Florianópolis, 15.6.16 – O empresário Ari Rabaioli, da Aceville Transportes, de Joinville, é o novo presidente da Federação das Empresas de Transportes de Cargas de Santa Catarina (Fetrancesc). Foi eleito por 9 votos contra 4 atribuídos a Osmar Ricardo Labes, da situação. A posse da nova diretoria está marcada para julho. A eleição representou a derrota do presidente Pedro Lopes, que há anos presidia a federação.
O agronegócio de SC está ameaçado – Considerado proveitoso, o Fórum Catarinense do Agronegócio, realizado ontem na Fiesc, teve como um dos resultados a criação de uma nova consciência em torno de uma atuação mais integrada entre avicultura, suinocultura, produtores de leite, plantadores de milho e de soja. Várias proposições foram apresentadas.
O fórum revelou, contudo, que o agronegócio deverá enfrentar uma grave crise. A produção agrícola já enfrenta dificuldades, como a falta de logística e de estradas para importação de insumos e comercialização dos produtos. A prometida duplicação da BR-282, por exemplo, continua no papel. E a construção de duas ferrovias, vitais para a manutenção do agronegócio no Oeste, não tem nem projeto: a Ferrovia Norte Sul, que trará milho e soja do Centro-Oeste a preços mais competitivos, e a Ferrovia da Integração, ou do Frango, que escoará a produção pelo litoral.
O agravamento do setor já é uma realidade. A saca de 60 quilos de milho custava entre R$ 30 e R$ 35. Hoje está sendo vendida no Oeste a R$ 50 e até R$ 60, informa o secretário da Agricultura, Moacir Sopelsa. Os integrados têm o respaldo das agroindústrias, mas os produtores independentes não terão como sobreviver.
O presidente da Epagri, Enori Barbieri, diz que o pior está por vir. A soja teve reajuste de 50% nos últimos 60 dias, passando de R$ 60 para R$ 90 a saca. E o farelo de soja, vital para ração animal, saltou de R$ 900 para R$ 1.700 a tonelada.
Com mercado retraído e os produtos mais caros é fácil prever a dimensão da nova crise que se avizinha em Santa Catarina. (Fonte: Diário Catarinense – Moacir Pereira)
Agronegócio se ajusta à alta do milho
Há 60 anos na agropecuária, a família Cella vendeu na última semana 60 fêmeas de suínos a R$ 1,8 o quilo, metade do preço de custo. Nos próximos dias, os criadores de Chapecó pretendem se desfazer de mais 70 cabeças e 400 leitões. Na cidade vizinha de Arvoredo, o produtor Neuri Meneguzzi conseguiu manter a atividade com gado e algumas economias. Em Seara, também no Oeste do Estado, Jacob Biondo cortou 30% do plantel de porcos e prevê nova redução. Com os constantes aumentos do preço do milho, produtores catarinenses estão se desfazendo dos animais para sobreviver à crise do setor.
– Deixou de girar R$ 30 mil por mês na propriedade. Estávamos nos recuperando da crise de 2012 e veio outra pior – lamenta Terezinha Cella, lembrando que há quatro anos, quando algumas agroindústrias foram incorporadas pela JBS e Aurora, houve uma crise.
Meneguzzi tem apenas 100 sacas de milho no depósito, suficientes para apenas 15 dias de alimentação de 100 fêmeas e 500 leitões. Somente o gasto com milho aumentou em R$ 4 mil por mês.
– O prejuízo é de R$ 150 por suíno. É uma situação que a gente não sabe o que fazer – afirma o produtor.
A crise do milho, iniciada no final do ano passado, com o aumento das exportações do cereal produzido no Estado e alta no preço, é uma ameaça para o setor agroindustrial catarinense, que emprega diretamente 60 mil pessoas e, indiretamente, mais de 100 mil. O custo para produzir um quilo de frango e um de suíno aumentou 24% nos últimos 12 meses, segundo dados da Embrapa Suínos e Aves de Concórdia. O economista e analista da empresa Ari Jarbas Sandi calcula que 52% do custo de produção do suíno, mais da metade, refere-se ao milho (no gráfico da página ao lado).
Se para os produtores o cenário é difícil, para empresas não é diferente. A Globoaves, de Lindóia do Sul, chegou a racionar ração e 200 aves morreram de fome ou foram pisoteadas. Outras agroindústrias ajudaram a empresa para abastecer os integrados e retomar o abate, depois de 20 dias de férias coletivas para 600 funcionários.
A Aurora, também no Oeste, planeja reduzir em 5% o abate de aves com férias coletivas de 1,4 mil funcionários da unidade de Abelardo Luz em julho e agosto.
Indústrias catarinenses apostam em importação – A alta do preço do milho, que estava R$ 26 a saca para a indústria no ano passado e passou a R$ 52, aumentou os custos em cerca de R$ 30 milhões por mês, afirma o diretor agropecuário da Aurora Alimentos, Marcos Zordan. O reajuste obrigou indústrias a buscarem milho na Argentina, que chega a Chapecó a R$ 47. Somente a Aurora trouxe 20 mil toneladas. Além disso, outros produtos, como trigo, estão sendo utilizados para compor a ração.
– O governo deveria ter tomado uma medida que travasse a exportação (do milho produzido no Estado) – lamenta Zordan.
O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne) e da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Ricardo Gouvêa, acredita que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) teria que intervir de maneira a equilibrar oferta e demanda. Segundo ele, os volumes repassados para SC foram irrisórios.
A Cooperativa Agroindustrial dos Suinocultores Catarinense, que reúne criadores que não fazem parte do sistema de integração das grandes empresas, comprou mil toneladas de milho de cooperativas do Paraguai, a R$ 46 a saca.
O presidente da entidade, Losivânio de Lorenzi, reclama que promessas do governo federal, de aumentar a oferta de milho e isentar impostos de importação e financiamento novo para suinocultores, não saíram do papel. (Fonte: Diário Catarinense – Darci Debona)
Reforço na fronteira
O Ministério da Defesa está realizando neste mês a Operação Ágata 11, que prevê integração das Forças Armadas com as unidades de segurança pública dos Estados, Receita Federal e Fazenda para reforçar o controle nas fronteiras. No plano tático, o Comando Militar do Sul pretende intensificar as ações no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. No Estado, as atividades estão sob o comando da 14a Brigada de Infantaria Motorizada, que vai empregar suas unidades para atuar numa faixa de 243 quilômetros entre Itapiranga e Dionísio Cerqueira. Cerca de mil homens, 70 blindados e helicópteros serão empregados na operação. (Fonte: Diário Catarinense – Rafael Martini)
Transporte público
Técnicos do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sugeriram ontem algumas mudanças no edital de licitação que será lançado para escolher a nova responsável pelo transporte público de Blumenau. As sugestões foram repassadas ao presidente do Seterb, Carlos Lange, e ao presidente da Comissão Especial de Estudos e Projetos do Transporte Coletivo, Caio Silveira, que participaram de uma reunião com quatro servidores do TCE.
Segundo Lange, as mudanças são no sentido de esclarecer algumas opções feitas na hora de elaborar o edital e evitar questionamentos por parte dos interessados na prestação do serviço. O presidente do Seterb também disse que os técnicos julgaram adequado o modelo aprestado. Agora, a comissão se reúne para avaliar as sugestões e, se for o caso, fazer as mudanças. (Fonte: Diário Catarinense – Pancho)
Crise do milho pressiona custo de carne e inflação
Tudo indica que, apesar dos esforços do Banco Central do Brasil para levar a inflação para o centro da meta, 4,5% ao ano, as pressões por alta vão continuar no setor de carnes. Ontem, durante o Fórum Catarinense do Agronegócio, na Fiesc, em Florianópolis, o governador Raimundo Colombo afirmou que a cadeia produtiva de avicultura e suinocultura do Estado estão em desequilíbrio em função do alto preço de insumos como o milho e soja. Para o vice-presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado (Faesc), Enori Barbieri, que também esteve no evento, essa explosão dos preços dos grãos vai continuar pressionando a inflação até o final do ano e há risco de desemprego no setor. Ele explicou que a culpa principal dessa crise é a alta do dólar no Brasil e a menor oferta de soja nos Estados Unidos. Mas, segundo ele, as agroindústrias não estão conseguindo passar toda a alta aos preços. Estão compensando um pouco com os valores que obtém nas exportações.
Segundo o presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, não há muito o que fazer diante da alta atual dos grãos – a saca de soja por R$ 80 e a de milho entre R$ 50 e R$ 60. Os agricultores catarinenses e de outros Estados decidiram exportar grãos para melhorar suas margens de lucro e o mercado enfrentou maior falta do produto. Logo após, as agroindústrias tiveram que partir para a importação do milho, por um preço menor do que o vendido pelos brasileiros lá fora. Ele também reclama da falta de atuação da Conab para fazer estoques reguladores porque não há milho disponível para aumentar a oferta. Esse tipo de problema não ocorre em outros países mais prevenidos. Os EUA mantém estoque para três anos.
O secretário de Agricultura do Estado, Moacir Sopelsa, admite que esse risco vai persistir enquanto Santa Catarina não tiver melhor infraestrutura. De acordo com ele, entre as ações do Estado para melhorar a oferta de milho estão o financiamento de novos armazéns, fornecimento de calcário e de sementes de milho.
A maior dificuldade é dos produtores independentes, que não produzem direto para agroindústria. Na foto acima, o produtor Neuri Meneguzzi, de Arvoredo, um dos que reclamam do preço do milho. (Fonte: Diário Catarinense – Estela Benetti)
Licença, mas só para três
O Diário Oficial da União publicou ontem, enfim, a lista das 40 embarcações autorizadas para a pesca industrial de tainha no Sul e Sudeste do país. Dos barcos licenciados, apenas três são catarinenses – dois de Porto Belo e um de Florianópolis. Entre o restante, três são de São Paulo e os outros 34 do Rio de Janeiro. Uma inversão na histórica prevalência das embarcações catarinenses e um revés para a região de Itajaí e Navegantes, que tem a maior frota de embarcações traineiras no Brasil.
Os armadores locais questionam a lista. Afirmam que não havia tempo hábil para avaliação dos pedidos para as vagas remanescentes em Brasília e que parte dos barcos aprovados não atua mais na modalidade de cerco, usada para a captura de tainha. O Ministério da Agricultura emitiu nota em que afirma que houve mutirão para análise da documentação das embarcações.
Vale lembrar que os barcos catarinenses tiveram os pedidos de licença indeferidos, na semana passada, porque o sistema de monitoramento via satélite indicou que fizeram capturas em locais proibidos na última safra. O impacto do indeferimento das licenças em Santa Catarina já atinge os pescadores: embora o sindicato dos trabalhadores ainda não tenha números oficiais, desde o início da semana os armadores estão dispensando tripulação.
Pelo menos oito dos 50 empresários que atuam no cerco decidiram demitir – é o caso de Emerson Nagel, que esta semana entregou o aviso prévio a quase 50 funcionários e decidiu fechar a empresa de pesca. O problema agrava porque o setor já vinha demitindo por falta de licenças. Desde abril, 600 pescadores que atuavam nas modalidades de arrasto e emalhe foram dispensados – as licenças para esses modelos de captura só foram emitidas no fim de maio.
Para quem conseguiu as licenças, a temporada de pesca será curta. As capturas só podem ocorrer até dia 30 de julho, quando termina a safra.
Bêbados ao volante – O número de motoristas autuados por embriaguez ao volante pela PM em Balneário Camboriú caiu 34% em relação ao ano passado, quando passou a valer a lei que tornou obrigatório soprar o bafômetro. As autuações por recusa também caíram pela metade – foram 38 de janeiro a maio de 2015, e 19 neste ano. Ainda assim, o número de bêbados ou drogados dirigindo, que são flagrados pela PM, é elevado: 43 nos cinco primeiros meses do ano. Média de dois por semana. (Fonte: Diário Catarinense – Dagmara Spautz)
Ponte iluminada e pagamento atrasado
Faltando um mês para completar um ano da inauguração da Ponte Anita Garibaldi, em Laguna, o impasse sobre quem paga a iluminação continua indefinido. A dívida com a Celesc chega a quase R$ 162 mil. O valor em atraso corresponde ao período de setembro de 2015 a maio deste ano.
Nos primeiros meses após a inauguração o custo com a iluminação da ponte foi pago pela empreiteira responsável, depois desse período o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a prefeitura de Laguna entraram numa briga judicial. Ninguém assume a responsabilidade pelo pagamento da energia elétrica. Segundo a Celesc, o consumo médio com a iluminação da ponte é de R$ 20 mil por mês. A empresa mantém a iluminação funcionando, mas o acúmulo da dívida, sem prazo e nem pagador previstos, pode comprometer o futuro e a segurança de quem utiliza a ponte.
Inaugurada em 15 de julho, a ponte Anita Garibaldi tem 2,8 mil metros de extensão, erguida sobre as lagoas de Imaruí e Santo Antônio, é a única estaiada em curva do país. A constru&cc
dil;ão custou mais de R$ 774 milhões e é um dos fatos mais importantes para o desenvolvimento do Sul em função dos congestionamentos enfrentados pelos motoristas no trecho. Foram três anos de obras para receber os 40 mil veículos que passam diariamente. (Fonte: Diário Catarinense – Ricardo Dias)
Cassação de Cunha vai para plenário
Após cerca de oito meses de tramitação, o processo mais longo do Conselho de Ética chegou ao fim com a aprovação do pedido de cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em votação nominal, a maioria dos deputados concluiu que Cunha mentiu à extinta CPI da Petrobras sobre possuir contas no Exterior. O resultado foi decidido pela deputada Tia Eron (PRB-BA), voto considerado incerto até momentos antes da votação. Com o apoio da parlamentar ao relatório de Marcos Rogério (DEM-RO), Cunha perdeu por 11 a nove.
– Não posso absolver o representado. Quero votar sim – disse Tia Eron.
A votação sofreu uma reviravolta com Wladimir Costa (SD-PA), aliado de Cunha, que votou pela cassação do peemedebista. Momentos antes do anúncio de Tia Eron, ainda fazia a defesa do deputado afastado, afirmando que ele foi o grande responsável pelo processo de impeachment de Dilma Rousseff e chamando os petistas de “vagabundos”.
Antes de Costa mudar de opinião, a expectativa era de que Tia Eron poderia empatar o placar em 10 a 10. O voto de minerva a favor da perda de mandato de Cunha viria do presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), o que acabou não sendo necessário.
Durante sua exposição final, Rogério rejeitou a possibilidade de aditamento ao processo e o voto em separado que pedia apenas suspensão do mandato por 90 dias. Reafirmando que as provas contra Cunha são robustas e fartas, disse que o peemedebista é o titular de contas na Suíça, as quais tentou camuflar. Advogado de Cunha, Marcelo Nobre alegou que não havia provas de contas de Cunha no exterior:
– Cadê o número da conta do meu cliente? Não me venha com pirotecnia. Não preciso de 90 páginas, preciso de uma linha.
O final da sessão foi marcado por um clima de alívio com o término de um processo que se arrastava por 225 dias no colegiado.
– O Conselho de Ética não faltou ao país – comemorou Rogério.
Emocionado, o presidente do conselho disse que encerrava o processo com a sensação de dever cumprido e que não gostaria de ter dado o voto de minerva. Para ele, o placar pela cassação mostrou que a consciência falou mais alto.
– Contra fatos, não há argumentos – disse Araújo
Cunha avisou, em nota, que entrará com recurso, com efeito suspensivo, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) contra a decisão. “O processo foi todo conduzido com parcialidade, com nulidades gritantes”, argumentou.
Aliados de temer e Dilma demonstram surpresa – No Palácio do Planalto, a reação foi de surpresa e há temor de que o resultado paralise votações na Câmara. Segundo auxiliares do presidente interino Michel Temer, é “crucial” que um novo presidente da Casa seja escolhido o quanto antes para que as ações no Legislativo “andem mais naturalmente”. O voto decisivo de Tia Eron também não era esperado. Ela sofreu intensa pressão de seu partido para votar a favor de Cunha.
Advogado de defesa de Dilma, o ex-ministro José Eduardo Cardozo afirmou que a decisão do Conselho de Ética foi “correta” e terá “impactos importantes” no cenário político nacional.
O que vem pela frente
– Aprovado o relatório pela cassação, Eduardo Cunha tem cinco dias úteis para recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ele só pode questionar pontos formais do parecer do Conselho de Ética.
– Um relator será nomeado na CCJ. A comissão terá cinco dias úteis para responder o recurso. A comissão não pode discutir o mérito do parecer do Conselho de Ética.
– Depois de passar pela CCJ, o parecer segue para a Mesa Diretora da Câmara. Ele é lido no plenário e tem de ser incluído na pauta de votação em até duas sessões ordinárias.
– Cunha estuda apresentar ao plenário um projeto de resolução para ser votado, que trocaria a cassação por uma pena mais branda. A CCJ ainda estuda se é possível essa manobra.
– No plenário, são necessários 257 votos para cassar o mandato de Cunha. Ao todo, 512 parlamentares estão aptos a votar – Cunha não se manifesta. A votação é aberta. (Fonte: Diário Catarinense)
Nossas jabuticabas
O que é, o que é: tem dois presidentes da República, dois presidentes da Câmara Federal, dois terços dos políticos da Câmara processados e o policial que prendia todos eles, símbolo que virou máscara de Carnaval, preso por… contrabando?
Ora, é o Brasil brasileiro, criador de “jabuticabas”, aberrações inacreditáveis do tipo “só mesmo aqui, nestes trópicos gelados”.
Como seria possível condenar um policial por favorecimento ao contrabando e, ao mesmo tempo, mantê-lo como agente da lei, cumprindo um mandado de prisão? Um preso prendendo outro… Por pouco deixou de acontecer no caso Newton Ishii, o “japonês da Federal”.
Imagine um policial usando tornozeleira de preso e cumprindo um mandado de polícia judiciária. Alguém, afinal, teve o bom senso de confinar o preso às atividades administrativas e, assim, teriam poupado o Brasil de mais um vexame mundial.
Apesar da “jabuticaba salvadora”, o cidadão contribuinte fica sem uma explicação de maior lógica jurídica: um condenado por crime de contrabando não deveria ser expulso do serviço público?
É o Brasil em estado de pura jabuticaba, no qual o deputado Eduardo Cunha sustenta há oito meses no Conselho de Ética a tese de que “um truste”, e não ele, é o proprietário dos seus milhões depositados na Suíça – ainda que os seus extratos tenham sido amplamente divulgados pelas autoridades suíças.(Aleluia: uma jabuticaba a menos. O Conselho de Ética teve vergonha e apedrejou a fruta).
E o que dizer da presidenta afastada? Mais jabuticaba, impossível. Vítima de um “golpe”, o governo que a depôs paga o seu gabinete, o palácio em que vive, a copa, a cozinha e a roupa lavada. Paga também os aviões e as tripulações militares que a transportam, confinando-a, contudo, ao trajeto Brasília–Porto Alegre. Pois a presidenta protestou e entrou na Justiça para que o avião militar esteja à sua disposição até mesmo para voos internacionais.
Imagine-se a jabuticaba voadora: um avião da FAB, com as armas e os brasões da República, pede preferência para pouso, digamos, em Washington DC. No momento seguinte, outro avião, um pouquinho maior, com as mesmas armas e brasões, pede à torre de controle o mesmo direito à terra firme. É o presidente 2, o interino. Qual acesso deferir primeiro? O do presidente ou da presidenta?
O problema seria do Obama, coitado? Ou é nosso, pois, como reza o “livrinho”, “todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”?
O pior de tudo: somos nós, leitor cidadão, que, com os bolsos murchos e em tempo de crise, pagamos todas as jabuticabas. (Fonte: Diário Catarinense – Sérgio da Costa Ramos)