Clipping Imprensa – Acidentes matam 15 no fim de semana

Clipping Imprensa – Acidentes matam 15 no fim de semana

Florianópolis, 7.3.16 – O fim de semana mais uma vez foi de tristeza em razão da matança no trânsito catarinense. Foram ao menos 15 mortes em acidentes apenas nas rodovias federais do Estado. No mais grave, cinco pessoas morreram em uma colisão frontal entre dois veículos na tarde de sábado, na BR-282, em Campos Novos, Meio-Oeste (veja ao lado).
O tamanho da tragédia nas estradas do fim de semana chamou a atenção da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e de socorristas que prestam serviços em ambulâncias. Em somente dois dias o número de vítimas fatais esteve perto, por exemplo, do que foi contabilizado em cinco dias do feriadão do último Carnaval, quando 19 mortes foram registradas nas BRs catarinenses.
O Diário Catarinense não conseguiu contato por telefone no domingo com os inspetores do setor de comunicação social da PRF, mas conversou com policiais que estavam de plantão em postos espalhados pelo Estado.
– Em alguns acidentes morreram muitas pessoas, isso fez a estatística destoar. A maioria das mortes aconteceu no Oeste (na BR-282) em pista simples, por atropelamentos ou ultrapassagens. O baixo movimento faz o pessoal querer andar e ultrapassar mais – analisou um dos policiais ouvidos.
O DC contabilizou ao menos oito acidentes graves nas BRs de SC entre a madrugada de sábado e a manhã deste domingo. Em apenas dois deles, foram oito vítimas fatais. Só na BR-282, que corta Santa Catarina, foram registradas 10 mortes, sendo seis na tarde de sábado, duas no domingo de madrugada e duas pela manhã.

Os acidentes com morte em rodovias federais

Chapecó, 1 morte
Um jovem de 19 anos morreu numa batida frontal na BR-282, em Chapecó, no Oeste, na manhã de domingo, em uma batida entre um carro e uma moto, na altura do km 546. A identidade da vítima não foi divulgada.

Ibirama, 2 mortes
Um carro e um caminhão colidiram frontalmente na madrugada de domingo, no km 117 da BR-470, em Ibirama, no Vale do Itajaí. Duas pessoas morreram e três ficaram feridas.

Faxinal dos Guedes, 3 mortes
Um acidente na BR-282, entre Faxinal dos Guedes e Xanxerê, no Oeste, matou três pessoas e deixou outras três feridas. Todos estavam em um carro com placas de Xanxerê que capotou.

Araquari, 1 morte
Um homem ainda sem identificação morreu atropelado na BR-280, em Araquari, no Norte de Santa Catarina.

Joinville, 1 morte
Um homem de 53 anos morreu atropelado por um caminhão-guincho no km 37 da BR-101, em Joinville, no Norte.

Campos Novos, 5 mortes
Uma colisão frontal entre um Corsa e um Citröen C4 no km 327 da BR-282, em Campos Novos, no Oeste, provocou a morte de cinco pessoas. Duas estavam no C4 e três, no Corsa.

Maravilha, 1 morte
Uma pessoa morreu em uma colisão lateral na tarde de sábado no km 542,5 da BR-282, em Maravilha, no Oeste do Estado.

São Miguel do Oeste , 1 morte
Um jovem de 21 anos morreu após ser atropelado por um veículo na madrugada de sábado na BR-163, em São Miguel do Oeste, no Oeste. (Fonte: Diário Catarinense)

Desvio liberado na BR-101

Os motoristas que passam pelo trecho sul da BR-101 já percebem os avanços nas obras finais de duplicação. O DNIT liberou no fim de semana o segundo desvio da BR-101 no sentido sul-norte, em continuidade às obras de construção de pistas e viaduto na região de Tubarão, próximo ao túnel no Morro do Formigão. Na quarta-feira, o desvio lateral de sentido norte-sul também foi aberto ao fluxo de veículos. Com as obras, os moradores e quem utilizava os acessos aos bairros Cruzeiro e Sertão dos Correias precisam de atenção redobrada por causa das mudanças e dos trabalhos no local. (Fonte: Diário Catarinense – Ricardo Dias)

Queda de 3,8% do PIB: transportadores sentem impactos da recessão

O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil caiu 3,8% em 2015, frente a 2014, a maior queda desde o início da série histórica, iniciada em 1996. O resultado foi divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nesta quinta-feira (3).
A indústria teve baixa de 6,2% e os serviços reduziram 2,7%. Conforme os dados do IBGE, a categoria de transporte, armazenagem e correio teve contração de 6,5% em 2015, na comparação com o ano anterior.  Somente a agropecuária teve resultado positivo, de 1,8%. O PIB per capita apresentou queda de 4,6% e ficou em R$ 28,8 mil.
“O transporte é diretamente ligado ao que produz e ao que vende. O ano de 2015 nos surpreendeu negativamente, porque sabíamos que o ano não seria fácil. Mas foi muito mais difícil do que se esperava”, diz o presidente da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), José Helio Fernandes. “Para 2016 temos, ao menos, que tentar ter um pouco mais de otimismo. Não que vá acelerar, mas, ao menos, que dê uma estabilizada a partir do segundo semestre”, complementa. 

Queda na demanda e demissões – Pesquisas realizadas pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) revelam o impacto da recessão sobre os transportadores. No levantamento Perfil dos Caminhoneiros, que ouviu 1.066 caminhoneiros autônomos e profissionais contratados por empresas, 86,8% disseram ter percebido queda na demanda por seus serviços no ano passado e 74,1% citaram a crise econômica brasileira como motivo para o freio na atividade. Já a pesquisa Perfil dos Taxistas, que entrevistou 1.001 profissionais do país, destaca que 94,9% perceberam diminuição na demanda e 43,0% atribuíram o resultado à crise econômica.
Já a Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador, realizada pela CNT junto a empresas de transporte de todos os modais, indica que 54% estimaram redução da receita bruta no ano passado, se comparado a 2014. De acordo com o estudo, 79,1% fizeram cortes no quadro de funcionários.

Plano de Recuperação Econômica – Em dezembro de 2015, a Confederação Nacional do Transporte encaminhou ao governo federal e aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado o Plano CNT de Recuperação Econômica. As propostas são constituídas de dois pilares principais: Programa de Investimento em Infraestrutura 2015-2018, que prevê o forte incentivo à participação da iniciativa privada, e implantação do Programa de Renovação de Frota, que institui uma política de renovação e reciclagem da frota automotiva brasileira.
A estimativa é que o Programa de Renovação de Frota possa gerar pelo menos 285 mil empregos e arrecadar R$ 18 bilhões em tributos, contribuindo para o crescimento de 1,3% do PIB. Também reduzirá o consumo de combustível em 18%, além de proporcionar expressiva diminuição das emissões de poluentes.
Na área de infraestrutura, a Confederação defende a criação de um conselho gestor com representantes das áreas técnica, ambiental e política, com autonomia para analisar e aprovar projetos de infraestrutura com maior celeridade e prazo máximo definido. A CNT também aponta como necessária a desburocratização do processo licitatório por meio da ampliação do uso de RDC (Regime Diferenciado de Contratações Públicas).
Proporcionar segurança jurídica dos contratos vigentes e futuros e incentivar o uso de PMIs (Procedimentos de Manifestação de Interesse), com maior agilidade na constituição de projetos, levantamentos e estudos, também são medidas essenciais para o país.
Entre as sugestões está o conteúdo do último Plano CNT de Transporte e Logística, que prevê 2.045 projetos e R$987,2 bilhões em investimentos. “Adotar essas medidas é o caminho para que o país consiga recuperar a economia e retomar o crescimento. O governo não tem capacidade de investir tudo que o país precisa para melhorar a infraestrutura de transporte. Com isso, a participação da iniciativa privada brasileira e estrangeira é fundamental”, diz o presidente da CNT, Clésio Andrade.

Nota do Ministério da Fazenda – No final da tarde desta quinta-feira, o Ministério da Fazenda divulgou nota sobre a queda do PIB. Leia a íntegra:
“O IBGE divulgou nesta quinta-feira (3) o resultado do PIB para 2015, apontando uma queda de 3,8%. O resultado decorreu da contribuição negativa da demanda doméstica de 6,5%, enquanto a demanda externa contribuiu com crescimento positivo de 2,7%.
A queda da atividade econômica em 2015 foi fruto de vários fatores: (i) a queda dos preços das commodities, (ii) a crise hídrica que resultou em problemas de abastecimento no primeiro trimestre do ano, (iii) os desinvestimentos da cadeia de petróleo, gás e construção civil, (iv) o realinhamento de preços relativos na economia; e (v) o ajuste macroeconômico necessário.
Vários desses fatores não devem se repetir na mesma intensidade em 2016, de forma que, após ter absorvido plenamente seus efeitos, a economia poderá se estabilizar no terceiro trimestre e apresentar crescimento positivo a partir do quarto trimestre deste ano.
Alguns dos choques mencionados têm resultados positivos para a economia no longo prazo. O realinhamento de preços relativos, por exemplo, ajudou no reequilíbrio do setor externo. O ano de 2015 foi o primeiro desde 2006 em que o setor externo contribuiu de forma positiva para o crescimento.”
(Fonte: Agência CNT de Notícias)

Mais prazo para a Via Expressa Portuária

O DNIT prorrogou por mais um ano o convênio com a prefeitura de Itajaí para desapropriação dos imóveis que estão no caminho das obras da Via Expressa Portuária. A Secretaria de Urbanismo aguarda agora a liberação de R$ 11 milhões que foram empenhados pelo governo federal em 2014, mas ainda não entraram na conta do município.
Cerca de 100 imóveis terão que ser indenizados – sem o repasse, a prefeitura pouco avançou no último ano. A expectativa é que, com a liberação do dinheiro, o processo seja concluído. O prazo do novo convênio termina em fevereiro do ano que vem.
A obra da Via Expressa Portuária está parada desde 2012, quando o Exército, que era responsável pela construção, deixou o serviço porque não tinha como avançar por falta de desapropriações. Em 2014 o DNIT anunciou que licitaria as três etapas da obra em um só pacote. O edital deveria ter sido lançado no ano passado, mas por questões orçamentárias e burocráticas continua parado.
A Via Expressa Portuária é essencial para agilizar o transporte de contêineres para o Porto de Itajaí e reduzir o volume de caminhões pesados nas principais vias da cidade, evitando acidentes.

Hangar – O Grupo Poly, de Itajaí, inaugurou um hangar no Aeroporto de Navegantes. O empreendimento vai ampliar a capacidade do terminal para atender aviação geral e oferecer novos serviços, como a limpeza e, futuramente, a manutenção das aeronaves. Com o lançamento, o aeroporto dá mais um passo em busca de novas receitas comerciais. (Fonte: Diário Catarinense – Dagmara Spautz)

Tese de SC contra juros da União ganha o apoio de outros Estados

Santa Catarina ganhou apoio de outros Estados na defesa de que a renegociação das dívidas com a União deve prever descontos sobre os valores totais do débitos. Na reunião convocada pela presidente Dilma Rousseff (PT) para tratar o tema, na tarde de sexta-feira, Raimundo Colombo (PSD) voltou a defender a redução das dívidas como alternativa à disputa judicial em que o Estado questiona a aplicação de juros sobre juros no recálculo dos débitos.
Ao final do encontro, o catarinense disse que a proposta não foi descartada e que uma reunião com governadores será realizada na próxima semana. A proposta original do Planalto é ampliar de 2028 para 2048 o prazo final de pagamento das dívidas de Estados e municípios, diminuindo as parcelas mensais. Hoje, Santa Catarina deve cerca de R$ 8,5 bilhões, pagando uma parcela mensal de R$ 89 milhões.
– Estamos propondo um desconto no saldo da dívida para não comprometer futuras gerações. Alongar a dívida é bom, mas baixando o saldo. Em princípio, o ministro ficou de estudar. Pediu mais tempo – disse Colombo.
O governador afirmou que o Estado vai manter a ação judicial no Supremo Tribunal Federal (STF) em que questiona os critérios utilizados pela União para recalcular os valores das dívidas – que tiveram a renegociação determinada por lei aprovada pelo Congresso Nacional em 2014. O governo estadual alega que pela regra determinada na lei, a dívida catarinense já estaria paga. O ministro Luiz Fachin, do STF, negou liminar sobre tema e um recurso apresentado pelo Estado deve ser analisado pelo tribunal.
– A ação tem seu curso natural, corre em paralelo. Mas sempre é melhor o entendimento, o interesse público – afirmou o governador.
Antes do encontro com a presidente, Colombo se encontrou com outros governadores e expôs a tese em discussão no STF. De acordo com o secretário da Fazenda, Antonio Gavazzoni (PSD), também presente ao encontro, outros Estados encamparam a ideia e podem se juntar a Santa Catarina no questionamento judicial.
– De imediato, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas, declararam integral apoio e decidiram estudar a possibilidade de ingressar no STF dentro da nossa própria ação – disse o secretário. (Fonte: Diário Catarinense)


Explodiu o Lula e levou a Dilma

Se a presidente Dilma conseguir permanecer no governo, serão três anos apenas de sobrevivência. A avaliação é de um ex-ministro que conhece de perto os meandros do Palácio do Planalto e que, pela primeira vez, perdeu as esperanças de uma volta por cima. Esse era o clima na capital federal no dia em que a Operação Lava-Jato, depois de muita ameaça, chegou ao
x-presidente Lula. Dilma, Lula e o PT podem ter lá as suas rixas, mas um depende do outro para permanecer em pé.
Ninguém pode alegar que foi uma surpresa, mas muitos duvidavam que os investigadores e o juiz Sérgio Moro tivessem tamanha ousadia. Sim, os petistas consideravam praticamente impossível uma ação deste tipo. A força-tarefa, no entanto, deu todas as dicas. Primeiro foi o triplex, depois as suspeitas sobre o sítio. Na sequência, a prisão do marqueteiro João Santana e a delação do senador Delcídio Amaral (PT). A saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça não foi à toa. Ele sabia que nada podia fazer.
Moro destaca até o valor de pagamento das palestras de Lula por empreiteiras investigadas. A OAS garantia US$ 200 mil por palestra e a Odebrecht, R$ 449.580,84. Lula disse que é o palestrante mais bem pago porque tem muito a ensinar. Isso lá é explicação para a suspeita de ter recebido dinheiro do maior esquema de corrupção da história do país? Lula quer é incendiar a militância. A estratégia do “nós contra eles” do período do Mensalão.
Lula pode e deve ser investigado, como qualquer cidadão. O que interessa é saber se o dinheiro da Petrobras foi ou não desviado para beneficiar o ex-presidente. O resto, sim, é pirotecnia.

Fingindo de morto – Michel Temer resolveu ficar quieto e desistiu até de viagem para encontro do partido.– O melhor que o PMDB tem a fazer é nada. Esse problema não é nosso – diz Eliseu Padilha, braço direito de Temer.
Há parlamentares gaúchos e catarinenses que já começaram a defender o desembarque imediato do governo.

Conta tudo – Relator da Lava-Jato, o ministro Teori Zavascki deve homologar a delação premiada do senador Delcídio Amaral nos próximos dias. Oficialmente, tanto o STF quanto a PGR desconversam sobre o prazo para uma definição. Todos acham que há abuso nos vazamentos. (Fonte: Diário Catarinense – Carolina Bahia)

Semana de alta tensão

Brasília abre a semana em ebulição. O PT vem com a faca nos dentes após a condução coercitiva de Lula. A presidente Dilma Rousseff rebate a delação de Delcídio Amaral, que pode ter o acordo homologado. Novas delações surgem no horizonte. Cresceu na oposição a fome pelo impeachment, que promete obstruir votações e aumentar a pressão sobre o STF, que tem decisões importantes no forno. Réu, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quer manter os holofotes no Planalto. Seu par do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), quer seguir ao largo da pancadaria. Ainda há manifestações nas ruas. Eis o cenário um ano depois da divulgação da Lista do Janot. Em 6 de março de 2015, o STF autorizou inquéritos da turma com foro privilegiado. Doze meses depois, as investigações cercam o Planalto e Lula. Prognósticos para o desfecho do turbilhão são difíceis. Previsível mesmo, só que Brasília viverá uma semana de tensão e pugilismo político. As instituições são testadas de novo.

Stand by – Há um ano, a Lista do Janot contemplou em mais de um inquérito o ex-deputado João Pizzolatti (PP-SC). A PGR aguarda a possível delação de Pedro Corrêa (PP-PE) para complementar as investigações. Condenado no Mensalão, o ex-deputado teria muito a contar.

Ofertas – O governo federal prefere não votar a PEC que aumenta o investimento mínimo obrigatório na saúde, liderado por Carmen Zanotto (PPS-SC), e o projeto que suspende a fórmula de recálculo da renegociação de dívidas dos Estados com a União, de Esperidião Amin (PP-SC). Enfraquecido, o Planalto tenta acordo: aprova os dois temas em troca da recriação da CPMF.

Teste – No meio jurídico de Brasília, comenta-se que a Lava-Jato e o juiz Sergio Moro “testaram” a opinião pública com a condução coercitiva de Lula. A medida dividiu opiniões de ministros do STJ e STF. A rádio corredor do Judiciário indica que virão operações contra nomes da oposição e do PMDB.

Cotado – Ex-secretário de Educação de Bombinhas, Alexandre André dos Santos está entre os cotados para assumir a presidência do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Apoiado pelo PMDB, ele ocupa uma diretoria do órgão federal. (Fonte: Diário Catarinense – Guilherme Mazui)

Toda unanimidade é burra

No Brasil dos anos 1950, o dramaturgo e cronista Nelson Rodrigues cunhou a célebre expressão complexo de vira-lata para falar sobre o sentimento de inferioridade do nosso povo em relação a outros países.
Ninguém, em tempo algum, conseguiu traduzir de maneira tão didática e simplificada o pensamento mediano do brasileiro como o autor de clássicos como Bonitinha, mas Ordinária. Para muitos, um gênio mais contemporâneo do que nunca.
Durante a entrevista de Luiz Inácio Lula da Silva, sexta à tarde, na sede do PT, o ex-presidente negou sofrer do complexo de vira-lata. E encerrou suas declarações com mais uma frase de efeito: “Se queriam matar a jararaca, acertaram o rabo”.
Aliás, nunca antes na história, como o próprio diria, viveu-se dias tão parecidos com os de 1954. Dilma, assim como Getúlio Vargas, está cada vez mais isolada, com denúncias derrubando seus confidentes mais próximos a cada dia. Só não dá para comparar a habilidade política de um com a incapacidade da outra. O tema renderia uma outra tese.
Talvez a principal diferença no cenário, 62 anos, esteja exatamente na independência conquistada pelas instituições como Polícia Federal, Ministério Público Federal e o próprio Judiciário. E isso merece ser celebrado, mesmo neste clima beligerante de Fla-Flu que se instalou no país. O problema é que não estamos falando sobre um gol mal anulado em final de campeonato, mas do futuro de 200 milhões de pessoas que assistem atônitas à economia despencar enquanto a Lava-Jato passa a limpo uma das maiores ondas de corrupção da história.
A jovem democracia brasileira tem dados mostras que está preparada para suportar eventuais derrapadas. Ninguém mais suporta ver o país sangrar com tanta roubalheira. Fato é que o momento também exige serenidade e equilíbrio. Porque o mesmo eventual atropelo da lei praticado contra um ex-presidente hoje pode valer para qualquer cidadão amanhã. É aí que mora o perigo.
A linha que separa a depuração da corrupção de eventuais excessos é muito tênue. Mas o sistema republicano tem ferramentas capazes de identificar e reverter possíveis falhas.
Nelson Rodrigues costumava dizer que “muitas vezes a falta de caráter decide uma partida. E não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”. Esta é a percepção de muitos brasileiros, mas não pode ser a postura do Estado Democrático de Direito. A sexta-feira foi histórica para a República, mas não podemos ignorar o sagrado direito ao contraditório.
Afinal, como já dizia Nelson, toda a unanimidade é burra. (Fonte: Diário Catarinense – Rafael Martini)

Depois da lava-jato

Náusea, enjoo, ânsia, nojo, asco, repulsa. Toda essa sujeira acaba batendo no fundo do poço e reflui, na forma de vômito, a cada novo noticiário sobre a operação Lava-Jato, espécie de dreno endovenoso capaz de extrair a sujeira da vida pública brasileira, a exemplo da Operação Mãos Limpas, que fez a assepsia da Itália em tempos nem tão remotos.
Ocorre que nossos estômagos já estão muito castigados, com tantos detritos empurrados goela abaixo. O presidente da Câmara Federal responde no STF a três denúncias do procurador-geral, todas por corrupção, na modalidade propina. O presidente do Senado também figura entre os processados, com um sortido prontuário. Agora, entre tantos investigados do colarinho branco, surge o “depoimento” de ninguém menos do que o líder do governo no Senado, incriminando o ex-presidente Lula e a presidente Dilma. Em delação ainda não “premiada”, pendente de homologação pelo Supremo, Delcídio Amaral diz que somos governados por malfeitores.
Rezemos pelo milagre: impressionado com o buraco político, econômico e moral em que chafurda o país, o próprio Todo-Poderoso resolve descer ao Brasil e assumir sua cidadania, com o piedoso intuito de salvar o gigante agonizante.
O abracadabra entregaria aos brasileiros um país já no day after, depois que a Lava-Jato tivesse concluído toda a sua missão e a Justiça, sem esmorecimento, prolatado todas as sentenças. Outra mágica, igualmente piedosa, daria aos brasileiros a sensação de boa assepsia, banheiros e roupas de cama limpas. Os partidos e seus filiados enlameados seriam expulsos do cenário e o Senhor entregaria o país pronto para organizar uma nova vida.
– Convoquem os partidos remanescentes e comecem uma nova organização político-institucional, quem sabe com a adoção do parlamentarismo ou de um presidencialismo limpo, com direito a recall.
O próprio Senhor resultaria desolado. Apresentar-se-iam partidos como o “Partido do Combate ao Desemprego”, o “Partido da Iniciativa Privada do Brasil”, o “Partido dos Funcionários Públicos”, o “Partidos dos Empreendedores Nacionais”, o “Partido dos Peixinhos”, o “Partido Nacional Corintiano”, o “Partido das Mulheres”, o “Partido Novo” – e mais uma trezena de outras instituições controladas por espertos, espertinhos e espertalhões.
Ah, Brasil, assim, como poderás ressurgir dos mortos?

Bela e enigmática – Brasileiros de todos os Estados migram para a Ilha-mulher, voluptuosamente deitada no oceano. Ouvem os clarins do bandeirante Dias Velho, que no século 17 aqui fincou a cruz de Cristo – anunciando, emocionado:
“A terra é boa e bela! Quem disser o contrário mente!”
A Ilha de Santa Catarina se assemelha a uma grande lagartixa, cuja cauda e cuja cabeça vivem, livres, na floresta que remanesce. Apenas a sua “barriga” ficou presa no cimento e na argamassa produzida pelo bicho-homem.
Não espalhem. Mas esta ilha que Dias Velho desbravou em 1675 foi mesmo concebida num dia santo. E o Senhor usava traje a rigor: fraque, polainas, luvas brancas e cartola.
O bandeirante teve o seu sangue derramado nos altos da matriz, tragicamente assassinado pelo pirata Robert Lewis, em 1689. Seus ossos misturaram-se à terra, antes de serem trasladados pela família para a terra natal. Mas o espírito do pioneiro ainda clama lá do outeiro da Catedral:
– Venham, meus amigos! A terra é linda! A terra é boa!
Debaixo do sol – transformada em perpétuo chamariz de “cristãos-novos” – a Ilha é um quadro a óleo descrito por Virgílio Várzea:
“É o mais belo recanto de terras e águas que o olho humano já viu”.
Quando criou o Universo, o Senhor se esmerou na concepção da Ilha de Santa Catarina. Ao pincelá-la, colocou a divina língua no canto do lábio, sinal de que “estava caprichando”.
E compôs um belíssimo concerto sinfônico de águas claras, areias douradas e o verde da mata nativa, debruando o dorso sensual das encostas.
Ao conceber esses elementos, o Senhor reparou que havia tanta água na esfera global que resolveu separar águas e terras. Criou novas belezas, ao desenhar volumes concêntricos de águas dentro de outras terras. E, “vendo que aquilo era bom”, batizou o lugar com um nome de seu especial afeto: Lagoa de Nossa Senhora da Conceição.
Foi então que, ao separar pela última vez águas e terras, o Senhor não desconfiou que, em dias sinistros do século 21, a Ilha de Santa Catarina se transformaria num inexpugnável labirinto, propondo um terrível enigma urbano.
Em terra firme, nó cego no trânsito. Nas baías, um mar não navegável, condenado para o transporte coletivo.
O barulho dos motores é tamanho que nem mesmo o gigante do Cambirela consegue dormir em sua cama de nuvens. Reparem: de vez em quando, a montanha pisca um olho. (Fonte: Diário Catarinense – Sérgio da Costa Ramos)

Ação contra Lula aumenta chances de mudanças no país

Até quem passa pela presidência da República pode ser alvo de operações de investigação porque a lei é igual para todos. Enfim, essa dúvida que muitos levantavam foi respondida pela Polícia Federal ontem. Mas o mandado de condução coercitiva também aproxima mais investigação da operação Lava-Jato do governo federal e enfraquece a presidente Dilma Rousseff, aumentando a chance de redução de seu mandato. O afastamento de Dilma é visto no meio empresarial como a oportunidade de colocar fim na recessão e retomar o crescimento econômico. Mas tanto a notícia de quinta-feira sobre a ameaça de delação premiada por parte de Delcídio do Amaral, quanto a condução contra Lula não significam que a mudança vai acontecer. Tudo dependerá do aparecimento de provas e outras medidas.
Há um apelo por mudanças porque a maioria dos investidores não acredita que a política econômica adotada nos mandatos de Lula e de Dilma, que colocou o Brasil nessa que já é considerada a maior crise da história do país, possa reverter o atual quadro negativo. Boa parte das lideranças empresariais catarinenses já sinalizou ser a favor do afastamento da presidente.
Levantamento feito pela Federação das Indústrias (Fiesc) junto a empresários do setor mostrou que a maioria não acredita que o atual governo conseguirá promover as mudanças necessárias para o país sair do atual marasmo. Afinal, foram esses políticos que tomaram uma série de medidas erradas, como controle de preços de combustíveis e energia, gastos públicos acima do po
sível e deixaram a inflação descontrolar para se manter no poder. A tensão foi grande para o governo nos dois últimos dias, mas não dá para pensar que haverá mudança imediata. (Fonte: Diário Catarinense – Estela Benetti)

Ninguém está acima da lei

Por mais chocante que seja ver um dos presidentes mais populares da história do país ser conduzido coercitivamente pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos, a 24ª fase da Operação Lava-Jato, que ontem teve como foco principal o depoimento do ex-presidente Lula, colocou em evidência dois pressupostos da democracia. O primeiro é o de que a verdade deve ser perseguida sempre – e não por coincidência a operação foi batizada de Aletheia, que em grego significa exatamente a busca da verdade. O segundo é o de que todos são iguais perante a lei – sem distinção de qualquer natureza, como reza o artigo 5º da Constituição Federal.
Nesse contexto, é perfeitamente natural que o Judiciário, a Receita Federal, o Ministério Público e a Polícia Federal estejam investigando todas as pessoas suspeitas de envolvimento com o monumental esquema de corrupção em torno da Petrobras, que vinha sendo saqueada há décadas por empresários gananciosos, servidores desonestos e políticos aproveitadores. Não é por outro motivo que já se encontram presos empreiteiros e diretores da estatal.
Lula não é intocável. Até se pode questionar se havia necessidade de condução coercitiva para ouvi-lo, pois, aparentemente, ele sempre se dispôs a colaborar com as investigações. Mas motivos para suspeitas existem de sobra: o sítio em Atibaia, o triplex no Guarujá, as relações promíscuas com empreiteiras que roubavam a Petrobras (e o povo brasileiro) e patrocinavam suas palestras, financiavam suas viagens e mobiliavam os imóveis que ele frequentava ou frequenta.
Lula continua sendo um orador notável. Ao se dirigir aos militantes do partido, depois de voltar do depoimento, manifestou sua indignação pelo envolvimento de familiares na investigação, enalteceu a própria biografia, lembrou as realizações sociais de seus governos, criticou a imprensa e apelou para a velha fórmula de se colocar como defensor dos pobres contra uma suposta elite exploradora. Não chegou ao extremo de convocar a militância para manifestações que possam degenerar em atos violentos, como irresponsavelmente fizeram algumas lideranças petistas ao longo do dia. Mas foi enfático na tese de que o seu interrogatório fará o PT levantar a cabeça e recomeçar sua luta pela recuperação.
Lula é convincente, mas não infalível nem inimputável. Mesmo que ele tenha sido o melhor presidente do país, como se considera, não está acima da lei. Ninguém está. (Fonte: Diário Catarinense – Editorial)

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