Florianópolis, 11.8.16 – O presidente interino Michel Temer convocou para 25 de agosto a primeira reunião do conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Orientado por auxiliares, ele deve aprovar o lançamento de um novo pacote de concessões de infraestrutura.
Quatro aeroportos, duas ferrovias e um terminal portuário de passageiros fazem parte da lista que será levada a Temer. Por interesse restrito da iniciativa privada, a primeira concessão de rodovias ficará para o ano que vem.
Segundo fontes próximas ao Palácio do Planalto, o governo pretende oferecer um contrato de longuíssima duração para viabilizar a Ferrogrão, projeto ferroviário que ligará os municípios de Sinop (MT) e Miritituba (PA).
O projeto foi apresentado ao Planalto em 2013 por empresários do agronegócio e representa uma alternativa ao escoamento de grãos pelos portos da região Norte. A dificuldade, no entanto, é encontrar uma equação que permita amortizar os investimentos necessários para tirá-la do papel. Por isso, a concessão da ferrovia certamente terá mais de 50 anos. O prazo final não está definido e Temer receberá várias alternativas, mas o Valor apurou que poderia chegar até a 70 anos.
A outra ferrovia escolhida é a Norte-Sul, que tem um trecho pronto entre Palmas (TO) e Anápolis (GO), mas ainda sem operações. Outro trecho, de Ouro Verde (GO) a Estrela DOeste (SP), está com mais de 90% de execução física e a estatal Valec assumiu o compromisso de concluir as obras antes da concessão. Essas duas partes serão leiloadas conjuntamente à iniciativa privada.
De acordo com assessores presidenciais, o governo recebeu indicações de que há empresas interessadas na Norte-Sul. Uma delas seria a Rumo ALL. Outra seria a RZD, sigla da Russian Railways International, que enviou emissários para reunião no Planalto.
Inicialmente, a equipe de Temer imaginava incluir o lote da BR-364/365 (entre Goiás e Minas Gerais) no plano, mas desistiu em função dos sinais dúbios recebidos de potenciais investidores. Pelo menos dois grupos de infraestrutura haviam sinalizado a intenção de entrar na disputa por essa rodovia, mas o governo não sentiu segurança suficiente e preferia ter mais interessados na estrada.
Para baratear a tarifa máxima de pedágio, houve mudanças como o fim da obrigação de duplicar a rodovia em cinco anos e a adoção do “gatilho” de demanda até para serviços operacionais, como auxílio mecânico. As autoridades queriam, no entanto, mais concorrência para viabilizar um deságio maior no pedágio.
Serão oferecidos quatro aeroportos – Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis – para os quais tem havido manifestação de interesse de grupos nacionais e estrangeiros. Também irá para licitação um ativo menor: o terminal de passageiros do porto de Recife, que havia sido reformado para a Copa do Mundo de 2014. (Fonte: Valor Econômico – Extraído do portal Revista Ferroviária)
Fluxo de veículos cresce 2,3% nas estradas pedagiadas em julho, revela ABCR
A circulação total de veículos em julho pelas estradas pedagiadas do País cresceu 2,3% em relação a junho, já descontados os efeitos sazonais, informaram nesta quarta-feira, 10, a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) e a Tendências Consultoria Integrada. A alta foi determinada pelo aumento de 3,2% no fluxo dos veículos leves, já que a movimentação dos pesados recuou 1,2% na mesma base de comparação.
“A forte elevação de leves ditou o resultado positivo do indicador agregado do fluxo pedagiado no mês, mais do que revertendo o recuo observado no dado anterior”, afirma Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria. “O fluxo de pesados, por outro lado, mostrou queda no mês de 1,2%, após registrar forte alta em junho. O dado negativo, entretanto, não deve predominar nos próximos meses, devido à recente tendência de melhora delineada por outros indicadores industriais antecedentes, como a produção de veículos e os principais índices que avaliam a confiança do empresário industrial”, completa.
Em relação ao mesmo período de 2015, o índice total apresentou queda de 2,5%. O fluxo de veículos leves recuou 0,6%, enquanto o fluxo de pesados teve retração maior, de 8,1%.
Acumulado – Nos últimos 12 meses, o fluxo de veículos nas rodovias pedagiadas recuou de 3,2%. Considerando essa mesma base de comparação, o fluxo de veículos leves e pesados registraram queda de 2,2% e 5,9%, respectivamente.
Já no acumulado do ano, de janeiro a julho, relativamente ao mesmo período em 2015, o fluxo de veículos nas praças de pedágio apresentou queda de 3%. Por sua vez, o fluxo de veículos leves recuou 2,3%, enquanto o fluxo de pesados apresentou queda mais expressiva, de 5,4%.
“Apesar da significativa elevação na margem, a maior desde dezembro de 2015, o indicador acumula retração de 3% de janeiro a julho, em linha com o cenário macroeconômico adverso observado no primeiro semestre do ano”, finaliza Bacciotti. (Fonte: Estadão Conteúdo – Extraído do Portal ABTC)
Transporte coletivo em rota de colisão
É tenso o clima entre a prefeitura de Florianópolis e o Consórcio Fênix, que opera o sistema da Capital e alguns municípios da região. De um lado os empresários se dizem cansados com os constantes atrasos nos repasses do município referentes aos subsídios, principalmente aos usuários da tarifa social, e ingressaram na Justiça com uma ação de cobrança de R$ 9,5 milhões, referente a três meses. Do outro, o secretário municipal da Fazenda, André Bazzo, diz que basta eles “brincarem mais um pouquinho” com a cidade para que o contrato seja revisto.
– São as mesmas empresas que operam há 30 anos e sempre reclamam. Se está ruim, por que não largam? – questiona.
– A legislação federal determina que os pagamentos sejam feitos a cada 30 dias. Nós fazemos repasses quinzenais ao consórcio a cada medição do número de usuários e mesmo assim não estão satisfeitos.
Bazzo admite a dívida, mas fala em torno e R$ 6 milhões, além da previsão de quitar ao menos uma parte até o fim de mês. E acrescenta: – A maior parte das empresas instaladas em Florianópolis paga 2,5% de ISS ao município. As do transporte coletivo pagam 0,01%.
Segundo o consórcio, desde a assinatura do contrato, em abril de 2014, raras foram as vezes em que o Executivo esteve em dia com os repasses usados para subsidiar principalmente as famílias de baixa renda (até três salários mínimos) e os estudantes carentes, que têm isenção total.
E neste fogo cruzado entre empresas e o governo municipal são exatamente os usuários da tarifa social que podem sofrer as maiores consequências. Alegando dificuldades financeiras para bancar custos como combustível e salários, as empresas não descartam a iminente suspensão do cartão social. Atualmente, circulam 5 milhões de passageiros do transporte coletivo no sistema por mês. Deste total, um milhão de “passadas na catraca” são dos usuários da tarifa social, que têm desconto na tarifa ou isenção total como os estudantes de baixa renda. São 22 mil famílias cadastradas na tarifa social.
O fato é que com crise financeira ou não, o sistema do transporte coletivo de Florianópolis sempre foi caro e de qualidade questionável. Some-se a isso as constantes greves-relâmpago que paralisam a cidade todos os anos e chega-se à conclusão que na disputa entre o rochedo e o mar, sobra sempre para o pobre do marisco. Aliás, alguém duvida que os ônibus novamente serão tema central das promessas de campanha como ocorreu nas últimas as eleições? A única certeza é que muito se fala, mas pouco ou quase nada muda. (Fonte: Diário Catarinense – Rafael Martini)
Prioridades do oeste
As prioridades do Oeste catarinense serão apresentadas na segunda edição do Fórum de Desenvolvimento Econômico do Grande Oeste Catarinense, previsto para hoje, às 18h, no campus da Unoesc, em Chapecó. Entre as prioridades devem estar investimentos em rodovias, ferrovias, aeroportos e energia.
O evento é coordenado pela Fiesc e Unoesc. O presidente da Fiesc, Glauco Corte, estará presente. O presidente do Fórum é o vice-reitor da Unoesc Chapecó, Ricardo de Marco. O Oeste é responsável por 19% dos empregos na indústria de transformação. (Fonte: Diário Catarinense – Darci Debona)
Oeste: o diagnóstico e os alertas
O Fórum de Competitividade e Desenvolvimento do Oeste de Santa Catarina, criado há três anos, apresenta hoje, em Chapecó, o relatório dos estudos realizados por um conjunto de entidades e organizações, sob a coordenação da Fiesc e Unoesc.
Trata-se do primeiro e mais consistente diagnóstico das últimas décadas sobre a situação socioeconômica da região, os desafios e as prioridades. O Oeste engloba hoje 120 municípios, um quinto da população estadual, com grande participação nas exportações de aves e presença acentuada de seus produtos no mercado interno, o que garante emprego e renda para milhares de famílias e colaboração expressiva na arrecadação estadual. O documento traz novidades. Enfatiza, claro, a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura. Uma região de trabalhadores dedicados, empresários criativos e empreendedores, população receptiva, que não encontra nos governantes estaduais e federais a necessária reciprocidade. A duplicação da BR-282 continua no papel. E mais grave: se não dá logo para duplicar, não promovem ampliações, faixas duplas, vias marginais nem correções no traçado para facilitar o escoamento da produção e evitar os trágicos acidentes.
O aeroporto é municipal e apesar de Brasília ter uma receita significativa não se veem investimentos para melhoria do transporte aéreo.
Ferrovia? Esquece… Governos do PT prometeram, prometeram e na prática nada aconteceu nestes 13 anos.
Há também problemas que o governo estadual precisa atacar – e com urgência – para melhoria do sistema de energia elétrica.
Mas o que o fórum aponta como prioridade número um está na educação. É sabido que o Oeste conta com várias e boas universidades. Mas há carências notórias na educação infantil e no ensino fundamental.
O Oeste iniciou este excepcional ciclo de desenvolvimento a partir da década de 1960. Está precisando de um novo Celso Ramos.
A renegociação – Governador Raimundo Colombo lamentou a retirada de contrapartidas dos Estados relativas ao funcionalismo público no projeto de renegociação da dívida. O problema é que sem essa alteração o projeto não passava. E caberá agora aos governadores acionar suas bancadas nas Assembleias para conter reajustes acima da inflação e outras despesas com servidores.
Dívidas – A aprovação do projeto de lei de renegociação das dívidas dos Estados com a União só foi possível depois de exaustivas conversações entre os deputados federais e o Palácio do Planalto. Intermediando os entendimentos, o deputado Esperidião Amin (PP), relator do projeto. A aprovação só foi possível depois de conversas telefônicas entre o presidente interino Michel Temer (PMDB) e Amin.
Joinville: o pavor dos assaltos – O Conselho das Entidades Empresariais de Joinville já não sabe mais a quem apelar. O problema da insegurança pública se agrava, a população vive apavorada com mais roubos e assaltos, e ninguém tem notícia de alguma ação concreta do governo para assegurar um mínimo de tranquilidade. Ao contrário, as entidades não conseguem sequer uma resposta da Secretaria de Segurança Pública ou do governador.
Esse cenário foi descrito ao presidente da Acij, Moacir Thomazi, pelos presidentes das demais entidades empresariais durante mais uma reunião para tratar da maior prioridade de Joinville.
Há mais de 20 dias, o conselho pediu uma audiência com o governador Colombo. Depois de renovados contatos com sua assessoria, o pedido foi transferido para a Casa Militar. No dia 1o de agosto, a Casa Militar informou que a audiência dependia da Secretaria de Segurança Pública. O presidente Moacir Thomazi ligou para o secretário Cesar Grubba, que não sabia de nada.
Empresas comerciais vivem múltiplos dramas na maior cidade de Santa Catarina, além dos roubos. Tem oferta de emprego, mas no caixa ninguém quer trabalhar pela frequência de assaltos. Lojas investem em grades, gastam com câmeras, mas a bandidagem não dá fôlego.
Repetem-se casos de bandidos presos de oito a 10 vezes e sempre soltos, sem punição.
Com o aumento da criminalidade, Joinville volta a pedir socorro. (Fonte: Diário Catarinense – Moacir Pereira)
Cobrança por audiência
A indefinição do governo do Estado em marcar a data da audiência com o governador Colombo para tratar da segurança pública está deixando frustrado o Conselho de Entidades Empresariais. Na manhã de ontem, em reunião de representantes da Acij, CDL, Acomac e Ajorpeme, o secretário César Grubba (Segurança Pública) foi procurado mais uma vez, assim como o gabinete do governador. Há uma tendência de a audiência solicitada há quase duas semanas ser aceita, mas há lamentações em relação à demora na data. Uma viagem a Brasília teria complicado a agenda do governador. Os empresários querem uma força-tarefa para enfrentamento de assalt
s e furtos contra o comércio, aumento do efetivo e renovação do convênio das multas de trânsito entre Estado e Prefeitura. (Fonte: Diário Catarinense – Jefferson Saavedra)
Aprovação amarga ao governo federal
Passava das 21h de terça-feira quando o deputado federal Esperidião Amin (PP) subiu à tribuna da Câmara, como relator do projeto que oficializava a renegociação da dívida dos Estados com a União, e anunciou a retirada do inciso que engessava o reajuste dos servidores à inflação nos Estados. No plenário, aplausos. Aos Estados, o sinal para aprovação do projeto após sete dias de discussão na Câmara dos Deputados. À União, o gosto amargo de quem tentou até o último minuto manter uma medida que fazia parte do ajuste fiscal anunciado pelo governo de Michel Temer (PMDB).
O Planalto não admite ter sofrido uma derrota, mas teve de ceder aos apelos realizados pela própria base durante os últimos meses. De uma pauta recheada por contrapartidas (veja lista abaixo), os Estados terão como principal exigência não ampliar as despesas correntes além da inflação pelo período de dois anos.
Santa Catarina terá um alívio de R$ 600 milhões nas contas em 2016. O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu os pagamentos mensais e a União autorizou a carência às parcelas até o fim do ano.
Ontem de manhã, o secretário estadual da Fazenda, Antonio Gavazzoni, disse que mesmo sem a exigência, os Estados estão sem condições de dar reajuste real ao funcionalismo. O governador do Estado, Raimundo Colombo, comentou a aprovação na Câmara e viu com preocupação a mudança na contrapartida.
– É uma grande conquista porque aquela taxa de juro era um absurdo. A sua redução vai permitir que se pague um juro justo. O alongamento do prazo vai mudar totalmente o perfil da dívida, o que vai ajudar a situação financeira dos Estados e dos municípios. Isso é uma coisa fundamental, sobretudo numa crise como essa e numa ação que SC está desenvolvendo de não aumentar impostos. Apenas acho que o fato de retirar todas as contrapartidas que impunham ao serviço público uma redução de despesa foi uma oportunidade perdida. Ela não prejudica a negociação dos Estados, mas prejudica o país.
Os destaques ao texto ainda não foram examinados, já que faltou quórum. Entre as possíveis emendas do projeto, estão medidas temidas pelo governo, como a exclusão dos demais Poderes (Judiciário, Ministério Público, tribunais de Contas e Defensoria Pública) da obrigação de congelar o crescimento dos gastos.
– As folhas de todos os Poderes têm crescimento vegetativo muito elevado. Não adianta colocar um freio apenas no Executivo. São necessárias outras reformas, como a da Previdência e das vantagens funcionais. Sem mexer nisso, fica quase impraticável colocar limite pela inflação – opina o especialista em finanças públicas Darcy Carvalho dos Santos.
Parcelas retomadas a partir de janeiro – Com o texto aprovado, a União permitirá aos Estados alívio com a confirmação da carência no pagamento das parcelas mensais da dívida até dezembro. As prestações serão retomadas gradativamente a partir de janeiro de 2017, com desconto. Em seguida, terão aumento progressivo até junho de 2018, quando os governos estaduais voltarão a pagar as mensalidades cheias. A previsão é de que dívida seja quitada em 2048.
Para que o Estado possa assinar aditivo do contrato, o governo enviará projeto para a Assembleia Legislativa pedindo a autorização. (Fonte: Diário Catarinense)
Meirelles na berlinda
No dia seguinte a um recuo para viabilizar o projeto da renegociação da dívida dos Estados com a União, os bombeiros do Planalto entraram em campo para minimizar o desgaste do ministro Henrique Meirelles (Fazenda). Para aprovar o texto, o próprio presidente Michel Temer autorizou a retirada do item que mexia diretamente com o funcionalismo nos Estados, proibindo, por exemplo, promoções e o reajuste salarial nos próximos dois anos. Embora tivesse sido avisado por lideranças na Câmara sobre a dificuldade do item, Meirelles bateu pé e fez questão de manter a exigência da contrapartida. Seria um aceno ao mercado, que anda desconfiado que o ministro não conseguirá fazer o ajuste fiscal prometido. Pressionados pelos sindicatos, no entanto, nem mesmo os deputados aliados asseguraram acordo, fazendo Temer recuar. Das contrapartidas, permaneceu apenas o teto dos gastos de acordo com a inflação. Fica a dúvida: se o governo não consegue aprovar uma medida como essa, terá força para emplacar algo bem mais explosivo, como a reforma da Previdência?
Compensações – Em reuniões no Palácio do Planalto, Amin havia alertado para a dificuldade de aprovar a medida que atingia o salário do funcionalismo nos Estados. Segundo ele, a contrapartida que estabelece o teto de gastos permanecerá na lei sem problemas. Para resolver a pressão dos governadores do Nordeste, o governo deve lançar uma PEC que aumenta o Fundo de Participação de Estados e Municípios.
Compromissos – O deputado Jorginho Mello (PR-SC) acredita que o Supersimples possa ser votado na próxima semana na Câmara. É um compromisso, de acordo com o deputado, do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). (Fonte: Diário Catarinense – Carolina Bahia)
Resultado contra Dilma acelera plano de Temer
Michel Temer vislumbra ser efetivado como presidente da República até o final deste mês. A intenção do Palácio do Planalto é de que o julgamento de Dilma Rousseff comece em 23 de agosto, no Senado, em sessão que poderá durar cerca de cinco dias. Nos planos de Temer, ele entrará em setembro garantido no comando do país até dezembro de 2018 e abrirá fase de gestão focada em reformas.
Na madrugada de quarta-feira, depois de quase 17 horas de debates, o Senado colocou, por 59 votos favoráveis e 21 contrários, Dilma na condição de ré por crime de responsabilidade. Agora, resta apenas a última etapa do processo de impeachment para que ela seja cassada.
Votação mostra ampliação de vantagem do Planalto – No alto escalão do governo interino, o placar foi visto como “demonstração de força” e “pá de cal para Dilma”. Em comparação com a sessão que avaliou a admissibilidade do processo e afastou a petista, em maio, Temer ganhou quatro votos. Dilma perdeu um. Hoje, o Planalto tem cinco apoios além dos 54 exigidos para condenar a presidente afastada. E as previsões são de que terá entre 60 e 61 senadores no derradeiro duelo, incluindo Renan Calheiros (PMDB-AL).
– É muito difícil que haja algum fato que mude, em tese, esse resultado. É uma página que tem de ser virada para que o país possa se reorientar e voltar a crescer – afirma o ex-ministro Romero Jucá (PMDB-RR), alvo de investigações da Operação Lava- Jato e principal articulador de Temer no Senado.
Com o momento favorável, a intenção é acelerar. Ontem, a acusação entregou as alegações finais e a lista de testemunhas para o julgamento. Foi utilizada metade do prazo de 48 horas para cumprir esse rito. O período para que a defesa de Dilma apresente a mesma documentação se encerra na sexta.
Temor com novas revelações da lava-jato – Três motivos explicam a celeridade imprimida pelos aliados de Temer, embora dois sejam admitidos publicamente. Um deles é deixar a condição de presidente em exercício.
– O Michel vive a angústia da interinidade. (Se assumir em definitivo,) ganha outra estatura para tocar as coisas que precisam ser feitas. A prioridade é aprovar a PEC 241 (teto de gastos para o setor público). Ainda em outubro, ele encaminha a reforma da previdência e a trabalhista – diz o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), vice-líder do governo na Câmara.
O ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, diz que “a chave do sucesso do Michel é a questão econômica e, para isso avançar, são necessárias medidas duras que não irão passar em período de interinidade”.
Outra causa para finalizar o impeachment é o desejo de Temer de participar da próxima reunião do G20, no início de setembro, na China, já na condição de presidente em definitivo.
O terceiro item, evitado publicamente, é o avanço da Lava-Jato. A informação de que a Odebrecht teria relatado, em negociações de delação premiada, ter pago R$ 10 milhões ao PMDB a pedido de Temer acendeu o sinal amarelo.
Com o manto da presidência, ele não poderá, por determinação da lei, ser investigado por atos pretéritos. Algo que petistas definem como “blindagem”.
Passado o impeachment e a eleição municipal de outubro, Temer também poderá fazer adequações políticas e avaliações de desempenho da equipe ministerial.
Carta de reação e defesa de plebiscito por eleição – Contra os prognósticos que indicam sua cassação, Dilma Rousseff tenta evitar o clima de fim de linha. Poucas horas depois da votação que a tornou ré no processo de impeachment, a presidente afastada recebeu senadores aliados para almoço no Palácio da Alvorada.
Um dos assuntos debatidos foi a carta que deve ser lançada até terça-feira, com a defesa do plebiscito sobre novas eleições, além da estratégia de abordagem a grupo de oito a 10 senadores que seriam passíveis de mudança de voto no julgamento final. O senador Humberto Costa (PT-PE) negou que seja uma carta de despedida:
– O centro será a defesa da democracia e o plebiscito. Há espaço para nossa votação crescer.
Dilma reuniu 12 senadores mais o presidente do PT, Rui Falcão, que é contra a consulta popular. A presidente apresentou esboço da carta. Segundo parlamentares, ela tinha o desejo de incluir a palavra “golpe”, mas aliados ponderam que seria ofensivo, sobretudo com o Supremo Tribunal Federal (STF), e o termo foi cortado do texto.
O almoço também discutiu o placar da derrota na penúltima etapa do impeachment, no qual Dilma perdeu um voto na comparação com maio. A avaliação é de que o resultado era “esperado” e chegou a ser classificado como “bom” nas entrevistas de integrantes da tropa de choque petista. Contudo, em conversas reservadas, tanto o staff de Dilma quanto os senadores da sigla admitem clima de desânimo.
A esperança do PT reside nos efeitos da delação premiada da Odebrecht, em negociação com o Ministério Público Federal (MPF), que cita Temer, mas que também trará prejuízos a Dilma e outras figuras centrais do partido, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele passou os últimos dias em Brasília em reuniões para avaliar o cenário político e as eleições municipais.
– A conjuntura está muito dinâmica, são delações, fatos novos. Isso aqui está imprevisível – afirma Lindbergh Farias (PT-RJ).
Dilma ainda terá de decidir se vai ao julgamento no Senado fazer a própria defesa. A ideia, sob análise do advogado da presidente, José Eduardo Cardozo, tem apoio da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR):
Em caso de derrota, o plano de Dilma seria sair em viagem pela América Latina pelos próximos oito meses. Segundo a colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo, Dilma teria preferência por países vizinhos, como Chile e Uruguai, para facilitar visitas aos netos, em Porto Alegre (RS). (Fonte: Diário Catarinense – Guilherme Mazui)
Mercado financeiro mantém preocupação com ajuste fiscal
Com declarada torcida pelo afastamento definitivo de Dilma Rousseff, os investidores parecem ter dado pouca importância para aprovação no Senado do parecer que torna iminente o impeachment da petista: a bolsa de valores fechou ontem em queda de 1,33%. As atenções ficaram voltadas para o que acontecia na Casa ao lado.
No mesmo dia, a Câmara deu aval para texto principal do projeto de lei que renegocia as dívidas estaduais, sem exigir as contrapartidas previstas às unidades da federação. A medida terá grande impacto para as finanças públicas nacionais, que deve apresentar rombos bilionários nos próximos dois anos.
O dólar fechou com pouca variação (-0,28%) em relação ao dia anterior, valendo R$ 3,132. Ontem, chegou a operar em alta, outro sintoma do desconforto com a falta de compromisso dos poderes Executivo e Legislativo com o ajuste fiscal. A diferença entre o discurso de austeridade fiscal da equipe econômica de Michel Temer e a realidade parece minar a confiança de investidores quanto a capacidade do Planalto de estancar a sangria nas contas públicas.
– Os entraves políticos são imensos. O que ficou muito evidente é que, apesar das boas indicações para a equipe do Ministério da Fazenda e das boas intenções, o governo é muito frágil. O lado político é muito complicado – avalia João Ricardo Costa Filho, economista da Pezco Mycroanalysis.
Analista da gestora de patrimônio Fundamenta, Valter Bianchi avalia que o mercado tem dado ao governo Temer espécie de “período de carência”, entendendo que as articulações políticas são limitadas enquanto ele ainda atua como presidente interino. Ressalta que, apesar da aparente derrota no Congresso no projeto de limitação de gastos, o fato de ter colocado a proposta em pauta já foi um avanço.
– O governo aprovou mudanças no orçamento, prorrogou a Desvinculação de Receitas da União e apresentou proposta de teto nos gastos. Fez em meses o que a gestão Dilma não conseguia fazer em anos. Não é perfeito, mas, sem dúvida, mostra
aior capacidade de negociação – afirma Bianchi. (Fonte: Diário Catarinense – Cadu Caldas)