Foi realizada nesta quinta-feira, 25 de abril, na sede da Associação Comercial e Industrial de Araquari (ACIAA), uma audiência pública que reuniu autoridades, lideranças políticas, representantes da sociedade civil e moradores da região para discutir o abandono das obras de duplicação da BR-280, uma das rodovias mais movimentadas e perigosas de Santa Catarina. O evento foi uma iniciativa do deputado estadual Maurício Peixer (PL), coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Duplicação da BR-280, por meio da Comissão de Transportes e Desenvolvimento Urbano da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).
A escolha de Araquari para sediar a audiência não foi por acaso. A cidade concentra o trecho mais crítico da rodovia, por onde circulam cerca de 50 mil veículos por dia, especialmente caminhões com destino ao Porto de São Francisco do Sul, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal de Santa Catarina (PRF/SC). Ainda de acordo com PRF/SC, a BR-280 tem registrado índices alarmantes de acidentes e mortes:
Dados gerais da BR-280 – entre São Francisco do Sul e BR-101:
• 2020: 204 acidentes, 256 feridos e 7 mortes
• 2021: 209 acidentes, 207 feridos e 9 mortes
• 2022: 199 acidentes, 246 feridos e 5 mortes
• 2023: 192 acidentes, 217 feridos e 5 mortes
• 2024: 225 acidentes, 280 feridos e nenhuma morte registrada
• 2025 (até 31/03): 59 acidentes, 75 feridos e 1 morte
Dados totais da BR-280:
• 2020: 736 acidentes, 938 feridos e 41 mortes
• 2021: 749 acidentes, 939 feridos e 34 mortes
• 2022: 694 acidentes, 804 feridos e 31 mortes
• 2023: 710 acidentes, 824 feridos e 33 mortes
• 2024: 754 acidentes, 891 feridos e 47 mortes
• 2025 (até 31/03): 219 acidentes, 259 feridos e 11 mortes
Volume de tráfego diário em diferentes regiões da BR-280:
• Porto de São Francisco do Sul a Araquari: 50 mil veículos/dia
• Região de Guaramirim: 40 mil veículos/dia
• Região de Rio Negrinho: 30 mil veículos/dia
• Região de Mafra: 40 mil veículos/dia
• Região de Canoinhas: 20 mil veículos/dia
• Região de Porto União: 10 mil veículos/dia
A audiência também contou com a participação do presidente do Setracajo (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Joinville) e vice-presidente regional da Fetrancesc, Jácomo Isotton Neto, que destacou a importância da união entre os setores público e privado na busca por soluções para a rodovia.
“Falaram muito bem aqui sobre unir a classe política e empresarial. O empresário de maneira geral, na visão de que como não tem cliente na área pública na sua grande maioria, não precisa então se envolver na política ou nas questões públicas. Esta é uma visão micro, de negócio. Mas em um contexto macro, isso não é verdadeiro. Um exemplo disso é a mobilidade, por exemplo. Tema essencial para todos nós. Gostaria, também, de reforçar e fazer uma cobrança para que nossos parlamentares e representantes políticos em Brasília participem ativamente da questão da BR-280 e articulem com o Governo Federal as melhores soluções para Santa Catarina”, afirmou Jácomo.
Encaminhamentos da audiência
– Ao final da reunião, foram definidos três encaminhamentos práticos e estratégicos:
1. Solicitar ao Governo do Estado a estadualização da BR-280, como caminho para sua futura privatização;
2. Criar uma comissão com representantes dos setores público e privado, para interlocução direta com o Ministério dos Transportes;
3. Solicitar que, nas licitações futuras, os trechos de Araquari e São Francisco do Sul sejam separados, para facilitar a execução por etapas;
Em resposta a este último ponto, o superintendente do DNIT em Santa Catarina, Alysson Rodrigo de Andrade, enviou mensagem ao deputado Maurício Peixer confirmando que a separação dos trechos já está prevista nos planos do órgão. Ele também assegurou que o contrato complementar para a execução da ponte sobre o Canal do Linguado será implementado.
Retrospecto da obra
– As obras de duplicação da BR-280 foram iniciadas em 2018, mas seguem com lentidão e paralisações constantes por falta de recursos. O lote 1, entre Araquari e São Francisco do Sul, é apontado pelo DNIT como o mais complexo entre todas as obras rodoviárias federais em Santa Catarina.
Em dezembro de 2022, novos entraves surgiram, como a necessidade de readequação do projeto, a exigência de instalação de ciclovia nos 36 km do trecho e a formalização de contrato complementar para o Canal do Linguado.
Em 2023, o Governo Federal anunciou R$ 80 milhões para o trecho, valor considerado suficiente à época, parte destinado a desapropriações. O DNIT previa atuação em dois segmentos prioritários: entre os quilômetros 3 e 17 (novo traçado de São Francisco do Sul) e entre os quilômetros 25 e 28 (em Araquari), onde está prevista a construção de um elevado.
Santa Catarina arrecada muito, mas recebe pouco – O descaso com a BR-280 revela o desequilíbrio na distribuição dos recursos federais. Segundo o Observatório da Fetrancesc, em 2023, Santa Catarina arrecadou R$ 113 bilhões em impostos federais, mas recebeu apenas R$ 17 bilhões de volta. Em 2024, a estimativa é de R$ 90 bilhões arrecadados e apenas R$ 13 bilhões devolvidos ao Estado.
Campanha mobiliza a sociedade
– Durante o evento foi lançada a campanha “A 280 Não Pode Esperar”, que inclui um abaixo-assinado digital para mobilizar a população e pressionar o Governo Federal a acelerar as obras. A petição pode ser acessada pelo site: www.a280naopodeesperar.com.br
“Enquanto coordenador da Frente Parlamentar, seguirei cobrando, fiscalizando e mobilizando as forças políticas do Estado. A duplicação da BR-280 não é um favor — é uma necessidade urgente. É uma questão de salvar vidas e garantir o desenvolvimento. Chega de promessas. Queremos ação”, afirmou o deputado Maurício Peixer.
A audiência pública foi transmitida ao vivo pela TVAL e está disponível no canal da Alesc no YouTube.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Deputado Estadual Maurício Peixer
Fotos: Divulgação
