Conhecida pelas belezas naturais e vista privilegiada, a Serra Dona Francisca, trecho da SC-418, que liga Joinville ao Planalto Norte de Santa Catarina, recebe turistas diariamente que buscam observar a área verde que circunda a estrada. Por outro lado, a rodovia também é famosa pelo trajeto sinuoso, principalmente nos pontos mais altos, onde apresenta curvas que exigem atenção redobrada dos motoristas.
A estrada voltou a ser o palco de uma tragédia no último sábado após a queda do ônibus de turismo na última curva, onde há o risco de o veículo despencar serra abaixo. Não houve chance para muitos passageiros escaparem ilesos da tragédia, que matou 51 pessoas – até o fechamento desta edição, seis sobreviventes ainda estavam internados em hospitais de Joinville.
A curva em que o ônibus se perdeu não é um local comum para ocorrer acidentes, afirma o major Mauro Palma Rezende, supervisor da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e que coordenou a operação de retirada do veículo da ribanceira. O oficial trabalhou na Serra Dona Francisca entre 2004 e 2008 e recorda de apenas um acidente envolvendo um caminhão ocorrido no mesmo trecho da tragédia do fim de semana. Para o major, o que pode tornar a curva perigosa é o fato de ser uma das últimas da serra, quando o freio do veículo já está sobrecarregado.
– Se o motorista não tem atenção desde o início da descida, sobrecarrega o sistema de freio e é o momento em que superaquece e endurece o óleo, deixando o veículo sem freio – explica.
Neste ano, 53 pessoas morreram na Serra Dona Francisca, no trecho de 68 quilômetros entre Joinville e Campo Alegre. O número se aproxima do total de vítimas fatais acumulado nos últimos quatro anos, quando houve 60 mortes.
Fonte: Hassan Farias – Diário Catarinense
Problemas da estrada
Em maio do ano passado, o Grupo RBS percorreu o trecho da Serra Dona Francisca entre o posto da Polícia Militar Rodoviária, em Campo Alegre, até Joinville na companhia de um policial rodoviário. O objetivo era descobrir quais os pontos mais perigosos da rodovia. O resultado apontou para uma curva no alto da serra, outro obstáculo na localidade do Rio do Júlio e a primeira curva para quem desce a SC-418.
Curiosamente, o trecho que vitimou 51 pessoas no último sábado não apareceu entre os que ofereciam mais perigo aos motoristas. O major Mauro Palma Rezende explica que, apesar de ser difícil avaliar quais os pontos mais perigosos da rodovia, o trecho não é o local com mais acidentes em toda a Serra Dona Francisca. Segundo ele, as curvas sinuosas certamente são onde ocorrem as colisões mais graves.
– Podem ter acontecido vários acidentes em outros pontos, mas nenhum do tamanho desse com o ônibus – afirma.
Hoje a rodovia tem sinalização encoberta pela vegetação em vários trechos, e a fiscalização eletrônica está desativada devido a entraves judiciais na contratação de radares. Mesmo com os problemas estruturais, 99% dos acidentes envolvem imprudência dos motoristas, acredita Rezende.
– A rodovia poderia estar melhor? Sim. Mas se ela não está em bom estado, o motorista tem que observar e se adequar. Se não fosse assim, todo veículo sofreria acidente aqui – ressalta.
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“Se o motorista não tem atenção desde o início da descida, sobrecarrega o sistema de freio e é o momento em que superaquece e endurece o óleo, deixando o veículo sem freio. A rodovia poderia estar melhor? Sim. Mas se ela não está em bom estado, o motorista tem que observar e se adequar. Se não fosse assim, todo veículo sofreria acidente aqui”
Mauro Palma Rezende – Supervisor da Polícia Militar Rodoviária
Pontos mais perigosos |
1º PONTO: ALTO DA SERRA |
Neste local, ocorreram mais acidentes com caminhões, principalmente de carga mais alta, como os que carregam contêineres, madeira ou grãos. Segundo a PMRv, é comum os motoristas entrarem na curva em velocidade acima do permitido e, após concluírem o obstáculo, não conseguirem controlar o caminhão. A carga escorrega para o lado e faz com que o veículo tombe ou se envolva em acidentes. Logo após a curva, para quem desce a rodovia, há uma área com terra onde é possível ver marcas de acidentes, como restos de carga e partes de caminhões quebrados. |
2º PONTO – LOCALIDADE DO RIO DO JÚLIO |
É o trecho de maior índice de mortes e onde mais se repetem acidentes. É nessa curva onde ocorrem mais colisões, geralmente pela imprudência dos motoristas em relação à velocidade. Segundo a PMRv, em média, são no mínimo três mortes por ano nesse ponto. |
3º PONTO – PRIMEIRA CURVA DA SERRA |
É o local onde ocorrem mais acidentes com caminhões de cargas pesadas. Os motoristas descem em alta velocidade e não conseguem segurar o veículo na curva. Nesse trecho, há uma faixa de terra, com pedaços de madeiras e restos de caminhão. As pessoas envolvidas em acidente na primeira curva da serra geralmente são as que conhecem bem o local e acabam subestimando o percurso. |
Fonte: Hassan Farias – Diário Catarinense
Na pista
Os caminhoneiros resolveram dar uma trégua ao governo federal até o dia 26 de março, quando está marcada uma reunião em Brasília. Um dos líderes do movimento em Santa Catarina, Vilmar Bonona, disse que a categoria vai cumprir o acordado. No domingo, muitos participaram das manifestações como cidadãos. Bonona defendeu que a mobilização de domingo ajuda na negociação da pauta da categoria, como os pedidos para rever o preço do frete, desoneração dos combustíveis e construção de locais para parada de descanso.
– Com certeza, esta pressão ajuda, pois ninguém vai querer que voltemos a nos mobilizar.
Fonte: Rafael Martini – Diário Catarinense
A Ponte
A Ponte Anita Garibaldi, que nem foi inaugurada, já apresenta problemas. O próprio DNIT de Santa Catarina emitiu nota admitindo que um dos pilares apresentou problemas e está sendo consertado pela Camargo Corrêa, a empreiteira que lidera o consórcio construtor. As obras estão quase parando. Desde dezembro o Governo federal não paga os serviços.
Fonte: Moacir Pereira – Diário Catarinense
Obras para atrair navios gigantes
Mais um passo para viabilizar a chegada de navios gigantes aos terminais do Complexo Portuário de Itajaí. Foi dado ontem. O governador Raimundo Colombo assinou a ordem de serviço para as obras da nova bacia de evolução, que atenderá os portos de Itajaí e Navegantes e está orçada em R$ 103,9 milhões, com recursos do Estado. Na prática é a primeira etapa de abertura de uma nova área de manobras que permitirá receber navios maiores w mais carregados, com até 366 metros de comprimento. Hoje o limite é 305 metros.
Fonte: Estela Benetti – Diário Catarinense