O setor de transporte registrou queda de 9% em março, no volume de serviços, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada pelo IBGE nesta semana. Essa é a segunda retração mais intensa da série histórica, ficando atrás apenas do período da paralisação dos caminhoneiros, em maio de 2018, quando a queda foi de 9,5%.
O segmento mais atingido é o de transporte aéreo, com retração de 27,5%, a maior de toda a série histórica. No transporte terrestre, a queda foi de 10,6%. Os serviços auxiliares de transporte e correio e armazenagem tiveram retração de 0,8%. No transporte aquaviário, o cenário é de estabilidade.
De acordo com a análise da Confederação Nacional do Transporte, é importante destacar que esses dados refletem a realidade do início da pandemia que assolou o Brasil e impactou o setor a partir da segunda quinzena de março. “Esperamos um cenário ainda mais crítico a partir da coleta de dados de abril. Esses primeiros números refletem apenas o início da crise no setor”, destacou o presidente da CNT, Vander Costa.
O presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli, acredita ainda não ser possível saber quando a situação irá normalizar. “Com a crise causada pela pandemia do Covid-19, muitos setores foram afetados, principalmente o Transporte Rodoviário de Cargas. Ainda não sabemos como será este novo mundo, mas continuaremos fazendo nossa parte, abastecendo o País e, principalmente, lutando pelo setor, para que possamos reduzir o impacto, como já fizemos oferecendo suporte aos caminhoneiros nas rodovias. Temos que nos reinventar e buscar discernimento para enfrentarmos tudo isso da melhor forma”, ressaltou.
Para avaliar os impactos da crise no transporte e direcionar a sua atuação, a CNT tem realizado pesquisas junto às empresas do setor. A primeira foi divulgada em abril e mostrava que 85,3% das empresas transportadoras já haviam percebido redução em sua demanda, em março de 2020, na comparação com igual mês nos anos anteriores, e que 82,5% esperavam queda nos próximos 60 dias. Dos transportadores entrevistados, 70,7% já enfrentavam problemas de caixa e severo comprometimento da capacidade para realizar os pagamentos correntes, como a folha de pagamentos e os fornecedores.
Na segunda rodada, focada nas relações trabalhistas, a pesquisa da CNT revelou que 33% dos transportadores já precisaram realizar demissões devido à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Do total de transportadores que ainda não demitiram (54,3%), 18,1% pretendem realizar cortes. Assim, é possível que, até o final de maio, 42,8% dos transportadores tenham realizado redução nos seus quadros de empregados.
“O setor de transporte tem enfrentado inúmeros desafios durante a crise, e a CNT tem atuado para minimizar o impacto sobre as empresas. Nosso trabalho de articulação junto ao governo tem sido bastante intenso para garantir que o país continue sendo abastecido e as empresas tenham condições mínimas de operação”, destacou Vander Costa. Veja os detalhes da atuação da Confederação na matéria de capa da revista CNT Transporte Atual.
Com informações CNT