O aumento da mistura do biodiesel de base éster no diesel fóssil impacta o setor de transporte e, em especial, as empresas do segmento rodoviário, maiores consumidoras desse tipo de combustível no Brasil.
Atualmente, o teor do biodiesel adicionado ao diesel é de 14%, com previsão de aumentos escalonados nos próximos anos. A porcentagem é definida por resolução do Conselho Nacional CNPE e o ciclo de reajustes busca cumprir objetivos relacionados à política de transição energética. Porém, na prática, a mudança na composição tem se revelado danosa às empresas que fazem uso extensivo do insumo, com diversos relatos de falha mecânica e perda de desempenho dos veículos.
A gerente executiva ambiental da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Erica Marcos, falou sobre o tema durante reunião da diretoria da Fetrancesc nesta terça-feira, 18. Ela informa que a entidade encomendou estudos técnicos que apontaram para a performance problemática da mistura em teores mais elevados.
“Em 2008, tínhamos 3% de biodiesel na mistura. Em 2021, quando o teor chegou ao patamar casa dos 13%, empresas de diferentes regiões do país começaram a reclamar de problemas mecânicos. Hoje, já estamos em 14%, e a previsão é chegarmos a 20% em 2030”, afirmou Erica. Internacionalmente, costuma-se praticar a porcentagem de 7%.
Uma sondagem realizada pela CNT mostrou que mais de 60% dos transportadores entrevistados indicaram falhas mecânicas, aumento da frequência de troca de filtros, problemas na injeção dos veículos, perda de potência e desempenho e paradas repentinas. Esses problemas aumentam o risco de acidentes fatais e acabam por gerar mais emissões, em vez de contribuírem com o meio ambiente.
“Além de danos socioambientais, existe o impacto econômico ao transportador. Se mensurarmos apenas as avarias mecânicas dos veículos, em uma simulação de necessidade de troca de peças, estima-se um impacto financeiro de mais de R$ 36 mil por veículo em função do teor inadequado do combustível”, reforçou Erica.
A CNT defende que novos aumentos dos teores sejam condicionados a testes de viabilidade técnica.
Saiba como formalizar sua reclamação
Para contribuir com o setor de transporte de cargas e com a qualidade do combustível nacional tema, os transportadores podem reportar ocorrências relacionadas ao biodiesel à ANP e à Controladoria Geral da União (CGU).
A CNT criou um manual para que os empresários saibam como formalizar o registro dos problemas identificados aos órgãos competentes.
Foto: CNT
