Florianópolis, 14.10.15 – Nas próximas duas semanas a Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap) e a prefeitura de Florianópolis vão debater a possibilidade de encaminhar para a Câmara de Vereadores a criação da cobrança da Taxa de Preservação Ambiental (TPA) em três pontos da Ilha. A intenção é cobrar de cada carro, nos mesmos moldes do sistema de Bombinhas. Inclusive, o valor deve ser semelhante aos R$ 24 praticados no município.
Estava marcado para ontem, mas foi adiado para hoje, um encontro para dividir experiências com a prefeita de Bombinhas, Ana Paula da Silva (PT). Amanhã, será a vez da prefeitura debater com a Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif) e da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
– Após a discussão, prepararemos o projeto para avaliação da Procuradoria Geral do Município, análise do prefeito e, enfim, envio à apreciação. O pedágio sairia mais barato que uma refeição em um restaurante da cidade. É um valor baixo para quem quer passar uma temporada aqui. Não é legal ter uma praia mais limpa, com chuveiro? – questiona o presidente da Comcap, Marius Bagnati.
A cobrança da taxa é vista como alternativa para custear coleta de resíduos sólidos na Capital, conservação da malha viária, melhoria na infraestrutura praiana (duchas, guarda-vidas, etc.) e, entre outros, os reforços na segurança. É a segunda vez neste ano que é cogitada a cobrança para a entrada na Ilha de SC. A primeira foi em fevereiro, por iniciativa do vereador Roberto Katumi (PSD). À época, não avançou por ter vício de origem. A ideia tem que partir do Executivo.
A Comcap cogita iniciar a cobrança da TPA no próximo veraneio. Porém, o prefeito Cesar Souza Junior é mais cauteloso:
– A ideia precisa ser muito amadurecida. A prefeitura não está determinada em fazer. Queremos abrir o debate.
O presidente do Legislativo de Florianópolis, Erádio Gonçalves (PSD), diz que quando há vontade, tudo é possível.
Pelo modelo discutido, o sistema de cobrança seria instalado em três pontos: no pedágio desativado da SC-401 (em direção ao Norte da Ilha), na subida do Morro da Lagoa da Conceição e no Rio Tavares (para o Sul).
“A decisão precisa estar muito amadurecida”
Cesar Souza Junior – Prefeito de Florianópolis
DC – O pedágio seria uma medida já na próxima temporada?
Cesar Souza Junior – Em princípio, não. Vamos debater com as entidades, a sociedade e o Ministério Público. É uma decisão que não pode ser tomada em um canetaço, nem individualmente. Ela precisa ser muito amadurecida. A prefeitura não está determinada em fazer (esse pedágio), mas queremos abrir o debate sobre o assunto. Não se tem uma decisão tomada ainda.
DC – Existe uma estimativa de quanto seria arrecado?
Cesar – As estimativas ainda estão muito imprecisas. Temos como base os números de Bombinhas, e ele (o valor arrecadado) seria suficiente para aliviar os custos de coleta de resíduos sólidos e promover investimentos, sobretudo no Norte da Ilha. Mas prefiro não antecipar valores específicos.
DC – A proposta prevê cobrança na SC-401, Lagoa da Conceição e no Rio Tavares. Não mais na entrada de Florianópolis, como a ideia do vereador da Capital. Por quê?
Cesar – Na entrada da cidade teríamos um problema muito grande em termos de mobilidade. A diferenciação seria difícil para um morador local. Na SC-401, já existe uma praça, que com pequenos investimentos poderia ser adaptada e com baixos impactos. Ali teria mais exequibilidade na proposta. Nas outras regiões, eu ainda acho que é extremamente complicado de se fazer. Se vingar (na SC-401), pode ser levada para outros locais, mas a princípio seria ali.
DC – A cobrança para chegar às praias não seria uma atitude que afastaria turistas e incentivaria a chegada apenas daqueles que têm maior poder aquisitivo. Isso preocupa a prefeitura de Florianópolis?
Cesar – A crítica é pertinente. Não tenho uma decisão tomada, mas o que tem que se entender é que turismo traz muitos impactos positivos, mas também negativos. Traz um aumento de custo grande para o poder municipal. Precisamos de um turismo que traga recursos para a cidade, e Florianópolis tem que compreender isso. Por isso, quem mora aqui tem que debater essa possibilidade. Uma cidade só vai ser boa para o turista se for boa para quem mora aqui. (Fonte: Diário Catarinense – Gabriel Rosa e Júlia Ayres)
Poucos avanços, muitas dúvidas
Prestes a reiniciar a cobrança, no dia 15 de novembro, o pedágio ambiental de Bombinhas permanece cercado por questionamentos. E o primeiro deles está nas mãos do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), que, mais de um ano após ter recebido do Ministério Público Estadual (MPSC) uma ação direta de inconstitucionalidade contra a lei que instituiu a taxa, ainda não definiu se ela deveria ou não valer.
O MPSC argumenta, entre outros apontamentos, que falta isonomia na cobrança devido à longa lista de exceções no pagamento e detalhes sobre a aplicação dos valores recolhidos – situação que foi levada, inclusive, à Câmara de Vereadores da cidade, que cobrou uma audiência pública para apresentação dos números. Recentemente, o TJSC pediu à prefeitura que apresente sua defesa. Mas o prazo para julgamento deve ultrapassar a data prevista para reinício da cobrança.
O montante a ser arrecadado é vultoso, coisa de R$ 7 milhões. Mas quase metade desse valor ainda não foi pago. Um dos problemas é a demora na viabilização de um convênio para envio da cobrança pelos Correios, através dos dados da placa do veículo. Até agora, o necessário acordo com o Detran não foi viabilizado.
Com menos arrecadação do que o previsto, o resultado prático para o meio ambiente, por enquanto, está restrito à temporada de verão. O dinheiro arrecadado com a taxa é usado para limpeza de praias, instalação de banheiros ecológicos e lixeiras. Enquanto isso, os cobiçados morros cobertos de mata atlântica que cercam a cidade permanecem sem monitoramento mais intenso e há esgoto sendo despejado no mar – denúncia feita, também, na Câmara de Vereadores em setembro.
A próxima temporada poderá determinar se o volume de turistas foi ou não afetado pela cobrança da taxa. O que se sabe é que, para a preservação ambiental de Bombinhas, os avanços foram poucos. (Fonte: Diário Catarinense – Dagmara Spautz)
Conclusão prevista para dezembro
Esperada há anos pela comunidade dos Ingleses, a duplicação da SC-403 que liga a SC-401 aos Ingleses, no Norte na Ilha, será concluída até dezembro. A garantia foi dada ontem pelo engenheiro Ivan Amaral, responsável pela fiscalização da obra na Secretaria de Estado de Infraestrutura. Ao todo, a rodovia tem 5,2 quilômetros de extensão. De acordo com Amaral, todas as pistas serão concluídas até o início da temporada.
Ainda ontem, o prefeito da Capital Cesar Souza Junior vistoriou a obra de duplicação. Embora o governo do Estado prefira não dar uma data, ele afirmou ter confirmado com a empresa que a finalização dos serviços será dia 10 de dezembro.
– Será histórico para a região. Antes da temporada de verão, as pistas estarão livres. Irá transformar o trânsito do Norte da Ilha — disse o prefeito. (Fonte: Diário Catarinense)
Um outro olhar
Não são só os adultos que estão encantados com as obras do pintor catalão Miró no Masc, Florianópolis. Além de ser responsável por trazer a exposição Joan Miró – A Força da Matéria para Santa Catarina, a Arteris – controladora da Autopista Litoral Sul – promoveu na última semana visitas exclusivas de alunos de escolas públicas e instituições de educação especial à mostra. Nos quatro dias da ação, cerca de 300 alunos de sete instituições puderam conferir as mais de 100 peças trazidas para a Capital.
Aliás – O número de visitantes nos primeiros 15 dias da exposição no Masc já passou de 15 mil pessoas. Imagina se tivesse aberto no feriado?
Espírito olímpico – Francisco Eduardo, de 17 anos, estudante do 9o ano da Escola Municipal João Inácio de Melo, trabalha na roça e nunca tinha saído de São Joaquim. Mas durante as provas do Jesc, em São Miguel do Oeste, ele chamou a atenção pelo esforço. Provocado pelo professor, se inscreveu na prova de ciclismo. Sua bicicleta, com 20 quilos, era específica para provas de trilha, não de velocidade. Ele também nem sequer tinha sapatilha e usou tênis que escorregava na chuva. Francisco chegou em último nas duas provas, mas ficou feliz por ter competido, apesar das fortes cãibras. Voltou com o sonho de se tornar um atleta.
Bikes seguras – Aplicativo que começa a ser utilizado pela Polícia Militar para registrar bicicletas e auxiliar na recuperação de roubos casa com o projeto de lei protocolado pelo deputado Gean Loureiro em março. A proposta cria o Sistema de Prevenção ao Furto e Roubo de Bicicletas, que, além do aplicativo, prevê e regulamenta uma série de procedimentos para otimizar a recuperação das bikes. (Fonte: Diário Catarinense – Visor/Rafael Martini)
Aos mestres, com carinho, por Glauco José Côrte*
“A arte mais importante do professor é a de despertar a alegria pelo trabalho e pelo conhecimento” (Albert Eistein).
O professor sempre foi uma autoridade prestigiada no Brasil, não pela hierarquia de seu cargo, mas pelo reconhecimento do seu preparo e da importância de seu serviço. Respeitado pelos alunos, pelas famílias e pela comunidade, era chamado de mestre (“pessoa superior e de muito saber”, segundo o Aurélio). Infelizmente, isso mudou. Para pior.
O reconhecimento ao valor e à importância do professor precisa ser resgatado. Felizmente, exemplos admiráveis de profissionais qualificados e dedicados à missão de ensinar surgem nas escolas e universidades de todo o Brasil, mostrando que, com boa gestão, é possível melhorar os níveis de qualidade também na educação, o que deve ser enaltecido neste dia 15 de outubro, quando celebramos o Dia do Professor.
Anualmente, três dias antes, celebramos o Dia das Crianças e o Dia da padroeira do Brasil, a Senhora Aparecida. Essa, sim, uma associação perfeita. Nossa Senhora foi a primeira professora de seu filho, o menino Jesus, a quem ensinou os conceitos fundamentais de justiça e caridade, que marcaram a sua vida pública. Com José, o seu pai, ele aprendeu o ofício de carpinteiro. Maria e José foram os seus carinhosos mestres, deixando-nos o legado da importância da família na educação dos filhos.
Hoje, as mudanças estruturais na sociedade e os avanços da tecnologia exigem novos currículos e novas metodologias. Tais mudanças e recursos, antes de distanciar, devem aproximar professores, alunos, famílias e sociedade. Por isso, investir na formação continuada dos professores, em termos de competências e habilidades, é uma prioridade urgente.
Os países que realizaram grandes reformas educacionais investiram em ações de qualificação e reconhecimento. Resultado: conseguem os melhores desempenhos nas avaliações mundiais. O Brasil também precisa dar esse passo.
No seu dia, aos professores, o nosso carinho. Os países que realizaram grandes reformas educacionais investiram em ações de qualificação e reconhecimento
*Presidente da Fiesc (Fonte: Diário Catarinense – Artigo)
“Estamos longe do fim dos processos da Lava-Jato”
Deltan Dallagnol – Procurador da República
O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) na Operação Lava-Jato, apresenta hoje em Florianópolis a campanha 10 Medidas contra a Corrupção, iniciativa que concentra propostas do MPF para alterar a legislação e aprimorar o combate à corrupção. A palestra, iniciativa da Estácio/Assesc, será às 9h30min, na SC-401, 407. Interessados em assistir o evento podem se inscrever na hora do evento, mas as vagas são limitadas. Confira trechos da entrevista que o procurador concedeu ao DC por e-mail.
Diário Catarinense – Com denúncias e prisões em diferentes esferas, pode-se dizer que o poder público brasileiro vive seu pior momento no que diz respeito à corrupção? Ela está crescendo ou é a maior exposição dos casos que passa esta sensação?
Deltan Dallagnol – Não é possível afirmar isso, porque nunca houve antes uma investigação das proporções da Lava-Jato. Dentre vários fatores de que a Lava-Jato dependeu para florescer está o amadurecimento de nossas instituições e de legislação ao longo da democracia. A lei de interceptações telefônicas apareceu em 1996, logo após a primeira lei de organizações criminosas, de 1995, e a lei de lavagem foi promulgada em 1998. As grandes operações da Polícia Federal começaram há pouco mais de uma década. Por isso, um pensador brasileiro fala que a Lava-Jato trata de coisas sempre sabidas, mas nunca antes provadas. O que pesquisas nacionais e internacionais dizem sobre a corrupção no Brasil é que ela é sistêmica e pervasiva desde longa data.
DC – O senhor poderia apontar motivos para a
orrupção ser um assunto recorrente na história do Brasil? É mesmo uma questão cultural, como aponta o senso comum? Nossas leis nesta área são frágeis?
Dallagnol – Como já disse, a corrupção existe em todo o mundo, mas no Brasil ela é sistêmica, como em vários outros países. A exploração colonial, a concentração de riquezas e o capitalismo de compadrio certamente explicam o passado, mas não determinam nosso futuro. Outros locais com corrupção endêmica conseguiram virar o jogo, como Hong Kong, que se tornou o 17o país mais honesto do mundo por meio de uma política séria de combate à corrupção. Precisamos, sim, de mudanças estruturais e legislativas se queremos vencer a corrupção.
DC – Quais itens da campanha 10 Medidas contra a Corrupção o senhor poderia citar como dificuldades encontradas (ou poderiam ajudar, se implementadas) durante a investigação da Lava-Jato?
Dallagnol – Há hoje um ambiente propício para uma investigação relativamente eficiente, quando ela acontece perante um juiz de primeiro grau. Contudo, após a investigação, os criminosos são acusados e começa o que chamamos de processo penal, em que são possíveis múltiplos recursos em quatro tribunais. É aqui que está o buraco negro da Justiça, em que toda a esperança é sugada e desaparece. A demora do nosso sistema, que leva 10, 15, 20 anos ou mais para punir um réu de colarinho branco, aliada a nosso sistema de prescrição, que determina o cancelamento dos crimes quando o processo demora muito, o que sempre acontece, gera uma máquina de impunidade. O caso Lava-Jato ainda está em seu início, e a mudança dos sistemas de recursos e de prescrição, proposta dentro das 10 medidas, poderá contribuir para que a justiça seja, efetivamente, alcançada.
DC – De que forma casos emblemáticos, como Mensalão e Petrolão, podem contribuir para a cruzada contra a corrupção?
Dallagnol – Esses casos são pontos fora da curva em nosso sistema, porque trazem uma perspectiva de efetiva punição dos criminosos, ressalvando-se que a Lava-Jato ainda é um caso em andamento e estamos longe do fim dos processos. De todo modo, eles nos soam como ilhas de justiça em um mar de impunidade, trazem-nos esperança de mudança. Além disso, eles têm um outro efeito benéfico, por exporem a corrupção como ela é: devastadora. Mensalão e Lava-Jato nos mostram o sistema como funciona, isto é, de modo extremamente corrupto, e sensibilizam a sociedade para mudanças que são necessárias e cuja efetivação no Congresso depende de amplo apoio popular, como as 10 medidas.
DC – O senhor acredita que a Lava-Jato representará um divisor de águas para a luta contra a corrupção no Brasil?
Dallagnol – Não. A Lava-Jato traz esperança e capacidade de mobilização, mas só se as 10 medidas forem aprovadas teremos uma efetiva mudança. A Lava-Jato trata de um tumor, e o melhor que pode conseguir é a punição dos corruptos e recuperação do dinheiro desviado nesse caso concreto. O problema é que o sistema é cancerígeno e gera muitos outros tumores, mesmo agora. Enquanto o Mensalão era processado, o Petrolão estava em pleno vapor.
DC – Como o cidadão comum que lê esta entrevista pode auxiliar na luta contra a corrupção?
Dallagnol – O cidadão pode entrar na página www.10medidas.mpf.mp.br, imprimir a lista de coleta de assinaturas, colher assinaturas e entregar em algum dos endereços que são indicados na página. Precisamos de 1,5 milhão de assinaturas para levar essas medidas ao Congresso como projeto de lei de iniciativa popular, e cada um pode dar sua contribuição. Conheço pessoas que andam com as folhas de coleta de assinaturas no carro e, com a concordância do dono do estabelecimento, deixam aonde vão. Depois, passam recolhendo e entregam. Há pessoas que, sozinhas, coletaram mais de 3 mil assinaturas. Precisamos de pessoas como essas que, em vez de ficarem reclamando, decidam arregaçar as mangas, dar a sua contribuição para a transformação do nosso país. (Fonte: Diário Catarinense)
Impeachment
O governador Raimundo Colombo (PSD) está dando uma efetiva força à presidente Dilma Rousseff contra a aprovação do impeachment. Decidiu antecipar a mudança no secretariado, colocando a secretária Angela Albino, do PCdoB, na Câmara Federal. Seu partido tem posição contra a cassação da presidente. Entra no lugar de Cesar Souza (PSD), que vem para a Secretaria de Assuntos Estratégicos.
Pedaladas em SC – O ex-secretário do Tesouro Arno Augustin, responsável pelas pedaladas fiscais que provocaram a rejeição das contas da presidente Dilma no Tribunal de Contas da União, não revela muita preocupação com os atos praticados no ano passado. O nome dele aparece na lista dos participantes da Meia Maratona de Florianópolis, realizada no domingo na Ilha de Santa Catarina.
Inelegível – Advogado especializado em Direito Eleitoral, Gley Sagaz informa que o ex-prefeito Ronério Heiderscheidt (PMDB) está inelegível pelo prazo de oito anos pela condenação confirmada no Tribunal de Justiça, com suspensão dos direitos. É o que dispõe a letra “E” do artigo 1º da Lei da Ficha Limpa. Esclarece que só recuperará os direitos políticos com a suspensão da decisão do Judiciário estadual.
Vai denunciar – O engenheiro Paulo Almeida, da Espaço Aberto, vai denunciar o governo estadual na Justiça se confirmada a contratação da Emapa por R$ 300 milhões para a recuperação da ponte Hercílio Luz. Alega que o contrato que assinou, vencedor de concorrência pública, fixada valor de R$ 200 milhões para a integral restauração da ponte. (Fonte: Diário Catarinense – Moacir Pereira)
Fiados e confiados
Começo e fim de legislaturas é um tempo de mordomias para quem legisla em causa própria. É auxílio-mudança, auxílio-paletó, auxílio-isso e aquilo e até abono de Natal.
Para aqueles que não vivem neste país legislativo, os mortais mais comuns, também conhecidos como “contribuintes”, ou “otários”, resta apenas pagar os impostos – os velhos tributos e os recém-inventados.
A realidade dos aposentados é renovar o crédito consignado e vê-lo descontado todo mês da magra folha da esquálida aposentadoria, só que a juros salgados. Não há almoço grátis, a não ser para suas excelências.
Créditos, sem juros, de graça, só para os que legislam em causa própria. Para estes, os “confiados”, os guichês se abrem e se expandem a cada nova sessão legislativa. Para os “fiados”, o cidadão comum, pagador de impostos, o tempo ainda é o do fio do bigode. Para os confiados, tudo é fiado. Ou melhor, tudo é de graça, se os confiados são do “país dos deputados”.
Em tempos mais corretos e conspícuos, fiado era apenas um crédito direto ao consumidor, feito sem nenhuma burocracia, com base na confiança. Que a sociedade já não cultiva, faz tempo, nos seus representantes confiados. Aliás, já nem sabe quem são, pois já não se lembra mais em quem votou.
Antigamente, na venda do seu Mota – que habitou o relicário memorial da minha infância no Largo 13 de Maio – havia um aviso pendurado na parede, bem à vista do freguês. Negava qualquer pretensão ao fiado. Dizia a mesma coisa, mas com uma certa diplomacia: “Preste atenção no aviso: fiado, nem com um sorriso”.
Houve época em que todos os armazéns hasteavam aos olhos da freguesia a sentença irrecorrível: “Fiado só amanhã”.
Quer dizer: não havia fiança nem confiança. O pobre, em compensação, podia comprar cigarro por unidade. “No varejo”, como se dizia. Meia dúzia de mata-ratos do tipo Saratoga, Elmo ou Continental. Ou ainda “deztões” de farinha de mandioca e 250 gramas de colorau.
Hoje os antigos ficariam espantados com tanta oferta de crédito, pura agiotagem, para quem não tem dinheiro. E tanto dinheiro público no bolso de quem já tem.
O problema é a falta de confiança. Não há mais a “caderneta”. Só o dinheiro de plástico. E os eternos aproveitadores do dinheiro público – que perderam a vergonha. (Fonte: Diário Catarinense – Sérgio da Costa Ramos)
Canasvieiras: Suspensa inauguração de elevado
O governo do Estado suspendeu a inauguração do elevado de Canasvieiras, no Norte da Ilha de SC, que estava marcada para hoje de manhã. De acordo com a Secretaria de Comunicação, a suspensão se deu em razão do excesso de chuvas dos últimos dias, o que atrasou as obras do entorno da construção. Não foi definida uma nova data para a liberação.
O evento contaria com a presença do governador Raimundo Colombo e do prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Junior. A inauguração estava marcada para as 10h, e em seguida o trânsito seria liberado. Na manhã de ontem, operários trabalhavam para dar conta de todos os acabamentos nos canteiros e finalizar a sinalização vertical e horizontal.
O diretor da Secretaria de Estado de Infraestrutura, engenheiro José Abel da Silva, havia garantido a inauguração para hoje.
O edital para construção do viaduto foi lançado em 2013, com previsão de conclusão para dezembro de 2014, porém foi necessário fazer uma nova licitação pois a empresa vencedora foi desclassificada. O novo prazo era fevereiro de 2015.
Foram investidos cerca de R$ 12 milhões na obra, que também inclui a melhoria no acesso ao Centro de Eventos localizado no Sapiens Park, que deve ser inaugurado no final de novembro. (Fonte: Diário Catarinense)
Por envolver rodovias estaduais (SCs 401, 403 e 405), o deputado estadual Marcos Vieira (PSDB), que é natural de Florianópolis, rechaça qualquer tentativa de cobrança de pedágio de turistas na Capital, sem a devida autorização da Assembleia. (Fonte: Notícias do Dia – Roberto Azevedo)
Prevenção da corrupção
Passados alguns meses do início da operação Lava Jato, que destrincha supostos desvios bilionários na Petrobras, o Brasil não pode perder a oportunidade de avançar no combate a esquemas que assaltam os cofres públicos em todas as esferas da administração pública. É urgente que o país tenha instrumentos mais eficazes para prevenir a malversação dos recursos públicos e puni-los nos casos em que esses mecanismos falharem e os criminosos forem pegos com a boca na botija.
As dez medidas contra a corrupção propostas pelo MPF (Ministério Público Federal), que foram apresentadas ontem em Joinville e serão discutidas hoje em Florianópolis, merecem apoio popular. São iniciativas que pretendem agilizar a tramitação das ações criminais e de improbidade administrativa, converter a corrupção de altos valores em crime hediondo, crimina lizar o enriquecimento ilícito, alterar o sistema de prescrição, responsabilizar parti dos e criminalizar a prática do caixa dois.
Se aprovadas, as mudanças podem efetivamente, por seu efeito pedagógico, inibir a prática de delitos. Mas a nação precisa de muito mais. Só a letra fria da lei não vai mudar o panorama de forma consistente e rápida.
Paralelamente a esse necessário reforço do arcabouço legal punitivo, o país deve investir com absoluta prioridade e urgência em prevenção. Só o investimento numa mudança cultural que contemple as novas gerações garantirá instituições mais íntegras. (Fonte: Notícias do Dia – Editorial)
Gasolina vendida não é monitorada
Os combustíveis vendidos nos postos de 19 Estados brasileiros e no DF estão sem monitoramento de qualidade após contratos da ANP (Agência Nacional de Petróleo) com universidades começarem a vencer em março. Segundo o Boletim Mensal de Monitoramento de Combustíveis da ANP, somente 18.783 postos de gasolina foram monitorados em agosto, o que inclui os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás e Tocantins.
Isso significa que o número de postos monitorados foi 51% menor na comparação com dezembro de 2014. Acre e Rondônia já estavam “excepcionalmente”, segundo a agência, sem monitoramento desde 2011. Os demais Estados sem monitoramento são: Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina e Sergipe.
O monitoramento dos postos é feito por universidades e institutos contratados pela ANP e serve de bússola para o trabalho de fiscalização. Segundo a ANP, alguns contratos terminaram sem a possibilidade de renovação automática. A agência informou, por nota, que está fazendo novas
licitações para a escolha de laboratórios e que em 2016 o programa será retomado. “Enquanto isso, reforçamos a fiscalização com a mais de 60 forças-tarefas este ano, além da fiscalização normal da ANP”, disse. (Fonte: Notícias do Dia)
Alemã Volks reduz os investimentos
O grupo alemão Volkswagen anunciou ontem que vai reduzir os investimentos em sua marca principal, a VW, em 1 bilhão de euros por ano. O diretor Herbert Diess afirmou que a empresa focará na criação de tecnologia elétrica padronizad
para carros de passeio e veículos comerciais leves. Ela também instalará motores a diesel – foco do escândalo que abala a empresa – menos poluentes. A empresa admitiu ter equipado 11 milhões de carros a diesel com o software que frauda testes de emissão. O presidente Martin Winterkorn renunciou e foi substituído por Matthias Müller. (Fonte: Notícias do Dia)
O risco das opiniões rápidas sobre a ponte
Minhas impressões sobre a ponte Hercílio luz são baseadas na relevância histórica e patrimonial e na importância desse belo monumento para a transposição ilha-continente por veículos leves, pedestres e ciclistas. Jamais escrevi que não houve desperdício de dinheiro público. E todas as vezes que abordei esse aspecto, observei que, caso existam evidências, elas devem ser investigadas pelos órgãos competentes, se preciso até pelo Gaeco (Grupo de atuação Especial de combate ao crime organizado). O que percebo é que formou-se um senso comum, até com viés demagógico, que dá a falsa ideia de que a desmontagem da ponte Hercílio luz significaria o fim das despesas do poder público, abrindo caminho para a construção de uma nova ponte. Percebi essa tendência num acalorado debate, ontem, nas redes
sociais. Muita gente acredita que uma nova ponte poria fim aos supostos desperdícios, quando na verdade um novo equipamento do gênero custaria no mínimo o dobro do que se imagina (não há números oficiais ainda, os que circulam são chutes) que custará a reforma da Hercílio luz ao seu
final. Além do que, uma nova ponte teria a mesma insuficiência estrutural, do ponto de vista urbanístico: é impossível construir acessos, tanto no continente, quanto na ilha, para dar vazão ao tráfego pesado.
Dor de cotovelo – Há quem acredite que toda essa campanha contra a ponte Hercílio Luz – a favor do seu desmonte – tenha origem numa velha e conhecida expressão da sabedoria popular brasileira: dor de cotovelo. Muita gente não se conforma que a empresa portuguesa Empa deu conta do recado em tão curto espaço de tempo. Talvez a empresa que mais tenha levado a sério sua tarefa.
Condenada… – A mais nova história envolvendo a ponte é de que ela estaria “condenada” ou “podre”. Não se sabe a origem de informações assim, mas elas circulam com relativa liberdade pelas redes sociais. Cumpre ao governo, neste momento, apresentar um diagnóstico correto e definitivo sobre a ponte. A palavra “condenada”, na verdade, os florianopolitanos autênticos ouvem desde 1968, quando o governo dos Estados Unidos mandou um telegrama para o governo brasileiro alertando sobre o risco de queda do monumento.
… há 47 anos – Quem trouxe o telegrama em mãos para o então governador Ivo Silveira foi o engenheiro Colombo Machado Salles, alto funcionário do Ministério dos Transportes, que depois assumiria a chefia do Executivo e construiria, em quatro anos (1971-1975), a ponte de concreto que levou seu nome, conhecida como “segunda ponte” ou “ponte nova”. A interdição em 1982 levou em conta um parecer do IPT (instituto de Pesquisas Tecnológicas) recomendando a recuperação de um dos olhais de sustentação do vão central. (Fonte: Notícias do Dia – Ponto Final/Carlos Damião)