Geovani Serafim é coordenador do COMJOVEM Joinville
Um sonho de empreender, de fazer algo diferente, e de repente, surge uma empresa. Milhares de empreendedores com muita luta e perseverança driblando todas as dificuldades tributária, leis trabalhistas, falta de crédito, burocracia com alvarás, licenças, e tudo que uma empresa precisa para conseguir trabalhar legalizada e conseguir crescer em meio a concorrência desleal.
O brasileiro é guerreiro e na maioria das vezes, a empresa nasce sem nenhum planejamento, sem dinheiro, somente com a vontade do empreendedor. Foi assim com muitas transportadoras que hoje são as maiores do Brasil.
Por meio da COMJOVEM tive a oportunidade de visitar a Braspress e conhecer a história do Sr Urubatan Helou que começou com uma bicicleta entregando filmes e foi em busca do seu sonho. Hoje, é uma das maiores transportadoras do Brasil atendendo todo o território nacional e também o Mercosul com uma frota gigante. Isso só mostra que é possível sim, basta querer.
Mas o tempo passa, a empresa cresce, muitas quebram, outras prosperam, e passam 10, 20 ou 30 anos e os filhos também crescem. Muitas vezes é uma sociedade e os filhos dos sócios estão envolvidos na empresa. Aquele guerreiro que iniciou a empresa do zero, já está cansado de tanto lutar para manter a empresa, e agora encontra uma série de dúvidas: quem vai assumir os negócios da família? Quem vai dar continuidade a essa empresa, para que ela continue crescendo e gerando empregos, e alimentando os sonhos de seus funcionários e mantendo vivo o sonho do seu fundador?
Em muitos dos casos, os filhos não querem dar continuidade no negócio, pois o seu sonho é outro, seja seguir um sonho de criança, seja estudar no exterior. Esta decisão pode ser até mesmo por acompanhar a dificuldade que o pai enfrenta com insegurança jurídica, alta carga tributária e falta de infraestrutura nas rodovias. Assim, ele acaba perdendo o interesse pelo setor de transportes, como já aconteceu com algumas transportadoras do Brasil que encerraram as atividades por não ter sucessores.
É aí que entra a COMJOVEM (Comissão de Jovens Empresários e Executivos do Setor de Transportes), que tem como objetivo a integração e capacitação dos jovens empresários e executivos, despertando-os para futuras lideranças no setor de transporte de cargas e logística em âmbito nacional, através de realizações de reuniões, eventos, fóruns e visitas técnicas, e que, com essa capacitação, desperta o interesse nesses jovens pela continuidade.
Em outros casos em que o filho nasce dentro da empresa e quer dar continuidade nos negócios, com ideias diferentes, pensando fora da caixa, estudando muito e implantando a tecnologia e novidades do setor para dar maior produtividade, mas que esbarra nos pais que não confiam em fazer a transição da empresa e têm medo das novas ideais não darem certo, pois são muitos seguros.
Em junho de 2019, através da COMJOVEM, participei do Workshop Family Busines Alta Performance, evento organizado pela CNT, SEST SENAT e ITL que teve a presença de John Davis, considerado a maior autoridade mundial em gestão de empresas familiares.
Também esteve presente José Salibi Neto, responsável por um dos principais conceitos da gestão contemporânea nos últimos 25 anos. Outra palestrante foi Mary Nicoliello, especialista em governança familiar, com foco na preparação de sucessores e desenvolvimento de estratégias para empresas familiares.
Foram dois dias de muito aprendizado, vários depoimentos de pais e filhos com diferentes pontos de vistas. Aprendemos que é fundamental o planejamento sucessório e que o fundador da empresa tem que acompanhar e ter cautela, para saber a hora exata em que deixa de contribuir para empresa, e começa atrapalhar no desenvolvimento dela. É quando deve passar o bastão, confiar no sucessor e acompanhar de longe aceitar novas ideias.