Florianópolis, 15.12.15 – Os aposentados Patrício Octávio de Medeiros e Maria dos Santos Ribeiro não escondem a idade. Ele faz questão de dizer que tem 90 anos e sete meses e ela, 89 anos. O motivo do orgulho é porque são apaixonados pela vida e assim, nada é empecilho para a dupla.
Tanto que ontem, eles estavam entre o 150 alunos que receberam o certificado de conclusão em cursos como de Pintura em Tela e Tecidos, Artes Aplicadas, Corte e Costura, Tricô e Crochê do Projeto Oficinas de Artesanato ministrados pelo Sest Senat Florianópolis em parceria com Instituto Geração de Oportunidades (Igeof) da prefeitura de Florianópolis, em solenidade no auditório da Unidade.
A cerimônia contou com a participação do superintendente do Igeof, Claudinei Marques, que representou o prefeito, Cesar Souza Júnior e da diretora do Sest Senat Florianópolis, Patrícia Ferreira.
Patrício Octávio de Medeiros não quer deixar de ter alguma atividade diária. Sem fazer nada, jamais, pois acredita que não é uma escolha saudável. Por isso ao ver o anúncio no jornal do Projeto das Oficinas inscreveu-se imediatamente no curso de Pintura em Tecido e Tela. E na formatura, mostrava suas obras com satisfação, um surfista deitado na rede, a prancha, o chinelo jogado no chão e latinhas de bebida. Fez para um amigo, dono de uma loja de artigos para o surf.
A alegria dele estava ao contar aos colegas de que usou uma nova técnica para fazer o outro quadro, encomendado por um centro espírita, a da paspatur, sobre uma foto colada em uma tela usou os pincéis para definir a sua obra. Apesar de os cursos terem a finalidade de também gerar renda, o artista plástico, faz isso por hobby. “Quando você vai criando e descobrindo as formas é uma imensa gratificação”.
Sem idade para criar e tornar a arte um hobby -Maria dos Santos Ribeiro aprendeu no curso de Artes Aplicadas a confeccionar muitas bonecas de pano e flores. Pretende doá-las a entidades que atendem crianças. Ela conta que foi convidada a frequentar o projeto e não hesitou em participar e é só elogios, porque o aluno tem a oportunidade de aprender, o professor tem paciência de ensinar, já que a maioria tem mais idade. “Aqui é uma grande família, como se fossemos irmãos” disse ela sobre o clima nos cursos onde eles se tornam amigos, uns ajudam os outros, conversam e se divertem. No próximo ano, Maria quer fazer o curso de Tricô e Crochê.
Tolhas de louça, de rosto e de banho com detalhes em crochê tem sido os presentes da dona de Gladis Plentz para as quatro filhas e seis netas. O trabalho manual é resultado do que aprendeu no curso Tricô e Crochê nas Oficinas do Serviço Social do Transporte (Sest) e Igeof. Cuidar da mente foi o motivo que a levou a fazer o curso, pois na família tem histórico do mal de Alzheimer. “(Estar no curso) me dá muito prazer, me faz pensar. É uma maravilha, uma terapia”, enfatiza ela. Ontem, na exposição para a formatura, ela mostrava a primeira blusa em tricô. Queria ter usado para a formatura, mas o forte calor não colaborou para vestir a sua criação.
Lembranças da Itália narradas pelos avós e as imagens dos canais de Veneza foram a inspiração para a decoradora Jucineia Favero, fazer um dos seus quadros expostos no salão de festas do Sest Senat Florianópolis. Obra muito elogiada pelos colegas. Outro com um recorte do Mercado Público de Florianópolis, ponto turístico de Florianópolis, da Jucineia, foi o presente dado pelas alunas para o superintendente do Igeof, Claudinei Marques, antes da entrega dos certificados.
A descoberta de uma nova habilidade e mais uma renda –Jucineia disse que aos 15,16 anos gostava de pintar, mas deixou de lado após casar e agora voltou, porque queria aprender mais especialmente, sobre a luz, o claro e o escuro, as sombras e o efeito das cores. Conta que começou por hobby, mas que está recebendo encomendas. Após alguém ter visto uma tela sua que mostra um músico tocando o seu violão, já pintou alguém tocando um cavaquinho e mais cinco quadros para uma casa de música.
E agora pode até usar suas obras em seus projetos de decoração. Sobre o aprendizado no curso, ela afirma que “eu me transporto quando pinto, nem escuto quem está ali do meu lado.” Ela também elogia as professoras que são muito dedicadas e ótimas.
Teresa Nunes também exibia suas obras. Para ela estar o curso ajuda a ter autoestima, quem quer, pode vender suas obras para ajudar na renda familiar e ou pelo simples fato de criar, de fazer arte, de estar em um grupo que promove um ambiente de alegria. Suas telas são para presentear parentes e amigos, ressalta ela.
Diretora do Sest Senat defende a manutenção do projeto em 2016 – Na cerimônia de entrega dos certificados, a diretora do Sest Senat, Patrícia Ferreira, destacou que cada aluno que concluiu o curso ontem representa o sucesso desse trabalho social do Sest e cumpre a missão de promover a qualidade de vida dos trabalhadores do transporte e da comunidade. Para ela, o mais importante desse trabalho é a convivência, a integração e a troca de experiência.
Naquele momento da aula, o pensamento é voltado para a criatividade, e porque não dizer, para reforçar a confiança e o conhecimento de si próprio. Além da possibilidade “de todos depois do aprendizado ter uma atividade algumas horas por dia e até gerar um dinheirinho extra”, ressalta Patrícia ao agradecer por terem dado crédito ao Sest Senat Florianópolis e a prefeitura de Florianópolis, através do Igeof nesse projeto. “O que queremos para 2016 é a continuidade desse projeto e cada vez mais fortalecer essa ação nas comunidades, porque é um projeto com qualidade, com professores especializados e que tem tido desempenho excelente”, salientou a diretora.
Investir nesse programa é investir em Florianópolis –O superintendente do Igeof, Claudinei Marques, destacou que o mais importante desse projeto é o resgate de muitas pessoas, que às vezes, estão com problemas, sem uma atividade que lhes dê prazer, sem o convício social. Para ele, a alegria cada uma ou cada um mostra o resultado desse trabalho. “Isso não tem como pagar, essa alegria que vocês compartilham.” Disse que o prefeito Cesar Souza Júnior tem interesse em continuar em investir nesse trabalho, porque é investir em Florianópolis.
A decoradora, Jucineia Favero, que foi indicada e convidada a participar da mesa falou em nome das colegas, disse que os cursos chegam a ser profissionalizantes, pois muitas aprendem muito e conseguem vender seus trabalhos. Depois ao entregar o presente, o quadro sobre o Mercado Público, ao superintendente, pintado por ela, disse que contou com apoio da professora Edilene Theilacker e dos demais colegas.
Edilene destacou que é um conjunto de fatores que contribuem para o aprendizado, pois o grupo funciona como uma terapia, há o envolvimento e a dedicação, melhora a autoestima e vendem suas obras.
Em três anos do projeto, com aulas gratuitas no Centro Comunitário de Capoeiras, já concluíram os cursos 400 alunos. Para o coordenador de Promoção Social do Sest, Sidnei Rocha, disse que o resultado atinge os objetivos do projeto de convívio social, especialmente das pessoas com problemas de saúde e que muitas que vivem sozinhas. Nas Oficinas, tem um ambiente alegre e com profissionais preparados para atender a um grupo com integrantes muito diferentes e que precisam ter obter bons resultados. Para ele, a evolução dos alunos se dá quando o trabalho tem qualidade e é vendido.
As alunas arrecadaram 10 cestas básicas que forma doadas para o Asilo Irmão Joaquim e Irmandade do Divino Espirito Santo. Fonte Texto e fotos: JP/Imprensa Fetrancesc/Sest Senat.