Rio de Janeiro 13.11.14 – O reajuste de 5% no preço do litro do diesel já deixou a feira do consumidor quase 2% mais cara no Rio. O principal motivo é o repasse do custo pelas transportadoras. Dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostram que os legumes já estão, em média, com preços 1,74% mais altos e as hortaliças e verduras, 1,05%. Aves e ovos seguem na terceira colocação com impacto de 0,8% no valor final para o consumidor.
Estudo da CNC, feito a pedido do DIA, revela ainda que os preços dos alimentos consumidos nos domicílios sofreram correção de 0,53% de forma imediata. Os eletrodomésticos tendem a ser reajustados a partir de janeiro.
“Na maioria dos alimentos o impacto é instantâneo, já que, por serem produtos perecíveis, os comerciantes não trabalham com estoque. Sobre os gastos com alimentação fora do lar (restaurantes), a alta será de 0,14%, por ser um setor em que o frete é apenas um dos muitos custos envolvidos”, explica o economista da CNC, Fabio Bentes.
Sérgio Marcolini, presidente da Ceasa, minimiza o impacto no bolso do consumidor. “Esta alta será pequena. A caixa do tomate, por exemplo, esta semana está em média a R$ 50. Desse total, de R$ 2 a R$ 3 são relativos ao frete. Ou seja, um valor de baixo impacto. No início também será difícil mensurar se a alta é em função do diesel ou da variação normal dos produtos hortifrutigranjeiros que têm uma oscilação grande de preços de uma semana para a outra por conta de safras, condições de clima e oferta”, explica Marcolini.
Roupas, com 0,12%, e eletrodomésticos (0,22%) são os itens do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) com menor influência do aumento do combustível. “Para os eletrodomésticos, o aumento só deve ser sentido de dois a quatro meses”, acrescenta Bentes.
A aposentada Maria Rodrigues, 76 anos, ainda não sentiu a alta dos preços. “Acho que é questão de tempo. É bem provável que nas próximas compras a conta seja maior”, disse. Já a esteticista Barbara Besse, 65, reclamou do valor das frutas que, pela pesquisa da CNC, tiveram alta de 0,22%. “Reparei que a uva e a manga ficaram bem mais caras”, reclamou.
Nove itens com aumento
Economista da CNC, Fabio Bentes avalia que a alta do diesel terá influência na inflação dos alimentos no próximo mês. “Nove dos 13 itens que compõem os cálculos do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo tiveram aumento imediato com o reajuste do combustível. Ao passo que os bens de consumo duráveis tendem a ser mais impactados adiante. Juntos esses produtos respondem por quase 40% do índice oficial de inflação”, explicou Bentes.
Levantamento da CNC mostra ainda que as despesas com alimentação no domicílio representam 16% do orçamento familiar. “Ou seja, de cada R$ 100 gastos, R$ 16 são com compras em supermercado”, informou.
O transporte escolar está dentro dos nove itens do IPCA que terão aumento repassado imediatamente com o reajuste do diesel. Dados da CNC mostram que a alta é de 0,43%.
Fabio Bentes aponta que o Natal de 2014 será o de pior índice de crescimento de vendas dos últimos 10 anos. A previsão é de apenas 2,6%. “Em 2003, foi de 4%. Nos anos seguintes, os índices sempre vieram acima disso. Em 2012 foi de 8,1% e 2013 de 5,1%, só para exemplificar os dois últimos anos”, comentou o economista. “O consumidor está sem margem para fazer extravagância e com medo de fazer dívidas”, acrescenta Bentes.
Fonte: O Dia