A Fetrancesc realizou visitas ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e à Assembleia Legislativa (Alesc) nesta semana para apresentar dados considerados preocupantes pela entidade em relação às estradas catarinenses. Nas reuniões, o presidente Dagnor Schneider reforçou a urgente necessidade de investimentos na malha rodoviária, não só com recuperação e manutenção, mas com construção de novas vias, pensando na ampliação natural da frota de veículos nos próximos anos.
“Temos o problema histórico de sempre estarmos atrasados quando o assunto é infraestrutura rodoviária em Santa Catarina. Veja a demora para a entrega do Contorno Viário da Grande Florianópolis. Outro exemplo é a BR-101 Norte, que está prestes a colapsar e ainda não fizemos nada a respeito. Precisamos olhar para frente. A vida dos catarinenses, as riquezas e a economia do nosso estado transitam diariamente nas rodovias”, reforçou Schneider.
O presidente esteve na Alesc nesta quarta-feira, 12, compartilhando com deputados a preocupação com os perigos aos quais os motoristas estão expostos diante da precariedade das principais estradas de Santa Catarina. É registrado 1 acidente por quilômetro de rodovia federal no estado.
Segundo a Pesquisa CNT de Rodovias 2023, 72% das rodovias catarinenses são consideradas péssimas, ruins ou regulares. Do total da malha em Santa Catarina, apenas 6,6% são de rodovias pavimentadas, enquanto a média brasileira fica em torno de 12%. Se comparar com outros estados, Santa Catarina está ainda pior. Rio de Janeiro tem 28,9% da malha pavimentada, Paraná tem 15,9% e São Paulo tem 12,7%. Entre os estados brasileiros, Santa Catarina ocupa a 16ª posição nas condições das rodovias.
Diante deste cenário, Schneider afirma que investimentos permanentes são essenciais, por isso a necessidade do bom andamento de programas como o Estrada Boa, do Governo do Estado, e das duplicações das BRs-470 e 280, do Governo Federal. “Anúncios vitais para a mobilidade foram feitos recentemente pelos governos Federal e Estadual. O grande desafio é conseguirmos manter o ritmo de investimentos para recuperarmos o que está atrasado, continuarmos atuando na conservação constante das estradas e ainda ampliar a malha rodoviária”, disse.
1 bi em prejuízo
Dagnor Schneider também alertou para a baixa fluidez do trânsito da BR-101 Norte. Por conta dos congestionamentos diários neste trecho, o setor de Transporte Rodoviário de Cargas (TRC) amarga um prejuízo anual na casa de R$ 1 bilhão com gastos adicionais de combustível e perda de produtividade. O presidente levou a pauta aos deputados Fernando Krelling, Marcos Vieira, Maurício Peixer, Napoleão Bernardes e Neodi Saretta. “Precisamos unir forças, cobrar e exigir melhores condições de mobilidade. As nossas rodovias não condizem com a pujança de nosso estado”, afirmou Schneider.
Os deputados se mostraram solidários aos problemas apresentados pela federação e afirmaram estarem engajados na defesa da pauta. “São dados extremamente relevantes e que nos espantam mesmo sabendo que Santa Catarina tem tantos problemas com sua malha rodoviária”, disse Maurício Peixer. “Precisamos continuar atuando para que os governos Federal e Estadual resolvam esta questão que afeta diretamente Santa Catarina”, frisou Marcos Vieira.
Visita ao TCE
Na última terça-feira, 11, a Fetrancesc foi recebida pelo vice-presidente do TCE, conselheiro José Nei Ascari. A intenção foi compartilhar dados e a experiência prática do setor de transportes em prol dos trabalhos de fiscalização e orientação das obras de infraestrutura viária. Para Dagnor, é extremamente importante que o estado tenha um padrão maior de qualidade do asfalto usado nas vias e que haja garantias na entrega dos serviços de pavimentação.
Recentemente, o TCE deu início à uma nova etapa de um pente-fino em contratos e obras de infraestrutura no estado que somam R$ 2,9 bilhões. “Estamos recebendo da Fetrancesc um material com informações importantes. Vamos juntar esses dados ao nosso processo com o propósito de melhorar e contribuir para as discussões a respeito da malha rodoviária catarinense. Precisamos caminhar de braços dados neste processo”, afirmou José Nei.
Também participou do encontro no TCE, o diretor-executivo da Fetrancesc, Renato Macedo.