A Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina) alerta que o aumento do preço do frete é uma consequência inevitável diante dos sucessivos impactos econômicos que incidem sobre o transporte rodoviário de cargas desde o início de 2025.
A oneração gradativa da folha de pagamento, a alta da taxa de juros, o aumento da tributação sobre o diesel, os reajustes aplicados pela Petrobras e a manutenção dos preços elevados dos caminhões tornam o cenário ainda mais desafiador.
“O Brasil vive um momento de insegurança e indefinição. A inflação alta e a taxa de juros elevada tornam o cenário quase desolador. Com uma taxa de juros projetada para 14,25% na próxima reunião do Copom, e o impacto do IOF sobre financiamentos, fica inviável para o transportador investir”, destaca Dagnor
- Oneração da folha de pagamento:
acréscimo estimado de 1,5% em média - Alta da taxa de juros:
a Taxa Selic está hoje em 13,25%, percentual fixado na última reunião do Copom, em 29 de janeiro de 2025, sendo o quarto aumento consecutivo e com tendência de alta - Aumento da tributação sobre o diesel:
em outubro de 2024, o Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) definiu um reajuste no valor do ICMS sobre o diesel, elevando o custo do combustível em R$ 0,06 por litro, com vigência a partir de 1º de fevereiro de 2025 - Reajuste no preço do diesel:
a Petrobras aumentou o preço do diesel para as distribuidoras em R$ 0,22 por litro, um reajuste de 6,29%, desde 1º de fevereiro de 2025.
Esses fatores impõem uma forte pressão orçamentária sobre as empresas do setor, que precisam repassar os custos para garantir a sustentabilidade das operações.
Diante desse cenário, que deve se estender até o final do ano, é fundamental que os empresários redobrem a atenção para evitar impactos ainda mais severos em suas atividades. A adoção de uma gestão rigorosa dos custos e a condução de negociações dos contratos com os clientes serão essenciais para preservar a competitividade e a estabilidade financeira das empresas.
Além disso, o repasse dos custos ao preço do frete impactará diretamente toda a cadeia produtiva e, consequentemente, o consumidor final, tornando produtos e serviços mais caros no mercado.
“Essas informações precisam chegar às pessoas de comando, para que olhem com atenção para essa questão mercadológica do nosso segmento. Percebemos um cenário de empresas que estão com endividamento alto, isso preocupa, pois quem não estiver organizado terá sérios problemas”, alerta Jácomo Isotton Neto, vice-presidente regional da Fetrancesc e presidente do Setracajo, de Joinville.
Além dos aumentos nos custos operacionais, outro fator que preocupa o setor é a escassez de motoristas, um problema que já se arrasta há anos. O envelhecimento da mão de obra e a baixa renovação de profissionais no mercado agravam ainda mais o cenário, tornando o transporte de cargas um desafio logístico e financeiro para as empresas.
“A mão de obra de motorista está cada vez mais escassa. De 10 motoristas que se aposentam, três entram no mercado de trabalho. E esse cenário já vem de anos. As pessoas estão deixando de ser motoristas. Isso também é uma pressão em cima do setor de transporte, pelo pessoal saindo do mercado de trabalho e não recompondo a perda”, avaliou Jácomo.
A Fetrancesc seguirá acompanhando o cenário e defendendo os interesses do setor, buscando medidas que minimizem os efeitos dessa crise.