Encerrada na sexta-feira à noite, em Bento Gonçalves, com a entrega dos prêmios do Programa Transportadora da Vida, a 21ª edição da Feira e Congresso Transposul deve superar as expectativas iniciais de negócios da organização, que era na ordem de R$ 250 milhões. Da mesma forma, a visitação surpreendeu, passando de 14 mil profissionais, incremento de quase 20% sobre a edição anterior.
Os números positivos são atribuídos ao sentimento de otimismo no setor, que teve, em 2018, um de seus piores momentos com a greve dos caminhoneiros, em maio. O novo presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística do Rio Grande do Sul (Setcergs) João Jorge Couto da Silva, destacou a expectativa das empresas em um mercado crescente.
“Temos certeza que faltará caminhões se o PIB subir 2% ou 3%”, afirmou. Mas alertou que este cenário somente se concretizará se reformas, como a previdenciária e a tributária, forem aprovadas. Couto também destacou a presença significativa de jovens empresários no evento, o que deve dar nova dinâmica à atividade.
Durante painel de debates realizado na programação do congresso, o diretor executivo da Confederação Nacional do Transporte, Bruno Batista, ressaltou que o desempenho do setor também está relacionado à eficiência da gestão e à qualidade da oferta de infraestrutura viária e de terminais e de veículos. “Ineficiências acarretam impactos negativos em toda a cadeia de transporte e elevam o chamado Custo Brasil”. Segundo o diretor, em 2016, os custos com logística no País chegaram a 12,3% do PIB, sendo que, desse total, 55% estão relacionados ao transporte.
Ele alertou que esse cenário não deve se alterar no curto prazo tendo em vista o baixo investimento governamental em infraestrutura de transporte (0,16% do PIB em 2018). “A solução passa pelo investimento privado, mas o planejamento é falho e falta visão sistêmica”, assinalou. Nesse sentido, Bruno Batista declarou que o setor de transporte precisa resolver os problemas do passado para se preparar para o presente e futuro.
Também chamou a atenção dos organizadores da TranspoSul a procura por espaços de exposição para a edição de 2020. A estimativa é que 80% da próxima feira, que volta a ser realizada em Porto Alegre, dentro da proposta de ser itinerante, já estão reservados ou com contratos fechados. A feira reuniu mais de 100 expositores, divididos entre fabricantes de caminhões, pneus, distribuidores de combustíveis e fornecedores do ramo de implementos rodoviários, além de sistemas, equipamentos e serviços voltados à logística e à multimodalidade.
Prêmio reconhece empresas com foco em segurança – O Programa Transportadora da Vida, uma iniciativa do Setcergs e do Detran-RS premiou três empresas neste ano. A primeira colocada foi a Ritmo Logística, de Curitiba; seguida por Scapini Transporte e Logística, de Lajeado; e HB Transporte e Logística, de Estrela.
“O propósito do programa é preservar a vida, ela é o nosso bem mais precioso, é a essência e a razão do profissional transportador existir. A meta é que se reduza cada vez mais o número de vítimas no trânsito”, salientou José Antônio Cincos Júnior, diretor do Setcergs.
O diretor técnico do Detran-RS, Fábio Pinheiro do Santos, vê no programa uma oportunidade de reconhecer quem se preocupa, não só consigo mesmo, mas com todos. “Mais que uma iniciativa de cunho social, o programa também preza pela qualidade no transporte de cargas no Rio Grande do Sul. O nível de preocupação com aspectos técnicos de segurança, gestão e de educação para o trânsito demonstrados pelas empresas participantes, alavancam a imagem delas à um nível superior”, salientou. O programa é a única certificação de qualidade em educação e segurança no trânsito no Brasil.
A Ritmo Logística ainda recebeu premiação com melhor desempenho na redução de autuações por excesso de velocidade, tema desta edição do programa. Certificado relativo à edição anterior foi entregue à Scapini Transporte e Logística por ter sido a única empresa da 12ª edição do programa a ter atendido 100% dos itens do check list.
Jornal do Comércio