É de R$ 19,9 bilhões o valor estimado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) de investimentos necessários nos próximos quatro anos para garantir competitividade padrão mundial à economia catarinense. A informação consta no documento Agenda Estratégica para Infraestrutura e a Logística Catarinense 2021, lançado nesta segunda-feira, 7 de dezembro, em evento on-line a partir da sede da entidade. A necessidade de investimento anual é estimada em R$ 4,97 bilhões.
“A agenda é o documento em que nós elencamos todas as demandas com respectivos investimentos para melhoria da infraestrutura de Santa Catarina”, afirma o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar. “As deficiências da infraestrutura têm sido um problema recorrente e têm tirado a competitividade da nossa produção, por isso, precisamos rapidamente melhorá-la para que nossa cadeia produtiva possa se desenvolver cada vez mais”, completa.
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Assista abaixo a íntegra do evento:
Do total estimado, R$ 15,7 bilhões (R$ 3,92 bi/ano) devem ser dedicados ao modal rodoviário. O setor aquaviário demanda R$ 1,54 bilhão (R$ 385,2 mi/ano); o aeroviário requer investimentos de R$ 1,3 bi no quadriênio 2021-2024 e o ferroviário, R$ 981,7 milhões no mesmo período. A novidade da agenda lançada este ano foi a inclusão do segmento dutoviário, cuja estimativa de investimentos em quatro anos é de R$ 400 milhões. “A indústria de Santa Catarina tem hoje um consumo de 2,1 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, embora tenha uma limitação de fornecimento de 2 milhões de metros cúbicos”, explica o presidente da Fiesc. “Há uma expectativa para que se assine brevemente a autorização para a construção de uma usina de regaseificação na Baía da Babitonga. É uma matriz energética importante e temos que fortalecer o fornecimento desse tipo de insumo”, acrescenta.
No plano das esferas de investimentos, o setor privado tem a maior fatia, de R$ 8,6 bilhões no quadriênio ou R$ 2,15/ano. Ao governo federal cabem R$ 5,9 bilhões (R$ 1,47 bi/ano), à esfera estadual, R$ 5,2 bi (R$ 1,3 bi/ano). Os governos municipais devem investir R$ 200 milhões, ou R$ 50 milhões por ano.
A agenda estratégica, que é atualizada a cada ano, considera as necessidades de investimentos a partir das demandas focadas no transporte de pessoas e cargas, de acordo com as demandas econômicas, que incluem o turismo. “Um exemplo é o planejamento da BR 101 do futuro, que demanda diversas obras, inclusive outros contornos viários, além daquele em obras na Grande Florianópolis”, explica Egídio Antônio Martorano, secretário da Câmara de Transporte e Logística da Fiesc e que coordenou a elaboração do estudo. A agenda tem por base os aspectos de planejamento, investimento, política e gestão. Em sua elaboração, o estudo passou por críticas e atualizações de órgãos parceiros da Fiesc, como a seção catarinense do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
O trabalho apresenta diversas sugestões de investimentos estratégicos. Um deles é a modernização da SC 108, uma rodovia estadual de 472 km, de traçado norte a sul de Santa Catarina, paralela à BR 101 e que conecta os três Estados da Região Sul do país. Outro exemplo é a SC 283, também estadual e que tem 237 quilômetros entre Concórdia e Itapiranga (passando por Seara, Chapecó, entre outras), no Oeste do Estado, paralela à BR 282. Um terceiro caso é a concessão integrada do intitulado Eixo Rodoviário Estratégico de Santa Catarina, que envolve as BR’s 163, 282 e 470 e passaria a incorporar a SC 110 ou a SC 108.
“A Fiesc defende adefinição dos Corredores Logísticos Estratégicos, com planejamento sistêmico e integrado dos diversos projetos previstos conjuntamente e com uma única gestão”, explicou Martorano. Desta forma, os projetos podem unificar diferentes modais ou conjuntos de rodovias, independentemente de serem ligadas à esfera estadual, federal ou mesmo municipal.
BR 282 + eficiente e segura
No evento, a Fiesc também informou que contratou um estudo, a ser realizado no início de 2021 para o projeto intitulado “BR 282 + Segura e Eficiente”, para melhorias na rodovia no trecho entre os entroncamentos com as BRs 101 (em Palhoça) e 470 (em Campos Novos). “Nesse estudo, vamos identificar os gargalos e as soluções quantificando esses investimentos para que se possa melhorar não só a trafegabilidade, mas também a segurança”, frisou Aguiar.
O estudo deve identificar os gargalos e suas soluções, especialmente para a execução de terceira faixas, que elevarão a segurança e a média de velocidade, em especial nas regiões de serra, onde muitas vezes caminhões carregados retêm o trânsito, formando longas filas e atrasando a viagem de muitos motoristas. Os investimentos podem ser obtidos por meio de concessão ou com sua inclusão na Lei Orçamentária Anual (LOA).
O superintendente Regional do DNIT em Santa Catarina, Ronaldo Carioni, explicou que o trecho na região de Santo Amaro da Imperatriz requer a construção de um contorno viário, incluindo um túnel. Entre os quilômetros 28 e 223, o DNIT identificou a possibilidade de execução imediata de 16 quilômetros de terceira faixa, ao custo de aproximadamente R$ 30 milhões. Segundo o superintendente, esses 16 quilômetros são os considerados mais baratos.
“Esses 16 km podem parecer pouco, mas farão muita diferença se forem bem distribuídos”, disse o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Jean Coelho. No seu entendimento, a realização de um maior número de segmentos, mesmo que de menor extensão, terá melhor impacto na segurança da rodovia e eficiência das viagens. Para ele, outra medida relevante para elevar segurança e eficiência é a melhoria da aderência do pavimento, principalmente nas curvas.
Cabotagem
A apresentação da agenda também contou com a abordagem de propostas para o transporte via cabotagem – transporte marítimo dentro do território nacional. Dino Antunes Dias Batista, diretor do Departamento de Navegação e Hidrovias, da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, apresentou medidas que vêm sendo adotadas para fortalecer a cabotagem no Brasil. “A cabotagem é uma BR marítima”, disse, ao explicar o conjunto de medidas que integram projeto de lei proposto pelo governo. “Trata-se de um rol de propostas que facilitam o fretamento de embarcações, permitindo que novas empresas comecem a operar no mercado de cabotagem, mesmo sem ter embarcações próprias. O objetivo é baratear a logística nacional, tornando a economia mais competitiva”, destacou.
Já Adison Joel Liebl, diretor-presidente do Grupo Sunorte/Liebl Transportes, apresentou sua experiência com o transporte de cargas fracionadas por meio de cabotagem. Ele explicou que os armadores exigem contêineres fechados para fazer o transporte, o que inviabiliza a operação por parte de empresas de menor porte ou para cargas que não completem um contêiner. É exatamente essa limitação que a empresa de Liebl vem superando, fornecendo o serviço para todo o estado.
“É um modal que vem crescendo no país, mais sustentável, mais seguro e com menor impacto sobre a mercadoria. E se tiver incentivo do governo poderá avançar ainda mais”, afirmou Mario Cezar de Aguiar. “O caminhão é imbatível, chega até a porta da indústria, mas precisamos contemplar outras alternativas de transporte para outras distâncias. Temos que aproveitar e conhecer as potencialidades desse modal de transporte”, ressaltou o presidente da Fiesc.
Portos
A apresentação também dedicou espaço para o debate da agenda dos portos, com a participação de Marcelo Werner Salles, superintendente do Porto de Itajaí; Osmari de Castilho Ribas, diretor superintendente da PortoNave, e Cássio José Schreiner, presidente do Porto de Itapoá. Eles apresentaram os projetos e demandas dos portos que dirigem e a situação da ampliação da Bacia de Evolução do Rio Itajaí e dos acessos da Baía da Babitonga.
Fonte: Assessoria de Imprensa Fiesc