A Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), juntamente com os 13 sindicatos filiados que compõem o Sistema Fetrancesc, vem a público, novamente, externar preocupação sobre o aumento do teor de biodiesel no óleo diesel e apoiar o posicionamento conjunto da Confederação Nacional do Transporte (CNT) com a Abimaq, Anfavea, Abicom, Brasilcom, Fecombustiveis, Fenabrave, NTC&Logística e SindTRR, divulgado na última quinta-feira, 9 de março.
De acordo com a nota divulgada pelas entidades, nas últimas semanas, a indústria do biodiesel no Brasil tem pressionado membros do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de forma sistemática, na busca do aumento do percentual de biodiesel na mistura ao óleo diesel, inclusive emitindo notas agressivas e distorcidas em relação ao tema.
Querendo demonstrar sensibilização da preservação do meio ambiente e à adoção de práticas sustentáveis – preocupação real de toda a sociedade –, esses agentes econômicos buscam acobertar seus reais interesses: garantir uma reserva de mercado contra a concorrência de biocombustíveis mais modernos.
O que era, inicialmente, uma proposta de economia solidária e de incentivo ao uso de energia limpa, transformou-se em um negócio rentável apenas para os grandes produtores.
A evolução prevista não só aumentará os custos para o TRC, como também continuará impactando negativamente, pois o biodiesel produzido hoje no Brasil é o de base éster. A característica química desse biodiesel gera problemas nas bombas de combustível, elementos filtrantes, injetores, não-partida do veículo, substituição de peças em campo e necessidade de reboque dos veículos devido a paradas, ampliação da emissão de poluentes atmosféricos que afetam o meio ambiente, além da consequência ainda maior a ser destacada, que é a potencialização do risco de acidentes.
Com a mesma soja e demais biomassas que se faz o biodiesel de base éster é possível fazer o diesel verde (HVO) – este, sim, sustentável e funcional. Mas as discussões sobre o incentivo à produção e uso de diesel verde não evoluem também por questões econômicas e políticas.
O assunto já havia sido levantado pela Fetrancesc, por meio do ex-presidente, Ari Rabaiolli, e o atual, Dagnor Schneider, em novembro de 2020, quando se reuniu em videoconferência com Confederação Nacional do Transporte (CNT) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para tratar dos problemas que são gerados nos caminhões.
Diante do exposto, na condição de entidade representativa de mais de 20 mil empresas em Santa Catarina, a Federação espera que o tema seja revisitado, pois os impactos afetam toda a cadeia produtiva, dos motores de ônibus e caminhões, máquinas pesadas e agrícolas, geradores utilizados nas redes hospitalares, passando pelo distribuidor e revendedor do óleo diesel até o consumidor final.