Florianópolis, 1.4.16 – Em iniciativa inédita no país, as entidades que reúnem o setor privado pelo Sistema S em Santa Catarina as federações das indústrias (Fiesc), comércio e serviços (Fecomércio), agricultura (Faesc) e transportes (Fetrancesc) decidiram atuar juntas em programa para melhorar a qualidade da educação. Numa ação liderada pela Fiesc, elas lançaram ontem o Movimento Santa Catarina pela Educação, que consiste numa evolução do bem-sucedido Movimento a Indústria pela Educação, desenvolvido há três anos. O programa também conta com o apoio de instituições públicas e privadas de ensino e vai gerar impacto positivo para milhares de pessoas e empresas no Estado. A ênfase é a elevação do padrão de ensino, o que viabiliza maior desenvolvimento econômico e social.
– Esta união é marcante para o crescimento e desenvolvimento da iniciativa porque agrega milhares de trabalhadores e empresários – afirmou Glauco José Côrte, presidente da Fiesc.
As federações do Comércio e Agricultura foram as primeiras a aceitar o convite. Ontem, foi formalizada a participação da Federação dos Transportes, com a assinatura do presidente da entidade, Pedro Lopes.
Entre os presentes na reunião de ontem, o secretário de Estado da Educação, Eduardo Deschamps; o secretário de Educação de Florianópolis, Rodolfo Pinto da Luz; a reitora do IFSC, Maria Clara Schneider; e o vice-presidente da Fecomércio; Célio Spagnolli. Conforme Côrte, 38% dos trabalhadores da indústria – setor que emprega mais de 800 mil pessoas – já aderiram ao programa. Pedro Lopes disse que no setor de transportes o impacto direto e indireto desse reforço na educação envolverá cerca de 400 mil pessoas. Desses, 250 mil são motoristas.
Entre os projetos do movimento estão Escola Parceira, Conexão Jovem, Pais pela Educação, Eu Voluntário e o Projeto Gestão Escolar. O conselho (foto acima) é integrado por 26 lideranças.
Novo slogan ao movimento – Educação o novo nome do desenvolvimento. Este slogan para o Movimento Santa Catarina pela Educação, apresentado ontem, foi criado pelo presidente da Fiesc, Glauco José Côrte. Idealizador desse programa para a indústria, o empresário, que ficou conhecido como o Senhor Educação, revelou ontem que se inspirou em frase de um papa: Paz, o novo nome do desenvolvimento. Para quem não sabe, Côrte é católico praticante.
Melhor ensino do mundo – Quando se fala em qualidade da educação básica – em ciências, matemática e leitura – , o Brasil fica na lanterna do teste de Pisa, o de maior credibilidade mundial. Mas provou que tem potencial para oferecer a melhor educação do mundo ao conquistar o primeiro lugar na olimpíada mundial de educação técnica, a WorldSkills 2015, realizada pela primeira vez no Brasil, em São Paulo.
Essa observação otimista foi feita pelo diretor de Operações do Senai nacional, Gustavo Leal. Segundo ele, o Brasil precisa rever seus modelos de ensino fundamental e médio que preparam para a universidade enquanto apenas 15% dos jovens chegam ao terceiro grau. Alerta que apenas 8% cursam segundo grau profissionalizante enquanto nos países da OCDE 53% optam por esses cursos. (Fonte: Diário Catarinense – Estela Benetti)
Contorno Viário tem novo prazo
O Anel de Contorno Viário, uma das obras mais esperadas na área de mobilidade para a região Sul do Estado, avançou uma nova etapa esta semana. A partir do pagamento da última indenização de desapropriação de terrenos no bairro São Simão, em Criciúma, o trecho de cerca de 500 metros está liberado para início das obras, que irão se ligar à parte já pronta e completar o percurso de 6,8 quilômetros. Com o avanço dos trabalhos, o presidente do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), Wanderley Teodoro Agostini, projeta a inauguração da obra para o final do ano.
Em visita à região na manhã de ontem, Agostini percorreu a Via Rápida e um trecho do Anel de Contorno Viário. Quando lançada, a previsão de entrega da via era para julho de 2015, e agora foi postergada para o segundo semestre de 2017. No caso do Anel, a previsão de outubro de 2014 passou para o final deste ano. Sobre os atrasos nas obras, Agostini justifica que fatores climáticos e entraves nas desapropriações mudaram o cronograma.
– O Contorno Viário nos dá uma tranquilidade para falar que até o final do ano ele será inaugurado. Na questão da Via Rápida, ainda hoje (ontem) em vistoria nós vamos avaliar para estabelecer um novo cronograma – disse.
A Via Rápida de Criciúma fará a ligação, em estrada duplicada, do bairro Próspera até a BR-101, oferecendo mais uma alternativa de acesso à rodovia federal e desafogando a SC-445, em Içara, que recebe uma média de 30 mil veículos por dia, segundo a Polícia Rodoviária Estadual. Por conta do fluxo intenso, a via de pista simples está em más condições de conservação e já não comporta esse movimento.
– A Via Rápida é de suma importância, já que os três acessos que temos à BR-101 estão em estado precário de conservação. São estradas antigas, com pista simples, que apresentam riscos aos motoristas pelo grande fluxo de caminhões. Estão ultrapassadas em relação à necessidade da nossa região – afirmou o presidente da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), César Smielevski.
Na avaliação dele, o atraso nas duas obras não só prejudica o desenvolvimento da região, mas cria uma sensação de constrangimento e de frustração por parte da comunidade, empresários e lideranças da região. No contorno de Criciúma, que servirá para aliviar o trânsito no Centro da cidade, a conclusão da obra também ligará Cocal do Sul a Siderópolis, oferecendo novas rotas aos moradores da região.
– Começaram a obra e boa parte dos terrenos não havia sido indenizado ainda. A construtora começa, para, desmonta sua estrutura e volta depois de alguns meses. A obra se arrasta e encarece – resume.
Alternativa para retomar o crescimento – Com uma produção industrial cada vez mais diversificada, a região tem enfrentado problemas com o custo do transporte de cargas. O vice-presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) para o Sul, Diomício Vidal, reforça que a logística é um dos pontos que encarece o transporte dos municípios do Sul, e a conclusão de obras como a Via Rápida e o Anel de Contorno Viário irão trazer benefícios.
– Hoje, vindo de Urussanga para Siderópolis, tive que passar pelo Centro de Criciúma. Com o anel concluído, economizaria cerca de 10 quilômetros, fora o tempo, fazendo o contorno por fora da cidade. Essa obra completa já está em execução há 20 anos, existe uma lentidão do governo. É fácil justificar, explicar a demora, mas nossa representação política também precisa fazer uma pressão nesse sentido – avaliou Vidal.
Na análise do vice-presidente da Fiesc, embora o país esteja em um período de estagnação econômica e crise política, ele defende que é preciso estar preparado para quando a crise passar, recuperar mercados e garantir a volta do crescimento. (Fonte: Diário Catarinense – Lariane Cagnini)
Enquanto isso…
Esperidião Amin esteve ontem pela manhã reunido com Marcos Bemquerer, do TCU, para tratar do contorno viário da Grande Florianópolis. Levou para ele as reportagens do DC em que a concessionária admitia que não existe mais prazo nem sequer para a conclusão das obras. Pediu ao ministro uma fiscalização exemplar no caso, para que as concessões também não caiam no descrédito. (Fonte: Diário Catarinense – Rafael Martini)
Mais via expressa
Segue firme o corte de árvores junto ao viaduto da BR-470 para dar lugar ao prolongamento da Via Expressa. Cerca de 100 metros já foram abertos no meio da mata em direção à Rua Guilherme Scharf, marco da primeira etapa da obra. Também prosseguem as negociações para desapropriar por completo o trecho de 1,8 quilômetro. O objetivo do governo do Estado é concluir o prolongamento até o final do ano, já com o viaduto sobre a Guilherme Scharf.
Licitação no primeiro semestre – No total, o prolongamento terá pouco mais de 15 quilômetros e vai até o sopé da serra da Vila Itoupava. A empresa responsável pela obra é a Cetenco. Ela foi contratada para fazer a terraplenagem e a pavimentação. A construção das pontes e viadutos será licitada ainda no primeiro semestre, segundo o secretário executivo da Agência de Desenvolvimento Regional, Cássio Quadros. (Fonte: Diário Catarinense – Pancho)
Promulgado acordo para ponte sobre o Rio Peperi
A Presidência da República publicou nesta semana o decreto 8.699, que promulga o acordo entre Brasil e Argentina para a construção da Ponte Internacional sobre o rio Peperi-Guaçu, entre as cidades de Paraíso, onde termina a BR-282, e Rota 14, na cidade de São Pedro, no país vizinho.
Pelo decreto as partes se comprometem a iniciar as tratativas para a construção, que ficará sob responsabilidade de uma comissão mista, reunindo autoridades dos dois países. Haverá compartilhamento dos custos e cada país fará seus acessos. (Fonte: Diário Catarinense – Darci Debona)
Consenso improvável
O projeto que o Palácio do Planalto enviou à Câmara dos Deputados na quarta-feira passada para a renegociação das dívidas dos Estados tem 19 artigos dispostos por 22 páginas. Até a noite de ontem, o mesmo projeto já havia recebido 210 emendas para modificar seu texto. A conta foi feita pelo deputado federal Esperidião Amin (PP-SC), que atua como relator informal da proposta até a oficialização, que deve ocorrer na semana que vem.
O número de modificações propostas pelos parlamentares dá conta da complexidade da proposta. A maior parte delas tem como alvo as condicionantes impostas pelo governo federal para conceder aos Estados o alongamento por 20 anos do prazo de pagamento e o desconto de 40% nas parcelas por 24 meses. Não são poucas. Um capítulo inteiro do projeto atualiza a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), criando mais restrições aos governadores e, inclusive, aos demais poderes nos Estados. As limitações a aumentos salariais e contratações após serem atingidos 90% do gasto previsto com folha de pagamento deixam entidades sindicais e deputados com essa origem de orelha em pé. Boa parte desses parlamentares é do próprio PT, que já começa a reagir ao próprio projeto. Uma das sugestões, inclusive, é deixar para ser votado outra hora todo o capítulo sobre a LRF e levar a plenário apenas os benefícios e as contrapartidas básicas – que também preveem restrições a reajustes e contratações, mas de caráter temporário.
É óbvio que se o governo de Dilma Rousseff (PT) não estivesse politicamente frágil, não haveria conversa alguma sobre renegociação das dívidas estaduais. Isso fez com que os governadores, interessados na redução das parcelas mensais que remetem à União, pressionassem pela aprovação urgente do texto – seria na última terça-feira, pelo script original. As contrapartidas que colocam os próprios governadores sob tutela permanente do Ministério da Fazenda geraram reações e dúvidas. A principal delas, sobre a viabilidade de chegar a um texto que agrade os Estados, o Congresso e o próprio governo federal em meio à crise política.
Não é improvável que uma decisão da Justiça sobre a dívida venha antes de uma solução parlamentar. A ação catarinense que questiona a cobrança de juros sobre juros no recálculo do débito volta para a pauta do Supremo Tribunal Federal na próxima quarta-feira. (Fonte: Diário Catarinense – Upiara Boschi)
Meu Deus!
À beira do abismo, o grupo de Dilma Rousseff tomou um fôlego. Embora petistas reconheçam que a aprovação do impeachment na Câmara ganhou corpo e que a reversão de cenário é difícil, ganharam uma quinta-feira de esperança. As manifestações de ontem, mais a decisão do STF – de manter a investigação sobre Lula, por enquanto, longe do juiz Sérgio Moro – e o apoio de artistas serviram como bálsamo. Na prática, o que está ajudando é a possibilidade concreta de trocar vagas na Esplanada por votos, o que se intensifica a partir de hoje. O PT ainda terminou o dia comemorando a sincera constatação do ministro do Supremo Luís Roberto Barroso sobre uma foto do PMDB:
– Meu Deus do céu, essa é a nossa alternativa de poder! – deixou escapar.
O grupo pró-impeachment no Congresso, no entanto, afirma que já tem os votos necessários para o afastamento. O clima na capital federal é de guerra.
Sai Dilma – Até ontem à tarde, os movimentos pró-impeachment não pretendiam promover outras manifestações de rua, guardando munição para o dia da votação em plenário. A avaliação é que dificilmente conseguirão superar, até lá, o tamanho do último protesto. Para pressionar os deputados, a estratégia é triplicar as ações pelas redes sociais.
Fica Dilma – A
roveitando a mobilização tardia dos movimentos sociais, o PT quer intensificar a presença nas ruas. A ideia é provar, até o dia da votação em plenário, que a presidente Dilma não está isolada.
Vocação – Deputados do PP que defendem o desembarque do governo ameaçam entrar na Justiça, se não houver reunião até o dia 12 para definir a posição do partido. É que, além de negociar com o Planalto, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), tem comentado que a legenda quer mesmo é ser governo, pode ser de Dilma ou de Temer.
Embolou – A novela da renegociação da dívida ainda terá muitos capítulos. O STF deixou para a próxima semana a decisão sobre a ação de Santa Catarina (e ainda não será o mérito) e, na Câmara, tem deputado defendendo que o projeto sobre a alteração nas regras nem mesmo seja votado. (Fonte: Diário Catarinense – Carolina Bahia)
A crise como comédia
Desde que o mundo é mundo, o brasileiro vive numa espécie de pau de arara econômico, uma câmara de tortura financeira, onde sempre sobra “mais mês do que dinheiro”.
Quando o brasileiro pensa que finalmente vai subir ao pódio da prosperidade, acaba atropelado por uma nova crise, em que “os outros” gastam e ele, coitado, é chamado para pagar a conta.
Houve a crise do México. A da Rússia. As eternas crises da Argentina. E, por fim, a “mãe de todas as crises”, a do subprime, que é o “apelido” para a gastança desmedida dos americanos, distribuindo “pirâmides” que se espalharam pelo mundo. Agora é a vez da crise dos cleptomaníacos de Estado, que se organizaram para assaltar o erário e depenar as estatais.
Meu Deus! Estão roubando até capachos – aquele tapetinho de corda que fica na frente das portas. E na Petrobras, não se sabe mais o que é maior: os poços do pré-sal, a 7 mil metros de profundidade, ou o tamanho do assalto “alcançado” por políticos e doleiros.
A Europa amarga também a sua crise. É a tal história: os povos do hemisfério norte se julgavam imunes às crises. FMI era só para o Brasil e os países desafortunados do sul. Resultado: gastaram o que não tinham e agora ameaçam “contaminar” os inocentes do hemisfério meridional.
Pressionado, o brasileiro apela para o jeitinho, aquela criatividade meio marginal que leva o padeiro a vender pão sem trigo – mas com bromato.
Gasolina com solvente. Omelete sem ovo. Pastel de camarão sem camarão. Vinho sem uva. Leite com soda cáustica. Estrume sem cocô. Governo “popular” com economistas de Chicago.
Agora, entram em cartaz duas arengas insuportáveis: as campanhas do impeachment, sob a direção dos “coxinhas”, e o berreiro do “Não vai ter golpe”, animado pela boquinha dos “mortadelas”.
No meio, o PMDB, único partido do mundo que, pertencendo a todos os governos, senta-se ao trono de manhãzinha e, à tarde, vira “oposição”.
Agora mesmo o partido deu uma de “macho”: determinou que todos os seus sete ministros apeassem do poder, marcando o rompimento com o governo Dilma.
E qual foi o resultado?
Seis ministros decidiram permanecer nas suas poltronas acolchoadas. E que os donatários da sigla se atrevam a expulsá-los. Ou seja: deram o “golpe” nos caciques…
O Brasil é assim mesmo. Na política, tudo é uma comédia.
Tiririca pra presidente já! (Fonte: Diário Catarinense – Sérgio da Costa Ramos)
Um crime difícil de definir
Os proponentes do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o jurista Miguel Reale Júnior e a advogada Janaína Paschoal, disseram na comissão especial da Câmara encarregada de avaliar o impedimento da presidente Dilma Rousseff que as chamadas “pedaladas fiscais” são, sim, crime de responsabilidade. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, em contraponto, disse aos mesmos parlamentares que inexiste base legal para a responsabilização da presidente, pois a metodologia dos pagamentos contábeis foi alterada tão logo o Tribunal de Contas da União determinou. Ouvidas a acusação e a defesa, os parlamentares que decidirão sobre o encaminhamento do processo ao plenário da Câmara travaram um acirrado debate sobre a questão essencial do momento: houve ou não o crime de responsabilidade exigido pela Constituição para justificar o impeachment?
O país está dividido em relação a esta dúvida, aparentemente uma divisão desigual, pois tanto manifestações de rua quanto pesquisas de opinião demonstram que a maioria quer o afastamento da chefe da nação. Muitos desse grupo, a bem da verdade, não estão preocupados com a justificativa: querem mudar porque o país vai mal, porque acham que o governo está envolvido com a corrupção e porque não estão dispostos a esperar mais dois anos e oito meses pela nova eleição presidencial. Entre os defensores da continuidade, há também aqueles que se preocupam efetivamente com a legalidade e aqueles que só pensam em permanecer no poder.
Caberá aos parlamentares e, possivelmente, ao Supremo Tribunal Federal decidir soberana e democraticamente se as manobras fiscais, utilizadas também por outros presidentes e por vários governadores, são motivo suficiente para destituir um chefe de Executivo. Em qualquer hipótese, como é imprescindível numa democracia, os vencidos até poderão protestar e fazer críticas, mas todos teremos que acatar. (Fonte: Diário Catarinense – Editorial)