Frete ficará até 50% mais caro na colheita

  1. Início
  2. Notícias
  3. Frete ficará até 50% mais caro na colheita

Frete ficará até 50% mais caro na colheita

Cuiabá, 4.12.07 – O atraso no plantio de soja no Centro-Oeste vai concentrar a colheita em um período mais curto e inflacionar os fretes. A estimativa é de que a alta do transporte nos períodos de pico seja de 50%, quando o “normal” é um acréscimo de até 30%. Em Mato Grosso, por exemplo, estado líder na produção de soja, a janela de colheita encolherá duas semanas, para apenas 45 dias, e o volume a ser colhido somente desse grão aumentará em 1 milhão de toneladas, para 16,8 milhões de toneladas. Em todo País, a previsão na safra 2007/08 é colher 3,8 milhões de toneladas a mais de grãos, segundo estimativas oficiais.
O transporte de uma tonelada de soja, por exemplo, de Lucas do Rio Verde (Médio Norte de Mato Grosso) até Maringá (Noroeste do Paraná) – 1.750 quilômetros – deve valer a partir da segunda quinzena de fevereiro em torno de US$ 150, quando em janeiro (entressafra do frete) esse valor seria de US$ 100, conforme compara Cláudio Coelho Adamucho, coordenador da Câmara Técnica do Agronegócio da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística). “Em safras colhidas normalmente o aumento é de 30% entre a entressafra e a safra”, compara Adamucho.
De acordo com levantamento da consultoria Agrosecurity, a alta no valor do frete em reais deve atingir 9%, saindo de R$ 197 em março do ano passado para R$ 215, em março deste ano, no trecho entre Sorriso (MT) e Paranaguá (PR). Mas, em dólar, esse aumento é de 30% e é a forma como o desconto ocorre para o produtor, conforme explica Fernando Pimentel, diretor da consultoria. “O que importa ao exportador é a referência cambial do frete que ele paga. E o desconto no preço ao produtor é feito também nessa moeda”, detalha.
O diretor-executivo da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Marcelo Duarte, reforça que a maior parte dos contratos que o produtor faz com tradings é fixado em dólar. “Inclusive o desconto do frete é feito em dólar. Quando o produtor vai receber o valor pela saca em reais, é considerado o câmbio do momento, independente de o frete ter incidido em um período anterior, com o real mais valorizado”, detalha Duarte.
Assim, explica Pimentel, da Agrosecurity, como o dólar está desvalorizado, um frete de R$ 215 representa desconto de US$ 126 por tonelada de soja, considerando um câmbio de R$ 1,70 em março de 2008. No mesmo mês de 2007, o frete de R$ 197 impactou em US$ 96,60 por tonelada de soja ao produtor, isso porque o câmbio na época era de R$ 2,06. Duarte, da Aprosoja, acredita que a alta do frete não ocorrerá por causa do encurtamento da colheita. “O setor de transporte estava com margem apertada e vai aproveita a alta dos grãos para recuperar”, avalia.
O diretor da central de comercialização de soja, Centrogrãos, João Birkhan, explica o valor de frete estimado para a safra incidirá na produção que ainda não foi comercializada antecipadamente que, para o caso de Mato Grosso, representa 34% da safra. “Para quem fixou antes, o desconto do frete foi de cerca de US$ 105 por tonelada, mas os preços da soja também estavam menores que os de agora”, diz.
Com a tonelada de soja valendo atualmente por volta de US$ 407 (porto), o frete passa a representar 30% do produto, um pouco menos que em igual período da safra passada (32%), quando a tonelada custava US$ 280. “O fato de o peso do frete no valor do produto ser semelhante (pois a soja também se valorizou), não significa que o produtor não perdeu. A situação piorou, sim. São quase US$ 30 dólares a menos por tonelada no bolso do produtor”, diz Pimentel.
Fonte: Gazeta Mercantil

Compartilhe este post