Para o presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli, o pacote de medidas anunciadas pelo Governo Federal nesta terça-feira, 16 de abril, é positivo, mas é preciso entender a parte prática de cada uma das ações.
O líder do Transporte Rodoviário de Cargas de Santa Catarina comentou, ainda, que “tenho a sensação de que é preciso também olhar para as empresas transportadoras, pois fala-se em caminhoneiros, mas esquece-se de que as empresas são responsáveis pelas contratações deles. E, desta forma, é preciso amarrar benefícios e melhorias para o trabalho de ambas as partes, da mesma forma em que nós, empresários, nos preocupamos com nossos colaboradores”.
Rabaiolli analisou alguns dos itens do pacote e comentou, imediatamente, que os R$ 30 mil liberados para financiamento por motoristas “não são suficientes”. Ele ressaltou que o valor cobrirá, no máximo, a troca de pneus e pequenos reparos nos veículos. Por exemplo, com o valor médio de um pneu de caminhão em torno de R$ 1,5 mil, ao considerar um rodotrem, que tem 11 eixos (22 pneus), já se somam R$ 33 mil apenas destinados à troca de pneus de um veículo. Isso sem considerar outras manutenções básicas do veículo.
Além disso, lembrou que a maioria dos financiamentos sociais, a exemplo do Minha Casa Minha Vida, e financiamentos do sistema financeiro da habitação, impõe pacotes de serviços como, seguros e titulos de capitalização pelos bancos oficiais.
Ele acrescentou, inclusive, que “R$ 2 bilhões é bastante coisa para investimento em rodovias e, ao meu ver, é a medida mais valiosa deste pacote”. Comentou, por sua vez, a distribuição destes valores em grande parte para Estados com baixa arrecadação, deixando de lado Santa Catarina, por exemplo, que é o 7º que mais arrecada no Brasil. Citou os entraves nas obras da BRs 470 e 282, além de outras rodovias federais que precisam de manutenção e/ou ampliações em SC e foram deixadas de lado.
A construção dos Pontos de Paradas para Motoristas precisa, portanto, ser enaltecida, muito embora venha a ser obrigatória apenas em estradas concessionadas (as que ainda serão entregues à iniciativa privada). “Esta é uma medida que beneficiará a todos os que estão na estrada. No caso do motorista profissional, será a segurança e o conforto que ele precisa para descansar, se alimentar, fazer a sua higiene pessoal em momentos de intervalo do trabalho”, pontuou.
Desburocratizar – A criação do documento eletrônico único de transporte também facilitará a vida do transportador e do motorista. “Sem sombra de dúvidas, da mesma forma que a digitalização de outros documentos, a exemplo da CNH e da CRLV (documento do veículo), este documento único será a verdadeira ‘mão na roda’ nas atividades do dia a dia tanto de quem está na estrada quanto de quem está no escritório. Teremos mais controle de dentro para fora e de fora para dentro, além de proporcionar comunicação mais eficiente entre todas as partes envolvidas”, salientou. A desburocratização também vale para a renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), que deverá expandir de 5 para 10 anos.
Eventos para o motorista – “Antes mesmo deste pacote, o SEST SENAT já realiza diversas ações para caminhoneiros onde eles estão”, disse Rabaiolli ao comentar que não há nada de novo nesta parte do anúncio. Inclusive ele citou as iniciativas da Semana Mundial da Saúde, em que as vans e equipes do SEST SENAT levaram atendimento a locais em que os motoristas frequentam em diversas regiões do Brasil.
Cartão Combustível – “O cartão combustível vai estabilizar os custos fixos. Resta saber se ele será enquadrado para o motorista e para as empresas, porque, se não for aplicado, então não será totalmente eficiente, uma vez que a empresa também contrata terceiros”, acrescentou.
Cooperativismo – O estímulo ao cooperativismo também é visto com bons olhos pelo presidente da Fetrancesc. Por sua vez, ele deve ser estendido a cooperativas de crédito também, que podem oferecer soluções financeiras com custos muito reduzidos de juros e tarifas, em relação aos Bancos tradicionais.