A defasagem do frete no mês de julho foi de 17,22%, segundo pesquisa do Decope/NTC apresentada nesta quinta-feira, 2 de agosto, no Conet&Intersindical em Vitória, no Espírito Santo. Os dados, que foram apresentados pelo assessor técnico da NTC&Logística, Lauro Valdívia, demonstraram, ainda, que deste total 9,61% são referentes a operações com cargas fracionadas e 19,33% nas com carga lotação.
Defasagem esta que preocupa o presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli, empresário do Transporte Rodoviário de Cargas há 30 anos. “É muito elevada, principalmente se levarmos em conta que as margens de lucro das empresas de transportes são pequenas (média de 5%). Então as empresas que estão trabalhando com essa defasagem devem ter um prejuízo significativo”, comentou.
Primeiro diretor político-institucional, o empresário Vilmar José Rui afirma que a pesquisa apresentada por Valdívia faz sentido. “Alguns itens variam de região para região, mas estes números refletem a realidade do setor. A defasagem das tarifas de frete existem há mais de uma década. No entanto, o que agravou nos últimos meses foi o aumento desenfreado nos insumos do setor, sobretudo do óleo diesel”, complementou.
Frete-valor e GRIS – A pesquisa Decope também apontou a falta de recebimento dos demais componentes tarifários, como o frete-valor e GRIS. De acordo com comunicado emitido pela NTC&Logística referente ao evento, “verifica-se que muitos usuários não remuneram adequadamente o transportador com relação a outros custos e serviços adicionais não contemplados nas tarifas normais. Enquadram-se nesta categoria: a cobrança da EMEX, para o estado do Rio de Janeiro, os serviços de paletização e guarda/permanência de mercadorias, o uso de escoltas e planos de gerenciamento de riscos customizados, o uso de veículos dedicados, dentre outros”.
Acesse aqui ao comunicado.
Empresas precisam ser justas nas cobranças – Na avaliação do presidente do Setcom, o empresário Ederson Vendrame, os dados apresentados mostram “a triste realidade de que o empresário de transportes desconhece a totalidade de seus custos”. Com isso, “eles cobram valores com preço inferior ao que gastam”. Ele comentou, ainda, o aumento aplicado por apenas 23% das empresas. “Isso significa que 77% das empresas estão deixando de ganhar dinheiro por medo de perder cliente”, acrescentou. E completou: “o transportador precisa parar de ter medo de perder clientes e começar a ter medo de perder a sua própria empresa”.
Piso Mínimo de Frete – Em discussão no primeiro dia do evento, entendeu-se que a Tabela de Frete, ou o Piso Mínimo de Frete, beneficia os empresários da carga lotação. Segundo Rabaiolli, elas terão a oportunidade de recuperar a defasagem dos fretes a partir do tabelamento. No entanto, prejudica as cargas fracionadas, “pois trouxe preços muito elevados da carga geral, que concentra o maior volume da fracionada, e ficou muito acima das cargas de produtos perigosos e frigorificadas”. O líder do Transporte Rodoviário de Cargas de Santa Catarina disse, ainda, que “o impacto financeiro será muito elevado, pois é 65% superior ao preço que está sendo praticado com o frete que vinha sendo pago aos autônomos”.