Ponte de Laguna está pronta para ser inaugurada

Ponte de Laguna está pronta para ser inaugurada

Ponte Anita Garibaldi tem 2,8 mil metros de extensão (Franciele Fernandes/Divulgação/JC)

Uma importante obra dentro do processo de duplicação da rodovia BR-101, no trecho catarinense, está prestes a ser entregue oficialmente. A ponte Anita Garibaldi, mais conhecida simplesmente como ponte de Laguna, aguarda apenas a vinda da presidente da República, Dilma Rousseff, para a realização da cerimônia de inauguração.
De acordo com a prefeitura lagunense e o Dnit, Dilma informou que deve estar no município para o evento na quarta-feira, dia 15. “Ela afirmou que é uma obra muito importante para o governo federal e ela quer andar sobre a ponte”, descreveu o prefeito de Laguna, Everaldo dos Santos. A estrutura, erguida sobre o canal de Laranjeiras, contou com recursos da União (na ordem de mais de R$ 600 milhões) e foi realizada pelo Consórcio Camargo Corrêa, Aterpa M. Martins e Construbase.
O presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Conclusão das BRs 101 e 285, deputado federal Ronaldo Benedet (PMDB/SC), ressalta que o empreendimento é fundamental. “Para os gaúchos então é muito importante, porque, em cada feriado, o pessoal fica horas nos engarrafamentos”, brinca o parlamentar.
Benedet recorda que as obras da ponte de Laguna foram lançadas em março de 2012, também com a presença da presidente Dilma, e iniciadas em julho daquele ano. O deputado acrescenta que a previsão inicial era de que o complexo fosse concluído em 15 de maio de 2015. “Então, é um atraso razoável para uma obra no Brasil”, atenua o deputado.
Benedet lamenta que a burocracia envolvendo, principalmente, os licenciamentos estão atrasando o desenvolvimento da infraestrutura nacional. No caso específico da ponte, o parlamentar diz que o pequeno retardamento foi causado pela falta de recursos, que atrasou pagamentos.
Mas o restante das obras da BR-101, conforme Benedet, enfrentou trâmites em órgãos como Ibama, Funai, TCU, Ministério Público, entre outros. O deputado enfatiza ainda que, assim como turistas e a população local, muitas cargas de todo o Brasil passam pela região, e a rodovia é de extrema relevância para o Mercosul.
A duplicação da estrada em Santa Catarina compreende o segmento entre as cidades de Palhoça e Passo de Torres, com uma extensão total de 238,35 quilômetros. O investimento estimado na rodovia é de aproximadamente R$ 2 bilhões. Somada à ponte de Laguna, outra obra dentro do contexto da duplicação da BR-101 no trecho catarinense é a ponte sobre o rio Tubarão. Benedet informa que essa estrutura deve ser finalizada por volta de fevereiro de 2016.
O túnel do Morro do Formigão, também localizado em Tubarão, está concluído e pronto para entrar em fase de testes. Porém, o trânsito ali deverá ocorrer em pista única até o término da ponte sobre o rio Tubarão, projeta o deputado.
“Mas, neste ano, não deve ter mais filas, os gaúchos podem ficar tranquilos, porque, dentro de Tubarão, têm vários desvios para passar”, ressalta. Para Benedet, a grande obra que ainda precisa ser feita é o túnel do Morro dos Cavalos (em Palhoça). O parlamentar comenta que o empreendimento custa cerca de R$ 700 milhões e deve demorar aproximadamente cinco anos para ser concretizado.

Cartacterística: A primeira ponte estaiada (suspensa por cabos) em curva do Brasil, está situada em Laguna. O comprimento total da ponte é de 2.830 metros. A largura é de 24,1 metros no trecho corrente e 26,3 metros no lado estaiado. Ao todo, o empreendimento possui 52 vãos, 136 estacas escavadas e 716 aduelas pré-moldadas. O trecho possui duas pistas de rolamento com duas faixas de 3,6 metros de largura e acostamento de 3 metros. Os valores investidos ultrapassam os R$ 600 milhões. (Fonte: Prefeitura de Laguna).

Anita Garibaldi é a segunda maior ponte estaiada do Brasil

Com seus mais de 2,8 mil metros de extensão, a Anita Garibaldi é a segunda maior ponte estaiada (suspensa por cabos) do Brasil. A estrutura somente é superada pela ponte Rio Negro, com 3.595 metros, localizada no estado do Amazonas. Além disso, o presidente da Câmara de Transportes e Logística da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, reforça que o empreendimento de Laguna é uma obra de arte inovadora, estaiada em curva (a primeira a ser feita desse modo no País).
“Passa a ser uma referência na área de engenharia”, celebra o dirigente. Sobre a magnitude da ponte de Laguna, o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), Pedro Lopes, frisa que se trata de uma das maiores obras recentemente encaminhadas na região Sul do País. O dirigente prevê que a estrutura deverá impulsionar o desenvolvimento econômico de todo o Mercosul e, especialmente, sustentar a perspectiva de um crescimento fantástico para a área de turismo.
Lopes destaca que a nova ponte facilitará a circulação do trânsito na BR-101, que abrange caminhões que movimentam carga geral. A duplicação da rodovia também favorecerá os portos dos arredores, especificamente o de Imbituba. Entre as mercadorias que são deslocadas pela BR-101, encontram-se itens ligados à indústria de cerâmica, grãos, arroz, mel, entre outros.
“E, na questão do turismo, não tem como contestar, essa será a forte ligação com as praias”, diz Lopes. Ele justifica que os congestionamentos ocasionados com a pista simples afugentam muitos turistas provenientes mais do Sul. O integrante da Fetrancesc projeta que o turismo catarinenses irá crescer não somente em relação às pessoas que vêm do Rio Grande do Sul, mas também as que são oriundas do Uruguai e da Argentina.
Quanto à ponte que antecedeu a Anita Garibaldi, Lopes esclarece que a estrutura permanecerá ativa para servir, principalmente, de ligação com a comunidade que vive no local. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), Afrânio Kieling, concorda que a finalização da ponte de Laguna trará muitos benefícios, entre os quais o empresário cita a diminuição no tempo de viagens, o que aumentará a competitividade da economia regional. O dirigente salienta que as obras da BR-101, como um todo, já deveriam ter sido concluídas há mais tempo.

Preocupação de usuários é quanto ao valor dos pedágios
Muito provavelmente, a conservação da BR-101 duplicada será feita através da implantação de pedágios no Sul catarinense. Confirmando-se a instalação das praças na rodovia, a maior apreensão dos transportadores de cargas é quanto aos preços que serão estipulados. O presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Conclusão das BRs 101 e 285, deputado Ronaldo Benedet, alerta que a manutenção da estrada já era para estar sendo feita.
O deputado não é contrário à introdução do pedágio para que seja tomada essa ação. “Ninguém reclama do pedágio de Santa Catarina, que não é caro, é barato, é de R$ 1,90”, aponta. Sobre a inserção de pedágios na rodovia, o presidente do Setcergs, Afrânio Kieling, admite uma iniciativa dessa natureza, desde que sejam deixados claros o objetivo e as responsabilidades da praça. “O sindicato não é contra o pedágio, ele é contra o modelo injusto, se for com preço justo, ok”, afirma o dirigente.
Outro ponto enfatizado por Kieling é que os valores arrecadados precisam ser, efetivamente, empregados na manutenção da estrada ou da ponte. O presidente do Setcergs reitera que a BR-101 concentra o deslocamento da produção gaúcha que segue para o Centro do País.
A expectativa do presidente da Fetrancesc, Pedro Lopes, também é sobre a forma de concessão para a conservação da rodovia. “Não é apenas você construir e deixar ali (a duplicação e a ponte), tem que estabelecer um cronograma de manutenção, e esse trecho está incluído nas possíveis concessões que virão”, alerta o dirigente.
Lopes acrescenta que a Fetrancesc e os transportadores catarinenses e gaúchos estão atentos para que não sejam estipuladas tarifas elevadas, muito distintas das praticadas atualmente em Santa Catarina. O dirigente argumenta que o número de praças a serem instaladas dependerá do espaço de separação entre os pontos escolhidos.
“Se vierem na faixa de 60 a 70 quilômetros, que é o que se pratica nessa região, teremos mais praças; contudo, se for estabelecido dentro de 100 quilômetros e um prazo de concessão de 30 anos, isso se modifica”, projeta Lopes. O presidente da Fetrancesc acredita que a quantidade de pedágios deverá girar em torno de quatro praças.

Fiesc calcula perdas bilionárias com demora na duplicação

“Para Santa Catarina, apesar do prejuízo de não ser concluída antes, é um alento o encaminhamento do fim da duplicação da BR-101”, comemora o presidente da Câmara de Transportes e Logística da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar. A estimativa da entidade é que o fato da BR-101 não estar duplicada, entre os anos de 2005 e 2012, fez com que a economia deixasse de gerar em torno de R$ 32,7 bilhões em riquezas.
Aguiar reforça que as obras de duplicação da BR-101 em Santa Catarina começaram em meados da década passada, sendo que a estrada é considerada como um eixo indutor do desenvolvimento do Sul do Brasil. Ele chama a atenção sobre a questão que, se não fosse feita a nova ponte de Laguna, todo o potencial da duplicação dessa rodovia não seria aproveitado. “A travessia em Laguna era um enorme gargalo, que impactava negativamente toda a região”, destaca Aguiar. “Agora, haverá um incremento da economia, principalmente, do Sul catarinense.”
Sobre uma das ações que ainda precisam ser finalizadas, Aguiar diz que, no caso da ponte sobre o rio Tubarão, conforme o Dnit, as obras continuam e deverão ser entregues até o começo do próximo ano. Já a situação do túnel do Morro dos Cavalos é mais complicada, adverte, pois há reflexo em uma colônia indígena. Ele afirma que a Funai está colocando uma série de impedimentos que estão atrapalhando tanto essa obra rodoviária, como investimentos no modal ferroviário.
O representante da Fiesc defende que é preciso resolver o quanto antes esse tema com o governo federal, porque se trata de uma obra de interesse do setor econômico e para a segurança dos motoristas. Para Aguiar, inaugurada a ponte, deve ser feito, urgentemente, um trabalho de recuperação da pavimentação, gasto devido ao uso excessivo e à falta do controle do peso das cargas transportadas pelos caminhões.
Conforme o dirigente, a estrada apresenta deterioração bem acentuada em trechos duplicados. Aguiar argumenta que o investimento em manutenção tem o retorno ao evitar perdas como, por exemplo, pneus que furam ou eixos de veículos que quebram ao passar por buracos.

Fonte: Jornal do Comércio (Jefferson Klein)

Compartilhe este post