Florianópolis, 4.12.15 – O verão traz desafios para o fornecimento de serviços básicos como água, energia elétrica e alimentação, mas é nas estradas que surge a maior preocupação. O fluxo intenso de turistas, somado à imprudência e ao abuso do álcool na temporada mais festiva do ano, transforma as rodovias em um local arriscado para o motorista, com acidentes fatais, centenas de colisões e dezenas de feridos. Além disso, há a inevitável formação de filas e trechos de lentidão nos principais gargalos do Estado, o que exige paciência e educação de quem viaja.
Na penúltima parte da série De Olho no Verão, os chefes de comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Militar Rodoviária (PMRV), respectivamente o inspetor Luiz Graziano e o major Fábio Martins, apontam os principais problemas do Estado no setor, ao mesmo tempo em que explicam as estratégias de fiscalização e as possibilidades de facilitar o escoamento do trânsito. De acordo com os oficiais, as operações serão constantes em trechos da BR-101 e nas estradas do Sul do Estado por conta do aumento da vinda de turistas com a conclusão da ponte de Laguna.
ENTREVISTA| Fábio Martins, major da PMRV
Quais são os principais gargalos do Estado e como a polícia se prepara para o verão?
Estamos nos preparando com enfoque para o litoral. O gargalo é sempre o acesso às praias. Hoje, nosso planejamento de policiamento rodoviário foca no Sul do Estado. Tivemos a duplicação da BR-101 quase por completo e a construção da ponte de Laguna, o que vai fomentar o turismo da região, principalmente de gaúchos e argentinos. E, claro, Florianópolis também, pois é muito procurada.
São muitas mortes registradas nas rodovias estaduais de SC. No ano passado, 4 mil acidentes com vítimas e quase 400 pessoas morreram. O que contribui para tantos acidentes?
São diversos fatores. O nosso Estado tem vocação turística e na temporada de verão o volume médio diário de veículos aumenta. Há rodovias no litoral que passam de 30 mil para 90 mil veículos. Isso é um fator. Temos também um relevo acidentado. SC tem estradas sinuosas. Muitos turistas não conhecem os trechos, aliado à imprudência e bebida alcoólica, o que resulta nesse número alto de acidentes.
Aplicativos como Waze atrapalham ou ajudam a polícia?
A gente entende que ajudam bastante, porque eles verificam pontos de lentidão e você pode traçar rotas alternativas. O ponto que discordamos é quando eles indicam as blitze e operações policiais.
Há previsão de aumentar a fiscalização nas proximidades de baladas?
Sim, há previsão. Mas o problema que enfrentamos é que, se fizermos uma fiscalização muito mais rigorosa, não vamos ter como implementar isso. Vai ser praticamente impossível dar cabo de todas as ocorrências. Então, temos esse intuito de aumentar a fiscalização em algumas festas e locais mapeados.
O senhor poderia dar dicas para os motoristas que querem evitar passar muito tempo em trechos de lentidão?
A primeira é que evite horários de pico de sol, que superaquece o veículo. Programar-se com relação às crianças: ter água e comida no veículo, um divertimento. É importante se preocupar com a mudança radical do tempo. O que a gente observa muito no verão: está todo mundo na praia, dá uma trovada e sai todo mundo na mesma hora, o que gera fila. Direção defensiva. Evite os horários da noite. Às vezes o condutor fica o dia inteiro na praia, resolve não sair às 18h para evitar trânsito, mas acaba não descansando. Aí pega o volante e dorme, sai da pista e capota.
ENTREVISTA| Luiz Graziano, inspetor da PRF
Quais são os principais gargalos? Onde a PRF está mais de olho neste verão?
Temos um problema muito sério na BR-101, a principal do Estado. Não é a rodovia onde ocorrem mais mortes, porque a 282 ultrapassou no ano passado em função dos acidentes. A 101 é a rodovia com maior número de acidentes, maior número de feridos e o maior movimento principalmente no verão. Um grande atrativo do Estado são as praias. A BR-101 é o nosso ponto central de fiscalização.
O que a PRF pode fazer para amenizar os problemas que vão aparecer na BR-101?
A previsão do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) era entregar essa obra em dezembro. Foi adiado, a previsão agora é abril ou maio. No Morro do Formigão vamos utilizar o acostamento e talvez, se tudo der certo, uma terceira faixa para conseguir uma pista dupla em alguns momentos. Por exemplo, depois do Natal virão muitos turistas do Sul do Estado. Vamos tentar fazer uma terceira faixa reversível.
Em relação aos trechos mais perigosos no Estado, onde o motorista deve redobrar a atenção?
Infelizmente, hoje SC é o terceiro em mortes e o quarto em acidentes em rodovias federais. A 282, como falei no início, no ano passado, ultrapassou em número de mortes pela primeira vez, apesar de ter bem menos acidentes que a 101. Por quê? Porque com a duplicação e, principalmente, a mureta no meio, você impede quase que 100% e evita colisões frontais. Com exceção dos motoristas embriagados, que conseguem ir na contramão.
De quantos policiais precisamos para ter um patrulhamento ideal e qual é a probabilidade disso acontecer num curto prazo?
Não tem essa possibilidade no curto prazo. Hoje temos cerca de 600 policiais no Estado, com 26 postos operacionais funcionando. Precisaríamos, no mínimo, para ter o atendimento básico, de 900 policiais. No último concurso recebemos cem, porém tivemos várias aposentadorias neste ano.
Nesta temporada vão chegar muitos ônibus de turismos. O que é feito de fiscalização para essas excursões?
Trabalhamos muito para a educação com os passageiros. Você para um ônibus e praticamente ninguém usa cinto. A falta do cinto aumenta a gravidade dos feridos. Nós, aqui no Estado, realizamos trabalhos em rodoviárias, abordagem a ônibus para os passageiros, principalmente estimulando o uso do cinto. (Fonte: Diário Catarinense)
Ricardo Dias: Pressão por pagamento da conta de luz da Ponte de Laguna
O deputado federal Esperidião Amin (PP) enviou ao relator-geral do Orçamento da União, deputado federal Ricardo Barros (PP), uma emenda para que inclua no orçamento de 2016 o pagamento das despesas com energia elétrica do sistema de iluminação pública em pontos críticos das rodovias federais. Entre as obras é citada a iluminação da Ponte de Laguna, que segue com o pagamento em atraso com a Celesc. O deputado anexou a reportagem do DC sobre o atraso como base para sua defesa. No documento, ele sugere que o DNIT arque com os custos da iluminação. (Fonte: Diário Catarinense – Ricardo Dias)
COP21: Al Gore pede mudanças nos modos de produção e transporte
Mudar os modos de produção e transporte será indispensável para evitar novas catástrofes climáticas, estimou nesta quinta-feira o ex-vice-presidente americano Al Gore, às margens da conferência sobre o clima de Paris (COP21).
“Será que realmente precisamos mudar os nossos sistemas de energia, transportes, agricultura e nossas florestas e mudarmos para um padrão de baixo carbono?” questionou Gore em discurso em Le Bourget, perto de Paris.
“A resposta é sim; a resposta vem da própria natureza”, continuou o ambientalista, premiado em 2007 com o Nobel da Paz ao lado do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
“O noticiário, todas as noites, é como uma caminhada em tamanho real pelo livro das revelações” (o último livro do novo testamento da bíblia, mais conhecido como apocalipse de João, ndlr), afirmou, citando a multiplicação dos fenômenos climáticos extremos (furacões, secas, inundações).
A comunidade científica é agora “virtualmente unânime” ao reconhecer o impacto das atividades humanas sobre o clima, cujas evidências são “tão claras como as da gravidade”, acrescentou o diretor do documentário “Uma Verdade Inconveniente” sobre as consequências do aquecimento global.
Delegados de 195 países estão reunidos perto de Paris desde segunda-feira para tentar encontrar um acordo que permita limitar o aquecimento global a dois graus acima da era pré-industrial.
“Eu espero que não haja dúvidas e que consigamos resolver a crise climática” nesta ocasião, disse Al Gore, numa coletiva de imprensa no final do dia.
Para ele, os avanços tecnológicos oferecem a esperança de que o mundo acabará por abandonar os combustíveis fósseis – em grande parte responsáveis pela mudança climática.
“O mundo dos negócios, dos investimentos e outros atores criaram tecnologias solares e eólicas que tornam esses recursos extremamente competitivos”, ressaltou. (Fonte: jm/chp/fmi/sg/mm – Extraído do Portal Diário Catarinense)
Transporte coletivo de Blumenau pode entrar em greve na segunda-feira
A segunda sessão da assembleia desta quinta-feira confirmou o que já havia sido votado durante a manhã. Unânimes, os trabalhadores que operam o transporte público em Blumenau acataram ao indicativo de greve. A paralisação só será descartada caso a convenção trabalhista da categoria seja assinada em 72 horas. Se o acordo da data-base não se resolver neste período, o presidente do sindicato da classe (Sindetranscol), Ari Germer, adianta que o serviço será suspenso por tempo indeterminado na cidade. O aviso de greve foi protocolado às 17h desta quinta, então as 72h vencem no fim da tarde de domingo. No entanto, Germer diz que a possível greve deve começar somente na segunda-feira.
— É só a Glória que não quer assinar, ou seja, é a própria prefeitura. A jornada de 7 horas diárias é um acordo feito no dissídio de 2007. Só queremos que esse direito conste na convenção. Não sabemos qual é a intenção e nem entendemos qual é o objetivo do poder público com isso — critica o assessor jurídico do Sindetranscol, Léo Bittencourt.
Germer explica que os trabalhadores discordam de um dos itens previstos na convenção coletiva de trabalho da classe. O documento, que seria assinado na semana passada, segue em negociação após o impasse.
– Estava tudo certo. Apresentamos a proposta semana passada, redigimos e acertamos tudo na convenção. Nós (do sindicato) assinamos e encaminhamos para as empresas. Rodovel, Verde Vale e Glória concordaram e na segunda-feira, quando o documento foi enviado para o (sindicato) patronal, fomos surpreendidos porque a Nossa Senhora da Glória e o Siga não quiseram mais assinar – afirma.
Ainda segundo o presidente do Sindetranscol, a carga horária dos trabalhadores – que desde 2007 é de 42 horas semanais – foi questionada pelas interventores das empresas, Sérgio Chisté e Jardel Rangel.
– Eles querem colocar pra 44 horas semanais e nós não vamos aceitar isso – adiantou o presidente.
Entenda o caso:
– Durante o ano o transporte público em Blumenau teve seis paralisações. Em fevereiro, motivada pela falta de segurança, e nos meses de junho, julho, agosto, setembro e novembro pelo atraso no pagamento do salário ou vale-refeição.
– Após a intervenção por parte da prefeitura no Consórcio Siga e na Empresa Nossa Senhora da Glória, os salários e os vales foram pagos em novembro. Agora a ameaça de greve se dá por outro motivo: o desentendimento na negociação da convenção coletiva dos servidores para o ano que vem. O sindicato também cita a falta de segurança nos terminais. Por conta do não pagamento e seguidos atrasos, a empresa terceirizada que fornece vigilantes para os terminais de ônibus parou de trabalhar na segunda-feira à noite. O serviço era uma das medidas adotadas pelo Seterb para pôr fim à greve de fevereiro.
– Depois de tradicionalmente fazer um acordo coletivo entre as empresas e o Seterb, o Sindetranscol decidiu esse ano levar a negociação da data-base para o sindicato patronal da classe, em Florianópolis, e formalizar uma convenção coletiva. A decisão se deu, segundo o sindicato, pela insegurança com o Siga e com a prefeitura. Em caso de uma possível mudança no consórcio e ruptura de contratos, uma convenção coletiva continuaria valendo, ao contrário do acordo.
– Segundo o Sindetranscol, Siga e Glória teriam retirado a assinatura da convenção por não concordarem com a carga horária atual de 42 horas semanais para os motoristas e cobradores. Os interventores teriam pedido uma carga de 44 horas. (Fonte: Jornal de Santa Catarina)
Com leitura de parecer, Cunha dá início ao processo de pedido de impeachment de Dilma
Diante de um plenário quase vazio, o 1º secretário da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, Beto Mansur (PRB-SP), leu nesta quinta-feira as 65 páginas do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Após 3 horas de leitura, foi a vez do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apresentar seu parecer sobre o impeachment aceito quarta-feira. Com isso, foi cumprido o ritual necessário para abertura do processo.
A partir da leitura do parecer, Dilma deverá ser notificada oficialmente, e os partidos com representação na Câmara terão até a próxima segunda-feira, às 14h, para indicar seus representantes na comissão especial que analisará o processo. O colegiado será instalado na terça.
O parecer de Cunha foi feito em relação ao pedido de impeachment elaborado pelos juristas Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, Miguel Reale
Júnior, ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, e Janaína Paschoal. No documento, o peemedebista alega que Dilma cometeu crime de responsabilidade fiscal, com as “pedaladas fiscais”, a edição de decretos de abertura de crédito suplementar sem autorização do Congresso e a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que provocou prejuízos de pelo menos US$ 792 milhões, de acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU).
Indicações – Líderes partidários deverão indicar seus representantes na comissão especial, de acordo com a regra da proporcionalidade. PT e PMDB são os partidos que terão o maior número de integrantes. Cada uma das legendas terá oito, de um total de 65 membros do colegiado. Os partidos que integram a base aliada do governo Dilma (PMDB, PP, PTB, PRB, PT, PSD, PR, PC do B e PDT) terão, ao todo, 36 membros, quantidade maior do que a dos principais partidos da oposição (DEM, SD, PSC, PSDB, PPS e PSB), com 17 representantes. A maior bancada oposicionista será a do PSDB, que terá seis integrantes.
Os indicados serão eleitos durante sessão extraordinária convocada por Cunha para segunda-feira, às 18h. Após a instalação, no dia seguinte, a comissão especial deverá eleger em até 48 horas o presidente e o relator do colegiado. A Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara explicou que, diferentemente da distribuição dos membros, não haverá proporcionalidade na escolha desses cargos. Após ser notificada oficialmente, a presidente Dilma terá até dez sessões para apresentar sua defesa formal à comissão especial.
Com a defesa apresentada, a comissão especial terá até cinco sessões para proferir o parecer pela procedência ou não do processo. A votação do parecer na comissão deverá ser por maioria simples. Caso seja considerado procedente, o texto seguirá para o plenário, no qual deve ser votado em até 48 horas. A votação será aberta e, para que seja aprovado, são necessários votos de pelos menos dois terços dos 513 deputados que compõem a Casa, ou seja, 342 parlamentares. Aprovada a abertura do processo na Câmara, o texto segue para o Senado. Se isso ocorrer, Dilma deverá ser afastada do cargo até que a Casa vote o processo desde que o período não ultrapasse os 180 dias. (Fonte: Zero Hora)
República dos Pinóquios
Na primeira manifestação pública à nação depois da decisão do presidente da Câmara Federal de autorizar a abertura do processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff partiu para o ataque, negando que tenha participado de barganha política e chamando o deputado Eduardo Cunha (PMDB) de mentiroso.
No dia seguinte, Cunha convocou a imprensa para devolver a acusação à presidente da República. Contou detalhes das propostas e pressões que recebeu para não autorizar o impeachment. Em troca, os três deputados do PT no Conselho de Ética negariam voto à sua cassação. Invocou, inclusive, o testemunho do deputado André Moura, que teria participado das negociações com o ministro da Casa Civil, Jacques Wagner. E acusou Dilma Rousseff de ter mentido à nação.
Ato contínuo, o ministro Jacques Wagner chama outra coletiva de imprensa para assegurar que não houve barganha com Eduardo Cunha, acusando-o de mentir.
Para completar esta novela de “alto nível”, o próprio deputado André Moura, que testemunhou as conversações, assegurou que o ministro Jacques Wagner, em nome da presidente Dilma, garantia os três votos petistas pró Eduardo Cunha se o presidente da Câmara rejeitasse os pedidos de impeachment. O Brasil já teve República das Alagoas, República dos Marajás e, mais recentemente, a República dos Pixulecos. Tem agora a República dos Pinóquios. Pior é que, para a opinião pública, todos os acusadores têm razão. (Fonte: Diário Catarinense – Moacir Pereira)