Presidente da CNT Clésio Andrade fala sobre formalização do mercado de trabalho na OIT

Presidente da CNT Clésio Andrade fala sobre formalização do mercado de trabalho na OIT

Genebra, Suíça, 10.6.15 –  O presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, proferiu, nesta quarta-feira, 10 de março, discurso na 104ª Conferência Internacional do Trabalho, da Organização Internacional do Trabalho (OIT).  Andrade é o delegado representante dos empregadores brasileiros na Conferência Internacional do Trabalho, em Genebra, na Suíça e o presidente da Fetrancesc, Pedro Lopes, participa como subdelegado no encontro, que reúne representantes de 185 nações.
Lopes que acompanha desde ontem, com o discurso do Ministro do Trabalho do Brasil, Manoel Dias e das reuniões tripartites (empregadores, governos e empregados) e hoje com a fala de Andrade, considera o debate sobre as relações de capital e trabalho muito proveitosas, porque mostram que é possível avançar. Segundo Lopes, o discurso do presidente da CNT foi muito bem recebido pelos participantes da Conferência.
Em nome da delegação empregadora brasileira, Andrade falou sobre proteção do trabalho e desenvolvimento econômico, abordou as condições econômicas do Brasil e defendeu medidas pela a redução da informalidade no mercado de trabalho.

Leia a íntegra do discurso:

“Senhora Presidenta!

Senhoras e Senhores,

É com grande satisfação que saúdo, em nome dos empregadores brasileiros, os participantes desta conferência. Sinto-me honrado em participar de um evento dessa importância e estar diante de autoridades tão expressivas. A grande maioria das nações do mundo globalizado se ocupa em discutir a proteção ao trabalho como uma das precípuas preocupações sociais.

Ocorre que já está assentado em inúmeros estudos econômico-sociais, oriundos de grandes universidades internacionais, que proteção ao trabalho e crescimento econômico não são elementos dicotômicos e, sim, conexos.

Faz-se imprescindível o equilíbrio entre esses elementos.

Um não prejudica o outro; ao contrário, pode exercer influência positiva sobre o outro, contribuindo para o desenvolvimento social almejado. Todos sabemos o quanto é importante e fundamental um diálogo social franco, aberto e transparente, em especial no mundo do trabalho.

Muitas vezes, a tão temida e refutada flexibilização trabalhista atinge o objetivo da promoção da dignidade da pessoa humana de forma mais abrangente do que a pura tutela.

Observamos, claramente, que a tutela nem sempre promove a justiça e que muitas nações já passaram a enxergar além da simples tutela.

Não há como negar que o excesso de regulamentação e de encargos sociais, bem como a rigidez das normas trabalhistas, acabam por inibir a geração de empregos formais.

Por outro lado, o crescimento econômico é de suma importância para atingirmos o desenvolvimento social e melhores condições de trabalho. O crescimento legítimo é aquele que gera desenvolvimento social e melhoria da qualidade de vida das pessoas em todas as áreas.

Sabemos que o Brasil passa por uma séria crise. O país priorizou a distribuição de renda, o que aumentou a capacidade de consumo interno, resultando num crescimento de arrecadação, mas não pelo aumento da produtividade.

Criou-se uma falsa sensação de crescimento econômico!

Vivenciamos uma crise energética, temos uma infraestrutura inadequada, uma logística ineficiente e um sistema tributário oneroso e pouco inteligente. Não devemos nos orgulhar do modelo Trabalhista Brasileiro, a nossa Legislação se, por um lado, representou grandes avanços para o trabalhador, por outro é burocrática, pouco eficaz e que, em alguns casos, não é nem aplicável.

Entendemos que regras são fundamentais para o controle social, para a paz e para garantir a governança. No entanto, há que se cuidar para que haja total liberdade para a negociação, respeito aos Direitos Fundamentais do Trabalho e Liberdade Sindical. O mundo mudou e com ele surgiram formas inovadoras de trabalho e de emprego.

Não propomos a quebra de direitos e, sim, a quebra de paradigmas nas contratações, porque estamos convencidos de que isso representará um visível aprimoramento dos padrões vigentes e o ajuste das relações entre capital e trabalho.

A terceirização é uma delas, pois ajuda a combater a informalidade. No caso do Brasil, temos a convicção que, através da flexibilização do trabalho, redução de encargos sociais e a terceirização, teremos o sucesso almejado.

Não se pode pensar no amanhã com regras que foram aplicadas no passado, em outra conjuntura.

As Relações de Trabalho precisam estar em constante renovação e modernização. Conviver e trabalhar com a diversidade, com a inovação e com mudanças constantes e rápidas são os maiores desafios deste século. A humanidade requer isso.

Haveremos de estar à altura deste desafio.

Confio que o debate responsável e respeitoso que empreendemos aqui dará frutos que se constituirão em novos alicerces do mundo do trabalho e do emprego, para o bem e para o progresso da Humanidade.

Muito obrigado!”

Para ouvir o discurso, clique aqui.

Agência CNT de Notícias/com imprensa Fetrancesc.

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