O último feriado foi marcado por congestionamentos intermináveis nas principais rodovias federais de Santa Catarina. Da BR-101 à 280, 282 à 470, a maioria das pessoas que resolveram sair de casa durante o feriadão prolongado encarou esta realidade. Condição que é recorrente não apenas em períodos de feriado. O motorista que sai de Joinville, por exemplo, rumo ao Porto de São Francisco do Sul e transita pela BR-280 em um dia aparentemente normal leva cerca de 6 horas para percorrer 30 km.
É impossível culpar um ou outro pelos congestionamentos. Não há responsável direto. O que há é a falta de planejamento para a melhoria das estradas que cortam tanto o Estado quanto o País. Aí está o grande vilão. Na década de 1990, por exemplo, já havia de se pensar em três pistas para a BR-101 dos dias de hoje, isso por causa da demora para a inauguração de projetos tão importantes para a sociedade.
Em pleno Século 21, prestes a encerrar a segunda década do novo milênio, o brasileiro deveria desfrutar de rodovias em melhores estados de conservação e melhor planejadas. E por que não sonhar com uma rodovia alternativa, paralela às atuais, apenas para veículos de grande porte? Isso reduziria, ou mesmo eliminaria, diversos problemas para os usuários das vias.
Se por um lado haveria redução de despesas públicas com atendimentos de emergência em virtude de acidentes, por outro colocar-se-ia fim em gastos com veículos parados nas estradas. Com isso, as empresas de transportes e os motoristas autônomos deixariam de gastar R$ 97 por hora a cada congestionamento enfrentado. Este, por mais surpreendente que possa ser, é o custo fixo de um caminhão parado em uma fila. Já se considerarmos o custo variável, com pneu e diesel, por exemplo, este valor pode ser bem maior.
Na Grande Florianópolis, a saída encontrada pela concessionária que administra a BR-101 é a construção do Contorno Viário. Uma obra com grandes impactos sociais, mas que promoverá excelentes reflexos para todos, a começar pela economia.
Para Santa Catarina, a alternativa poderia ser construir outros contornos nas demais regiões metropolitanas e, futuramente, interliga-los. Com isso, motoristas de veículos pequenos e motociclistas seguiriam em pistas exclusivas, enquanto caminhões teriam espaço próprio para eles – a via paralela citada anteriormente.
O Transporte Rodoviário de Cargas de Santa Catarina defende que não há problemáticas impossíveis de serem solucionadas e quando apresentamos alternativas de soluções deixamos de fazer parte delas. Renderia boas alternativas para os intermináveis congestionamentos nas nossas rodovias, contudo, a ampla discussão entre o Poder Público e a sociedade, por meio de grupos especializados.
Não queremos ser parte do problema, mas compor o exército responsável por importantes revoluções no Estado e no País.
*Ari Rabaiolli é presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc).