Florianópolis, 28.9.16 – Dois dias depois do atropelamento da triatleta amadora Ina Ostrom, 27 anos, na manhã de domingo na SC-401, em Florianópolis, o caso continua sem investigação. A ocorrência foi registrada na 5a DP, a unidade de plantão da Capital, mas será encaminhada para a 7a DP, em Canasvieiras, responsável pela região onde ocorreu a colisão. Isso deveria ter ocorrido na segunda-feira, mas ontem o caso seguia parado. A 5a DP afirma que já mandou o registro, mas a 7a DP ainda não o recebeu. O motorista que atingiu Ina fugiu do local.
Os pais do jovem, que teria 20 anos, procuraram a família da atleta e foram até o Hospital Celso Ramos, onde Ina está internada sem previsão de alta. A identidade dele ainda não foi confirmada.
Uma jovem que estava com um grupo de amigos na mesma festa de onde saiu o motorista causador do acidente relatou à reportagem os momentos que antecederam a batida. Ela não quis se identificar, mas se colocou à disposição para prestar depoimento de forma anônima.
Segundo a jovem, logo depois de saírem da festa em Jurerê, um carro em alta velocidade passou por eles pelo acostamento e quase bateu no veículo em que ela e outros amigos estavam.
– Ele ultrapassou pelo acostamento em alta velocidade. Em seguida vimos na frente que um corpo saltou por quatro ou cinco metros de altura, saiu rodando no ar e caiu num terreno ao lado – relata.
A testemunha diz que os amigos não pararam o carro por conta de uma colega que estava com o pé machucado e precisava ir ao hospital. O grupo achou que o pior tinha acontecido:
– Achávamos que ela tinha morrido. Também por isso não paramos. Vimos que logo alguns carros pararam. Foi um impacto imenso.
A moça também descartou a versão dos pais do motorista na visita ao hospital. Eles teriam dito que o rapaz dormiu ao volante e por isso atropelou a triatleta.
Mãe de Ina desabafa nas redes sociais – A mãe de Ina postou um desabafo na sua página pessoal no Facebook na segunda-feira. Yara Guasque escreveu que a filha teve traumatismo craniano, fratura do osso do rosto e suspeita de rompimento do ligamento do joelho. Disse ainda que Ina está bem, mas não sabe ainda se será necessária uma intervenção cirúrgica. A advogada da família de Ina, Jucélia Corrêa, disse que os familiares do motorista entraram em contato para prestar assistência à triatleta. (Fonte: Diário Catarinense – Ânderson Silva)
Leilão
O Detran de Santa Catarina realiza mais um leilão público de veículos e sucatas, no próximo dia 5 de outubro. O leilão abrange os municípios de Criciúma, Tubarão, Araranguá, Içara, Braço do Norte, Laguna e Orleans. As visitações serão nos dias 30 de setembro e 3 e 4 de outubro. (Fonte: Diário Catarinense – Ricardo Dias)
Porto de Laguna é citado em pagamentos da Odebrecht
O Terminal Pesqueiro Público de Laguna – o Porto de Laguna –, no Sul do Estado, é citado em possíveis pagamentos de propina da empreiteira Odebrecht. A citação consta em um documento da 35a fase da Operação Lava-Jato, intitulada Omertà, que levou à prisão na segunda-feira do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci.
O relatório de investigação da Polícia Federal cita cinco apelidos de supostos recebedores de propina da empreiteira: Alemão, Figueirense, Lagoa, Operador local e Operador, mas sem detalhes sobre nomes das pessoas, nem endereços. Também não há menção sobre qual obra estaria envolvida.
Os apelidos constam em emails trocados entre altos executivos da empreiteira de outubro de 2004 a junho de 2006. Num deles, consta informação sobre pagamento que seria de recebimento de vantagens indevidas no valor de R$ 450 mil em 30/6/2004, mas não há especificação sobre o motivo nem citação de alguma obra.
Num outro email, de 12 de junho de 2006, os executivos da Odebrecht especificam valores e supostos beneficiários, que são tratados com os codinomes de Operador (R$ 15.412) e Orientador (R$ 7.706), ambos em Brasília. A força-tarefa da Lava-Jato ainda está investigando os documentos, as citações e os codinomes citados.
Empresa participou de obra de R$ 40 milhões – O Porto de Laguna recebeu obra da Odebrecht iniciada em 2001 e concluída oito anos depois, em 2009, por meio do consórcio Molhe Sul. A ação consistiu na recuperação e prolongamento do molhe, através de consórcio formado pelas empresas Odebrecht, Carioca Christiani-Nielsen Engenharia e Sulcatarinense para obras de aumento na profundidade do porto.
Os trabalhos foram paralisados e retomados algumas vezes ao longo dos anos, e em alguns pontos a profundidade no porto é contestada até hoje pelos pescadores que utilizam a estrutura. Segundo dados do informativo da Odebrecht, publicado em novembro de 2004, foi realizado e concluído o aumento do calado (profundidade necessária para navegação) do canal de acesso ao porto, de 4 metros para 9 metros, em uma extensão de 490 metros.
Na época, a obra foi licitada em R$ 19,3 milhões com prazo de três anos. Com aditivos e atraso, o valor dobrou chegando a quase R$ 40 milhões e com prazo de execução de seis anos, segundo ação penal encaminhada pelo Ministério Público Federal em 2005 à Justiça. Essa ação foi arquivada em setembro de 2011 por ter excedido o prazo de julgamento referente ao objeto, datado de 2001.
Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o porto, informou que não há nenhum contrato assinado com a Odebrecht em relação ao Porto de Laguna. A obra foi realizada com recursos do governo federal e fiscalizada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O Terminal Pesqueiro Público de Laguna (TPPL) é administrado pela Companhia Docas desde 1990, quando a antiga Portobrás foi extinta e a companhia assumiu os portos do país. A estrutura é ligada à União por meio da Secretaria de Portos.
As assessorias das empresas Carioca Christiani-Nielsen Engenharia e Sulcatarinense também foram procuradas, mas até o final da tarde de ontem, não se manifestaram. A Odebrecht também informou, publicamente, que não irá se pronunciar sobre a nova fase da Lava-Jato. (Fonte: Diário Catarinense – Diogo Vargas/Lariane Cagnini)
Sinais de desequilíbrio
É inegável que integrantes do Ministério Público e da Polícia Federal vêm cometendo alguns excessos na Operação Lava-Jato, especialmente no que se refere à espetacularização de certas ações. Também não se pode ignorar a inoportunidade da manifestação do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em fala que precedeu a Operação Omertá, responsável pela prisão do ex-ministro Antonio Palocci. Até mesmo a necessidade dessa prisão pode ser questionada, como estão fazendo os advogados de defesa do acusado, sob o pretexto de que ele poderia dar explicações com uma simples intimação.
Tudo isso faz parte do debate democrático. Mas daí a atribuir à Operação Lava- Jato a pecha de perseguição política ou tentativa de interferir no processo eleitoral vai uma grande distância. Basta lembrar que essa investigação começou no governo do PT, com total chancela e até elogios da ex-presidente Dilma Rousseff e de seus ministros, que reivindicavam o mérito de não interferir no trabalho da Polícia Federal. Será que agora, com a mudança de governo, a PF e o Ministério Público teriam perdido a independência?
Nada indica isso. A quantidade de petistas investigados e presos realmente passa uma impressão de desequilíbrio no espectro partidário e ideológico, mas é preciso lembrar que políticos importantes de outros partidos, inclusive da base de apoio do atual governo, também estão citados por envolvimento na corrupção. O que cabe é cobrar do Supremo Tribunal Federal, mais do que da polícia ou do Ministério Público, a continuidade das investigações sobre os detentores de foro privilegiado.
E também é importante que os cidadãos interessados na moralização da política e na busca de Justiça não se deixem enganar pelo discurso capcioso de suspeitos que se valem das falhas da Lava- Jato para tentar inviabilizar a investigação. (Fonte: Diário Catarinense – Editorial)