“A perspectiva da economia não é das melhores, mas é menos pior do que antes”, anunciou o economista e ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, conhecido por ter integrado à equipe responsável pela criação e implementação do Plano Real. O discurso foi durante a palestra “Perspectivas da Economia Brasileira” na manhã desta terça-feira, 13 de março, na Fiesc.
Franco apresentou um relatório do Banco Mundial que aponta possibilidades de economias do gasto público que recolocariam o País em situação de superávit primário. A conclusão do relatório indica um potencial de economia de 8,36%, dos quais a previdência representa 1,8 ponto percentual. Além da previdência, “a lista é grande e cobra praticamente todas as ações do setor público”, afirmou.
O economista citou que o serviço público federal paga em média 67% acima da média salarial do setor privado para mesmas funções e profissionais de mesmo grau de escolaridade, gênero, localização e experiência. Um reflexo direto é o custo da previdência pública no Brasil, que fica na ordem de 4% do PIB, o pior em uma lista de 25 países selecionados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O valor representa praticamente o dobro do registrado por Alemanha, Japão, Austrália e Dinamarca. “É uma situação completamente discrepante do qualquer outro País”, disse.
Gustavo Franco defende ações severas para a redução do gasto público, com atuação em muitas áreas. “Em praticamente toda a extensão do setor público tem o que fazer. É como se a grama tivesse crescido no jardim inteiro. Não tem nenhuma medida isolada que seja determinante para o sucesso. Algumas coisas são mais importantes que outras, mas tudo é importante. A previdência é importante, mas também é importante a reforma salarial do setor público”, disse. “O Estado brasileiro perdeu a funcionalidade e perdeu a capacidade de fazer conta, então desempenha suas funções sem nenhuma noção de economicidade, e por isso precisa mexer em tudo”, completou.
O economista falou também sobre a falta de competitividade da economia brasileira no plano internacional. Ele entende que o Brasil está na periferia das cadeias globais de valor e que o País deveria criar as condições para ampliar sua abertura econômica.“Se as empresas multinacionais que estão localizadas no Brasil exportassem como fazem as filiais dos mesmos grupos em outros países, elas poderiam estar exportando o triplo; e importando o triplo, também, porque uma coisa não acontece sem a outra”, afirmou. “Mais danoso para este panorama são os requisitos de conteúdo nacional, espalhados nos mecanismos de financiamento internos, nas compras governamentais e nas atuações de empresas como a Petrobras e o BNDES”, disse.
Turbinas da macroeconomia – Gustavo Franco ressaltou que os anos 2000 foram como se turbinas fossem ligadas na economia brasileira. O cidadão vivenciou um período de juros baixos e facilidade para compras, o que aqueceu o mercado interno, sobretudo. Nesta Idade de Ouro, por ele designada, vivia-se um “endividamento saudável”. “Em 2011 o Governo ‘acabou’ com o superávit primário e isso aumentou o endividamento”, lamentou ao afirmar que houve investimento em políticas econômicas equivocadas.
Para o TRC/SC, cenário é preocupante
Franco começou o evento apresentando uma comparação dos números de inflação desde 1939, que até 1980 chegou a uma média de 2%. Deste ano até a implantação do Plano Real, em 1994, no entanto, o brasileiro foi castigado com uma média de 16%. E desde então o País vive um período com “a menor inflação dos últimos tempos”, que, segundo apresentou Franco, é de 0,6%.
Para o presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli, empresário do Transporte Rodoviário de Cargas há 30 anos, a informação é altamente preocupante. “Embora os números da inflação tenham me impressionado positivamente, pois eu imaginava que fossem bem maiores, o nosso desempenho ainda é muito abaixo do que deveria”, enfatizou.
Rabaiolli salientou, ainda, que “os números de exportação, sobretudo a importância de haver equilíbrio deste com as importações, afinal quando ambos ocorrem há giro e aquecimento econômico, comprovam a preocupação”.
Em outras palavras, o líder do TRC/SC reafirma que o aquecimento da economia é peça fundamental neste processo de reequilíbrio, principalmente do setor produtivo. “Se a perspectiva é de que as coisas estão menos piores, mesmo preocupados, sentimos alívio”, disse.
Com informações: Assessoria de Imprensa/Fiesc