Assunto recorrente em nosso cotidiano atual ou longínquo, o aumento dos combustíveis sempre traz algum desconforto, porque se desconhece como ele ocorre. Fato é que traz impacto na cadeia produtiva e em nossas vidas, uma vez que, invariavelmente, corrói nosso poder aquisitivo.
Importante se ter em mente que não existe “dinheiro público”. A Casa da Moeda até fabrica dinheiro, mas os entes públicos não dispõem dele ao seu bel prazer.
O que conhecemos por dinheiro público é o nosso, em poder do governo, oriundo dos impostos e taxas que transferimos para ele através de pagamentos – por possuirmos ou transacionarmos bens, “comprarmos” um serviço ou qualquer outro meio que o faça parar nos cofres dos governos municipal, estadual ou federal.
Desta forma, o CPF, aquele número de 11 dígitos ainda usado para muita coisa, sempre pagará esta conta, porquê o dinheiro público vem de onde senão do público?
O impacto do aumento dos combustíveis reaviva o fato de que no país do transporte rodoviário o setor respira por aparelhos. O principal insumo aumenta de preço e corrói o que ainda restava de lucro das empresas. Aliás, lucro é objetivo do empresário e isso não é pecado. É ele que mantém as empresas abertas, funcionando, investindo, inovando e pagando salários.
Para garantir o fornecimento de mercadorias, as indústrias aumentam os preços dos produtos quando sobe a matéria-prima, o salário dos empregados e os insumos. Para garantir as portas abertas, o pagamento do aluguel da sala comercial, dos vendedores e outras despesas, o comércio aumenta os preços de venda. Portanto, está estabelecida a cadeia de repasse dos aumentos. Para garantir o abastecimento, as transportadoras precisam aumentar seus preços que serão repassados ao produto final. Simples, não?
São muitos empresários, empregados e fornecedores desta cadeia produtiva que têm no transporte de cargas muito além de um projeto de vida. O transporte é responsável pelo sustento de milhares de famílias que emprega e mantém girando a roda da economia transportando e movimentando as mercadorias.
Não há mais como segurar o aumento dos fretes. As transportadoras precisam aumentar os preços dos fretes para poder pagar seus gastos e manter suas atividades, recompor seus caixas porque as margens de lucro já não existem mais. Se não o fizerem, ali na frente não haverá nada na prateleira para ser consumido porque não terá como ser transportado, sequer haverá combustível no posto para sair em busca de uma prateleira.
*Maurus Fiedler é diretor executivo da Fetrancesc e supervisor do Conselho Regional do SEST SENAT/SC