investimento de R$ 46 milhões da C-Pack, de São José. Mas a companhia informou à coluna que já fez esse investimento há uns três anos.
20 de abril de 2015 | N° 10624
SÉRGIO DA COSTA RAMOS
Feriadão é lucro
Feriado é coisa bem brasileira, prática bem feijão-com-arroz, assim como o chamado “ponto facultativo”. Se é facultativo, por que será que ninguém ousa optar por trabalhar?
Sempre que há um feriadão, seja no Carnaval, na Páscoa ou este, dedicado a Tiradentes, a pátria fiscal agradece: é lucro certo. Sem sessões plenárias e sem funcionar durante semanas, só em cafezinho o Congresso economiza uma fábula – e ainda deixa de criar novas despesas.
Considerar feriadão um certo estigma de “mandriagem” faz parte da mal disfarçada baixa estima do brasileiro, dono de um robusto complexo de culpa ao comparar-se com os povos do capitalismo avançado. Europeus e americanos também adoram feriadões – e sem culpa.
Feriado sempre é bom, chova ou faça sol. As pessoas ficam mais felizes, saem para jantar, festejar, inventam viagens e acabam movimentando a economia tanto ou mais do que se continuassem fingindo trabalho numa burocracia qualquer.
A data de amanhã, esquecida por muitos, é duplamente heróica: nela, Tiradentes perdeu o pescoço e o doutor Tancredo Neves um divertículo e a vida. Os dois libertadores só não desconfiavam que a República com que sonhavam acabaria transformada numa irremediável Cleptocracia…
Maio não promete menos. Já começa com o Primeiro de Maio, dia do Trabalho, comemorado no maior ócio. Depois vem um feriadão religioso, Corpus Christi, a quinta-feira perfeita para se inaugurar um feriadão.
Que o Senhor nos perdoe por associar a Sua procissão ao “far niente”, ainda mais quando se leva em conta a crença de que a mandriagem foi inventada pelas oficinas de Lúcifer. Mas Cristo é o campeão do perdão e saberá compreender que não comete pecado quem descansa – não fosse a preguiça uma falta do tipo puramente venial.
Apesar dessa aparente “mandriíce”, nem se pense que o brasileiro médio trabalha pouco. Na verdade trabalha muito mais do que os donos do planeta, os “rentistas” lá do Hemisfério Norte.
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Não bastasse essa diferença, nossos feriadões começaram a se desidratar. Na virada do século 21 a Secretaria para o Ofício da Fé, autoridade eclesiástica do Vaticano, “descarimbou” o feriado alusivo à nossa santa padroeira, Santa Catarina de Alexandria, mantendo no altar a Santa Catarina de Médici.
Talvez porque, com esta maldita fama de que o Brasil é um país de “descuidistas”, já não gozemos do mesmo prestígio político junto ao Homem lá de cima.
No futebol, sabe-se, Ele já deixou de ser brasileiro faz tempo.